Após a deflagração do processo de impeachment da presidenta Dilma, iniciou-se um embate entre os apoiadores da presidenta e os que se opõem ao seu governo. Os primeiros insistem na ilegalidade do processo, dizendo que se trata de um golpe, enquanto o outro lado insiste que há provas de que Dilma cometeu crime de responsabilidade e por isso ela deve ser cassada. Não sou especialista no assunto para afirmar qual dos lados tem razão, até porque nem mesmo os juristas mais renomados desse país se entendem; embora a maioria tenha se posicionada contrário ao impeachment. Mas até onde sei, Dilma realmente não cometeu um crime que justifique a perda de mandato. Mesmo que ela tenha praticado as tais pedaladas fiscais, ainda sim tenho de concordar com a maioria dos juristas que afirmam que ela não se beneficiou delas, portanto não praticou nenhum ato ilícito. No entanto, culpada ou não das tais pedaladas, o que está em jogo não é o crime em si. Aliás, isso é o que menos importa. Trata-se apenas duma desculpa para julgá-la pela péssima administração que vem fazendo. Como não há na Constituição nenhum tipo de condenação por inaptidão, incompetência e coisas do gênero, procura-se uma forma alternativa de tirá-la do poder. O processo conta Dilma é só mais um dos vários que vem ocorrendo na América Latina, onde governantes impopulares são destituídos pelo parlamento sem que tenham cometido de fato um crime; como ocorreu no Paraguaí, Equador, Bolívia, entre outros. Claro que a democracia brasileira é mais sólida do que nesses países e o processo segue plenamente a Lei. Ainda sim, o processo de impeachment é, na mais das vezes, um processo puramente político onde o presidente é destituído tão somente por ter perdido a capacidade de governar. E é o que se vê no processo contra Dilma. Afinal, ela cometeu algum ato que justifica a perda de mandato? Muito provavelmente não, mas ela perdeu a legitimidade. E este é o maior problema. Se ela vai ser cassada ou não é difícil saber. Vai depender do que ela ainda tem na manga para mostrar alguma força no parlamento. Se escapar do impeachment, Dilma sai fortalecida e finalmente pode começar a governar o país; se, por outro lado, for caçada, mostrará que a permanência dela no comando do país seria desastroso, pois estaria completamente isolada e sem a menor condições de governar. Esperamos que, para o bem do país, o processo seja rápido.
Apaixonado por literatura desde pequeno, começou a escrever as primeiras histórias aos 11 anos e desde então não parou mais. Parte desse material escrito nos últimos 30 anos você poderá encontrar aqui, inclusive trechos de obras que estão sendo preparadas para a publicação.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
domingo, 20 de dezembro de 2015
SANGRANDO ILUSÕES
Por que se preocuparem
Com as minhas verdades?
Se por minhas só serem
Só a mim há utilidade?
Por que então se importar
Com a opinião alheia?
Se isso não moverá
Nem um só grão de areia
De minhas convicções?
Pobres almas que creem
Ser melhor sua verdade,
Quando aí não veem
A mão da ingenuidade!
Como podem deixar
Correr dentro da veia
Veneno que não há
Pior? Pois fure tua veia
E sangre as ilusões!
Com as minhas verdades?
Se por minhas só serem
Só a mim há utilidade?
Por que então se importar
Com a opinião alheia?
Se isso não moverá
Nem um só grão de areia
De minhas convicções?
Pobres almas que creem
Ser melhor sua verdade,
Quando aí não veem
A mão da ingenuidade!
Como podem deixar
Correr dentro da veia
Veneno que não há
Pior? Pois fure tua veia
E sangre as ilusões!
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
NIETZSCHE: O FILÓSOFO “POP”
Nietzsche é um pensador que, diferentemente da maioria dos filósofos, não possui um pensamento conciso e ordenado. Toda a sua vasta obra é fragmentária e vez ou outra contraditória. Além do mais, por usar um estilo muitas vezes poético e metafórico, sua obra é de difícil compreensão, o que gera muitas interpretações equivocadas, desvirtuadas e não condizentes com o seu pensamento. Por isso, durante boa parte do século XX, seu pensamento foi usado para os mais variados interesses e fins como para justificar o autoritarismo e a perseguição aos judeus por exemplo. O caso mais notório é o uso de seu pensamento pelos nazistas, um uso que o próprio Nietzsche, temendo a deturpação de seu pensamento, fez questão de alertar meio século antes. Ainda hoje, com a enorme popularidade que Nietzsche e o grande interesse que sua filosofia desperta por se tratar de um pensador atual, é possível encontrar seu pensamento sendo usado para os mais variados fins e sendo usado para sustentar as mais diversas bandeiras. E porque isso acontece? Basicamente devido ao estilo usado pelo filósofo alemão em suas obras. O uso do aforismo – um texto breve, normalmente de cunho moral, que encerra na mais das vezes uma sentença filosófica – é a principal razão. Além do mais, Nietzsche é um dos poucos pensadores a abordar os mais variados temas em suas obras. Ao usar sentenças breves, mutias não passam de duas linhas, e de impacto, faz com que sejam de fácil leitura e memorização, mesmo que nem sempre o leitor compreende de fato o seu real sentido. Quem nunca ouviu falar que “toda a vida humana está profundamente embebida na inverdade”(1), “Quem não sabe pôr no gelo seus pensamentos não deve se entregar ao calor da discussão”(2), “A exigência de ser amado é a maior das pretensões”(3), “É mais fácil lidar com sua má consciência do que com sua má reputação”(4), “A decisão cristã de achar o mundo feio e ruim tornou o mundo feio e ruim”(5), “A humanidade prefere ver gestos a ouvir razões”(6), “Onde quer que a neurose religiosa tenha aparecido na terra, nós a encontramos ligada a três prescrições dietéticas perigosas: solidão, jejum e abstinência sexual”(7), “Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos”(8), “Aprendemos a desprezar quando amamos, e justamente quando amamos melhor”(9), “As paixões tornam-se más e pérfidas quando são consideradas más e pérfidas”(10), “Pode-se recusar um pedido, mas nunca recusar um agradecimento”(11) e “Quanto mais alto nos elevamos, tanto menores parecemos àqueles que não sabem voar”? São por sentenças assim que Nietzsche caiu no gosto popular e se tornou um filósofo “pop” mas muito pouco compreendido infelizmente. E o que poderia ser um ponto a favor acaba se tornando um problema, já que se coloca na boca de Nietzsche aquilo de fato ele nunca disse ou pretendeu dizer.
Notas
1. Humano, Demasiado Humano, Cap. I, aforismo 34
2. Humano, Demasiado Humano, Cap. VI, aforismo 315
3. Humano, Demasiado Humano, Cap. IX, aforismo 523
4. A Gaia Ciência, Livro I, aforismo 52
5. A Gaia Ciência, Livro III, aforismo 130
6. O Anticristo, aforismo 54
7. Além do Bem e do Mal, Cap. III, aforismo 47
8. Além do Bem e do Mal, Cap. IV, aforismo 108
9. Além do Bem e do Mal, Cap. VII, aforismo 216
10. Aurora, Livro I, aforismo 76
11. Aurora, Livro IV, aforismo 235
12. Aurora, Livro V, aforismo 574
domingo, 13 de dezembro de 2015
FOI DEMAIS PRA MIM
A
chuva caindo naquela tarde cinzenta
Era
um imenso mar de lágrimas descendo
Pela
minha face tão cheia de tormenta,
Vazia
de vida como se eu tivesse morrendo.
Era
tudo tão sombrio, sem esperança
Como
se de fato o mundo chegara ao fim
E
então ansiava por uma fatal sentença
Que
à morte me levasse aquela dor enfim
Como
pode ser o amor uma ferramenta
Capaz
de causar tamanha dor? É sofrendo
Que
o supremo valor da vida se apesenta?
Nesse
viver contudo à morte querendo
Mas
por que não querer? Só tem desesperança
No
meu sofrer. Perdê-la desse jeito assim
Para
um amigo, no qual toda confiança
Eu
lhe depositava foi demais pra mim
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 62
-- Agora ela não vai se apagar tão cedo – disse com seus lábios sorridentes, quando me apanhou.
Ignorei-a e continuei em frente. Ela passou alegre por mim, virou e parou na minha frente. Com olhos perscrutadores e um sorriso desavergonhado, acrescentou:
-- Finalmente as sós, sem ninguém para atrapalhar.
