quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 20

Despertei a Marcela e a Ana Paula e fui dormir. Luciana também foi. Tentei, mas o sono teimava em não vir. Tentava pensar nos meus familiares, no desespero de minha mãe, achando que estávamos mortos, e até mesmo nos pais daquelas meninas que também deveriam estar tão desesperados quanto os meus. No entanto, meus pensamentos eram interrompidos pela lembrança daquele som vindo da floresta. Eu fazia um esforço gigantesco para afastá-lo, na tentativa de evitar que não ficasse replicando na minha cabeça, mas ele teimava em não me deixar. E era sempre a mesma sensação: a sensação de que algo se aproximava.
Aquilo foi me corroendo e deixando-me angustiado e com muito medo. Um medo terrível. Eu não queria demonstrá-lo, mas qualquer um que prestasse atenção em mim, certamente veria uma expressão de medo. E ao amanhecer? Como faria para entrar na floresta e apanhar lenha? E se eu não tivesse coragem? O que as meninas pensariam de mim? Achar-me-iam um fracote? Ou também elas seriam contagiadas pelo medo e então nossa presença naquela ilha se tornaria a mais terrível de todas as torturas? Ah! Fiz mil e uma perguntas, sem conseguir responder nenhuma.
Aos poucos, quando já estava quase amanhecendo, foi que consegui dormir. Não sei como as duas responsáveis por tomar conta do fogo não notaram que eu estava acordado. Aliás, mantive os olhos fechados o tempo todo e o mais quieto possível, justamente para que não me vissem acordado; embora, vez ou outra abrisse lentamente os olhos a fim de indagar se realmente permaneciam despertas. Mas não os abria totalmente, só o suficiente para deixar passar um pouco de imagem. De fato ambas permaneceram acordadas o tempo em que estive desperto.
Lembro-me que cochichavam bastante; às vezes até um pouco alto demais. Em dado momento, a conversa girou em torno da minha pessoa. Marcela queria saber da prima detalhes sobre a minha vida. Depois indagou acerca da possibilidade de tornar-se minha namorada. Foi o único momento em que consegui desviar a atenção e esquecer a causa de meu medo. Ainda recordo com relativa precisão de uma frase que Marcela deixou escapar: “Ele só é um pouco assanhadinho...”. Ana Paula cochichou-lhe algo, mas não me recordo o que. Pouco depois uma delas saiu da cabana e a outra permaneceu em silêncio. Foi nesse meio tempo que adormeci.
Acordei com o dia claro. Nem Ana Paula e nem Marcela encontravam-se na cabana. Luciana ainda dormia ao meu lado, virada para o canto. Levantei com cuidado para não acordá-la e em seguida corri os olhos pelo seu corpo seminu. Todavia, foi por pura curiosidade; mais para ter certeza de que estava tudo bem com ela. Não havia desejo ou pensamentos impuros. Aliás, desde a noite anterior não conseguia ter esse tipo de pensamentos.
Decidi levantar e procurar as meninas; pois fiquei preocupado com a ausência delas. Além de não fazer ideia para onde poderiam ter ido, também não ouvia suas vozes, o que me levou a concluir que não estavam por perto. Sai da cabana e corri os olhos pela faixa de areia. Não havia o menor sinal de ambas. Procurei-as na água; pois achei que poderiam estar tomando banho, uma vez que o sol estava quente. Mas também não as avistei. “Onde elas podem ter ido? Será que se embrenharam na mata? Meu deus! E se elas estiverem correndo perigo?”, fiz conjecturas, quase em desespero, vendo a carcaça de seus corpos entre as árvores.
Voltei para dentro da cabana e acordei Luciana.
-- Não estou vendo as meninas – falei, com ar de preocupação.
-- Elas devem ter ido dar uma volta – declarou ela, ao se despertar.
-- Mas e se alguma coisa acontecer com elas? – perguntei. Confesso que estava prestes a entrar em desespero. – Não estou gostando nada disso – declarei logo em seguida.
Luciana se levantou e se espreguiçou. E, ao espichar os braços para cima, seus seios se levantaram e tornaram mais salientes. Não pude evitar fixar os olhos neles, embora meus pensamentos se misturassem entre o que estariam fazendo aquelas duas e a lembrança da noite anterior. Aliás, realmente nem cheguei a prestar muita atenção a eles, apesar da beleza. Dir-se-ia de uma reação involuntária, quase um estímulo.
-- Não se preocupe. Daqui a pouco elas aparecem – declarou aquela jovem bela e atraente. – Vamos aproveitar e entrar n’água – sugeriu caminhando em direção ao mar.
Segui-a. Talvez ela estivesse certa e não tivesse mesmo com o que se preocupar.
-- E se aquele barulho for de algum monstro? – Toquei novamente no assunto. Aliás, o medo causado por aquele som vindo da floresta ainda me apavorava.
-- Que monstro? Não tem monstro algum! Se tivesse alguma coisa nessa ilha a gente já teria visto – afirmou Luciana, como se tivesse toda a certeza. Aliás, pareceu irritada com a minha insistência.
Entramos no mar. A água estava um pouco fria, mas mesmo assim estava gostosa.
-- Mas eu tenho certeza de que tinha alguma coisa ali – insisti.
-- Você viu alguma coisa? – perguntou ela de forma agressiva.
-- Não. Só ouvi um barulho.
Luciana deu um mergulho.
-- Nossa! Que gelo! – exclamou ao se emergir. – Então? Se você não viu nada, como pode saber que era um monstro, seu idiota? Vai ver que era o barulho do vento e alguma coisa que caiu – explicou, levando a mão ao cabelo e removendo o excesso de água. – E você fica aí imaginando coisa e morrendo de medo à toa. Que homem é você?
Fiquei com as faces afogueadas quando ela me inquiriu. Foi como se ela estivesse pondo em dúvida a minha masculinidade.
-- Não estou com medo – menti. – Só fiquei preocupado – asseverei, molhando a nuca antes de mergulhar, embora estivesse em dúvida se mergulharia ou não, pois a água estava bastante fria.
-- Preocupado? – deu ela uma risada. – Você está é com medo. Pensa que eu não sei, seu frouxo? Você é um grande medroso. Um fracote, isso sim! – disse ela em tom provocativo.
Numa reação espontânea, de muita raiva pois ela me jogara uma grande verdade na cara, abaixei a sunga e mostrei-lhe o falo, balançando-o.
-- Eu não sou frouxo e nem um fracote. Vê se isso é coisa de frouxo?
-- Essa coisinha minúscula e mole aí? Qualquer bichinha tem uma dessas no meio das pernas e nem por isso são homens – declarou ela, rindo ainda mais da minha cara.
-- Vem cá que vou te mostrar se ele é frouxo – chamei. Mas ao invés disso, fui em sua direção. Luciana se afastou, como se quisesse fugir de mim; ao mesmo tempo, dava gargalhadas, mostrando que fugia não por temor mas para me humilhar e mostrar o seu poder sobre mim. No momento não dei conta, pouco depois porém vi que ela fazia aquilo para me atrair para uma armadilha, uma das tantas que preparou para mim naquela ilha.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O ANDROID FAZ MAIS UMA VÍTIMA

