Quando eu penso no amanhã,
Um calafrio me percorre a espinha;
O mundo está numa confusão tamanha
Que a humanidade parece que definha
Temo pelo futuro da humanidade
A vida já não tem mais nenhum valor
E o sonho de um mundo de liberdade
Está sendo destruído pelo terror
Não, não sei como será o amanhã
Nesse caos terrível que se anuncia;
Talvez a felicidade se torne estranha
Num mundo de intolerância e selvageria
Ou talvez o planeta, em sua incredulidade,
Nos extermine, fazendo-nos um favor;
Pois quando a barbárie vence humildade
O mundo se torna sinônimo de caos e dor.
Apaixonado por literatura desde pequeno, começou a escrever as primeiras histórias aos 11 anos e desde então não parou mais. Parte desse material escrito nos últimos 30 anos você poderá encontrar aqui, inclusive trechos de obras que estão sendo preparadas para a publicação.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 52
Hesitei
bastante em dar mais detalhes dos atos que pratiquei com minha prima.
E essa hesitação é a prova de que, no fundo, não os superei
inteiramente, embora, como o amigo leitor verá no futuro, não houve
consequências que justificasse tamanha vergonha e arrependimento.
Mas para um garoto de pouco mais de 13 anos as coisas já não são
tão simples, como não fora quando me vi dominado por Fabrício,
permitindo que ele me usasse como cobaia. E as coisas se tornam ainda
mais complexas quando a timidez é um de seus traços mais marcantes.
Pois a timidez não é só um obstáculo a mais diante de qualquer
desafio, permitindo que se seja dominado; é também um monstro
terrível que assombra a lembrança de qualquer ato vergonhoso, como
me assombrara por anos aqueles atos com meu primo. E embora hoje eu a
tenha superado em muito, ainda sim não deixou de ser um fantasma.
Afinal, quem nasce tímido carregará por toda a vida alguns traços
dessa timidez.
Por
outro lado a timidez me é uma aliada fundamental na hora de
relembrar os fatos ocorridos naquela ilha, fatos esses que, para um
extrovertido, provavelmente não teriam se fixado na memória com a
mesma intensidade e riqueza de detalhes. Não posso afirmar com
precisão, pois desconheço algum estudo nesse sentido, mas acredito
que os tímidos têm uma memória mais privilegiada quando se trata
de memorização. Existem muitos gênios, e nas mais diversas áreas
do conhecimento, reconhecidamente tímidos; embora isso não queira
dizer que a timidez seja a causa de sua genialidade. Talvez se trata
apenas duma coincidência, aliás como muitas com as quais nos
deparamos ao longo da vida. Verdade ou não, atribuo a timidez essa
facilidade em relembrar os mais insignificantes momentos.
Assim,
dizer que não me lembro do que de fato ocorreu entre mim e Ana Paula
é faltar com a verdade. Melhor seria dizer que não quero falar do
assunto. Como venho fazendo com relação a Fabrício, embora eu
saiba que mais cedo ou mais tarde terá de contar.
Quanto
à Ana Paula, eu
realmente eu preferia não falar, mas ignorá-lo também não me
parece correto com o leitor, já que este provavelmente deseja
conhecer todos os fatos, ainda mais aqueles que de alguma forma
contribuíram para o desfecho trágico de nossa estadia naquela ilha.
Por isso, por mais que me seja difícil, não vou privá-lo do
essencial.
O
prazer que experimentei ao acariciar-lhe os mamilos dias antes
levou-me inevitavelmente aos mesmos atos. Disso eu não tenho dúvida.
O prazer é a força que, experimentado uma vez e nas mesmas
circunstâncias, nos impele, sem que possamos fazer nada em
contrário, a seguir o mesmo ritual a fim de alcançá-lo novamente.
Por isso agarrei-lhe os seios e chupei-os e mordi-os a seguir. O fato
de tê-los mordido deve ser atribuído um desejo de vingança, uma
vez que a vingança produz não só um prazer peculiar como também
nos faz sentir melhor e mais poderoso após tê-la alcançado. E não
se deve esquecer que é justamente na vingança que mostramos a nossa
verdadeira face, não há embuste, despojamos de toda a máscara e
revelamos toda a nossa perversidade. Aliás, essa perversidade se
estendeu por todos os atos praticados naqueles cinco minutos ou pouco
mais.