No meu peito, as palpitações intensificaram. Experimentei um medo inquietante. Sabia que dessa vez não haveria escapatória. Desculpas não funcionariam. Correr e fugir só complicaria as cosias e só adiaria o inevitável. Teria de enfrentar aquilo e reviver os fantasmas do passado, por mais assombrosos que fossem. De forma que não fugi.
Se por um lado ela me manipulava e me forçava a fazer coisas que não queria, como Fabrício também fizera, por outro ela estava me dando a oportunidade de me colocar no lugar dele e assim experimentar as sensações que ele experimentara. E ainda mais: poderia descobrir o porque que ele gostava tanto de me possuir.
Ainda me recordo de como ele confessara em uma das oportunidades, pouco antes de gozar em mim, que o meu cu era mais apertado e mais gostoso que uma boceta. Eu nunca pude compreender por que um homem podia preferir outro a uma mulher. Deus fizera o homem e a mulher para se unir e ter filhos. Era assim a natureza e a vontade Dele. Mas um homem com um outro homem? Tratava-se duma aberração, dum pecado sem tamanho. Eu sabia que meu primo era um garoto, embora mais velho do que eu, e que também já tinha se deitado com uma mulher; portanto sabia que deveria ser assim: um homem e uma mulher. Não dois homens. É por isso que eu não entendia como ele poderia fazer aquilo comigo. Eu não era mulher. Era seu primo. Tinha ido a sua casa para fazer-lhe companhia enquanto seus pais viajavam. Por que ele foi fazer aquilo comigo? Eu era um garoto bobo, inocente e muito ingênuo, mas era um garoto como qualquer outro. Por que ele quis fazer de conta que eu era mulher? Por que ele queria fazer aquilo o tempo inteiro? Por que me ameaçava e me coagia daquele jeito toda vez que eu recusava? Por que me agarrava a força quando eu dizia que não queria? Será que ele não via o quanto eu me sentia humilhado, sujo, pecaminoso ao ser usando daquela forma? Ele não se comovia com minhas lágrimas? Só sabia dizer: Para de chorar como uma mulherzinha, seu viadinho, sua menininha com pinto!
Essas perguntas ainda ecoam na minha memória até hoje, amigo leitor. Nunca fui capaz de me livrar totalmente delas. Ainda as carrego como um fardo, embora hoje a vergonha e o medo da danação eterna não me afligem mais. Aliás, o motivo por eu me sentir tão humilhado e ultrajado após Fabrício sair de mim não era só o fato de ter sido usado como uma mulher, mas o temor de um castigo eterno e a vergonha de meus pais. Acreditava que seria castigado eternamente por aquilo tanto quanto temia a humilhação e a vergonha, caso meus pais viessem a saber. Imaginava-os me castigando severamente e até me expulsando de casa por tê-los envergonhado. Eu me sentia mais culpado que o meu próprio primo, o qual não parecia sentir o menor remorso. Aquilo se parecia quase natural. Aliás, a culpa e o medo era a razão pela qual eu cedia tão fácil às ameaças dele. Se para ocultar aquele ato vergonhoso eu tinha de me sujeitar mais uma vez, que assim fosse. E foram muitas e muitas vezes.
Embora Luciana quisesse que eu fizesse o que meu primo fizera, não via muita diferença na minha culpa. Deus me castigaria da mesma forma. Éramos homem e mulher, mas o que ela queria fazer era contra os ensinamentos de Deus. Onde ela queria meu pinto era um lugar imundo, feito para defecar e não para ser penetrado e receber a semente da vida. “Por que ela quer fazer isso? Ia dar certo os dois. Fabrício. Ele nela por trás, na bunda dela. Outras pessoas também gostam. Mas por quê?”, lembro-me de pensar. Se por um lado, em casa a sexualidade não fosse um tema discutido na minha frente, por outro, a curiosidade me levava a manter os ouvidos atentos não só no lar como entre os colegas de escola, principalmente aqueles das séries mais adiantadas. Súbito, conclui que era porque elas eram atentadas pelo diabo. Era ele quem induzia as pessoas a fazer isso para terem sua alma perdida. “Ele atenta elas pra roubar sua alma.”, foi minha conclusão. E me lembro de acrescentar quando Luciana abraçou e disse que queria um beijo: “Ela também tá possuída. Ele tá obrigando ela a fazer essas coisas. Por isso ela age assim. Por isso ela é tão má. Me atormenta também. O diabo. Ele quer usar ela pra roubar minha alma também”.
Beijei-a.
Ela premeu seu corpo no meu e roçou os quadris nos meus. Sabia que não podia lutar contra a natureza. Contra minha vontade, os instintos aflorariam e eu não poderia fazer nada. Assim, não tentei conter o excitamento, o qual foi rápido.
-- Assim que eu gosto – lembro-me de ouvi-la dizer, quando, tomando pelo desejo, agarrei-lhe um dos seios e chupei o outro.
Súbito, ela se desvincilhou, sentou-se na areia, deitou de barriga para cima e me chamou com uma voz meiga e submissa. Meus olhos escorreram por ela ali -- ela jazia aos meus pés -- e tive por um breve momento a percepção de fragilidade nela. Ela era uma mulher dominadora e manipuladora, mas ali parecia capaz de qualquer coisa para em ter.
Ah, se eu soubesse manipular o seu igual como alguns fazem! Teria mudado não só o futuro dela como também o da maioria de nós. Mas eu não soube o que fazer com aquele momento de vulnerabilidade e fraqueza dela. Minha ingenuidade impediu-me barganhar, de tirar algum proveito daquela situação, como ela magistralmente fazia comigo. Por isso eu tenho de reconhecer que as pessoas manipuladoras já nascem com esse dom. Elas não deixam jamais uma oportunidade passar. E a todo momento veem como tirar benefício de uma situação.
Agachei ao seu lado e deitei sobre ela. Após algumas carícias, penetrei-a, pensando que ela esquecera aquela história de “dar o cu”. E para evitar que ela relembrasse, ora beijava-a entusiasmadamente, ora lhe apertava os seios e os chupava de forma a provocar-lhe intenso prazer, o qual poderia levá-la ao gozo.
Mas não funcionou. De repente, ela me empurrou para o lado e disse:
-- Agora quero que você faça por trás. -- Virou de bruços e abanou a areia das nádegas brancas. -- Quero experimentar. Você vai enfiar no meu cu.
-- Mas vai doer, vai te machucar – falei, lembrando de como algumas vezes de fato foi dolorido e de como Fabrício realmente chegou a me machucar, principalmente quando, já deitados, prontos para dormir, ele vinha até mim, tirava a minha cueca e molhando insuficientemente o seu falo com a própria saliva, penetrava-me sem qualquer outro tipo de lubrificação, enquanto eu permanecia sob ele, calado, passivo, como que paralisado ou completamente imobilizado, apenas aguardando que ele terminasse o mais breve possível.
-- Como você sabe que dói e machuca?
Fiquei sem palavras, num embaraço sem precedentes. Era como se ela tivesse descoberto o meu segredo, um segredo que eu não revelaria por nada desse mundo. Preferia encarar a morte do que sofrer tamanha humilhação. Por isso, desconversei:
-- Não, eu não sei. Eu acho.
-- Não, não vai doer e nem me machucar. Na minha classe tem um garoto, o Sandrinho, que é gay. É meu melhor amigo. E ele já transou com alguns homens. Disse que não dói e é muito gosto. É só você enfiar bem devagarzinho, com jeito. E se doer, você para – explicou.
Tive alguma dificuldade em penetrá-la, pois meu falo ainda imaturo era muito fino e não tinha a resistência de um rapaz ou de um homem mais velho. E quando a penetrei as sensações a as lembranças do passado confundiram-se de tal forma que eu não sabia o que era novo ou experiência vivida. Ao mesmo tempo que descobria um mundo de sensações, sensações experimentadas tão somente pelo meu primo quando me penetrava, velhas sensações também vinham à tona. E embora fosse Luciana a experimentá-las (aliás com um certo receio no início, mas depois intensamente) eu não podia deixar de senti-las presente. Cada movimento do meu falo remetia-me aos movimentos do falo de meu primo em mim, confundindo as sensações. E então eu me punha no lugar dela. Talvez até seja um exagero, mas era como se não fosse o meu falo a penetrar ânus de Luciana, mas um outro falo a penetrar o meu. Havia momentos em que a sensação de algo a se mover entre minhas nádegas era tão real que o meu ânus se contraia.
