Enquanto
descíamos pela mesma trilha que subimos antes, eu
não pensava em outra coisa a não ser numa forma de tapear Luciana
para que não me seduzisse. Como o leitor já está cansado de saber,
eu me sentia acuado
e impotente em suas mãos, dir-se-ia um objeto de prazer. E por mais
que eu tentasse lutar contra seu poder, não encontrava forças. Era
como se ela conseguisse através de meus olhos enxergar nas
profundezas de meu íntimo os pontos fracos e usá-los para me manter
sob seu domínio. Talvez esse poder que ela exercia sobre mim,
obrigando-me a fazer coisas contra a vontade, me impedia inclusive de
desejá-la como certamente um garoto da minha idade teria
feito
se a visse nua como estava, cujos movimentos ao descer a trilha
faziam suas nádegas se mexerem de uma forma que levaria qualquer
rapaz a perder o pouco juízo que adquiria nesses poucos anos de
vida. Mas eu olhava aquele traseiro, aquelas coxas viçosas e só
pensava em escapar delas, em não deixá-las sugar-me a seiva, a qual
desejava guardar para Marcela somente. Sabia que possivelmente não
escaparia e teria de cumprir a minha função de saciá-la
– a única forma capaz de acalmá-la, de evitar que tomada pela
fúria fizesse mal a mim, a Marcela ou minha prima com a qual já se
estranhara e mostrara do que era capaz.
--
Pronto, medroso! Não precisa mais ficar se borrando todo por causa
de um barulho que só você ouviu. Acho que no fundo foi o seu medo
que te fez ouvir coisas. Se tivesse algo por aí já teria aparecido
ou a gente teria encontrado algum sinal dele -- asseverou Luciana
olhando para a mata.
--
Eu juro que ouvi! Não estou mentindo! -- exclamei,
quase chorando e
dando um passo em direção à cabana.
--
Onde você pensa que vai? Pensa que vai fugir de mim? Ah, mas não
vai mesmo! Pode dar meia volta. Vamos mais para lá – ordenou
Luciana apontando para a direção contrária onde ficava a cabana –
que não quero ser surpreendida por aquelas duas. Do jeito que são
estraga prazeres, são capazes de aparecer por aqui. Lá do outro
lado não vão incomodar a gente. -- Enquanto falava eu a seguia de
cabeça baixa, quase não prestando atenção as suas palavras,
embora conformado com a minha condição, feito a vítima de um
agressor que na impossibilidade de escapar-lhe só lhe resta torcer
para que tudo termine o mais rápido possível. -- Aí a gente vai
poder brincar bastante – acrescentou num tom sarcástico, como se
soubesse que a
gente
referia-se tão somente a si própria.
Eu
não disse palavra; apenas a segui.
Andamos
por uns cinco minutos. Pensei que pararíamos antes da fonte de água
potável, mas Luciana atravessou-a e mandou-me segui-la acrescentando
que seria melhor pararmos mais à frente.
Quando
chegamos entendi. O local ficava bem do outro lado, numa pequena
enseada. Não me recordava de tê-la visto quando passamos por ali no
primeiro dia, mas Luciana deva tê-la observado na mesma ocasião ou
quando subimos até o topo da montanha, de onde avistava toda a ilha.
--
Duvido que elas achem a gente aqui – fez questão de frisar, como
se quisesse deixar bem claro que nada a impediria de alcançar seus
objetivos.
A
seguir mandou-me despir-se. E vendo-me o falo no mesmo jeito,
aproximou-se, pegou-o entre os dedos e empurrou o prepúcio a fim de
que a glande saísse. E sobre o manto da curiosidade, empurrou-o para
frente e para trás três ou quatro vezes.
--
Como ele pode crescer tanto? Tão pequenininho e tão mole e ficar
grande e duro daquele jeito. Tão feio assim. Parece uma coisa morta.
Ainda mais com isso pendurado. -- Largou-me o falo e apertou-me os
testículos. -- Para que duas bolas dependuradas? Elas não poderia
ficar por dentro como os ovários? -- perguntou-me empurrando-me os
testículos para cima.
