quinta-feira, 29 de abril de 2010

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 08

Eu não consegui pegar no sono apesar do cansaço; pois me sentia desconfortável deitado naquela areia. Lembro-me que sentia uma tremenda falta de minha cama. Aliás, deitar-se ao relento só me fez aumentar a sensação de abandono, a qual, com o aperto do coração, levou-me às lágrimas que no entanto tratei de contê-las por me sentir envergonhado, uma vez que sempre ouvia meu pai dizer que homem não chora. Assim, mantive os olhos fechados por algum tempo na tentativa de adormecer, mas o sono teimava em não vir, como se também ele houvesse me abandonado. Além do mais, havia a preocupação de que a Marcela não tomasse conta direito da fogueira e a deixasse se apagar . Aliás, eu tentava não me preocupar com isso, mas não conseguia, pois sobre tais preocupações eu não tinha controle.
O silêncio era estarrecedor e quase total; ouvia-se no entanto o continuo e irritante quebrar das ondas, o qual me incomodava de tal forma que me tirava qualquer possibilidade de pregar o olho. Talvez pelo cansaço, as meninas tinham adormecido logo depois de deitarem. Ao contrário do que acontecia comigo, a falta de um colchão e de uma coberta parece não ter feito diferença.
Por fim desisti de dormir. Resolvi levantar e ir até a água tirar a areia do corpo. Antes porém sentei ao lado da Marcela e ficamos conversando baixinho, para não acordar as outras duas.
-- E aí, como vão as coisas? – perguntei.
-- Horrível! – respondeu ela. – Não existe nada pior do que ficar sentada no escuro olhando para o nada. A gente tenta pensar em alguma coisa boa, mas o que vem à cabeça são só lembranças daquele acidente.
-- É verdade! Quanto a ficar olhando para o nada, depois a gente acostuma.
-- Eu não quero me acostumar. Quero ir para casa.
-- Eu também quero – concordei. – Só que talvez tenhamos que ficar um pouco mais aqui.
-- Você acha que eles vão demorar a encontrar a gente? – quis saber ela.
-- Não sei. Tenho medo de que isso possa acontecer. Pode ser que eles pensem que a gente se afogou e desistam de nos procurar. Se isso acontecer, vamos passar muito tempo nesse lugar, até que alguém apareça. – Falei. Eu não fazia a menor ideia do que poderia acontecer; todavia, algo dentro de mim me dizia que nossa estada ali seria longa.
Marcela silenciou-se. Foi como se minha opinião a afetasse profundamente, como se eu lhe houvesse afirmado uma certeza e não feito suposições. Eu por minha vez não sabia o que dizer, pois nem mesmo sabia o que pensar. Também me sentia afetado, não pelo que nos pudesse acontecer, mas sim pela presença dela ali ao meu lado, as sós, perdidos naquela imensidão do universo. Eu não conseguia esconder que só nós dois ali era um terreno fértil para pensamentos que não tenho coragem de revelar.
Tanto é verdade que achei por bem dar um mergulho. Talvez isso os afastasse e fizesse com que o fluxo para a região dos quadris cedesse.
Voltei algum tempo depois. Pela posição da lua, ainda não estava no meu horário de tomar conta da fogueira. Mas como eu não conseguia dormir, disse-lhe para ir deitar-se que eu ficaria tomando conta da fogueira.
-- Ainda bem. Porque eu estou morrendo de sono – disse ela.
Marcela deitou ao lado das outras duas e, ao que parece, adormeceu pouco depois.
A fogueira havia perdido força. E se seu não a alimentasse, em pouco tempo o fogo se extinguiria. Por isso catei alguns galhos que estavam amontoados bem ao lado, quebrei-os em pequenos pedaços e coloquei no fogo. Aos poucos, o fogo foi ganhando força.
Em seguida sentei onde a Marcela havia sentado anteriormente e fiquei olhando para a imensidão do mar, tal qual ela fizera antes. Talvez porque não houvesse mesmo para onde olhar, uma que atrás de nós a densa vegetação dava a impressão de algo assustador.
Eu quase não conseguia ver nada. Podia tão somente ver a espuma branca das ondas quebrando na praia. E, por falta do que fazer, fiquei por um bom tempo contando-as. Depois comecei a pensar em tudo que nos havia acontecido desde a saída de casa. Pensei nos meus familiares, no quanto eles estavam desesperados com o nosso desaparecimento; pensei nos familiares das meninas e na morte de meu tio. O que iríamos dizer para minha tia? Como ela tocaria a vida sem tio Jamil? E Ana Paula? Como reagiria ao descobrir que o pai estava morto, desparecido para sempre nas profundezas do oceano? Tudo isso ocupou meus pensamentos por um longo tempo.
Mas, aos poucos, aqueles pensamentos foram dando lugar a outros. Olhei para as meninas que dormiam tranquilamente na areia bem ao lado da fogueira, e meus olhos percorrem aqueles três corpos seminus, cobertos tão somente pelo biquíni. E novamente pensamentos que eu preferia não pensar tomaram conta de mim. Olhei para Luciana, que dormia de bruços, e meus olhos foram parar-lhe nas nádegas seminuas. E por algum momento esqueci minha paixão por Marcela.
A seguir, virei o rosto em direção ao mar e tentei desviar os pensamentos, como se afastar os olhos daqueles corpos impedir-me-ia de não pensar neles. Lutei contra meus devaneios por alguns minutos, tentei usar minhas concepções, como se fosse uma arma, para derrotá-los, mas foi tudo em vão. Era como se dentro de mim tivesse alguém que dizia: “Olha! O que tem de mais? Não tem ninguém vendo. Você está sozinho e elas estão dormindo. Pode olhar o quanto quiser. Não tem nada que te impeça”. Do outro lado porém alguém parecia recomendar: “não, não olhe! Não é certo fazer isso enquanto elas estão dormindo. Você ia gostar que ficassem olhando para você assim? E a Marcela? Você não está agindo corretamente com ela, desejando outra garota”. Isso porém não foi o bastante para que eu voltasse os olhos para suas nádegas e desejasse estar em cima delas.
Tais pensamentos me deixaram muito afetado. E tal qual a maioria dos meninos de treze e quatorze anos, eu só conhecia um meio de me livrar daqueles pensamentos. Assim, abandonei a fogueira alguns instantes, até porque não se apagaria tão cedo, afastei-me o suficiente para que elas, caso acordassem, não vissem o que estava fazendo, e bati a primeira de uma sequência de várias punhetas naquela ilha.

