domingo, 22 de fevereiro de 2015

NO VÁCUO DE MINHA MENTE

No vácuo de minha mente sem ideias
Escapa um pensamento funesto:
Seriam realmente verdadeiros e reais
Este eu, esta vida, o mundo e todo o resto?

Não seria uma ilusão tudo que se tem vivido?
Não seria a realidade uma mera aparência?
E se tudo que até então tem existido
For fruto de nossa própria ignorância?

Talvez a vida com suas verdades irreais
E suas certezas enterradas num deserto
Façam de nós, seres humanos, animais
Infelizes, doentes e de um futuro incerto

Talvez a razão – esse mal adquirido
Na aurora da civilização – seja a essência
De nossas desilusões, onde a vida sem sentido
Desperta-nos o animal e leva-nos a decadência

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 54


-- Estou gostando de ver – disse Luciana quando, não muito após chegar àquele ponto aonde estava acostumado pescar, peguei o primeiro peixe. -- Você até que não é tão inútil assim – deixou escapar.
-- Eu não sou um inútil! -- exclamei, com a raiva dominando-me. E súbito, ocorreu-me de pegar aquela lança e trespassá-la como fizera com o peixe. Cheguei inclusive a olhá-la enquanto imaginava: “Podia enfiar ela na barriga dela. Ia vazar nas costas. Ia demorar a morrer. Ficar estrebuchando ali. Horrível! Isso ia ser. Não. Assim não. No pescoço dela. Ia matar ela mais rápido...”
-- O que foi que você está me olhando assim com essa cara de mau? -- interrompeu-me ela os pensamentos.
-- Nada, não. -- desviei o olhar envergonhado.
-- Vai! Anda! Pega outro!
Aguardei. Logo apareceu um maior do que eu havia pescado. Observei e aguardei que ele parasse por alguns instantes. Enquanto isso, mirei-o lentamente, sem fazer o menor barulho. Luciana viu que eu me preparava e manteve-se em silêncio, afim de não espantá-lo e nem me atrapalhar a concentração. Súbito, lancei a vara. A ponta chegou a acertá-lo de raspão, mas não o fisgou. Desapareceu da minha vista.
-- Errei o desgraçado! -- comentei enquanto me abaixava para apanhar a lança. -- Preciso melhor a pontaria. Ainda erro de vez em quando.
-- Por que você não faz um alvo e treina na cabana? -- sugeriu ela.
-- É mesmo! Não tinha pensado nisso!
-- Não se preocupe! Sua mulher está aqui para pensar por você – disse ela com entusiasmo, entonando a palavra “mulher” como se fosse a palavra mais especial que ela conhecia.
-- Mulher? Eu não sou teu marido! A gente não é casado. E num quero ser.
Ela me olhou com aquele olhar feroz, o qual me atirava todas as vezes em que eu a contrariava. Aliás, nada a irritava mais do que isso.
-- Não precisa casar para ser marido e mulher, seu idiota! Se vivem juntos já são. E você é o meu marido. A gente mora juntos e até já transamos. Então o que somos então?
-- Sei lá! -- retruquei. -- Mas seu marido eu não sou. E nem quero ser.
-- E quem disse que você tem escolha, seu idiota? Eu quero que você seja o meu marido e pronto. E um marido fiel! Por isso vou te lembrar mais uma vez: se você me trair com uma daquelas duas vadias, eu te mato e depois ela – ameaçou-me mais uma vez. Aliás, Luciana não perdia uma oportunidade de manter-me sob o terror. Ela parecia estar certa de que assim manteria completo controle sobre mim. E de fato ela estava certa. Eu temia não por mim mesmo, mas por Marcela e por minha prima. Sabia do que Luciana era capaz.
Silenciei. Não havia outra coisa a fazer.
Momentos depois consegui fisgar outro peixe. Isso nos descontraiu e trouxe de volta a amistosidade entre a gente. Tanto que perguntei-a se não queria retornar. Ela respondeu-me que não, que era eu pegar outro peixe e ai a gente retornaria.
-- Então, vou pegar um para você – falei sem pensar. No entanto, só queria agradá-la e mantê-la feliz a fim de não se zangar com Marcela e Luciana.
-- Quero ver – disse ela alegremente.
Enquanto esperava surgir uma presa, pensei nas duas. E uma sensação de medo, de que algo pudesse acontecer-lhes naquela mata foi me consumindo. Cheguei inclusive a ficar tão agoniado, querendo voltar depressa para a cabana a fim de saber se estava tudo bem com elas que pensei em desistir de pescar mais um peixe. Todavia, se o fizesse, acabaria irritando Luciana. E foi isso que me impediu de desistir.