Talvez se meu primo não tivesse me tratado com tanta indiferença e me possuído como se eu fosse um objeto que se usa e depois descarta; pois, ao atingir seu objetivo, abandonava-me de tal forma como se eu simplesmente desaparecesse como num devaneio ou como se eu fosse um brinquedo que se abandona depois de não o querer mais, o meu destino e minhas escolhas teriam sido outras. Afirmar que eu teria me tornado um gay não passa de especulação, mas, ao longo de todos esses anos, tal questionamento foi feito por incontáveis vezes, principalmente quando eu deparava com um homossexual da minha idade. E se em todas as vezes que ele me possuiu tivesse sido carinhoso, demonstrando algum tipo de consideração e feito daquele ato um ato de amor? Afinal, ele me possuiu mais de uma dezena de vezes e só em três dessas oportunidades demonstrou algum carinho. Se é que posso chamar aquilo de carinho.
A primeira delas foi na segunda vez em que transamos. Tínhamos acabado de deitar, depois de ficar brincando até tarde. Súbito, ele saltou de sua cama para a minha, abraçou-me, e chamou-me para “namorar” (foi a única vez em que usou essa palavra. Assim como eu, também ele usava somente uma cueca, pois fazia um calor terrível naqueles dias; mas mesmo assim pude senti-lo excitado, pois não fez questão de ocultar isso. Ele me acariciou as penas, as nádegas e arrastou-se para cima de mim. De frente um para o outro, nossos olhos se cruzaram. Ele deu um sorriso estanho (hoje eu sei que era voluptuoso e com segundas intenções) enquanto o meu escapou timidamente, cheio de vergonha. Ele me beijou. Sem saber como agir, correspondi ao seu beijo. Aliás, usou isso com uma estratégia, pois enquanto nos beijávamos, sua mão encontrou a minha cueca e a puxou para baixo, até os joelhos. Seus lábios abandonaram os meus e deslizaram pelos meu pescoço e sua língua encontrou minha orelha. Súbito, ele ergueu a cabeça, olhou-me novamente nos olhos e seus lábios famintos, cheios de volúpia, buscaram os meus. Uma de seus braços enlaçava-me o pescoço e eu o abraçava-lhe o dorso com os dois como se fossemos um casal. Enquanto sua língua procurava a minha, senti-o erguer os quadris e empurrar a sua peça de roupa pernas abaixo. Quando seus quadris abaixaram, senti seu falo teso e úmido tocarem-me os testículos e deslizar para baixo, a procura do ânus. Tentou me penetrar assim, nervoso e desajeitadamente, mas não obteve sucesso, nem mesmo comigo facilitando as coisas, ao afastar um pouco as pernas, pois não me ocorreu que ele fosse realmente me penetrar. Pediu-me para virar e não houve mais carícias. Apenas seus braços me envolveram fortemente; na verdade, para se firmar enquanto a parte inferior de seu corpo premiam minhas nádegas, no meio das quais eu sentira o ir e vir de seu falo impaciente.
A segunda vez foi no dia seguinte, à tarde, no banheiro. Embora eu procurasse me esquivar, ele não perdia a oportunidade de agarrar-me por trás. Isso o excitou em dado momento. Lembro-me de ouvi-lo proferir: “Tô num tesão danado. Olha como o meu pau tá duro. Pega nele para você ver”. Incapaz de recusar, segurei-o com dois dedos. Estava. Antes que eu tirasse a mão, segurou os meus dedos e mexeu-os para frente e para trás, gemendo. Entreolhamo-nos e antes que eu pensasse em escapar, seus lábios avançaram sobre os meus. Foi apenas um beijo, embora não tenha sido breve como os primeiros. Então ele me disse para virar. Ainda me lembro de como ele acrescentou em tom jocoso: “Vou te dar um pouco do meu leitinho”. Virei, apoiei as mãos na parede e ele teve o seu gozo.
A terceira vez que me fez algum carinho, foi dois dias depois. Nazaré, tinha ido ao correio e ao mercado. Era um final de tarde. Estávamos sentados frente a frente no chão da sala jogando pega varetas. De repente, sua mão escorregou por uma das minhas coxas. Surpreso, olhei para ele. Ele sorriu e me atirou um beijo. Envergonhado, abaixei a cabeça, como se o ignorasse. Ele se aninhou do meu lado e beijou-me várias vezes na nuca e no rosto, deslizando seus dedos pelas minhas coxas, a fim de me excitar. De repente, seu rosto surgiu na minha frente e sua boca procurou a minha. Embora fossemos homens, ele gostava de me beijar como se eu fosse uma garota. Enquanto beijávamos, suas mãos continuavam a escorregar para lá e para cá nas minhas coxas e minhas nádegas. Foi uma das raras vezes em que fiquei muito excitado, a ponto de superar a timidez, o medo do castigo divino, e desejá-lo. Talvez porque também foi a única vez em que disse que meu corpo era bonito e minhas coxas excitavam-no e minhas nádegas eram macias e gostosas. Chegamos a ficar nus ali, mas por precaução, convidou-me para seu quarto, onde dormíamos e para o qual fui de bom grado. Diferentemente do que costumava fazer, não deitei de bruços. Havia gostado das carícias na sala e queria mais. Ele não me pediu para virar. Deitou sobre mim e continuamos a nos acariciar entre o beijo e outro. Aliás, cheguei a acariciar-lhe o falo por alguns instantes, imitando-o, já que ele havia pego o meu e também o acariciava. Ele por sua vez abandou o meu falo e voltou para as coxas e as nádegas, acariciando-as a maior parte do tempo, chegando inclusive a procurar-me o ânus e introduzir-lhe um dedo. Isso me levou a abrir-lhe as pernas para que me penetrasse. Seu falo chegou a entrar, mas não o suficiente. A posição atrapalhava. Por isso ele mandou eu dobrar as pernas e segurá-las na região dos joelhos. Penetrou-me mais profundamente do que havia conseguido até então. Talvez por estarmos de frente um para o outro, voltou a me beijar. Pouco depois porém, ele teve o seu deleite, saiu de mim, vestiu a cueca e de forma dura, como muitas vezes fazem os homens rústicos com as prostitutas, ordenou: “Anda! Levanta, seu bichinha! Antes que a porra escorre do teu cu e suja a minha cama”.
Não há dúvida de que isso contribuiu para que minhas lembranças daqueles momentos fossem as mais desagradáveis possíveis. Se tivesse sido diferente, talvez eu não teria me recusado a passar as próximas férias em sua casa, apesar do convite de meus tios e da insistência de meus pais. Pois eu sabia que se fosse, Fabrício, agora seis meses mais velho e com 14 anos estaria provavelmente mais insaciável, dominar-me-ia ainda com mais facilidade e descarregaria em mim suas taras.
Luciana não era vítima da timidez, não estava limitada por ela e nem era escrava de seus temores. Por isso não se manteve passiva como eu. Não ficou apenas esperando, esperando que aquilo terminasse, como eu fiquei tantas vezes. Ela queria sentir prazer e o procurou, exigindo de mim que lhe desse. Em dado momento, pediu-me para enfiar a mão por baixo dela, ir até o meio das pernas, introduzir o dedo na “xana” e mexer ele para frente e para trás. Fez questão de mostrar aonde e como o dedo deveria passar, já que para mim não fazia a menor diferença passá-lo num lugar ou noutra, uma vez que jamais ouvira falar do clitóris.
O gozo dela acabou levando ao meu. E quando este aconteceu, o passado ficou de lado e não me assombrou mais, pelo menos naquele momento. Então pode experimentar todo o deleite que meu primo experimentara todas as vezes que me possuíra.