terça-feira, 27 de abril de 2010

NÃO DEIXEM MORRER AS FLORES


Não, não deixem morrer as flores
Que florescem no meu coração;
Pois são seus mais variados odores
A minha maior fonte de inspiração.

Se minhas palavras são coloridas,
Tão belas e ao mesmo tempo delicadas
É porque são como flores colhidas
Em uma manhã fresca e orvalhada.

Se meus pensamentos causam euforia
São porque a beleza do meu jardim
Encanta e emana amor e alegria
Mesmo nos momentos difíceis e ruins.

Não me julgue pela simplicidade
De minhas rosas amiúde colhidas
Pois elas só trazem na verdade
Um pouco de encanto e beleza à vida

domingo, 25 de abril de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo IV - parte 3


Apesar de haver uma meia dúzia de filmes em cartaz, optei por um suspense, um tipo de filme que, muitas vezes, provoca um tipo de reação nas mulheres levando-as a quase pular nos braços do companheiro. E torcia para que Ana Carla fosse dessas mulheres, pois assim seria mais fácil controlá-la. De mais a mais, O sexto sentido era o o filme do momento, a grande sensação daquele fim-de-ano. Tratava-se de um suspense estrelado por Bruce Willians.
Não sei se era por causa do horário ou devido ao filme estar há algumas semanas em cartaz havia pouco público, o que me surpreendeu, uma vez que esperava encontrar a sala cheia. Havia tão somente gatos pingados – uma dúzia mais ou menos – como se costuma dizer. Tanto que procuramos uma fileira bem ao fundo, na qual não havia ninguém. Digo “procuramos” no plural por se tratar de mim e Ana Carla, entretanto não há dúvida de que a escolha partiu tão somente de mim, uma vez que, ao entrar na sala de exibição, tomei a dianteira e a conduzi degraus acima. Se por acaso não foi de seu agrado a minha escolha, não emitiu opinião; talvez por falta de hábito em frequentar cinemas não soubesse diferenciar o fundo de um lugar intermediário, assim como também não deveria saber que o centro oferece uma visão mais privilegiada do que a lateral, onde fomos sentar para nos mantermos o mais isolado possível, embora, pouco depois do início do filme, um casal prostrou a nossa frente causando-me uma certa irritação como se eles não tivessem o direito de sentar ali.
Enquanto o filme não começava, ficamos conversando, tomando refrigerante e trocando beijos e carícias como não poderia deixar de ser. Quando as luzes se apagaram porém as atenções voltaram-se para a grande tela branca, na qual sob um fundo negro surgiam as legendas. E por alguns minutos esquecemos um da presença do outro, envolvidos pela música parecíamos envoltos numa nuvem de expectativa, aguardando a primeira cena. Mas isso durou pouco. Pois assim que a imagem de uma lâmpada se acendendo misturou-se ao som de uma porta se abrindo e a jovem e bela atriz Olivia Williams desceu as escadas da adega, e percorreu com certa indecisão as prateleiras para escolher uma garrafa de vinho, e com aquelas lábios vermelhos, entreabertos, como que ansiosa por um beijo, imaginei-me naquele lugar tocando-lhe os lábios. Mas assim que ela tornou a subir as escadas e a cena mudou e a câmera focou as mãos do marido onde, numa delas, jazia uma taça de vinho. A música romântica ecoou pela sala e então olhei para Ana Carla e a desejei mais do que havia desejado instantes antes a sensual Olivia. Voltei a fixar os olhos na tela, principalmente quando a música cessou e o som de alerta emitido por algum aparelho chamou a atenção. E mantive-os até que, após os disparos houve um salto no tempo. E nem mesmo a entrada em cena do garotinho fechando a porta e colocando os óculos para sair de casa foram capazes de me prender a atenção quanto antes. Eu tentava concentrar nas imagens na tela, só que não conseguia. A presença de Ana Carla ali ao meu lado tirava-me toda a concentração e me fazia lembrar de que não a levara ao cinema para assistir o filme e sim para acariciá-la. E talvez por isso, ora eu imaginava minhas mãos deslizando por aqueles seios, ora escorregando por suas pernas até se perderem por baixo da saia.
E aqueles pensamentos e aquele lugar escuro me afetavam, mais do que a cena em que . Por que não fazê-lo? Ninguém ia ver mesmo? Havia dois casais a nossa frente, mas eles não poderiam ver nada. Então, por que não tentar?