Levei o dedo aos lábios, fazendo sinal para que ela não fizesse barulho. Luciana falava de seus últimos dias na escolha e do que fazia com os meninos na escola. Falava com naturalidade, vangloriando de seus feitos, como uma puta relembrando os grandes momentos do passado. Chegou inclusive a contar que, durante uma aula, saíra para ir ao banheiro e, ao deparar com um garoto de outra classe com o qual andava flertando, arrastara-o para trás da biblioteca e ali levantou a blusa, deixou-o chupar-lhe os seios enquanto ela acariciava-lhe o “pinto” até ele quase gozar. Perguntei-a o que ela fez e ela me respondeu rindo que “quando ele começou a gemer e a se contorcer todo, larguei o pinto dele e saí correndo. Sabia que ia esguichar aquela coisa e melecar minha mão.” Depois falou de Carlinhos. “eu já tinha deixado ele pegar e chupar os meus peitos e abaixado a calcinha para ele bater uma punheta na minha frente. Ele também já tinha deixado eu pegar no pinto dele e brincar com ele. Mas eu queria mais. Queria sentir o pinto dele em mim. Aí um dia que quase não tinha ninguém na escola, a gente se trancou no banheiro e eu deixei ele por o pinto dele no meio das minhas pernas e ficar metendo em mim. Só não deixei ele enfiar. Pena que ele gozou logo e melecou as minhas pernas todas com a porra dele.”
O que me deixava surpreso não era o fato dela ter feito essas coisas. Isso era bem da cara dela. Mas a naturalidade com que me contava. Não demostrava o menor sinal de vergonha ou arrependimento.
-- Pimba! -- falei quando vi o peixe estrebuchar na lança.
-- E esse é grande! -- exclamou ela, quando levantei a lança e aproximei-lhe o peixe fisgado.
-- Bom, por hoje chega! -- falei. -- Vamos voltar. Precisamos pôr mais lenha na fogueira se elas ainda não chegaram. -- acrescentei, lembrando que deveria dizer a palavra “não” corretamente, pelo menos na presença dela.
Luciana espetou os peixes pescados anteriormente na vara e retornamos para a cabana.
Quando chegamos, não havia ninguém. Isso me preocupou. Tanto que não pude deixar de comentar:
-- Elas estão demorando... Será que aconteceu alguma coisa?
-- Claro que não! Elas só não voltaram ainda. Vai ver que estão lá em cima curtindo a paisagem. Tem uma bela vista lá de cima. Quando a gente foi lá, eu queria ficar mais. Mas você, seu medroso, estava quase borrando nas calças que preferi voltar para não deixar você passar mais vexame. Elas pelo menos vão poder ficar lá em cima o tem que quiserem. E depois que elas voltarem e você ver quer não tem nada, que essa história de bicho é imaginação da sua cabeça, a gente vai voltar lá em cima e apreciar aquela vista maravilhosa.
-- Você não quer acreditar, mas eu sei que tem alguma coisa naquela mata – falei, jogando mais alguns gravetos no fogo.
Talvez eu estivesse errado. Talvez eu realmente estivesse imaginando tudo aquilo, mas quando acreditamos em algo, não há quem consiga nos demover. As religiões estão aí para provar. Certo ou errado, eu só sossegaria quando Marcela e Ana Paula estivessem de volta, sãs e salvas.
Luciana sentou numa das camas e chamou:
-- Vem cá! Deita um pouco aqui comigo.
-- Mas as meninas podem chegar a qualquer momento – falei, sem desviar os olhos da fogueira.
-- Elas ainda vão demorar. Aposto! E também o que tem elas verem a gente juntos. Você é meu! O meu homenzinho. Ou melhor: o meu maridinho. A partir de agora vou te chamar de meu maridinho! Vem cá, vem! Vem dar um pouco de carinho a sua esposinha.
-- Eu já disse: num sou seu marido! -- exclamei, irritado!
-- Não importa que você não queria ser. Eu disse que é, então vai ser e pronto. E é bom que aquelas duas vejam a gente juntos. Assim aquela vadia desiste de você de uma vez por todas. Porque dela, você não vai ser nunca. Isso eu posso te garantir. E anda! Vem logo! -- ordenou, estendendo o braço e me puxando, o que fez com que eu me desequilibrasse e caísse para trás, sobre o monte de gravetos.
Por pouco não caí em cima da fogueira.
-- Já disse que não quero! -- repeti.