Não sei se foi a imaturidade ou a inexperiência a razão pela qual não consegui ver muita diferença entre possuí-la de uma forma ou de outra. Claro que havia diferença. Das outras vezes, eu a possuíra de frente, ora olhando-a nos olhos, ora fitando as expressões de seu rosto, ora contemplando os seus seios, ora beijando seus lábios, ora lhe chupando os mamilos já que isso me dava prazer. Dessa vez, porém, isso não foi possível. Havia o prazer de vê-la de costas, sem seus braços a enlaçar, sem seus olhos a me observar, o que me dava a sensação de poder sobre dela, um poder que eu jamais experimentara. Talvez o prazer maior estivesse nisso, pois eu estava no controle, comandando os movimentos. Contudo, havia uma outra fonte de prazer, a qual contribui até mais para que aquele ato tenha sido diferente: as nádegas. Aliás, era por causa das minhas nádegas que meu primo tanto gostava de me possuir. Ele chegou a confessar isso mais de uma vez. E ali, sobre Luciana, sentindo os meus quadris socarem aquelas nádegas brancas e macias, experimentei um prazer que ainda não havia experimentado, um prazer intenso, que num primeiro momento não associei ao coito anal, e sim a sensação de poder que aquela posição me dava.
Ainda sobre ela e agora sem o domínio dos instintos, ao refletir e tentar entender as razões de meu primo, conclui que precisava experimentar de novo. Precisava tirar a prova e quiçá livrar de meus fantasmas, os quais começavam a se desfazerem. E se não fosse com Luciana, seria com minha prima.
Diferentemente de Fabrício, não me levantei e abandonei Luciana a própria sorte, deixando-a com aquela terrível sensação de abandono. Permaneci-lhe sobre algum tempo, talvez porque estivesse tão acostumado a obedecer ordens que tenha ficado esperando que ela me mandasse sair, o que de fato aconteceu algum tempo depois.
-- Chega, vai! Tira isso aí do meu cu. Já tá me incomodando – disse ela.
Rolei para o lado e fiquei estirado na areia, olhado para o céu, no qual formavam-se algumas nuvens escuras, apesar de nada indicar que fosse chover.
O silêncio nos envolveu e por algum tempo ficamos pensativos.
-- Você gostou? -- perguntou ela.
-- Eu? -- exclamei, surpreso.
-- É. Gostou de foder o meu cu? -- fez questão de explicar.
-- Gostei.
-- Eu também. No começo, achei estranho. Mas quando você enfiou o dedo na minha xana e ficou mexendo, foi ficando bom. É diferente! Parece que dá mais prazer. Não sei direito. Depois vamos fazer de novo. -- Virou-se de frente para mim, aninhou em meus braços e apoiou a cabeça nos meus peitos. Parecia tão feliz e apaixonada. -- Quero ver se vou sentir isso de novo. Você faz comigo de novo amanhã?
Poderia ter dito que não, mas diferentemente do que sentira até então, estava em paz e não havia aquela sensação de culpa que toda vez me invadia após o ato sexual. Havia uma transformação em curso dentro de mim. Era como se realmente os fantasmas do passado começassem a desaparecer. Por isso respondi:
-- Se você quiser, eu faço.
Ela me beijou carinhosamente e numa das raras oportunidades, disse:
-- Te amo, sabia!
Não respondi. Não queria mentir.
Fez-se um novo silêncio. Sua mão acariciava-me a face e a minha deslizava por suas costas, indo até as nádegas e voltando até a altura do pescoço.
Ficamos assim por algum tempo.
Mas não podíamos ficar para sempre. Não tardaria a anoitecer e eu precisava garantir o jantar, caso as meninas não encontrasse nada para comermos.
-- Precisamos pescar – falei.
Ela me deu um beijo, se levantou e disse com naturalidade, com uma naturalidade que só as putas mais experientes são capazes de ter.
-- E eu preciso cagar tua porra! Ela já está começando a escorrer pela minha bunda. -- disse ela com naturalidade, como se falasse de algo trivial. Aliás, isso me fez ficar com uma sensação de nojo, pois ela usara praticamente as mesmas palavras de meu primo que, após sair de cima de mim, costumava dizer: “Vai no banheiro, senta no vaso e faz força pra tu cagar a minha porra que eu gozei no teu cu senão ela via ficar escorrendo depois”. Embora só tenha dito isso nas primeiras vezes, depois eu já sabia o que tinha fazer, apesar de não ter feito por duas ou três vezes.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
QUANDO A SAUDADE É INSUPORTÁVEL
Eu
vejo os dias passarem, na expectativa de poder te reencontrar, de me
atirar em teus braços e, olhando bem fundo nos teus olhos
brilhantes, dizer-te o quanto te amo e o quanto me foi difícil e
doloroso passar todos esses dias sem você, meu amor.
Eu
até tento encontrar um meio de me distrair ou alguma coisa com a
qual me ocupar para não ficar todo o tempo com os pensamentos em
você, mas confesso que não consigo, pois as mais comuns e
insignificantes coisas me trazem à memória a tua lembrança. Ah,
meu amor! Tudo parece me levar a você. Muitas vezes, eu digo a mim
mesmo: "Não adianta, não posso estar com ela agora", mas
o meu coração teima em não me ouvir. Ele é como uma criança
teimosia e mimada que só quer saber de suas vontades.
Ah,
meu amor! Como é horrível querer estar com uma pessoa e não poder!
Fico pensando em todos os momentos que poderia estar contigo,
cobrindo-te de carinhos e beijos, vendo o teu sorriso, ouvindo a tua
voz estonteante dizendo-me coisas insignificantes mas que para mim é
de um valor inestimável, pois tudo que me diz respeito a você é
importante para mim.
Eu
não sei se você sente essa falta que eu sinto de ti, mas se sente,
então sabe do que eu estou dizendo. E se é assim, seus dias também
são aflitos que nem os meus e a espera tem um sabor amargo, onde o
dia seguinte será tão ou mais doloroso que o anterior.
Mas
eu sei que essa separação não será duradoura. Brevemente vou
poder estar aí contigo e então compensaremos todos esses dias que o
destino nos separou, interpondo a distância entre nós só para nos
mantermos afastados. Talvez não possamos recuperar todo o tempo
perdido, mas tentaremos recuperá-lo ao máximo. Enquanto isso,
enquanto a distância nos mantém longe um do outro, tento pelo menos
acalentar-te. E esta carta ao menos te dará uns momentos de alegria,
mesmo que sejam poucos, e lembrar-te-ão que estar longe de ti só
faz o meu amor maior e mais forte.
domingo, 29 de novembro de 2015
OUTRAS FORMAS DE DEMONSTRAR AMOR
O tempo, esse inimigo impiedoso de todos
nós, é capaz dos mais profundos danos não só em nosso passado,
nossa história e nossas lembranças, apagando e envolvendo nas mais
profundas brumas tudo que ficou para trás, como também tem um
efeito devastador sobre o nosso dia a dia. Principalmente num
relacionamento amoroso, onde a rotina tem um papel semelhante, senão
maior, em provocar desgastes e levar ao esfriamento da paixão, a
qual é forjada nas mais intensas chamas. Isso deveria ser encarado
com mais naturalidade pelas partes envolvidas, já que os sentimentos
não são eternos e, por serem fruto de reações químicas no
cérebro, tendem a perder força com o passar do tempo. Afinal não
existe fogo que arde eternamente. Aliás, o tempo não afeta só os
sentimentos, mas nossas ideias, nossas percepções e nossas reações
diante de qualquer estímulo. O problema é que a maioria das pessoas
não dispõe desses conhecimentos e são incapazes de compreender
tais mudanças. E isso faz com que muitas vezes uma parte acuse a
outra de falta de amor, atenção, carinho, alegando que não a ama
mais, o que pode até ser verdadeiro. Na mais das vezes porém, a
coisa não é bem assim. O fato de a paixão ter esfriado não é
sinal de falta de amor. Há tantas outras formas de demonstrar amor
sem que essas envolvam diretamente o sentimentalismo. O respeito, o
companheirismo, o apoio, a compreensão, a atenção, o respeito, a
renúncia entre outros também é forma de demonstrar amor. O que
acontece é que, para algumas pessoas, isso passa despercebido ou até
mesmo não tem importância alguma. Mas para outras isso tem um
significado muito grande e lhe pode custar mais do que simples jogar
palavras da boca para fora. De forma que, se uma pessoa já não
demonstra seu amor através de palavras e carícias, pode ser que ela
esteja demonstrando de outra forma. E pode ser que o outro
simplesmente não esteja vendo isso.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
PARIS: ÓDIO À LIBERDADE E À DEMOCRACIA
Dez
meses depois, a França sofre um novo ataque terrorista promovido
pelo Estado Islâmico, matando até o momento 129 pessoas. E
justamente a França que é um país democrático, tolerante,
multirracial e berço da luta pelos direitos humanos. Nenhum país
merece uma barbárie dessas, menos ainda a França. Mas terroristas
não escolhem vítimas e muito menos o país. Querem apenas promover
o caos, a comoção popular e combater a liberdade, a igualdade e a
fraternidade. É um dos poucos meios que dispõem para chamar a
atenção, para mostrar alguma força. Embora não pareça, no fundo
os líderes dessa organização terrorista sabem que não vão chegar
a lugar algum, que lutam uma guerra perdida. Por isso, eles usam os
meios mais bárbaros para demonstrar força e poder, seja nos
territórios onde dominam, seja nos lugares mais democráticos do
mundo. Aliás, nada lhes é mais perigoso que a democracia. Eles a
temem tanto, ou até mais, quanto temem o Diabo. A escolha da França
não foi um acaso. Os franceses fazem parte da coalizão que vem
promovendo ataques aos territórios dominados por esses terroristas.