Há algum tempo escrevi um artigo onde afirmava que o Google havia vencido a disputa com os concorrentes na disputa por um sistema operacional padrão para smartfones e tablets. Na época do artigo, ainda não havia sido anunciado a parceria da Nokia com a Microsoft e consequentemente o abandono do Meego pela mesma. Alegando que o Meego não estava pronto para ser usado, a Nokia preferiu os milhões da Microsoft e assim adotar o Windows em seus futuros aparelhos. O problema é que o Windows também não estava (e ainda não está) pronto para o uso. E para complicar, a participação dela no mercado de celulares vem em queda livre. Às pressas, lançou um aparelho com o Meego, mas logo em seguida declarou que possivelmente não lançará outro. Aliás, recentemente afirmou que não lançará o N9 com Meego em vários países, inclusive no Brasil, Estados Unidos e Inglaterra. Agora foi a vez da HP anunciar que desistiu do WebOS, sistema desenvolvido por ela para ser usado em Smartfones e Tablets. O único tablet lançado com o WebOS foi um fracasso de vendas. Enfim, mais um que não consegue competir com o Android. Embora o Meego continua a ser desenvolvido pela Intel e seus parceiros, ainda não decolou. A RIM pode ser a próxima vítima do Android. Seu sistema também é um fracasso. E se continuar assim o Android do Google poderá se tornar entre os celulares e tablets o que o Windows se tornou nas últimas décadas entre os PCs. O Linux, apesar de inúmeras vantagens com relação ao Windows, não consegue arranhar a hegemonia da Microsoft. O mesmo pode ocorrer com Windows mobile com relação ao Android. Quando os primeiros aparelhos forem lançados, o Android terá se tornado um padrão. Nessa disputa aliás, a Apple é um mundo a parte, pois sua intenção não é a disseminação de seu sistema, mas integrá-lo perfeitamente a um pequeno número de aparelhos e atingir um público específico.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

FLOR SELVAGEM

Tenho de reconhecer
Que levei uma fechada no coração
Quando sem querer
Deparei com a visão
Da beleza sublime.