Por alguns minutos fui atormentado por essa ideia. Por um lado eu não queria ser ousado demais e assustar Ana Carla, por outro estava louco para experimentar e saber como ela reagiria num lugar como aquele, onde a ausência de luz é um convite irrecusável para ousadias. Eu tinha em mente o que ia fazer, uma vez já tê-lo feito dezenas de vezes não só com Luciana, com que o fiz pela primeira vez, como com outras jovens que cheguei a levar ao cinema precisamente com aquelas mesmas intenções.
Enquanto ela parecia prestar atenção ao filme, pus-lhe a mão sobre uma das coxas. Ela reagiu instintivamente. Virou-se para o lado e nos beijamos pela enésima vez. Em seguida, após Ana Carla voltar os olhos para a tela e manter-se imóvel, atenta à cena, fui puxando lentamente, mais e mais a mão para cima. Esta tremia, como se eu fosse introduzi-la num lugar desconhecido, onde não se tinha ideia do que encontraria, pois embora Ana Carla talvez não fizesse Juízo das minhas intenções, eu sabia perfeitamente aonde pretendia chegar. E essa vontade de explorar o desconhecido mais a sensação de medo causavam-me um intenso prazer como causara quando, usando da mesma estratégia, levei Tatiana ao cinema no dia seguinte ao nos conhecermos. Lembro-me perfeitamente que, temendo ser repreendido, medo e prazer misturavam-se numa combinação perfeita. Por fim não só não me repreendeu como também me balbuciou ao ouvido para não parar, o que me encorajou a por-lhe a mão na vulva e introduzir-lhe o dedo entre aqueles lábios escorregadios a fim de vê-la se desmanchar de prazer. Por isso, ao me lembrar desse ocorrido, não resisti a tentação de continuar, embora soubesse que, devido à virgindade de Ana Carla, não poderia chegar a tanto.
Não tardou em que meus dedos tocassem-lhe o delicado e macio tecido da peça íntima. Eu simplesmente os perpassei por sobre a calcinha. Ana Carla parecia atenta ao filme, pois mantinha-se imóvel e impassível, mas duvido que conseguisse. Parecia usar desse expediente para que eu não parasse, para que eu arriscasse ir além. Se era isso ou não sua intenção, não posso afirmar. Posso afirmar entretanto que se a mulher não impede o parceiro de ir além, de avançar todos os sinais que encontrar pela frente, como naquele momento, este vai ficando mais ousado, uma vez que a ousadia é indiscutivelmente uma marca do sexo masculino. Aliás não sei se essa é uma verdade universal, uma vez que nunca parei para especular acerca desse assunto. Mas sendo ou não isso não vem ao caso; o que importa é o fato de que tal acontecia comigo. E enquanto Ana Carla não me impedisse, não me obrigasse a parar, eu seria mais ousado e me arriscaria mais e mais.
Percebi que ela estava muito excitada. Senti um ponto úmido na calcinha. Não poderia ser xixi, porque ela não fora ao banheiro desde que chegamos ao Gonzaga. Além do mais, fitando-a, percebi suas pálpebras pesadas, quase colando e, apesar de manter a face em direção a tela, ela só não assistia mais nada como parecia sucumbida diante das mais variadas sensações.
Ah! Aquilo foi mais do que um sim! Foi mais do que um pedido para continuar, para não recuar acontecesse o que acontecesse. O leitor talvez não seja capaz de imaginar o que é experimentar tais sensações pela primeira vez se não as experimentou da mesma forma, contudo já deva ter experimentado algo semelhante, de forma que porventura possa ter noção do que estou falando. E lendo as palavras que Ana Carla anotou em seu diário, a coisa torna ainda mais simples, pois como o leitor já deve saber, ela dedicou boas palavras acerca daqueles momentos.
Então eu continuei.
Com muito custo, pois minha mão parecia não me obedecer, consegui com a ponta de um dos dedos afastar-lhe a borda da calcinha para o lado, pois além da dificuldade, da posição da mão, que por si só me limitava os movimentos, ainda havia o temor de causar-lhe alguma dor ao prender um pelo ou alguma parte saliente da vulva. Sabia que se isso acontecesse jogaria tudo por terra. E pela primeira vez meus dedos deslizaram sobre aqueles pelos.