E de todos os integrantes da coalizão, a França talvez seja o país
onde os terroristas teriam maiores chances de serem bem sucedidos e
onde poderiam causar maior comoção. Talvez os EUA fossem o alvo
desejado, mas o sistema de vigilância norte americano certamente
frustraria qualquer tentativa de um ataque de grandes proporções.
Nos outros países da coalizão, um ataque assim talvez até
provocasse mais danos e mortes, mas não teria o mesmo efeito e no
ocidente isto seria mais uma notícia corriqueira, sem muita
relevância. Daí a França. E de fato conseguiram o que desejavam.
Não resta dúvidas de que foram bem sucedidos. Resta saber o que os
franceses farão. Somente uma resposta capaz de provocar perdas
incalculáveis ao Estado Islâmico fará com que desistam de novos
ataques. Talvez o mais sensato a fazer seja o envio do que há de
mais moderno em armamento bélico e de um grande contingente de
tropas para lutar em várias frentes, em conjunto com o exército
iraquiano numa das frentes e com os curdos em outra. Chegou a hora de
reconhecer que ataques aéreos por si só não vai derrotar esses
terroristas, pois tendem a se dissiparem e combater os inimigos com
atentados terroristas. Só há um meio de acabar com isso:
dizimando-os. Ou isso ou é só questão de tempo para novos
atentados terroristas. A França está numa encruzilhada e se deseja
continuar a ser um exemplo de tolerância e democracia terá de fazer
sacrifícios. Não há outra saída.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
LONGA ESPERA
Deixo tristemente o dia passar
Com um profundo aperto no peito
E a saudade prestes a me dar
Um desatino que não tem jeito
Como será que ela está?
O que deve tá fazendo?
Em mim pensando estará
Como nela estou pensando?
Eu faço tantas indagações
As quais não me tranquilizam a alma
Novas e novas inquietações
Arrancam-me o que resta da calma
Eu preciso dela já
Pois muito estou sofrendo
Por que não deixa pra lá
Logo tudo e vem correndo?
O dia passa. Nada dela chegar
No ouvido um diabinho diz: “bem feito!
Para ti ela não vai mais voltar”
Mas tais palavras eu não aceito
Sim. Eu sei que ela virá
E já deve tá chegando
Ela não me deixará
Com o coração sangrando
Chega a noite e minhas desrazões
Ardem na mais inquietante flama
Uma ligação dá-me as razões:
Num assalto, roubaram-lhe a chama
Com um profundo aperto no peito
E a saudade prestes a me dar
Um desatino que não tem jeito
Como será que ela está?
O que deve tá fazendo?
Em mim pensando estará
Como nela estou pensando?
Eu faço tantas indagações
As quais não me tranquilizam a alma
Novas e novas inquietações
Arrancam-me o que resta da calma
Eu preciso dela já
Pois muito estou sofrendo
Por que não deixa pra lá
Logo tudo e vem correndo?
O dia passa. Nada dela chegar
No ouvido um diabinho diz: “bem feito!
Para ti ela não vai mais voltar”
Mas tais palavras eu não aceito
Sim. Eu sei que ela virá
E já deve tá chegando
Ela não me deixará
Com o coração sangrando
Chega a noite e minhas desrazões
Ardem na mais inquietante flama
Uma ligação dá-me as razões:
Num assalto, roubaram-lhe a chama
domingo, 22 de novembro de 2015
AGARRANDO-SE AO PASSADO
Nas incansáveis viagens ao passado
Eu tento trazer de volta as lembranças
Daqueles momentos ali guardados,
Dos quais a saudade sem fim é imensa
É uma busca inútil, infelizmente
Já que o passado não volta jamais.
Ainda sim procuro insistentemente
Vivê-los nem que seja uma vez mais
A força com que neles eu me agarro
Dir-se-ia dum Hércules -- de tão
grande.
E embora tudo me seja tão caro
E sofrível. Aí minh'alma se prende
Mas quem caminha rumo ao fim certo
Sem muito mais esperar desta vida
Melhor porto é o passado decerto
Pra se crer que a vida não foi perdida
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
QUADRINHA DE AMOR(22)
Esta é mais uma das quadrinhas de amor de minha autoria. Para quem não sabe, a quadrinha de amor é composta de 4 versos com 7 sílabas poéticas.
Quero sonhar acordado
Com uma garota bem linda
E quando a tiver achado
Amá-la-ei por toda a vida
terça-feira, 10 de novembro de 2015
A REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Talvez de todos os erros cometidos pelo parlamento brasileiro ao longo de sua história, o maior venha a ser o projeto de lei que revoga o Estatuto do Desarmamento, pois trata-se de um enorme equivoco achar que armar a população irá reduzir a criminalidade. Digo equivoco porque é um enorme absurdo achar que o alto índice de violência e criminalidade presente na sociedade brasileira é em grande parte fruto da impossibilidade de reação das vitimas por estarem desarmadas. O fato de uma pessoa está ou não desarmada não irá impedir um criminoso de cometer crimes; pelo contrário, irá torná-lo mais violento, mais disposto a matar com o intuito de impedir uma reação da vitima, o que muito provavelmente irá aumentar a criminalidade, já que os criminosos terão facilitado o acesso às armas de fogo tanto ao adquiri-las no mercado negro quanto ao roubá-las das próprias vitimas, as quais muitas vezes vão preferir entregar sua arma ao bandido do que usá-la contra o agressor. Aliás, muitos dos crimes de roubo que acontecem hoje em dia são praticados por criminosos com armas de brinquedo e armas brancas. Essas últimas inclusive, apesar de causar ferimentos nas vítimas, são bem menos letais que armas de fogo. O problema da criminalidade não é se a vitima é vulnerável ou não, mas sim a sensação de impunidade. É sabido que a maioria dos crimes não são solucionados e os culpados jamais pagam por eles. Esse é grande problema, embora não seja o único, já que a brandura das penas aplicadas a maioria dos crimes também contribui para o aumento da criminalidade, assim como o sistema prisional que, além de não recuperar o condenado, acaba na realidade servindo-lhe de escola do crime. Uma pessoa que é encarcerada por um por um crime leve, o qual poderia muito bem ser convertido em trabalho social ou outra forma de penalização, acaba saindo da cadeia como um criminoso de alta periculosidade. Isso tudo junto é a verdadeira razão dos altos índices de violência e criminalidade no Brasil. Armar a população não vai impedir o criminoso de ser criminoso, mas pode sim levá-lo a matar apenas porque a vítima tentou reagir, ainda mais que o criminoso está sempre mais preparado para atirar e não hesitará um seguindo se quer ao matar. Eu não tenho dúvida de que se o Estatuto do Desarmamento for revogado como querem um grupo de parlamentares, veremos os índices de assassinatos atingirem níveis inimagináveis. Eu já sou um homem de quase cinquenta anos e as chances de que venha ser assassinado por um assaltante não se modificam muito, mas temo muito por todos os jovens dessa geração e das próximas, pois a insegurança e o medo fará parte do dia a dia de todos, muito mais do já faz hoje. Para o bem de nossos jovens, espero que esse projeto não vá para frente, pois trata sim de uma grande loucura.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
À CAÇA DE MEUS SONHOS
Meus sonhos parecem impossíveis
Difíceis de alcançar
Teimam sempre em fugir
Sempre que eu tento me aproximar
Como um animal faminto
Para não deixá-los escapar.