Fiquei com mudo e sem ação
Como se meu cérebro parasse
Para contemplar tanta formosura
Numa flor tão selvagem


Ela é bonitinha e charmosa
Ela é perigosa
Ela envenena meus pensamentos
Ela é uma rosa.
E eu não sei mais o que fazer
Para esta flor não me levar
A razão para lá.


Eu procuro uma explicação
Para um sentimento assim
Tão violento e animal
Por uma for de jardim


Ela não me deixa dormir
Ela me faz sonhar
Ela me traz o verão
Quando o inverno chegar
Ela me traz uma febre intensa
E me traz o desejo e a paixão
Ela me leva a delirar
Numa realidade que nunca será.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 7 - Parte 3

Pedi-lhe para sentar na cama. E demonstrando tranquilidade, não titubeou em nenhum instante. Feito uma menina obediente, sentou-se, correu os olhos rapidamente pela cama e pelo quarto; e virando a cabeça em minha direção olhou-me nos olhos como quem pergunta: “E agora o que quer que eu faça?”. Lancei-lhe um rápido sorriso e em seguida ajoelhei-me a sua frente, peguei delicadamente uma de suas pernas e a estiquei acrescentando:
-- Bonita essa sua sandália! Você tem bom gosto.
Era apenas uma forma de reduzir-lhe a tensão, fazê-la esquecer por um instante o motivo de estar ali, embora não demonstrasse tanta tensão quanto algumas das mulheres que sentaram naquela mesma cama. Aliás, isso me surpreendeu e deixou-me mais à vontade para aproveitar aqueles momentos com intensidade, pois, muitas vezes, precisava permanecer vigilante a maior parte do tempo para que, num descuido meu, não me escapassem, como ocorreu com a Regininha, uma jovem de quase vinte anos que, apesar de extrovertida, deixou-me na mão bem na hora H. Embora estivéssemos praticamente nus na cama, de repente, levantou-se, apanhou suas roupas e me pediu para levá-la para casa imediatamente. Insisti para ficar, mas ela se mostrou irredutível. E, ao sair do carro, não se despediu. No outro dia telefonei-lhe, mas não me atendeu. E quando finalmente resolveu falar comigo, disse que não queria me ver mais. Até hoje não sei o que foi exatamente que eu fiz de errado para provocar-lhe aquela reação, quando estava prestes a lhe tirar a última peça de roupa.
Desabotoei-lhe a fivela com muito cuidado e lhe retirei a sandália como quem retira de uma caixa, um objeto de extremo valor. “Que pezinho mais lindo! Dá até vontade de beijá-lo!... Não é que até os pés dela foram moldados com perfeição?”, pensei enquanto ria de meus próprios pensamentos. E nesse ínterim peguei-lhe o outro pé e o descalcei também. As sandálias, uma ao lado da outra, foram empurradas para debaixo da cama com o intuito de evitar que Ana Carla, ao se levantar mais tarde, tropeçasse ou ao pisar-lhes em cima acabasse torcendo o pé ou sofrendo uma queda, o que poderia estragar todo aquele momento.
Pedi-lhe para deitar-se. Ana Carla tombou lentamente para o lado, apoiou a cabeça no travesseiro e esticou as pernas. A seguir, com ousadia, fui-lhe escorregando suavemente as pontas dos dedos pernas acima. Gostava de fazer isso não só pelo deleite que me causava, como também pelos suspiros que, numas mais noutras menos, lhes arrancava. Os pequenos pelos se enrijeceram. Certamente aqueles pequenos gestos estavam a lhe provocar uma sensação agradabilíssima. Isso me encorajou a continuar, pois vi que a deixava mais descontraída, com um ar mais natural. E fiz a mesma coisa na outra perna. Assim, ora numa ora noutra, eu deslizava a ponta dos dedos. E enquanto fazia isso, ela cerrou os olhos e contraiu as pernas, como se experimentasse um instante de intenso prazer. Ah! Que coisa mais gostosa ver com os próprios olhos o deleite daquela menina! Tomado pelo excitamento, imaginando-a em profundo arroubo, fiz da ousadia o instrumento de busca para nossos próprios limites. Assim, quanto mais ela se entrega e se deleitava com minhas carícias mais eu avançava por baixo da pequena saia e me aproximava do ponto onde o prazer atinge o auge e onde termina.
Reconheço, amigo leitor, ter aprendido com o tempo fazer desse jogo uma forma de explorar o universo feminino. Fazia isso não puramente com a intenção de agradá-las, mas principalmente pelo deleite que eu mesmo experimentava a cada nova descoberta. Também é verdade que nunca fora tão longe quanto estava indo com Ana Carla. Também nenhuma delas (talvez Daniela e Ana Paula tenham chegado perto) agiu como Ana Carla e me fez perder o controle dessa forma..
Silenciosa e imóvel Ana Carla permanecia deitada na cama, à espera de que a mandassem se mexer. Embora não o fizesse de forma voluntária, como que aguardando uma ordem, era evidente que o “não saber como agir” era a causa mais provável daquela inércia. Aliás, tal inércia não era exclusividade sua. Suzana também agiu de forma ainda pior. Em compensação, quando sentiu a virgindade indo para os ares, reagiu de forma violenta. E foi lembrando desse episódio, vendo os gritos de desespero daquela infeliz, como se, ao invés do falo, houvesse lhe introduzido um punhal, que deixei Ana Carla por alguns instantes e me descalcei, empurrando o par de tênis para junto das sandálias dela. Ainda vestia a bermuda jeans, mas não era momento de tirá-la. Tudo tem o seu momento. E o de apresentar-lhe a minha nudez ainda não havia chegado, pois a pressa, o afobamento muitas vezes é o que nos levam a meter os pés pelas mãos. E embora estivesse profundamente afetado, no limiar da razão, ainda era capaz de tomar as decisões mais acertadas, como se o destino desse uma mãozinha para que tudo corresse como o planejado.