Talvez
somente o desejo sexual não me teria levado a possuí-la. O desejo
de vingança pesou muito. Até porque, que outra forma mais prazerosa
de se vingar de uma fêmea do que violentá-la? Claro que a maioria
dos homens não saem por ai violentando mulheres das quais se
tenciona vingar-se por algo que lhes tenham feito. A vingança sexual
só é possível quando há um desejo sexual incontrolável, desejo
esse que deve ser despertado por aquela de quem se busca a vingança.
Por isso é muito comum um ex-namorado, ex-amante ou ex-marido
vingar-se daquela que o abandonou estuprando-a ou mandando que a
estuprem. E nada humilha e destrói tanto uma mulher quanto o
estupro. Este é um dos atos mais vis e vergonhosos cometidos por um
homem. E quem os cometem, merecem incontestavelmente não só a
condenação como uma pena dura o bastante para não só satisfazer a
vitima como permitir que o agressor possa chegar à conclusão de que
o prazer de seu ato não compensa o sacrifício do cárcere. E embora
eu fosse um garoto e a vítima – minha prima – não tenha sofrido
o que normalmente uma vitima desses crimes sofre – a coisa é
encarada com menos seriedade entre dois jovenzinhos do que se um de
nós fosse adulto --, ainda sim meu ato não pode ser eximido de
culpa, uma culpa que quase me levou ao desespero nos dois dias
seguintes.
Naquele
momento porém, eu não pensava em culpa e menos ainda nas
consequências daqueles atos. Assim, quando meus olhos correram-lhe o
dorso e foram parar-lhe nos quadris, ocorreu-me de arrancar-lhe a
tanga do biquíni e fazer com ela o que vinha fazendo com Luciana;
não só pelo prazer, pois eu não duvidada de que o experimentaria,
como também para efeito de comparação. Queria tirar a dúvida se
com minha prima sentiria o mesmo que com Luciana, se enfiar na
“coisa” dela era o mesmo que enfiar na “coisa” da Luciana, já
que a coisa da minha prima era diferente. E lembro-me, enquanto
arrancava-lhe a tanga, pois esta arrebentou-se no instante em que a
agarrei e a puxei, de indagar-me: “Será que a dela é igual a da
outra: Luciana?”. Por isso, após jogar a tanga para o lado, apesar
dos protestos de Ana Paula – e ela se debatia e me dizia para parar
com aquilo, que ia contar para Marcela e os pais quando a gente
saísse da ilha – afastei-lhe as pernas com certa dificuldade e
observei-lhe o sexo. “Quase igual”, recordo-me de pensar. “O
dela só num tem pelos e as beiradas são mais pequenas”. Como eu
não sabia o nome dos grandes lábios, simplesmente os chamei de
“beiradas”.
Nada
mais me despertou o interesse, o que não teria acontecido com um
homem mais velho e experimente. Certamente a curiosidade o teria
levado a afastar os grandes lábios e observar-lhe o hímen. Mas que
interesse poderia ter o hímen de uma mulher para um garoto como eu?
Aliás, eu não só não sabia o que era um hímen como o ignorava
completamente. Imaginava que ali havia tão somente um buraco onde a
gente enfiava o “pinto” e metia até gozar. E essa ignorância
era não só por causa da idade como também fruto da educação, do
tabu, como já é de conhecimento do amigo leitor. Não que um
conhecimento maior tivesse me impedido de cometer aquele ato, mas
talvez teria me levado a imaginar o quanto representava a virgindade
para uma mulher, coisa que só fui descobrir mais tarde, quando já
era um rapaz de 16 anos.
Assim,
voltei a olhá-la nos olhos, os quais expressavam pânico e terror,
e, consumido pelo desejo, deitei-lhe sobre, afundando-lhe meus
quadris no meio das pernas. Não a penetrei de imediato. Mordi-lhe
novamente o mamilo e só então levei a mão ao falo e ajeitei-o. Ana
Paula, tentou não só me tirar de cima dela como também --
implorando-me para não fazer aquilo -- forçou o sexo para
impedir-me de penetrá-lo. Lembro-me perfeitamente da dificuldade
para conseguir. Apesar de teso, meu falo deslizava tanto para cima
quanto para baixo, como se ali no meio não houvesse nenhuma
passagem. Mas eu sabia que havia. Se Luciana tinha, todas deveriam
ter. Por isso eu só precisava encontrá-la. O que de fato aconteceu.
