quarta-feira, 29 de julho de 2009

PELOS MAIS ESTRANHOS CAMINHOS...


...SE CHEGA AOS MAIS INCRIVEIS LUGARES. Ou como cheguei até Nietzsche.

Dia desses, falando de Nietzsche com minha irmã e meu cunhado, este me perguntou como eu descobri Nietzsche. E essa pergunta me fez silenciar por algum tempo a fim de relembrar como o filósofo alemão entrou na minha vida, pois até então nunca pensara nisso. E, tal qual num filme passando ao contrário, fui percorrendo de volta todos os caminhos até o ponto de partida no início dos anos 80 – há mais ou menos 27 anos –, quando eu ainda era um garoto de 14 anos. E ao contar-lhe a história, ele a achou incrível. Foi então que me escapou a frase título dessa crônica.
Tudo começou por acaso, quando num fim de noite, fiquei até mais tarde assistindo a TV. Não me recordo mais qual era o programa e o canal (provavelmente na Rede Globo), mas quando este terminou iniciou um filme. Tratava-se de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Isso mesmo. Não estou enganado.
Talvez você esteja se perguntando: O que existe Nietzsche e este filme? Não se tatra do filme, mas da música de abertura: Also sprach Zarathustra de Richard Straus. Ao ver aquelas imagens e ouvir a música fiquei fascinado, dir-se-ia paralisado, com aquele som penetrando-me no corpo. Acabei assistindo ao filme até o final e ao me deitar aquela música continuou circulando em minhas veias, embora não tivesse a menor noção de qual música se tratava.
No dia seguinte, a música continuou em minha cabeça. Então resolvi que na primeira oportunidade iria até uma loja para comprar o LP (naquela época ainda não existiam Cds) Eu só tinha um problema: não sabia o nome da música. Então como chegar na loja e pedi-la? Teria de pedir a trilha sonora do filme ou torcer para que o vendedor soubesse qual. Embora fosse um garoto tímido, cheguei a entrar em duas ou três lojas no Guarujá e Santos para perguntar. Não obtive sucesso.
Por um ou dois anos fiquei sem respostas. A música acabou esquecida até que numa nova reprise do filme esta me voltou a memória. Por que não tentar de novo? Quem sabe dessa vez conseguiria encontrar o tal disco. Nova tentativa, novo fracasso. Mas um novo episódio mudou tudo. Li no jornal – A Tribuna, de Santos para ser mais exato – uma matéria sobre a continuação do filme (2010 – O ano em que faremos contato) onde citava o nome da sinfonia e o compositor (Richard Straus). Bom, agora ficava mais fácil achá-la.
Nessa mesma época, foram lançados os primeiros Cds. As gravações ainda nem eram totalmente digitais para se ter uma ideia. E como eu gostava de novidade, acabei comprando um CD-Player portátil, embora não fosse tão pequeno assim. Foi quando, uns dois meses depois, durante um passeio ao Gonzaga, resolvi entrar numa loja onde só vendiam Cds (acho que a primeira do gênero em Santos). A maioria dos Cds era importada, lembro desse detalhe. E após fuçar bastante, numa seção de Cds de trilhas sonoras de filmes, acabei encontrando o que tanto queria. Lá estava a capa vermelha com a trilha sonora de 2001 – uma odisseia no espaço. Não resisti e acabei comprando.
A música realmente me enlevava ao ouvi-la. De forma que não satisfeito, alguns dias depois acabei voltando a mesma loja em comprando o cd de Richard Straus onde havia sinfonia completa e não só a introdução, como no Cd do filme. Na contra capa, em inglês e português, uma explicação sobre as obras. Foi então que tomei conhecimento de que a sinfonia “Also Sprach Zarathustra” fora inspirado na obra homônima do filósofo alemão Friederich Nietzsche.
Dali à compra do livro não se passou muito tempo. Embora naqueles tempos não se encontravam as obras de Nietzsche com a mesma facilidade com que as encontramos hoje (Nietzsche ainda não estava em voga), acabei encontrando-a na livraria Martins Fontes, no Gonzaga.
Bem, foi assim que cheguei à Nietzsche.


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