Deitei ao seu lado e voltei a acariciá-la com docilidade na face e nos cabelos. Era preciso demonstrar-lhe carinho e não dar a impressão de que o ato sexual era a única coisa a me interessar, como realmente ocorreu muitas vezes, pois não me importava com esse detalhe, até porque sabia que não mais encontraria aquelas pobres iludidas. Todavia, com Ana Carla (como ocorreu com Ana Paula) senti essa necessidade de agir de outra forma, como se preocupasse com ela como se preocupa com a pessoa amada. Talvez aqui eu tenha cometido mais um erro. Não deveria ter me deixado levar pelos sentimentos. Embora se tratasse de uma preocupação involuntária, esta fazia parta de cada ato, cada gesto para com ela como se um sentimento ainda oculto afetasse-me a ponto de fazer com que eu não fosse eu mesmo. E talvez por causa dessa preocupação que não sei de onde veio, toquei-lhe novamente os rijos seios com as pontas dos dedos enquanto a contemplava. Queria conhecer as reações dela, queria saber onde se localizavam seus pontos de maior sensibilidade e prazer. Por isso levei a ponta do dedo à boca e, num gesto instigante, umedeci-o, e então tornei a perpassá-lo muito levemente sobre o mamilo. Ela me fitava de forma curiosa e indagativa. Entretanto, ao sentir o toque de meu dedo, seus olhinhos fecharam, como se aquele toque fosse o toque de uma vara mágica. Uma coisa nova foi experimentada por ela. Algo que fez seu corpo tremer e seus pelos alvoroçarem-se novamente, como se uma corrente de ar frio a atingisse.
Tal reação um tanto exagerada, e até mesmo inesperada, pois não esperava que ela reagisse assim embora não fosse a primeira, acabou tendo efeito sobre mim, deixando-me mais exaltado, levando ao extremo a vontade de possuí-la, uma vontade que extrapolava os limites da razão. Mas não queria que aquilo acabasse de um momento para outro. Queria ir mais longe e mais fundo; queria levá-la à loucura, explorar os mais obscuros recantos de seu eu e arrancar-lhe as mais diversas e inesperadas sensações de prazer. Como disse anteriormente, amigo leitor, estava possuído por algo novo, algo feito um poder sobrenatural, que me levava a agir de forma oposta à que estava acostumado. Algo novo se instalara em mim para sempre. Noutras oportunidades certamente já teria alcançado meus objetivos, feito o que tinha de fazer e despachado Ana Carla para sua casa. Dessa vez porém o prazer parecia estar justamente no fato de não alcançá-lo. Talvez por isso não tive pressa, nenhuma pressa.
Se a pressa não fazia parte do jogo, surpreendê-la sim. Aliás, isso me era uma das formas de prazer. Deleitava-me com a possibilidade de causar surpresas. Assim, súbito, virei-me por sobre Ana Carla e a beijei suavemente nos pequenos lábios. Ela não esperava aquele beijo evidentemente. Compenetrada e ainda navegando no oceano de sensações, não poderia mesmo deduzir que a beijaria. Contudo, correspondeu ao beijo. E nos beijamos extasiados e enlevados. Eram beijos demorados e ardentes. E nos beijamos e nos beijamos com beijos que só podem ser dados em condições semelhantes, por casais transbordando a taça da paixão. Digo isso porque não me adianta tentar descrevê-los. Seria uma tarefa árdua e inútil. De forma que o leitor imagine-o como quiser, de acordo com a sua experiência, embora provavelmente este imaginar ficará aquém dos fatos .
Ah, mas algo inexplicável me ocorreu: não pude mais me conter. Estávamos ali, deitados naquela cama macia, entrelaçados, esquecidos do mundo ao redor, como se o universo resumisse à extensão de minha cama. Ela me queria como nunca, disso eu não tinha mais dúvidas, pois a sua entrega era uma entrega de corpo e alma, feito uma virgem que, sob o efeito do ritual, entrega-se ao sacrifício, atirando-se aos braços dos deuses. Então nossos instintos agiram da forma mais livre e espontânea possível, como agem os animais no momento do acasalamento.
Parei por alguns instantes, só para despi-la. Então soergui, ficando de joelhos na cama, diante dela e levei as trêmulas mãos ao único botão da saia e a desabotoei. Imediatamente minha mão direita procurou o zíper e o abriu. Ao se desprender, a borda folgou em volta dos quadris. Agora era só puxá-la. Impulsivamente, foi o que fiz: peguei-a delicadamente pelas pontas e a puxei em direção aos pés. Ana Carla levantou os quadris e a saia deslizou suavemente até se lhe desprender.