O
desejo de penetrá-la era tanto que eu não teria desistido por nada
desse mundo. E se fosse preciso, acho que teria arreganhado-lhe as
pernas e procurado com os olhos aonde estava a abertura. Mas não foi
preciso. De repente, senti a pressão, a qual acompanhou uma
expressão de dor nos olhos de Ana Paula e um grito como quem leva
uma espetada. Não compreendi a dor dela. Achei que aquilo na verdade
era fruto do protesto por eu estar “metendo com ela”. Por isso
ignorei-a.
Como
aprendera com Luciana, penetrei-a até o fim, levantei os quadris e
tornei a afundá-los, num ir e vir que me fazia experimentar as mais
intensas sensações, as quais findaram numa explosão de prazer –
mais intensos do que com a outra --, que me levaram a imobilidade,
como que sem forças em cima de Ana Paula.
Não
demorou até que eu tomasse consciência do que acabara de fazer. De
repente, como num estalo, fui tomado pele arrependimento. Enquanto
essa sensação terrível tomava conta de mim, saí-lhe de cima,
apanhei minha sunga, e, ignorando-a completamente, como se fitá-la
me fosse um dos mais pesados fardos, fui em direção à água. Senti
uma necessidade indescritível de me lavar.
Enquanto
entrava no mar, recriminava-me de todas as formas por ter feito
aquilo. Pensava não só em como iria encará-la dali em diante como
também no castigo que estava me reservado no inferno quando eu
morresse. Era um homem perdido. Estava certo da condenação de minha
alma. Disso eu não tinha mais dúvida. E como já me ocorrera antes,
imaginava os tormentos pelos quais passaria no inferno. Aqueles
castigos que a Bíblia falava eu teria de enfrentá-los. Mas antes,
teria de enfrentar meus pais. E quando soubessem o que eu fizera?
Estava certo de que Ana Paula contaria. Iriam castigar-me e me bater.
Via meu pai me dando uma surra e inclusive me castrando. Aliás, não
sei porque isso me ocorreu novamente. Nunca soubera de alguém que
tivesse sido castrado, exceto quando era um garotinho e achava que as
meninas não tinham pinto porque alguém tinha tirado delas. Todavia,
vira a cerca de um ano, no sítio do tio Roberto, irmão de minha
mãe, um porco sendo castrado. E isso me impressionou. Contudo, ao
imaginar esse castigo, via-o cortando-me os testículos e pênis com
uma faca e o sangue jorrando para todos os lados, como naquele porco,
embora na ocasião só os testículos tenham sido removidos. Era uma
imagem terrível! Entrei em desespero. E por pouco não cometi
suicídio, seguindo mar adentro.
Não
sei o que se passou com Ana Paula e que desculpa ela dera para chegar
na cabana com a tanga do biquíni arrebentado. Só sei que, quando
finalmente criei coragem para retornar e entrei na cabana, ouvi-a
conversando normalmente com Marcela, como se nada houvesse
acontecido.
Luciana
olhou-me com desconfiança, como se pudesse ver, através de meu
comportamento, que algo muito grave acontecera. Não me indagou
naquele momento, mas na primeira oportunidade às sós comigo,
interrogou-me com uma fúria, feito um policial ao interrogar um
serial killer, em cujas mãos provavelmente um membro da família foi
uma das vítimas, que por pouco não me arrancou a verdade.
Eu
sabia que Ana Paula não lhe diria nada. As duas eram inimigas e
Luciana não se rebaixaria a ponto de indagar a outra acerca do que
havia acontecido. E minha prima não lhe daria o prazer da verdade.
Deixaria a outra com a dor da dúvida. Nesse ponto, as mulheres são
mais perversas que os homens. Usam de todo o expediente para fazer
uma inimiga sofrer. Portanto, se Luciana viesse a saber alguma coisa,
ou teria de ouvir da minha boca ou de uma conversa entre Ana Paula e
Marcela, embora eu também duvidasse que teria coragem de contar para
a amiga, já que muito provavelmente, assim como ocorrera entre mim e
Fabrício, ela também se sentiria responsável. Marcela, embora não
considerasse Luciana uma inimiga, não era sua amiga. Até porque
sabia que Luciana não gostava dela, embora não entendesse o motivo
dessa aversão.