Mas escapam,
Voam ainda mais para distante
E minha alma em desespero
Cede a uma dor pungente
Como uma punhalada no peito
Mas eu não desisto tão fácil assim
São meus sonhos,
As razões que eu tenho para viver
Não posso deixá-los fugir de mim
Tão fácil assim
Sonhar é saber que se está vivo
Na dor de toda a realidade
Sonhar é se ver no paraíso
E acreditar na própria imortalidade
Porque a realidade da vida
É sombria, perversa
E cheia de desencantos
Não perdoa os erros
E nos cobra um alto preço
Tirando cada um dos sonhos
Tão caros a cada um de nós
Sonhar é suportar a vontade
De mergulhar no abismo do nada
Sonhar é resistir aos desenganos
Sem ceder a uma morte antecipada
Difíceis de alcançar
Teimam sempre em fugir
Sempre que eu tento me aproximar
Como um animal faminto
Para não deixá-los escapar.
Mas escapam,
Voam ainda mais para distante
E minha alma em desespero
Cede a uma dor pungente
Como uma punhalada no peito
Mas eu não desisto tão fácil assim
São meus sonhos,
As razões que eu tenho para viver
Não posso deixá-los fugir de mim
Tão fácil assim
Sonhar é saber que se está vivo
Na dor de toda a realidade
Sonhar é se ver no paraíso
E acreditar na própria imortalidade
Porque a realidade da vida
É sombria, perversa
E cheia de desencantos
Não perdoa os erros
E nos cobra um alto preço
Tirando cada um dos sonhos
Tão caros a cada um de nós
Sonhar é suportar a vontade
De mergulhar no abismo do nada
Sonhar é resistir aos desenganos
Sem ceder a uma morte antecipada
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
EDUARDO CUNHA E O TITANIC
A situação de Eduardo Cunha piorou consideravelmente depois da confirmação de que as contas na Suíça são realmente dele, de que ele as movimentara até recentemente, de que há coincidência entre contratos fechados pela Petrobras e transferências para essas contas correntes na Suíça, de que ele omitiu o fato de possuir vários veículos no nome da esposa e de que seu patrimônio aumentou drasticamente nos últimos anos. Até então havia tão somente acusações contra si, mas agora existem as provas, provas essas irrefutáveis. E isso muda-lhe completamente a situação. Dado o que vem acontecendo com todos os acusados na operação Lava a Jato, não tenho a menor dúvida de que é bom ele ir se preparando para passar algum tempo atrás das grades. Embora tenha foro privilegiado e portanto só possa ser processado pelo STF, não creio que o presidente da Câmara dos Deputados conseguirá segurar seu mandato por muito tempo. A oposição, que se aliara a ele com a finalidade de promover o impeachment de Dilma, resolveu atirá-lo aos leões, abandonando-o como ratos ao primeiro sinal de que o navio está afundando. E mesmo que consiga num acordo escuso com o governo (pois agora só lhe resta isso) em troca da recusa dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma, ele acabará perdendo o mandato quando for julgado pelo supremo. As investigações só estão no começo e ainda há muito o que vir à tona. Eduardo Cunha não foi só mais um beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras. Embora seja do PMDB, é um dos cabeças desse esquema de desvio de recursos públicos e sua queda pode inclusive levar muita gente importante consigo como ocorreu com o Titanic. Ele é um homem vingativo e não cairá sozinho. Mas mesmo que isso aconteça, não há dúvida de que isso trará mais benefícios que danos ao país, embora mais uma vez a imagem do parlamento fique profundamente manchada.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
A MUSA QUE PASSA
Num entardecer de um dia de verão
À beira mar, sob um sol escaldante
Ela passa, cegando-me de paixão
E me fita com seus olhos triunfantes
Dos lábios escapam quase um sorriso
Que me leva a um profundo desespero
Seus beijos e carícias. Eu preciso
Para assim aplacar o meu destempero
Mas ela vai, e não me olha mais não
Segue com passos firmes e imponentes
Deusa tocando levemente o chão
Como se a dura areia fosse um tapete
Olhando-a, sinto-me perder o juízo
Então me queima um fogo intenso e efêmero
Pareço flutuar, estar no paraíso
E danar-me em seus braços. É o que quero
À beira mar, sob um sol escaldante
Ela passa, cegando-me de paixão
E me fita com seus olhos triunfantes
Dos lábios escapam quase um sorriso
Que me leva a um profundo desespero
Seus beijos e carícias. Eu preciso
Para assim aplacar o meu destempero
Mas ela vai, e não me olha mais não
Segue com passos firmes e imponentes
Deusa tocando levemente o chão
Como se a dura areia fosse um tapete
Olhando-a, sinto-me perder o juízo
Então me queima um fogo intenso e efêmero
Pareço flutuar, estar no paraíso
E danar-me em seus braços. É o que quero
terça-feira, 27 de outubro de 2015
E SE O MUNDO SEMPRE EXISTIU?
Uma coisa muito caro a maioria daqueles que acreditam em Deus é não é tanto o fato de os ateus negarem que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança mas sim a inadmissão da não existência de um criador do mundo, de um ser que planejou meticulosamente tudo o que existe. Alguns até aceitam o darwinismo e reconhecem que o livro do Gênesis fala da criação do mundo de forma alegórica, não devendo de forma alguma tomá-lo ao pé da letra; outros mais esclarecidos vão além e admitem inclusive a teoria do Big Bang, justificando que ela é, na realidade, o instrumento usado por Deus para criar o universo. Na verdade, não importa muito o que essas pessoas acreditam ou não. O que elas não conseguem admitir é a possibilidade de o mundo nunca ter sido criado, de não ter um começo e nem um fim e portanto ser eterno, pois o fato de nós e tudo ao nosso redor ter um começo e um fim nos leva a supor que o mundo também segue o mesmo princípio. Não estou falando do planeta Terra, da nossa galáxia e do próprio universo, já que estes de fato não são eternos e realmente nasceram e em algum momento no futuro irão desaparecer. Mas mesmo que o universo desapareça, ainda sobrará um imenso vazio. E esse vazio continuará a ser o mundo, um mundo que por ser eterno poderá dar origem a um outro universo. Talvez este universo que aí está nem desapareça totalmente, até porque é grande demais e a todo instante estrelas e galáxias surgem e desaparecem sem que isso faça alguma diferença. E mesmo que exista de fato algo que deu origem a isso tudo, o qual nós, os insignificantes terráqueos, insistimos em chamar de Deus, esse "Deus" não tem a menor semelhança com o Deus que a maioria de nós ainda acreditamos. Não há menor dúvida de que esse Deus é uma invenção humana, uma vez que só seres humanos seriam capazes de atribuir a um Deus características humanas, tais como: vingança, irá e castigo. Infelizmente, as pessoas não são inteligentes o bastante para se dar conta desse absurdo e se relacionam como esse suposto “Deus” como no passado os súditos se relacionavam com seus governantes.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
SÃO OS LOUCOS QUE MUDAM O MUNDO