A primeira reação foi contemplá-la. Aliás, nem poderia ter sido de outra forma. Sempre fazia isso. Contemplar era-me uma das mais ricas fontes de deleite. Agora o que me surpreendeu e causou-me espanto foi outra coisa, foi algo que em todos esses anos, envolvendo-me com os mais diversos tipos de mulheres ainda não havia visto: uma calcinha com aquela. Tratava-se de uma delicada peça amarela, ornamentada com personagens da Disney; mais precisamente Huguinho e Zezinho. Imaginem: uma calcinha infantil! Quanta inocência! Ainda usava calcinha de bichinhos! Minha menina! Só minha... só minha...
Atirei a saia sobre a cômoda, sobre o esquecido volume de Dostoiévski, o qual fazia três dias que não o abria. Nisso, Ana Carla levantou-se e agarrou a minha bermuda. Assustei-me, pois não esperava essa atitude repentina e ousada de sua parte. E de forma carinhosa e prestante, ela a abriu e puxou-a para baixo, como se houvesse pressa e o tempo fosse nosso inimigo. Dir-se-ia inclusive que o apressado era ela e não eu.
Ah, mas esse detalhe não me passou ao largo. “Então ela está com pressa?”, foi minha indagação. “Isso só pode indicar uma coisa: ela não aguenta mais, está mais louca pra foder do que eu. E eu pensando que ela fosse me dar algum trabalho”, continuei a pensar. E enquanto os pensamentos seguiam por outro caminho, sentei e acabei de me ver livre daquela peça de roupa, a qual não passava de grande incômodo.
A curiosidade dela foi tanta quanto instantes antes tinha sido a minha; seus ávidos olhos perscrutaram-me. Embora afetado, tive a ligeira impressão de que ela sentiu-se, nem que seja por algum instante, insegura quanto a tirar ou não o resto da roupa. Vi isso quando os desviei a fim de indagar o que ela estaria a olhar, embora não me fosse difícil supor. Relembrando rapidamente tantos outros momentos como aquele não fui capaz de lembrar de qual delas não tenha olhado na mesma direção. Da mais acanhada à mais desavergonhada, todas sem exceção, ao me ver seminu, atiram seus olhos – uns mais esbugalhados e outros mais tímidos – , envoltos na mais declarada curiosidade, curiosidade que ora não passava de um rápido olhar ora durava até que algum gesto de minha parte a fazia desviá-lo. Quanto à Ana Carla, seus olhos demoram o tempo necessário para que sua curiosidade fosse pelo menos em parte satisfeita.
Não sei quais impressões aquela visão causaram-lhe. Poderia até lhe ter perguntado isso, pois não havia nada a impedir-me que o fizesse, todavia, naquele momento tantas outras curiosidades eram mais significantes e um turbilhão de coisas passava-me pela cabeça, menos este indagar.
O que eu vi e senti? Não me recordo bem. Estava meio atordoado, embevecido, como quem aspira um entorpecente ou coisa parecida. Só posso afirmar que senti uma necessidade muito grande de arrancar-lhe o restante da roupa e completar o que estava a fazer.
Eu lutava comigo mesmo, contra meus impulsos. Uma luta desigual, na qual eu levava ligeira desvantagem. Eu lutava para conter a ânsia de possuí-la logo de uma vez. Quase tudo em mim queria isso, talvez porque estivesse acostumado a fazê-lo. Afinal, era nesses momentos que eu procurava surpreendê-las. Caí-lhes por cima e só saía após o fato consumado. Uma pequenina parte porém, aquela que distingue o homem do animal e nos faz conter os impulsos e ponderar entre o bom e o melhor é quem lutava bravamente para eu me conter, para não ser apressado, para saborear cada momento como se saboreia uma taça de vinho duma safra inestimável. Era esta parte quem dizia a todo instante: não tenha pressa! Sorva lentamente! Contemple! Admire! Toque! Sinta!
Então, no auge daquela batalha entre a pressa e a lentidão, entre o ir como muita sede ao pote e o sorver cada gole pausadamente, escorreguei vagarosamente as pontas dos dedos por sobre a pequena coxa dela, por entre as pernas, e perpassei por sobre a calcinha amarela até a borda. Com um movimento leve, enfiei-lhe a mão por sob o delicado tecido e fui tateando em direção aos grandes lábios, como lhe fizera no cinema. Ela contraiu o corpo num calafrio ardente, desesperado, como se a ponta de meus dedos lhe dessem pequeninos choques. E minha mão avançou mais e mais...
Foi aí que me lembrei de um detalhe: o absorvente. Ela não o usava no dia anterior? O que aconteceu? “Será que sua menstruação estava no fim, por isso que meu dedo saiu quase limpo ontem? Ah, só podia ser! Hum... Então ela não está mais menstruada! Assim é melhor... Não quero ficar na dúvida.”, foi o que pensei. E então, essa lembrança se perdeu, feito algo sem importância que nos vem a memória assim repentinamente, acionada por algum dispositivo de nosso inconsciente, consequência de um gesto, no caso, a introdução do dedo por dentro da calcinha. Já não havia mais como se preocupar com o que não existia, com algo que não estava mais ali.
Meu dedo médio parou sobre a fissura que dividia as duas partes e notou quanto escorregadio estava ali. E aquela descoberta, embora o esperasse, deu-me mais ímpeto à parte animal. Assim, meu dedo, como se agisse por si próprio, por impulso, contraiu e escorregou naquela abertura, tocando-lhe o ponto mais sensível, ponto este que embora minúsculo era capaz de liberar mais energia que uma explosão cósmica e sacudir não um planeta inteiro, mas todo o universo. Ana Carla estremeceu, abriu a boca e sorveu o ar de uma forma que parecia prestes a desmaiar. As pernas se contraíram numa reação espontânea, talvez não para me impedir de continuar mas de retirar o dedo.