Apensar
de minhas negativas, fez questão de dizer:
--
Não sou uma idiota que nem você. Sei que aconteceu alguma coisa. E
eu vou descobrir. Pode ter certeza disso. E se for o que estou
imaginando, e espero que não seja, eu mato aquela pirralha.
Tal
ameaça meteu-me tamanho medo que deixei de pensar nas consequências
de meus atos ao longo daquela noite. Perdi todo o tempo, enquanto
tomava conta da fogueira, pensando numa forma de demovê-la dessa
suspeita. Conclui que teria de fazer o impossível, nem que para isso
tivesse que lhe satisfazer os mais devassos instintos. Odiava ter de
ser um brinquedo em suas mãos, mas para proteger minha prima faria
qualquer coisa.
sábado, 17 de janeiro de 2015
A REAÇÃO AOS ATAQUES TERRORISTAS NA FRANÇA
Os ataques terroristas em Paris que culminou com a morte de 13 pessoas mexeram profundamente com o orgulho dos franceses, um povo acostumado a levar a democracia às últimas consequências. As reações aos ataques vão desde a condenação veemente do extremismo islâmico, ao maior protesto que os franceses já viram em sua história, a uma edição com milhões de exemplares do jornal satírico Charlie Hebdo -- alvo principal do ataque e onde morreram o maior número de pessoas – e o envio de mais armamentos para o combate aos extremistas. Se o único objetivo desses extremistas era assassinar os editores e cartunistas do jornal a fim de vingar o profeta Maomé pelas charges, os terroristas conseguiram seu objetivo. Por outro lado, despertaram não só a ira ocidental como também a de grande parte da comunidade muçulmana moderada, a qual não compactua com a interpretação radical do islamismo e condena o assassinato religioso. E esse despertar custar-lhes-á muito caro, pois, pela primeira vez, se vê a maior parte do mundo disposta a varrer de uma vez por todas esses extremistas da face da terra. Embora o extremismo não seja exclusividade do islamismo, já que ele está presente tanto no judaísmo quanto o cristianismo que aliás no passado praticava os mesmos atos que condena hoje em dia. Grupos assim continuaram a existir, mesmo que uma grande coalização venha derrotar e enfraquecer a Al-Qaeda, os jihadistas do Estado Islâmico, o Boko Haran e outros grupos semelhantes. Mas se o ocidente quer realmente evitar que estes grupos se reorganizem ou que surjam outros tão radicais e perigosos quanto estes, deve antes de mais nada mudar sua estratégia. Esses grupos na realidade usam a religião como meio de sedução, mas o que eles querem mesmo é, de um lado, vingar-se das grandes colônias europeias por suas décadas de colonização e exploração, onde não fizeram nada para melhorar daquele povo; e, por outro, dos EUA pelo seu apoio incondicional à Israel, o qual vem colonizando e massacrando os palestinos da mesma forma que as grandes potências europeias fizeram nos séculos XIX e primeira metade do século XX, e principalmente pelas intervenções militares no Iraque, Afeganistão e mais recentemente na Líbia e na Síria. Os protestos em Paris no último domingo mostrou a união do ocidente e de alguns países árabes, mas a união e a retórica não vencem a guerra. É preciso mostrar que esses países estão dispostos a sacrificar muito mais do que o poderio bélico e tecnológico. Mas será que realmente estão dispostos?
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
SOB O CHUVEIRO
A
tez de traços intensos sob o chuveiro
E a água a percorrer-lhe as curvas
E as mãos a contornar-lhe os meios
Despem-me de toda descompostura
E me fazem desejá-la por inteiro.
Minhas mãos procuram-lhe os seios
E meu desejo atrai-lhe todo o querer
Numa dança intensa, bela e sensual
Capaz de estarrecer os puritanos
Que veem no desejo apenas o imoral.
Meus lábios escorregam-lhe da boca
Em busca dos fartos e rijos seios.
Súbito, as deliciosas pernas se abrem
Para meu falo receber em teus meios
Sob a estimulante água do chuveiro.
Meus braços agarram-se-lhe os traços
E os quais procuram sustentar os meus
Para que o choque do ir e vir no espaço
Não os prive daquele jogo sem regras
E os impeça de chegar ao desejado ápice.
A água, caindo sobre aqueles corpos,
Torna aquela dança ainda mais especial
E aflora-lhes os instintos animalescos
E leva-os a emitir tortos grunhidos
Mergulhando-os num prazer descomunal.