Súbito, ele apanhou um graveto da fogueira, cuja ponta estava em brasa, e ameaçou-me:
-- Se você não vir, seu viadinho, eu juro que apago a ponta dele em você. Não sei se você já se queimou alguma vez, mas posso te garantir que não há dor mais terrível. Ainda mais ai nos teus ovos. Aposto como você vai se mijar e se cagar de tanta dor. E aí? Vai me obedecer ou não? -- perguntou ela por fim, agitando o graveto em minha direção, como se fosse uma espada.
Devido aos movimentos, a brasa pareceu mais viva, o que me fez sentir um medo terrível. Eu sabia que ela era capaz de cumprir com suas ameaças. De forma que, sem alternativa, acabei cedendo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 53


Temendo deixar Ana Paula às sós com Lucina e esta última a pressionasse para contar o que havia ocorrido, preferi deixar as três na cabana e ir sozinho atrás do que comer. E não demorei a voltar com três goiabas começando a madurar.
-- Num achei mais nada – falei, mostrando-lhes as goiabas. – Só isso!
-- Mas isso não dá pra nada! -- exclamou Luciana.
-- Foi o que eu arranjei – respondi. -- Pega uma cada uma. Não quero comer nada – acrescentei.
-- Nada disso! -- volveu Marcela. -- A gente divide. Luciana e Ana Paula comem essas duas menores e essa grande eu divido com você. -- Pegou as goiabas de minha mão. -- Toma, Ana Paula! Fica com essa. E essa pra você – Foi em direção à Luciana e lhe entregou uma.
Luciana estendeu o braço e a pegou. Em seguida, fitou-me com os olhos faiscantes e acrescentou:
-- Deixa ele sem. Assim ele aprende a procurar alguma coisa pra gente comer. Quem manda ele não ser homem o bastante para encontrar comida!
-- Não é nada disso! -- discordou Marcela, defendendo-me. -- Você sabe muito bem que nessa ilha não tem mais nada. Só aqueles pés de goiaba e aquelas bananeiras.
-- Como você sabe? Por acaso você vasculhou toda a mata? Quem disse que nela não tem o que comer? E peixes? Por que ele não vai pescar ao invés de ficar fazendo nem sei o que com a priminha.
Quando ela proferiu estas últimas palavras, fui tomado de um calor na face. Ana Paula, que até então mantinha-se distante, fitou-me assustada. Por sorte, ela foi esperta e se esquivou de imediato.
-- Comigo nada! E o que ele poderia estar fazendo comigo? Nem com ele eu estava!
-- E como você arrebentou a tanga? -- perguntou Luciana de forma provocativa.
-- Eu... Eu entrei naquela trilha ali e ele agarrou num galho. E já estava quase arrebentando. Ai acabou de arrebentar – explicou.
-- Mentirosa!
-- Mentirosa por quê? Por acaso você tava lá pra ver? Não. Só fica aí, deitada, com esse pé machucado. Acho até que você se machucou de propósito. Só pra num fazer nada e pra ser carregada por ele. Você é bem capaz disso! -- disse minha prima, bastante exaltada.
-- Sua vadiazinha! Juro que, quando eu melhorar, você vai se ver comigo – ameaçou Luciana.
-- Vamos parar com essa discussão? -- intervi.
-- É mesmo! -- concordou Marcela. -- E você, Luciana, não pode falar isso dela. E nem ela dizer que você se machucou de propósito. Todo mundo sabe que nossas roupas estão apodrecendo. Não vai durar mais que uma semana. Torço para que até lá tenham achado a gente.
-- Eu já disse: eles já pararam de procurar. Pensam que a gente se afogou. Não vão encontrar a gente. Vamos ficar nessa ilha para sempre ou até que alguém resolva aparecer por aqui.
-- É mentira! Num pararam não! -- retrucou Ana Paula.
-- Também acho que não – afirmou Marcela.
-- Eles num iam desistir – acrescentei, mais para confortar minha prima, pois no fundo não acreditava que sairíamos tão cedo daquela ilha, do que por convicção.
Aliás, esse assunto acabou dando outro rumo a discussão e inclusive amenizando os ânimos. E como já ocorrera antes, o debate findou sem um consenso. No entanto, apesar de não declarar, eu sabia que Luciana poderia estar com a razão. Mas ainda mantinha a esperança. E acredito que até ela tinha esperança de que fôssemos encontrados brevemente. Não posso admitir, apesar de me ter confessado isso algum tempo depois, que preferia estar ali do que ir para casa.
-- Vou tentar pegar um peixe – falei pouco mais tarde.
-- Vou contigo – disse Luciana.
-- Mas você num tá podendo andar – retruquei.
-- E você pode se machucar de novo – interferiu Marcela.