Aquele que se deixa afetar pelas opiniões alheias não só dá razão aos detratores como também expõe as próprias fraquezas, mostrando não ser merecedor do apreço que tem e das verdades que prega. A nossa sociedade chegou aonde hoje está graças a perseverança, a coragem e obstinação daqueles que eram na maioria das vezes taxados de loucos, por desafiar as verdades aceitas por todos a sua volta, verdades essas que muitas vezes remontavam de um passado distante e as quais, para aqueles de visão mais ampla, eram inconsistentes e difíceis de aceitar. Hoje sabemos que a Terra é redonda e não plano como se acreditava antes; que não é o centro do Universo, que gira em torno do sol e não o contrário como se pensou por milhares de anos; que existem milhares de outros sistemas solares iguais aos nossos. O avanço do conhecimento jogou por terra todos os mitos que regiam a vida dos primeiros homens. Ah, como nossos antepassados eram escravos desses mitos! A maioria dos dogmas religiosos já não encontram mais uma base de apoio capaz de mantê-los de pé. E embora o homem ainda não tenha encontrado provas da existência de vida em outros planetas, nunca se esteve tão próximo dessa descoberta. Eu não tenho a menor dúvida de que isso ocorrerá no futuro; não num futuro próximo, mas daqui a meio século ou até um pouco mais. E quando isso acontecer, o único pilar que ainda sustenta a maioria das crenças religiosas, principalmente as três grandes religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e muçulmana, -- ruirá e então o homem chegará a conclusão que esse deus, um deus que criou o homem sua imagem e semelhança, e ao qual o homem se escravizou por milhares de anos, simplesmente não existe e nunca existiu. E então todos nós que, em pleno século XXI ainda somos chamados de loucos e vistos com desconfiança, inclusive condenados à morte em alguns países, por sermos ateus, por vermos o mundo sob uma outra perspectiva e enxergar nos dogmas religiosos a desrazão, seremos engrandecidos, assim como hoje se exalta Giordano Bruno, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e tantos outros, antes acusados de hereges e condenados por dizer aquilo que hoje é uma verdade incontestável pela ciência. Não se deve julgar e ridicularizar aqueles ainda presos às crenças do passado, pois muitos não estão preparados para a verdade dos fatos e não a suportariam. Da mesma forma não se deve deixar levar por essa maioria, pela maior onda, apenas porque nos sentimos um grão de areia diante dela; pois não são as grandes ondas que transformam o mundo – elas apenas provocam estragos e destruições --, mas os grãos de areia que, depositados lentamente um a um, formam os alicerces do saber e do avanço da humanidade em direção a um futuro melhor.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
O MEU FILOSOFAR
Nos meus passos errantes
Por este mundo afora
Eu aprendi o suficiente
Para pôr para fora
Num longo vomitar
O meu filosofar
Repudio toda crença
Que prega a sua verdade
Isso só traz descrença
Em toda realidade
Fazendo do presente
Um viver indecente
Acredito no viver
O mais intensamente
Cada dor e prazer
Pois não há maior presente
Que o mundo pode dar
Antes do fim chegar
Após o véu da morte
Nada mais tem valor
Decidida está a sorte
E só o eterno nada
É a nossa vil morada
Por este mundo afora
Eu aprendi o suficiente
Para pôr para fora
Num longo vomitar
O meu filosofar
Repudio toda crença
Que prega a sua verdade
Isso só traz descrença
Em toda realidade
Fazendo do presente
Um viver indecente
Acredito no viver
O mais intensamente
Cada dor e prazer
Pois não há maior presente
Que o mundo pode dar
Antes do fim chegar
Após o véu da morte
Nada mais tem valor
Decidida está a sorte
E só o eterno nada
É a nossa vil morada
domingo, 18 de outubro de 2015
MUNDO DE CRIANÇA
No sorriso de uma criança,
Na inocência de seus atos
Está posta a esperança
E a manutenção de fato
Dos traços e das essências
Herdados por descendência
No sorriso de uma criança
Na ânsia de explorar o mundo
Está a beleza e sapiência
De querer saber de tudo
Como se o conhecimento
Fosse todo o fundamento
Mas na vida duma criança
O mundo não é o do adulto
Vence sempre a esperança
E o ódio jamais produz frutos
Como em toda gente grande
Onde a razão é inconsequente
E na vida duma criança
O mundo é o hoje, o agora
No amanhã nada o interessa
Pois o tempo não tem hora
Assim de instante em instante
Cresce a passos de gigante
Na inocência de seus atos
Está posta a esperança
E a manutenção de fato
Dos traços e das essências
Herdados por descendência
No sorriso de uma criança
Na ânsia de explorar o mundo
Está a beleza e sapiência
De querer saber de tudo
Como se o conhecimento
Fosse todo o fundamento
Mas na vida duma criança
O mundo não é o do adulto
Vence sempre a esperança
E o ódio jamais produz frutos
Como em toda gente grande
Onde a razão é inconsequente
E na vida duma criança
O mundo é o hoje, o agora
No amanhã nada o interessa
Pois o tempo não tem hora
Assim de instante em instante
Cresce a passos de gigante
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
FRASES QUE FICARAM PARA SEMPRE (124)
“A morte, portanto, nada é para nós e em nada nos toca, visto ser mortal a substância do espírito”
Tito Lucrécio Caro, “Da Natureza”, livro III
Tito Lucrécio Caro, “Da Natureza”, livro III
Considerado um dos mais importantes poetas latinos, Lucrécio escreveu o poema “Da Natureza das Coisas” onde procura explicar racionalmente os fenômenos da natureza, desfazendo os mitos que assolavam o mundo antigo. Além de pregar o atomismo de Epicuro, Lucrécio, ao longo da obra, afirma a inexistência de um Deus criador de todas as coias e nega a imortalidade da alma. Aliás, a frase a cima, extraída do livro III, vem logo após ele afirmar que tudo acaba com a morte, a qual põe fim aos tormentos futuros, já que depois de mortos tudo nos é indiferente e nada nos poderá acontecer. Assim, preocupar com o nosso futuro pós-morte é uma grande tolice.
domingo, 27 de setembro de 2015
O NADA DEPOIS
Um pequeno poema em redondilha menor, composto de três versos. Para quem não sabe, redondilha menor é um poema cujos versos são compostos de 5 sílabas poeticas.
Se não te dizer
Que o mundo é belo
Não hei de ter
Sido sincero
Se não te dizer
Que a vida é morte
- eterno sofrer -
Mentirei em parte
Assim mundo e vida
São do mesmo partes:
Um tudo e um nada
Que co'a morte parte
Se não te dizer
Que o mundo é belo
Não hei de ter
Sido sincero
Se não te dizer
Que a vida é morte
- eterno sofrer -
Mentirei em parte
Assim mundo e vida
São do mesmo partes:
Um tudo e um nada
Que co'a morte parte
domingo, 20 de setembro de 2015
O CONGRESSO E O REBAIXAMENTO DA NOTA DO BRASIL
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil para especulativo pela agência de classificação de risco Standard & Poor's é um reflexo da situação política e econômica pela qual o país vem passando nos últimos meses. Aliás, mais por questões políticas do que econômicas, uma vez que não há aparentemente razão para a redução dessa nota, uma vez que o Brasil é um país capaz de honrar seus compromissos a médio e longo prazo. No entanto, é preciso reconhecer que, no âmbito político, a situação está complicadíssima e não há a curto prazo uma solução. Independentemente dos erros do governo, erros esses que culminaram com a crise atual, o Congresso Nacional tem um papel fundamental no agravamento dessa crise, pois parece fazer de tudo para criar problemas para o Executivo, que procura fazer o impossível para reequilibrar as contas públicas. Embora o Senado esteja mais alinhado com o Governo Federal, procurando muitas vezes apagar o incêndio provocado pela Câmara dos Deputados, ainda sim não deixa de criar entraves. Claro que o embate em Câmara dos Deputados e Governo Federal é fruto em parte da fragilidade do Governo Dilma e da falta de coordenação entre o Palácio do Planalto e os parlamentares. Mas não é só isso. O governo não tem uma maioria de fato, capaz de acompanhá-lo para o que der e vier. E isso faz com que boa parte dos deputados chantageie o Governo Federal a fim de obter algum ganho, já que a política nacional sempre foi na base do toma lá dá cá. E infelizmente nossos deputados preferem, antes de tudo, pensar em si mesmos do que nos seus eleitores ou no próprio país; aliás, o que muitos querem infelizmente é o “quanto pior melhor” . Por isso eles têm a sua parcela de culpa no rebaixamento da nota de crédito do Brasil, mesmo não sendo eles que tenham gerado essa crise. Além de não ajudarem a resolvê-la, procuraram, por outro lado, torná-la mais aguda. Agora não adianta dizer que o Congresso não tem nada a ver com essa história porque esse papo furado não cola. Eles têm culpa sim e muito!