E a água a percorrer-lhe as curvas
E as mãos a contornar-lhe os meios
Despem-me de toda descompostura
E me fazem desejá-la por inteiro.
Minhas mãos procuram-lhe os seios
E meu desejo atrai-lhe todo o querer
Numa dança intensa, bela e sensual
Capaz de estarrecer os puritanos
Que veem no desejo apenas o imoral.
Meus lábios escorregam-lhe da boca
Em busca dos fartos e rijos seios.
Súbito, as deliciosas pernas se abrem
Para meu falo receber em teus meios
Sob a estimulante água do chuveiro.
Meus braços agarram-se-lhe os traços
E os quais procuram sustentar os meus
Para que o choque do ir e vir no espaço
Não os prive daquele jogo sem regras
E os impeça de chegar ao desejado ápice.
A água, caindo sobre aqueles corpos,
Torna aquela dança ainda mais especial
E aflora-lhes os instintos animalescos
E leva-os a emitir tortos grunhidos
Mergulhando-os num prazer descomunal.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 51
Quando
acordei já estava claro. Marcela e Luciana dormiam e Ana Paula
estava sentada do lado de fora da cabana, rabiscando
na areia. Parecia compenetrada, pois não me viu levantar. Levantei
com
cuidado, procurando um meio de evitar que o pênis escapasse pelo
rasgo ao fazer movimentos bruscos. Tinha de dar um jeito. Não queria
que ficasse saindo
por ali o tempo todo.
Assim, pensei em usar um pedaço de cipó, mas para isso teria de
embrenhar na mata para apanhá-lo. Contudo,
eu não seria capaz de fazê-lo, ainda mais depois daquele som que
ouvira na noite anterior. “Também que adianta! Daqui uns dias, ela
vai rasgar mais ainda e a gente vai ter que andar pelados mesmo! É
bom a gente ir se acostumando. Elas vão ficar olhando para ele. Que
nem eu para elas. Só
que elas
mais”, pensei ao aproximar de Ana Paula.
--
Que susto! -- exclamou. Fitou-me. -- O que aconteceu? -- perguntou ao
se aperceber do rasgo na minha sunga.
--
Luciana ia cair no chão. E pra num cair, tentou se agarrar me mim.
Ai ela agarrou na minha sunga e ela rasgô
– expliquei timidamente, lembrando-me de que talvez ela não
acreditasse, pois, enquanto falava, recordava-me daquele momento onde
me vira com Luciana na areia.
--
Sei – fez ela com uma expressão de
pouco convencimento.
-- E agora você vai ficar assim, com esse troço saindo para fora?
-- Ela o observava com a mesma curiosidade com a qual Marcela o
observara horas antes.
--
Fazer o quê? Num tem como imendar! -- Ela continuou observando-me e
então começou a rir, num
riso debochado, o que me levou a acrescentar: -- Pára de ficar
olhando! Não vejo graça nenhuma!
--
Parece o do meu irmão – disse ela, quando conseguiu parar de rir.
João Carlos era um garoto de sete anos, meu primo e irmão mais novo
dela. -- Pequeninho e esquisito – voltou ela dar risadas.
Magoado,
fui em direção ao mar, a fim de lavar o rosto. Embora ainda fosse
cedo e o sol provavelmente abrira há pouco, fazia um calor abafado,
agravado pela ausência de brisa. No céu, algumas nuvens pareciam
indicar que ao longo do dia não haveria chuva.
Ana
Paula se levantou e foi ao meu encontro, apanhando-me quando a água
atingia-me os joelhos.
--
Desculpa! -- disse ela.
--
Tudo bem – falei após uma pausa, onde travei uma luta contra o
orgulho ferido para poder desculpá-la. Naqueles poucos segundos,
pensei seriamente em não desculpá-la. -- Isquece. Num foi nada.
Ana
Paula adiantou-se e parou de frente, fitando-me novamente onde o
pênis escapava. Eu só não sabia se fitava o rasgo na minha roupa
ou o pênis, cuja metade estava para fora.
--
Me dá a sunga. Deixa eu ver se tem como dar um jeito.
--
Tirar? Mas vou ficar pelado? -- indaguei, com um tom avermelhado no
rosto.
--
Você num
já tá quase? O que você tinha pra esconder já tá aí, pra todo
mundo ver.