Não sei explicar a razão, mas minha mão tremia como se eu estivesse arriscando a vida ao tocá-la. Risco eu sabia que estava correndo ao fazer aquilo, mas não era desse tipo de risco que estava querendo dizer. Era como se pusesse a mão em algo muito delicado e valioso que, se lhe acontece algo, eu estaria desgraçado por toda a vida.
Para levá-la a conhecer novas sensações fiz-lhe alguns movimentos com o dedo com um certo ar de maldade, quase deixando escapar um sorrisinho nos lábios, pois sabia que em tais condições fazer-lhe aquilo seria como despejar lentamente um recipiente de água no rosto de um sedento. Então, ela levou as mãos até meu braço e implorou num tom de voz que misturava prazer e desespero:
-- Para que eu não aguento mais.
Retirei a mão. E com uma curiosidade inexplicável examinei o liquido incolor a escorrer-me pelo dedo. Talvez a curiosidade tenha sido justamente devido ao estado em que este ficara: encharcado, como se o houvesse mergulhado em óleo. Aliás, isso me fez por alguns segundos recordar do mesmo feito, quando – aí sim a curiosidade foi intencional –, ao retirar a mão da sedenta vulva da Suzaninha, este também saíra assim, como se metera a mão num pote de mel. Em seguida, minha atenção voltou à calcinha dela, cujo desejo de retirá-la e ver o que estava a ocultar quase superava o desejo de possuir e marcar com meu gozo aquele território virgem, feito um cão a marcar seu território com o cheiro de sua urina. Levei as mãos à borda e fui puxando-a lentamente, bem vagarosamente, como se removesse a película a envolver algo muito delicado.
Aqueles negros fiapos de pelos foram surgindo cada vez mais e mais... A última peça de roupa escorregou-lhe pernas abaixo até que, livre em minhas mãos, eu a depositei sobre a outra a cobrir o livro. Finalmente despida, nua como veio ao mundo! Ah, quantas e quantas vezes não sonhei com isso, não imaginei esta mesma cena? E às vezes mergulhado em devaneios e sem poder conter os efeitos destes, tive de recorrer ao gozo solitário para afastá-las, cuja insistência em prolongar-me a absorção impedia-me de adormecer. Agora porém não se tratava mais de devaneios. Jazia Ana Carla ali, ao vivo e a cores, tão real quantos essas palavras, a espera que finalmente transformasse aqueles mesmos devaneios, que agora ressurgiam numa sequencia rápida de lembranças, em realidade. E ao fixar-lhe os olhos no meio das pernas, fui tomando por uma sensação indizível, algo que me fez sucumbir. Meu corpo parecia ter-se enlevado em chamas, numa combustão rápida feito algo altamente inflamável.
Ana Carla mantinha as pernas unidas. Talvez estivesse se sentindo acanhada em expor a nudez daquela forma. Era a primeira vez evidentemente. Disso eu não tinha dúvidas. Era natural que isso acontecesse. Mas eu não queria que isso viesse a estragar-lhe o deleite daquela experiência, uma experiência que certamente ficar-lhe-á gravada na memória por toda a vida, embora, com o passar dos anos, alguns detalhes vão se desaparecendo feito as cores de uma fotografia. Por isso, minhas mãos foram-lhe parar entre os joelhos. E forçando levemente no início, fui-lhe afastando as pernas. Aliás, não vá pensar o amigo leitor que Ana Carla tentou me impedir de abri-las. Acredito inclusive que ela só as manteve unidas até aquele instante mais como uma reação instintiva do que consciente. E se em algum momento pensou em juntá-las, este pensamento foi fruto da timidez, da vergonha em se expor daquela forma, uma vez que para uma jovem feito ela fazer tal coisa fosse motivo de embaraço, mesmo diante de quem se ama. Ela entretanto, ao sentir a força de minhas mãos, entendeu meus propósitos e terminou por afastá-las por si mesma. Foi então que eu pude contemplar a beleza, os contornos do sexo de uma ninfeta, a mais deliciosa das Lolas. E aquela imagem – a mais fascinante de todas que já havia visto até então – invadiu-me os olhos, atravessou as conexões nervosas responsáveis por levar as imagens até o cérebro, e lá, ao serem processadas, emitiu sinais aos extremos mais distantes de meu corpo, provocando-me as mais variadas e intensas reações. Embora não posso me recordar de tudo, foi algo único, intenso só comparado à experiência do nascimento e da morte. Aliás, em meio a essas reações as ardentes chamas de meu corpo rugiram feito um leão após vencer uma intensa e mortal luta contra outro leão para ter o direito à fêmea.