-- Não vou me machucar de novo. Fico sentada numa pedra, só olhando – explicou. -- E vocês duas? Por que não aproveitam e entram na mata e tentam achar alguma pra gente comer? Dão uma vasculhada.
-- Mas essa mata é perigosa! -- exclamei, temendo pelas duas. Aliás, imediatamente aqueles sons que ouvira dias atrás invadiram-me à mente. -- Pode ter algum monstro escondido nela.
-- Que monstro o que! Não tem nada lá. Já cansei de te falar, mas você é idiota demais para entender. Nós dois não já subimos até o topo? Encontramos alguma coisa? Não. Então? É porque não tem nada. Agora, só porque você ouviu um barulho estranho outro dia. Aposto como foi o vento. Tá achando que foi um bicho.
-- Mas eu ouvi. Não tô doido.
-- Você pensa que ouviu, isso sim! Se tivesse, a gente já teria visto ele ou pelo menos alguma marca de pegada na arei. Mas nunca encontramos nada. Por quê? Porque não existe nada. E só você diz quem ouviu. Não dão ouvidos a ele não. É um medroso, isso sim. Pra não entrar na mata, fica inventando coisas.
-- Eu nunca ouvi nada – concordou Marcela.
-- E nem eu – assentiu Ana Paula.
-- Luciana está certa. É uma boa ideia. Vai que a gente ache outros pés de goiaba carregado. Não custa tentar – afirmou Marcela.
Fui voto vencido. Talvez eu realmente estivesse errado. Mas, naquele momento, eu me considerava o único com a razão. Contudo, não poderia fazer nada. Assim, só me restou desejar que nada de ruim acontecesse com aquelas duas.
Elas saíram pouco depois.
-- Me ajude a levantar. Já estou me sentindo bem melhor. Mais uns dois dias e já posso andar sozinha – disse Luciana algum tempo depois.
-- Tô vendo. Seu pé nem inchado está mais.
Na realidade, disse-lhe aquilo para agradá-la, pois como poderia saber ao certo se realmente estava melhor. Enrolado como estava impedia-me de ser preciso.
O local onde eu pescava ficara à esquerda da cabana. Assim, as meninas foram para um lado e eu e Luciana para o outro. Aliás, quando saímos da cabana, não avistei mais as duas. Talvez já estivessem alcançado a trilha e embrenhado na mata.
-- Vamos parar aqui – disse Luciana enquanto ainda caminhávamos pela areia úmida, onde as ondas quase alcançavam.
-- Mas ainda não chegamos.
-- Preciso descansar um pouco. Vamos sentar.
Ajudei-a a se sentar e sentei ao seu lado. Houve um breve silêncio. Olhei para Luciana e ela parecia compenetrada, como que planejando alguma coisa. E isso me assustou. Pois eu sabia que, quando ela ficava assim, em seguida vinha uma surpresa. E de fato veio. Súbito ela me empurrou para trás, fazendo com que eu caísse de costas, e virou para cima de mim.
Não houve tempo de esboçar uma reação. Quando percebi ela havia puxado para baixo a minha sunga e me agarrado os testículos.
-- Você pensa que acreditei naquela história esfarrapada da sua priminha? -- apertou-os de forma que dois dedos se fecharam entre os testículos e meu corpo, impedindo que estes pudessem escorregar e escapar, deixando-a penas com o saco escrotal na mão. -- Claro que não! Não sou idiota! Por trás daqueles olhares havia algo mais. Pode contar a verdade.
Senti sua mão se fechar e apertar-me os testículos, causando-me dor.
-- Aí. Isso está doendo. E já disse: não fizemos nada!
-- Confessa, seu viado! Vai ser melhor para você – insistiu ela, apertando ainda mais a mão.
Sentir uma dor intensa. Gritei de dor, como quem leva uma bolada no meio das pernas. E imediatamente implorei para ela parar de apertá-los, pois estava me machucando.
-- Então confessa! Senão vou apertar mais ainda – insistiu ela.
-- Já disse que num fiz nada – custei dizer, pois a dor me afetava. E aquela dor se espalhava por toda a região pélvica. Era como se um de meus membros estivesse sendo arrancado.
-- Seu filho da puta! Pára de mentir – disse ela, apertando mais a mão.