“E
agora? Ela vai ficar me olhando sem roupa. Já fica comigo assim. Mas
se eu ficar assim a Marcela também vai ficar olhando. Vou ficar com
mais vergonha ainda. Luciana vai ficar brava. Acabar descontando em
todo mundo. Em mim também. Ameaçando, com raiva. Quem sabe ela
consegue imendar”
Reticente,
tirei a sunga e estendi-a. Ana Paula pegou-a com os olhos fixos no
meu púbis. No entanto, talvez para não me deixar ainda mais
constrangido, passou a examinar o rasgo. E ao tentar unir as duas
partes, acabou provocando um pequeno rasgo em outro ponto, rasgo esse
que mal dava para passar um dedo. Contudo, tratava-se de mais um
rasgo naquela região, o qual se juntava a outros.
--
Tá rasgando à toa. Já tá meio podre – disse. -- Já já vai
rasgá todinha. Tá que nem nosso biquíni.
Voltou
a fitar-me nos quadris.
--
É maior do que o do meu irmão. E tuas
bolas
também. E o Carlinhos não tem esses pelos aí
em volta – explicou. Curvou para olhar mais de perto. -- Por quê
as vezes ele fica encolhido e as vezes fica grande?
Sem
saber o que lhe responder, fez-se silêncio, onde eu procurava pensar
numa forma de explicar-lhe. “Falar que é quando quero meter. Não.
Isso não. Num posso falar isso pra ela. Num não. É não. Que ele
cresce sozinho. Só se eu falar isso. Ela é menina. Não sabe como
é. Vai acreditar.”
--
Ah, não sei! Ele cresce sozinho.
--
Sozinho assim... Você não faz nada?
--
Não.
--
Quando o do Carlinhos fica duro, a metade da cabecinha sai para fora.
-- Sem pedir, pegou-me no falo com dois dedos. -- A do seu sai
também? Pra fora?
--
Sai – respondi, sofrendo os primeiros efeitos daqueles dedos.
Súbito, ela empurrou o prepúcio até que a glande ficar toda
disposta. “E agora? O que faço? Ele vai ver ele crescendo.”
--
Nossa! A cabeça dele saiu toda. A dele não sai assim. Estranho né!
Será por quê?
--
Não sei. A minha também não saia, mas agora sai. E tira a mão daí
– falei, temendo que ela percebesse que meu falo começava a
crescer.
Ao
invés de soltá-lo, puxou o prepúcio de volta, o que fez com a
excitação ficasse mais rápida.
--
Olha! Ele tá crescendo! -- exclamou admirada, como se visse algo
fantástico. -- Acho que é porque eu estou mexendo nele –
acrescentou, tornando a empurrar o prepúcio para trás,
possivelmente achando graça naquilo.
--
Pára! Tira a mão! Já falei! -- Contrafeito, quase a empurrei para
trás. -- Vai! Me dá a sunga!
--
Deixa de ser bobo! Deixa eu ver ele crescer. Quero ver que tamanho
ele fica. Se fica igual ao do meu irmão: levantado e
bem durinho.
--
Fica – respondi de chofre, querendo terminar com aquilo antes que
meu pênis ficasse totalmente ereto, o que me deixaria ainda mais
envergonhado. -- Anda! Me devolve a sunga antes que as meninas acorda
e me vejam assim pelado.
Ana
Paula soltou-o, retesou o tronco e, olhando-me nos olhos, deu um
sorriso travesso, no qual, talvez por inocência, não vi maldade
alguma. Súbito, quando achei que me entregaria a sunga, deu-me um
empurrão, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse para trás,
afundando n'água. Súbito, apoiei a mão no fundo para não me
afogar, pois uma onda, apesar de pequena, passou-me por cima e quase
me arrastou.
--
Então venha pegar – disse ela, saindo correndo na direção
contrária da cabana.
Quando
consegui levantar, ela já estava uns cinco metros de dianteira.
Parti atrás praguejando: “Filha da puta! Tu me paga! Vou te enfiar
a mão. Pirralha!”
--
Me
dá minha sunga! -- exclamei, correndo ao encalço dela.
Embora
mais veloz que ela, custei alcançá-la. E só a alcancei próximo às
bananeiras. Minha prima ria, divertindo-se.
Ao aproximar, pude ouvir-lhe as gargalhadas, as quais me enervaram
ainda mais. “Vadia! Vai ver o que vou fazer contido”, pensei com
o sangue fervendo-me nas veias. Embora
fosse tão somente uma travessura por parte dela, eu
me sentia humilhado não só pela nudez, mas principalmente por ter
sido feito de bobo por aquela garotinha.