Sem ter mais noção de nada, sem condições de perceber ou ouvir qualquer som externo como se além daquelas quatro paredes só existisse um interminável abismo a se estender até a infinitude do universo, eu levei as duas mãos (elas tremiam descontroladamente, como se tratassem de mãos de um portador do mal de Alzheimer em estágio bastante avançado) até à vulva e desuni os grandes lábios rosados. Só um desejo apossava-se de mim naquele instante: ver e gravar na minha memória, como se gravasse a ferro e fogo, a imagem da sua pureza intacta. Sabia tratar-se duma membrana fina, pois já tivera não só a oportunidade de vê-la, como aconteceu com a Clarinha, como também tocá-la com o dedo afim de certificar de que era realmente algo muito frágil, como fiz com Juju que, ao me ver fazer aquilo, talvez achando uma esquisitice de minha parte, perguntou-me se estava transando consigo por causa daquilo. Surpreso com a indagação, retirei o dedo e neguei. E negaria da mesma forma se Ana Carla também me fizesse a mesma pergunta, pois se até meia hora atrás isso seria de todo verdadeiro, agora já não era mais. Apenas tencionava contemplá-la pela última vez, porque em breve deixaria de existir; e mesmo que ainda permanecesse, pois de fato continuaria no mesmo lugar embora rompida, já não teria mais o valor simbólico de antes. Assim, queria prestar-lhe reverencia, como um súdito a sua realeza, pelo seu esplendor, pelo poder que aquela membrana exercia-me sobre todos os órgãos do sentido, afetando-os tal qual um raio ao cair numa árvore. Não importa que fosse uma coisa pequena e, para muitos, sem valor. Para mim, valia muito, mais que qualquer diamante, ou qualquer bem material. Era por aquilo que eu arriscara minha vida, minha própria liberdade. Era em busca daquilo que eu sentia prazer em viver.
Talvez o leitor ache um exagero de minha parte ou chegue mesmo a pensar que essa fixação pelo hímen, em querer rompê-lo, não passe de desajuste de ordem psicológica. Talvez o leitor tenha razão. Que os homens dão a devida importância a esse pequeno detalhe numa fêmea não há como negar, alguns mais até que a beleza, a condição financeira e a classe social. Se para uns a intactilidade não tem peso algum, não passa de agradável surpresa, para outros sem isso não há sentimento que perdure, não há beleza, condição social e financeira capaz de suprir tal ausência. Embora tenha me envolvido com mulheres cuja virgindade jazia perdida, era inevitável um grande desapontamento, cujo efeito poder-se-ia comprar ao descobrir que onde deveria haver uma deliciosa xoxota jazia um horrível pênis. Aliás, talvez seja por isso que ao tirar-lhes a virgindade perco o interesse por elas, como se não me tivessem mais valor, não merecessem mais o meu tempo, a minha atenção, minhas carícias e até mesmo o meu corpo.
Mas não vamos falar disso agora. Até porque com Ana Carla as coisas não correram da mesma forma e tomaram um rumo inimaginável, cujo desfecho o leitor há de saber na hora certa. Assim, voltemos à visão do hímen.
Tentei. Juro que tentei contemplar por mais tempo aquela coisinha tão delicada, cujo orifício de tão pequeno mal dava para passar o dedo mínimo. Mas não resisti. Senti minhas forças faltarem e inexplicavelmente fui atraído por aquele ponto como se dali saísse uma luz intensa que ao penetrar-me nos olhos mostrasse-me o paraíso e então me puxasse para que pudesse penetrar naquele mundo onde o prazer é experimentado até o limite.
Quando apercebi, meus lábios já lhe haviam tocado os grandes lábios da vulva. Eu estava meio que enfiado no meio de suas pernas, como se quisesse me perder dentro dela. Minha boca abriu-se e a língua saiu desesperada para tocar o intocado, para senti-lo com se este fosse capaz de por fim ao veneno a correr-me pelas veias. E quando ela principiou a se agitar, como se procurasse algo desesperadamente, eu experimentei a sensação de que minhas veias estourariam. Era como se as chamas em meu corpo houvessem incendiado meu sangue e percorresse todas as extremidades numa combustão magnífica.
Eu não sei o que Ana Carla experimentou. Na verdade, não consegui perceber mais nada. Meus sentidos correndo num único fluxo, para um único ponto impediam-me de perceber não só o que acontecia a minha volta como até mesmo o que se passava em minha cabeça. Só sei que ela me levantou a cabeça, agarrou-me pelos braços e puxou-me para cima de si. Súbito, as delicadas mãos dela despiram-me. Eu nem sei como ajudei-a. Não lembro.
Sei que talvez vou desapontá-lo, amigo leitor. Mas o que há de se fazer! Peço imensamente a sua compreensão. Ponha-se no meu lugar. Como é que eu poderia me recordar de todos os pormenores do que viera se passar a seguir? Imagine uma pessoa que mergulha nas profundezas de uma caverna para apreciar toda a beleza daquele mundo inexplorado e durante o salto é acometido por uma momentânea amnésia, a qual não o impede de experimentar o deleite daquele mundo inexplorado, mas sim de lembrar o que viu e o que sentiu. Aliás, estava tão perdido dentro de mim mesmo, que se naquele instante alguém batesse à porta, eu não ouviria, nem que a pusessem a baixo, pois simplesmente encontrava-me num estado em que as percepções estavam todas bloqueadas. Eu não via e não ouvia mais nada. Meus instintos eram os únicos a comandar-me o corpo.