terça-feira, 15 de setembro de 2015
OS DIVERSOS SISTEMAS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS
Muita
gente não sabe, mas, diferente do que acontece no mundo dos
computadores, onde o Windows, sistema operacional da Microsoft, reina
absoluto com o IOS, sistema operacional da Apple presente ms Macs, e
o Linux correndo por fora, no mundo dos dispositivos móveis
(celulares, tablets, relógios inteligentes e carros conectados entre
outros) a situação é bem diferente. E embora o Android,
desenvolvido pelo Google, seja o dominante, seu domínio não é tão
grande quanto o Windows nos computadores e o número de concorrentes
é bem maior. Claro que a maioria das pessoas – principalmente aqui
no Brasil e na América Latina – pensa que só existem o Android
com os mais variados dispositivos rodando o sistema do robozinho e o
IOS da Apple com os seus Ipads e Iphones. Mas na verdade existem
outros sistemas para esses tipos de dispositivos. A maioria deles é
bem mais recente, lançados nos últimos meses, e por isso ainda
praticamente desconhecido do público em geral. Aliás, além do
Android e IOS, só o Windows Phone da Microsoft tem alguma
popularidade e seja conhecido do público brasileiro. Até porque,
excetuando-se o Firefox OS (presente em mais de uma dezena de
aparelhos celulares e nas smarts Tvs da Panasonic), cujo
desenvolvedor (fundação Mozilla) é o mesmo do navegador Firefox,
os outros ainda não foram oficialmente lançados aqui no Brasil e na
América Latina, embora possam ser legalmente importados. Além dos
quatro sistemas já citados acima, somente o Sailfish OS da Jolla,
uma empresa finlandesa fundada por ex-funcionários da Nokia após a
venda para a Microsoft, já tem algum tempo no mercado com um celular
e um tablet, o qual foi lançado há pouco mais de um mês. A
Samsung, em parceria com a Intel e um grupo de outras empresas, vem
desenvolvendo o Tizen. Essas empresas, principalmente a Samsung, está
investindo pesado no Tizen com o objetivo de acabar com a dualidade
Android e IOS. O Tizen está presente em dois modelos de celulares
(Z1 e Z3 da Samsung), lançados recentemente na Índia e na África,
nos relógios inteligentes da linha Gear, nas novas Smarts TVs da
empresa Sul Coreana e nas câmeras fotográficas. A Samsung pretende,
aos poucos, substituir o Android pelo Tizen nos seus aparelhos top de
linha. E finalmente temos o Ubuntu Phone da Conical, a mesma empresa
que está por trás do Ubuntu, a distribuição Linux mais conhecida,
presente em vários notebooks e desktops. O Ubuntu Phone foi lançado
há poucos meses e está presente em dois aparelhos (Aquarios E4.5,
da espanhola BQ e MX4 da chinesa Meizu), vendidos principalmente na
Europa e China. O que há em comum a todos os sistemas operacionais,
exceto o Windows Phone e IOS, é o fato de todos serem derivados do
Linux. Embora cada um dos sistemas tenha as suas particularidades,
vantagens e desvantagens, o que pode agradar mais uns e outros menos,
no fim das contas todos fazem praticamente as mesmas coisas. Não é
objetivo desse artigo apresentar as características de cada um
desses sistemas; aliás para saber um pouco mais cada um deles é só
acessar este LINK A intenção do autor é tão somente mostrar ao
leitor a existência de uma grande variedade de sistemas para
dispositivos móveis, pois muita gente ainda não sabe disso. Aliás,
se hoje essa informação pode até parecer irrelevante, o mesmo não
será num futuro bem próximo, pois não há dúvida de que a guerra
e a disputa por relevância entre os sistemas citados acima está
para começar. Quem sobreviverá é difícil saber, mas não há a
menor sombra de dúvida que, no fim das contas, quem sairá ganhando
é o usuário, que terá cada vez mais recursos ao alcance da mão.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
QUEM CULTIVA O ÓDIO
Nessa vida tão breve e passageira
Onde tudo se esvai tão facilmente,
Cultivar o ódio a vida inteira
É ensinar a falar um elefante
Perdem-se inutilmente os mais preciosos
Momentos a fim de manter aceso
Esse veneno que cega os olhos
E ao viver acrescenta-se um grande peso
O ódio deve ser coisa passageira
Que vem e depois vai assim de repente.
Jamais cultive-o como uma figueira
Que dura bem mais que a vida da gente
Não torne os teus belos dias rancorosos
Por causa desse teu ódio persistente
No fim te sobrarão só os remorsos
Por odiado e não vivido realmente
Onde tudo se esvai tão facilmente,
Cultivar o ódio a vida inteira
É ensinar a falar um elefante
Perdem-se inutilmente os mais preciosos
Momentos a fim de manter aceso
Esse veneno que cega os olhos
E ao viver acrescenta-se um grande peso
O ódio deve ser coisa passageira
Que vem e depois vai assim de repente.
Jamais cultive-o como uma figueira
Que dura bem mais que a vida da gente
Não torne os teus belos dias rancorosos
Por causa desse teu ódio persistente
No fim te sobrarão só os remorsos
Por odiado e não vivido realmente
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
A EUROPA É CULPADA DISSO:
A invasão de imigrantes, fugindo das regiões em conflito no Oriente Médio e na África, que a Europa vem sofrendo é um exemplo claro de como o Ocidente fracassou em apoiar as revoltas da Primavera Árabe e no combate aos grupos extremistas que aterrorizam as populações por onde passam. Pois a maioria esmagadora desses refugiados, os quais arriscam a vida para fugir muito provavelmente da morte ou até mesmo da escravidão, vêm de algum país dessa região: ou é de países onde a tentativa de derrubar o governo não só criou um caos como também fez surgir uma guerra sangrenta entre os mais diversos grupos a fim de tomar o poder, o que fez aumentar a repressão por parte de quem se mantém no poder como na Síria por exemplo; ou é de países onde há forte atuação de grupos extremistas, como é o caso do Estado Islâmico, o qual aterroriza e escraviza as populações das regiões que caem em seu poder. É o que ocorre no Iraque e principalmente na Síria, provocando uma grave crise humanitária. Seja qual for o caso, a responsabilidade da Europa e de boa parte da comunidade internacional é muito grande, uma vez que são culpados direta ou indiretamente pelo caos nesses países. E de mais a mais nunca é bom lembrar que essas nações eram, até a Segunda Guerra Mundial, colônias europeias e as quais eram exploradas impiedosamente para manter a guerra imperialista do continente. Portanto, a Europa, mesmo meio século depois, continua tendo uma dúvida com a população desses países, já que a pobreza e situação presente é, senão de todo, pelo menos em parte, herança do passado de exploração à qual as gerações anteriores foram submetidos por vários séculos. Receber esses imigrantes que arriscam tudo e principalmente a própria vida para fugir do sofrimento e chegar a Europa, deixando para trás o país, a comunidade, o lar e tudo que conquistaram ao longo de uma vida inteira é mais do que uma obrigação. A Europa tem o dever de fazer tudo que for necessário para dar uma uma esperança e uma vida melhor a esses refugiados. E tentar negar-lhes isso, proibindo-os de entrar em seus territórios e tratando-os como animais, além de desumano é, sem sombra de dúvida, um crime contra a humanidade. Se os europeus não querem que eles deixem seus países de origem, então que se unam e ponham fim aos conflitos e às causas dessa fuga desesperada e o último fio de esperança que essas pessoas têm para não sucumbir à fome e à brutalidade inimaginável desses grupos extremistas, os quais nos trazem de volta em pleno o século XXI os horrores da Idade Média.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
EXIMINDO-SE DE RESPONSABILIDADES
O ser humano por natureza necessita constantemente de um bode expiatório para culpá-lo pelo seus próprios fracassos, pois esta é a melhor forma de se livrar do fardo da responsabilidade. Assim se faz àquele e a quem depositou sua confiança, dizendo: “Ele me enganou. Eu acreditei nele. A culpa não foi minha” ou coisas desse tipo. Como exemplo disso pode-se citar os políticos que, depois de eleitos, não horam o cargo para o qual foram eleitos, e então o eleitor prefere culpá-los por isso, sem se dar conta de que foi ele, o eleitor, quem fracassou nas suas escolhas, pois o poder só deve ser dado a quem o merece. Claro que em alguns casos a índole de um político só se revela quando lhe é dado poder, mas isso não exime o eleitor de seu erro. Outros, na impossibilidade de encontrar um verdadeiro culpado pelo seu fracasso, pelo simples fato de não existir um bode expiatório, atribui tal fracasso à vontade de Deus. Aliás, este é o pior tipo de ser humano, pois além enganar a si próprio, ainda foge de sua responsabilidade usando a fé como forma de não ser contradito. Essa é para mim a pior forma de esperteza, a qual não contribui em nada para um mundo melhor; ao contrário: rebaixa o homem. Mas infelizmente este é o caminho mais fácil, menos penoso e o qual exime as pessoas de suas responsabilidades. Lamentavelmente, só uma ínfima minoria não envereda por este caminho. Esta minoria porém não se encontra por aí.
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