Alcancei-a
quase do outro lado da ilha. Então, estendi o braço, segurei-a pelo
ombro e puxei-a. Ela desequilibrou e caiu na areia fofa. Minha sunga
escapuliu-lhe da mão e foi parar ali perto. Cheguei a acompanhá-la
com os olhos e pensar em estender o braço para apanhá-la, no
entanto, um desejo diabólico, fruto dos instintos mais animalescos
que o homem pode experimentar, envolveu-me como uma densa nuvem
negra, a qual me desnorteara, levando-me a agir feito um animal
furioso. Num primeiro momento, sob o efeito da raiva, pulei sobre
ela, agarrando-a pelos braços com a intenção de esbofetá-la e
dar-lhe uma lição “procê nunca mais fazer isso, pirralha!”.
Mas ao sentar sobre suas pernas, imobilizá-la e encontrar em seu
rosto uma expressão de medo e submissão, a mesma expressão que
encontrara no dia em corri atrás dela para impedi-la de contar para
Marcela o que vira eu e Luciana fazendo, a lembrança das carícias
que eu lhe fiz, afloraram-me numa intensidade e vivacidade que não
me restou outra alternativa a não ser submeter-me. E antes que Ana
Paula dissesse alguma coisa, abaixei a cabeça e meus lábios foram
encontrar-lhe um dos mamilos, mamilos que mal passavam de uma
protuberância nos seios, os quais também não passavam de pequenas
elevações.
--
Pára! -- protestou ela, debatendo-se e procurando se desvincilhar.
-- Mé solta! Disculpa! Juro que num faço mais isso – continuou
ela acuada,
em
desespero, possivelmente temendo o mesmo acesso de fúria que me
abatera daquela vez, o qual provocara-lhe medo.
Antes
de levantar a cabeça para dizer-lhe algo, mordi-lhe o mamilo
vingativamente, como teria feito um bebezinho
ao sugá-lo e não encontrar o alimento. Então olhei-a nos olhos e,
vendo tomada de pavor, ocorreu-me de arrancar-lhe a única peça do
biquíni e possuí-la.
Por
que me ocorreu de praticar tão vil ato? Ainda hoje, depois de tantos
anos, não sei dizer. Talvez nunca venha a saber. Nem mesmo o fim da
culpa, a qual nos é devastador, contribuiu para se chegar a uma
resposta definitiva. Embora assentindo que uma
conjunção de
fatores contribuiu
consideravelmente para a prática de tal ato, ainda sim não se pode
justificá-lo. Afinal, quais foram de fato o peso desses fatores? Não
estaria eu dando relevância demais a eles
com o intuito de diminuir a minha responsabilidade? É a pergunta que
eu me faço ainda
hoje e toda
vez que penso nisso.
Se
ela não tivesse pego no meu pênis e o excitado, não me teria
despertados instintos que a moral, muitas vezes de forma frágil e
imatura como tudo nessa idade, procurava conter; e
provavelmente
não eu
teria praticado. Por outro lado, se não tivesse me derrubado e
fugido maldosamente com a intenção de provocar-me vergonha
ou até mesmo por prazer, inclusive até, um prazer libidinoso,
suspeita essa reforçada pela lubrificação da vulva quando a
penetrei. Aliás, esta última suspeita ocorreu-me alguns anos
depois, quando a memória me fez recordar desse detalhe até
então
passado
despercebidamente
por muito tempo. E foi inclusive um fator preponderante para
expirar
de uma
vez
por
todas o
fardo da vergonha, embora quando deixei a ilha este
já não me pesava tanto quanto nas semanas seguintes.
Se
hoje eu posso falar desse episódio com naturalidade e indiferença
como se tratasse de uma ficção, de uma encenação até ou
de algo ocorrido com outra pessoa,
é porque a coisa acabou não sendo tão grave e não gerou
consequências tão terríveis no futuro, embora ao tomar ciência do
ato
e do pecado cometido,
entrei em desespero, o que levou a não ter coragem de pôr os olhos
em Ana Paula por dois dias. Aliás, tal ato acabou por um lado
reforçando laços que de alguma forma já existiam entre mim, minha
prima e Marcela; e por outro, exacerbou as diferenças entre Luciana
e nós três, diferenças essas que culminaram num final trágico.
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