domingo, 7 de agosto de 2011

O MONSTRO VORAZ


Numa ordem mundial determinada pelos mercados financeiros fica difícil imaginar os desdobramentos de um possível colapso destes – embora o fim dos mesmos possa ser mais benéfico para o desenvolvimento cultural de um povo do que a continuação dos mesmos nos moldes atuais, uma vez que grandes talentos são desperdiçados em atividades financeiras quando poderia estar usado esses talentos em benefício da humanidade --; contudo, é de se prever uma nova ordem mundial onde os governos não estejam mais tão subordinados ao capital. E apesar deste ser a força motriz do mundo moderno e exigir cada vez mais meios de obter lucros, fazendo do Estado apenas um instrumento para atingir esse fim, os abalos foram consideráveis e o sistema financeiro embora continue gerindo a vida de milhões de pessoas, não é mais o Grande Irmão, a mão invisível capaz de arrastar governos para o matadouro. Se o sistema financeiro não pode desaparecer, pois seria como voltar aos primórdios da humanidade, pelo menos que não seja mais esse lobo voraz, esse monstro insaciável a devorar tudo e todos em nome da tecnologia e do dinheiro. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

INQUIETAÇÃO


Eu tento compreender
Porque a vida me fez assim.
Não tenho nada para crer
A não ser somente em mim.

Olho para o céu e só vejo
Um universo em expansão
Então fecho os olhos e desejo
Ao homem mais razão

Sinto certa aversão ao credo
Pois este trás infelicidade
Faz o homem ter medo
De ir em busca da verdade

Talvez esteja aí a fonte
Dessa minha descrença
Vejo a vida insignificante
E o homem com desconfiança