A dor foi tão aguda que soltei um grito desesperado. Foi a dor mais intensa que senti em toda a minha vida. Jamais imaginei que apertar os testículos doessem tanto. Não por acaso, muitos homens, ao tê-los atingido, acabam desmaiando. Aliás, toda vez que lembro daquela mão esmagando-os, sinto-os doer. E isso ocorre ainda hoje, apesar de todos esses anos. Meu grito ecoou, como aliás, ecoa todo grito de dor. Talvez temendo que as meninas ouvissem, Luciana tapou-me a boca, apertou mais, o que me fez perder todas as forças, e sussurrou-me com um certo deleite:
-- Só não arranco teus ovos, seu viado, porque preciso deles. Sei muito bem que sem eles essa coisa mole ai não fica dura. E sei também que é deles que vem a semente que faz a mulher engravidar. E se eu arrancar eles, seu troço não vai ficar duro, não vamos poder transar mais e você não vai poder me dar a semente do nosso filho. -- disse ela, abrindo a mão, o que fez a dor ficar menos intensa. No entanto, senti uma bofetada forte no rosto.
Não prestei atenção as suas palavras, pois a dor me impedia de qualquer outra coisa que não fosse tentar suportá-la. E mesmo quando ela me soltou os testículos, estes ainda ficaram doendo por algum tempo. Aos poucos porém a dor foi perdendo a intensidade. Só então me dei conta do que ela dissera.
-- O que foi que você disse?
-- Já te disse: isso aí é só meu. E só não arranquei eles, porque sem eles não posso engravidar. Eu sei que a gente não vai sair dessa ilha tão cedo. Se a gente tiver sorte, daqui uns meses. E o que a gente vai fazer até lá? Sempre sonhei em ter um filho. E quando te encontrei não tive dúvida de que seria você o pai. Sabia que você gostava daquela cadela. Mas ela não era páreo para mim. E mesmo que esse acidente não tivesse acontecido e a gente não tivesse ficado preso nessa ilha, eu teria dado um jeito de tirar ela do meu caminho. E agora que a gente está aqui e que você é meu, não vou perder a oportunidade de ter um filho teu.
-- Mas eu sou apenas um garoto! E você também ainda é muito nova – retruquei.
-- Nova? Tem menina que se engravida com onze, doze anos. Antigamente com quinze anos já eram mães. E eu já tenho isso. E o que tem você ser um garoto? Por acaso teu pinto não funciona? Tu não goza? E o que sai dele, quando você goza? É a semente, seu idiota! E se você já tem semente, é porque você já pode fazer um filho e ser pai. É que você é meio idiota. Parece que vive em outro mundo. Na tua idade, os meninos já são bem mais espertos. Sabem muito bem dessas coisas.
-- Mas eu não quero ter um filho – insisti. A dor ainda não havia cessado, mas já não me afetava tanto. Apenas sentia os testículos latejarem, como ocorre depois de uma batida.
-- A decisão não é sua. É minha. E eu quero e pronto! Você só tem que fazer, meter em mim e gozar lá dentro. E quando eu senti que estou na época de ficar, você vai ter que fazer todo dia, até eu ficar.
-- Meu deus! Você é completamente louca! Como não vi isso!
-- Agora é tarde, meu amor – Luciana aproximou os lábios e me beijou. Enquanto isso, levou a mão até meu falo e o acariciou.
-- Pára! -- pedi depois do beijo.
-- Por quê? Você não me quer? Olha para eles – mostrou-me os seios, cujos mamilos estavam duros, denunciando sua excitação embora, por causa da inocência e inexperiência, eu não tenha associado uma coisa com a outra. – Você não gosta deles? Eu sei que você gosta. Deixo você chupar eles o quanto quiser. É só fazer ele ficara duro pra mim – insistiu.
-- Não, num quero. Você me machucou. Ainda está doendo muito – levei a mão aos testículos novamente. -- Não quero fazer nada.
-- Bem feito! Isso para você aprender que se fizer alguma coisa com aquelas duas, eu mato elas e depois ranco os teus ovos. E pode ter certeza que eu faço isso mesmo. Como você mesmo disse: eu sou louca, louca por você. E uma pessoa louca é capaz de qualquer coisa.
Empurrei-a para o lado e sentei na areia. Por nada desse mundo eu transaria com ela ali. Ainda mais que eu só pensava na minha prima e naquele grande erro que eu cometera mais cedo. Não deveria tê-la atirado ao solo e a possuído daquela forma. Havia praticado um ato imperdoável. E mais imperdoável ainda por causa de Luciana. Se ele descobrisse a verdade, minha prima correria risco de vida. Eu não tinha dúvida de que Luciana tentaria matá-la para se vingar.
Levantei e estendi-lhe a mão, a fim de ajudá-la a se levantar.
-- Vamos! -- chamei-a. -- Quero ver se pego uns dois peixes. E não podemos demorar. Senão a a fogueira pode apagar. Não tem ninguém tomando conta dela.