Pelos? Ah, amigo leitor, o deleite foi o mesmo que eu teria experimentado ao deslizar a mão sobre o mais valioso dos artefatos. Meu cérebro parecia partir o crânio e o coração rasgar o peito. Talvez nem mesmo um paraquedista ao dar o primeiro salto, morrendo de medo de se esborrachar no chão, não tenha experimentado tamanha adrenalina.
Não sei dizer se eram grossos ou finos, longos ou curtos. Eu os senti apenas a cobrir aquela parte do corpo dela. Dava porém para perceber que eram em quantidade razoável. E por algum momento formou-se em minha mente a imagem daquela região com todos os seus detalhes, embora a imagem a formar-se remetia-me à idiota da filha da empregada, a qual possuía uma densa floresta negra entre as pernas. Ah! Foi um deleite indescritível! Por pouco não perdi a cabeça e arranquei-lhe alguns para guardar de recordação, como fiz com a Clarinha, cujos longos e loiros pelos pubianos me fascinaram mais do que sua beleza, embora naquela oportunidade o tenha feito por perversidade, como uma vingança por se fazer de tão gostosa. E só não o fiz porque sabia que se o fizesse provocar-lhe-ia dor, o que a levaria a mandar-me tirar a mão.
Ana Carla permanecia imóvel. Mas quando puxei a borda da calcinha um pouco mais e consegui passar o dedo sobre os umedecidos lábios da vulva dela. Ela soltou um suspiro e deixou a cabeça pender para trás.
Ah, eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ela estava me sinalizando para não parar, para seguir adiante, agora tinha certeza disso. Ah, que imagem mais fantástica! Estava escuro, mas eu podia vê-la, pendida para trás, com os olhos cerrados, os lábios denotando uma sensualidade jamais vista, pois estava perto demais. Ah, que cena! Ana Carla sentada na cadeira com as pernas abertas e minha mão perdida ali no meio, como que procura desesperadamente algo. Ainda para completar, eu via e senti seus seios se moverem para cima e para baixo ao ritmo da respiração, como se lhe quisessem saltar para fora.
Pensei em puxar a alcinha daquela blusinha com a outra mão, destampar seus seios e tomá-los nos meus lábios. Mas eu sabia que, se o fizesse, Ana Carla pedir-me-ia parar, pois, se estava me arriscando demais e indo longe demais, puxar-lhe os seios para fora já seria uma completa loucura, um ato dos mais irresponsáveis; até porque, se minha mão perdida no meio de suas pernas não poderia ser vista, mesmo que alguém a nossa frente virasse para trás, o mesmo não ocorreria com seus peitos, os quais não ficavam protegidos pelo encosto da cadeira. Por isso não seria prudente me arriscar ainda mais.
Em dado momento, pensei em introduzir-lhe o dedo no meio dos lábios úmidos e escorregadios. Isto seria uma forma de saber se ainda era virgem, pois certamente sentiria a membrana, marca de sua virgindade. “Isso mata a minha curiosidade!”, lembro-me de pensar. E quando preparei para fazê-lo, Ana Carla soltou um suspiro, abriu os olhos, ergueu a cabeça e de forma séria, como quem advinha o que o outro vai fazer, ordenou:
-- Para! Tire a mão daí!
Recuei o braço e fiquei sem saber o que lhe dizer por algum tempo. Sabia que em algum momento ela me mandaria parar, só não esperava que justamente naquela hora, quando eu estava prestes a tirar minha dúvida. “Merda! Quase consegui! Vou continuar sem saber! Não posso perguntar-lhe isso agora”
-- Desculpe-me, minha florzinha -- falei bem baixinho.
Precisei de alguns minutos para recuperar o autodomínio. Eu sabia que havia agido de forma impensada, por impulso. Mas agora precisava retomar o controle da situação, tratar aquele incidente como algo sem importância. Em consequência não podia mais tentar acariciá-la, pelo menos por enquanto, já que uma nova tentativa seria desastroso demais e certamente poria tudo que conquistara até então a perder como daquela vez quando ainda inexperiente insisti com Maria Paula a qual me esbofeteou. E além da bofetada, cujo som fez com que as pessoas próximas desviassem os olhos da tela e nos mirassem, ainda tive de abandonar o filme pela metade e trazê-la para casa. E apenas dos insistentes pedidos de desculpas nos dias subsequentes não aceitou meus convites para sairmos. Assim, o mais prudente seria esperar por outra oportunidade, a qual não tardaria a surgir dada a velocidade em que as coisas caminhavam. Se insistisse poderia assustá-la e por água abaixo tudo que já tinha conseguido.