Não
respondi. Aliás, nem sabia o que eram esses tais de ovários.
Apenas aguardei como fizera da outra vez. Então ela os soltou e,
como se fosse engraçado, tornou a empurrá-los para cima e soltá-los
novamente. Na quarta vez, empurrou-os com força, dando um tapinha de
baixo para cima, provocando-me dor. Numa reação instintiva dei um
passo para trás e reclamei, afirmando-lhe que assim me machucava.
--
Esqueci que vocês homens sentem muita dor aí. Mas foi bom saber
disso. Se você me desobedecer, vai ver o que vou faze com elas. Aí
você vai ver o que é doer – fez-me mais ameaças como se as que
já me fizera antes não bastassem.
Após
se levantar, abraçou-me e me beijou. Beijou-me como naqueles beijos
de filmes e novelas, beijos longos e demorados, beijos apaixonados,
embora de minha parte não houvesse sentimento algum. Súbito parou e
sentou na areia e, tombando para trás, mandou-me deitar-lhe por
cima. Obedeci. E sobre ela, fiquei sem saber o que fazer.
--
Vai, chupa meus peitos, abestalhado!
Mais
uma vez, fiz o que ela mandou. Só então, chupando-os, comecei a
sentir algum desejo
e o sangue que então corria em todas as direções como que sem rumo
passou a seguir o mesmo destino. O meu excitamento não lhe passou
despercebido, pois entre um suspiro e outro Luciana abriu as pernas e
deixou meus quadris escorregar-lhes no meio.
A
penetração, um tanto atrapalhada -- pois pois a falta de
experiência tornou a coisa ainda mais difícil --, ocorreu. No
entanto não durou por muito tempo, ou pelo menos tempo suficiente
para que eu chegasse ao orgasmo. Talvez, sabendo o que poderia
acontecer, Luciana, com toda a sua esperteza, empurrou-me para o lado
e, como fizera antes, rolou para cima de mim. Penetrei-a. Ou melhor:
fez-se penetrar.
Com
total controle da situação, foi até o fim, alcançando o que tanto
queria buscar. E o fato de saber que ela havia atingido seus
objetivos, impulsionaram-me a não parar, embora até instantes
atrás, desejaria nem ter começado. Mas num gesto de perversidade --
não encontro outra palavra melhor para descrever o que Luciana fez
em seguida --, vendo-me num completo estado de compenetração e
busca daquilo que ela acabara de alcançar, rolou para o lado
declarando:
--
Pensa que eu vou deixar você gozar? Bobinho! Não vou não. Enquanto
você não fizer direito comigo, não sentir de verdade vontade de
fazer comigo eu não deixo você ir até o fim. Quer terminar? Então
termina com a sua mãozinha.
Frustrado
e furioso, pois até mesmo para um garoto da minha idade, um coito
interrompido dessa forma é capaz de um acesso de fúria, perdi o
medo e proferi alto, como se naquela maneira de proferi-las estivesse
bem claro tudo que estava sentindo:
--
Sua puta!
Foi
a primeira vez em que chamei uma mulher de puta. Embora fosse um
garoto de bons modos, sabia muito bem o quanto de pejorativo havia
palavra. Se Luciana sentiria ou não ofendida com isso, pouco me
importava. Aliás, minha intenção era justamente ofendê-la. O que
eu precisava mesmo era descontar toda a minha raiva nela, e na falta
de coragem para agredi-la fisicamente, a verbalmente já compensaria
alguma coisa. Ela por sua vez, apenas riu na minha cara.
O
riso foi a gota d'água. Incapaz de fazer o que mais desejava --
parti-lhe para cima e esmurrá-la até a raiva passar --, perdi o
controle e, antes que as lágrimas enchessem-me os olhos, parti em
disparada em direção ao mar. Atirando-me na água, deixei as
lágrimas misturarem-se às águas do Atlântico. E soluçando,
prometi criar coragem e me vingar na primeira oportunidade, pois
sabia que mais cedo ou mais tarde esta não deixaria de vir e então
Luciana haveria de sentir na pele algo muito pior do que me fizera
até então.