Só que eu precisava testá-la. Precisava saber se já não havia estragado tudo. E a forma que encontrei para saber foi pedindo para que me deixasse tocar eu seus seios, pois se o deixara antes não haveria porque não deixá-lo novamente.
E para conseguir isso, primeiro beijei-a de forma apaixonada, como Ana Carla teria feito se a iniciativa tivesse partido dela, depois aproximei meus lábios do ouvido dela e disse sussurrei:
-- Posso então acariciar seus peitinhos? – perguntei.
-- Pode. Mas só um pouquinho. E não ponha mais a mão lá – sussurrou ela de volta, num tom de voz que misturava delicadeza, submissão e prazer.
Meneei a cabeça em sinal de concordância. Eu não tentaria mesmo de novo.
Acariciei-lhe levemente os seios. Na verdade, eu só os apalpei por alguns instantes e depois perpassei levemente a ponta do dedo sobre o mamilo não só para senti-lo, como, com aquele gesto, torná-lo teso, enrijecido, capaz de num leve toque fazê-la tremer até a alma. A seguir, depois de olhar para ver se algum dos casais à frente não estava nos observando, deslizei a ponta do dedo pela borda da blusinha e a empurrei um pouquinho para baixo. Mas parei por ali. Não queria assustá-la novamente. Se minha intenção era testá-la, o teste estava feito.
Finalmente resolvi prestar atenção ao filme. Tentei entender o que estava se passando, mas foi em vão, pois por não ter acompanhado as cenas anteriores não sabia porque aquele garoto estava trancado dentro daquele quatinho escuro. Eu insistia em não ficar pensando na minha mão no meio das pernas dela e no meu dedo escorrendo pelas bordas da blusinha. Ah, como eu fazia um esforço quase sobre-humano para afastar esses pensamentos! Tudo inútil. Parecia que quanto mais eu tentava não pensar, mais aquilo se fixava em meu cérebro. Por fim, desisti. Dei-me por vencido e fiquei criando fantasias com aqueles episódios.
Algum tempo depois não resisti. Acho que o filme já estava para acabar. Então resolvi acariciar os seios dela mais um pouco. Sabia que ela não negaria. Se não o fizera antes e não o faria agora. Pois é como uma conquista. Se você invade um território e ninguém te expulsa de lá, pode-se ir e voltar quantas vezes quiser, pois aquilo passa a ser seu. E eu sabia que aquele território já me pertencia. Poderia pisar ali quantas vezes desejasse que não seria impedido, portanto era só entrar uma vez mais.
Virei de lado de forma que encobrisse a visão dos casais que estava à nossa frente. Então olhei para Ana Carla, dei um largo sorriso e deixei meus olhos caírem em direção aos seus seios para que ela entendesse que eu pretendia tocá-los. Ela não disse nada. Só me olhou e ficou esperando para ver o que eu faria.
Levei-lhe novamente a mão à borda da blusinha, tal qual fizera antes, e fui deslizando-o pela alça, em direção ao ombro. Ao fazê-lo, a alça escorregou e pendeu para baixo. Meu dedo então voltou à borda da blusinha. E da mesma forma que fizera minutos antes, empurrei-a.
Meu coração disparou. Não fazia a menor diferença a pouca luz. Meus olhos estavam próximos o suficiente para ver o que pretendia enxergar. Ah! Eu estava quase em êxtase! Sentia a mão tremer, o coração acelerar e a virilha tremer, tanto quanto sentira ao tocar-lhe a vulva. Era como se fosse um leão faminto, desesperadamente enlouquecido para atacar. Mas ele ainda teria de esperar, ser paciente, porque o momento de saborear sua presa ainda não havia chegado, embora estivesse tão próximo como nunca.
Não sei dizer o que senti quando vi surgir aquele mamilo, duro feito uma verruga. Ah, que sensação ímpar, que prazer inefável experimentei no exato instante que meu dedo tocou-o. Meus olhos esbugalharam e brilharam. Por um momento um fulgor de desejo inflamou outra vez a minha alma e fui arrastado por uma indômita vontade de aproximar os lábios e sorver aquele mamilo.
Isso só não aconteceu porque Ana Carla puxou a alça da blusinha de volta para o lugar e se recompôs.
-- Se você fizer isso de novo, não olho mais para tua cara – sussurrou ela.
Mais uma vez pedi desculpa e me comportei dali para frente.



quinta-feira, 22 de abril de 2010

ELA É MINHA VIDA

Eu não sou músico e para dizer a verdade conheço muito pouco de música. Não sei tocar instrumentos musicais embora, quando mais jovem, sonhava em aprender a tocar piano. Aliás, sou um grande apreciador da música clássica. Talvez por isso a minha predileção pelo piano. Mas como na vida nossos sonhos muitas vezes não passam de sonhos, este se perdeu com o correr dos anos e com a necessidade de lutar pela sobrevivência. No entanto, o gosto pela música não declinou em nada por isso; pelo contrário, só me fez aumentar a admiração pelos músicos. Como poeta, essa admiração muitas vezes me levou a escrever a letra de algumas canções embora as mesmas poderiam ser confundidas com poemas. Uma dessas canções escrita lá pelo ano de 2003 despertou o interesse de um cantor português de nome FERNANDO POLEIRO, o qual escreveu-me pedindo autorização musicá-la. Confesso que o resultado não ficou lá essas coisas, pois o sotaque português soa um pouco estranho aos ouvidos brasileiros, contudo não deixou de ser interessante. Quanto à canção, reproduzi a letra abaixo e em seguida o link para que o amigo leitor possa acessar a página do intérprete (Fernando Poleiro) e ouvi-la. 

Ela é bonita, engraçadinha
E seu sorriso me encanta...
Ela dança e sabe rebolar.
E seu rebolado me deixa caidinho...
Ela é esperta, inteligente
E seus modos são contagiantes...

Eu não sei o que seria
Do meu dia a dia
Se não fosse essa menina
Por quem fui me apaixonar...

Seu amor é grande e me contamina...
Ela fala com orgulho para todos
Que é a minha “mina”...
Seu amor é grande e eu não saberia
Viver todos os meus dias
Sem esse grande amor dela...

Eu não sei o que seria
Do meu amanhã...
Se não fosse essa menina
Por quem fui me apaixonar...



http://www.myspace.com/poleiro 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 07

-- Agora vamos ter que ficar vigiando a fogueira durante a noite – expliquei. – E cada um de nós vai ter que vigiar um pouco enquanto os outros dormem. Vamos ter que fazer isso até arrumamos um jeito de manter ela acessa por toda à noite.
-- Eu não vou ficar acorda sozinha não – protestou Ana Paula. Minha prima, talvez por ser a menor do grupo, era a mais resistente em seguir as regras. Não sei se era porque ainda não passava de uma criança de 12 anos, ou se devido à ausência do Pai. Lembro-me de ter prometido a mim mesmo que teria o máximo de paciência com ela. Mas também não a deixaria me criar problemas.
-- Veja bem, prima! Todos nós vamos ter que vigiá-la. A fogueira é o única meio que temos para chamar a atenção de algum barco ou navio que estiver passando por perto – expliquei. -- Cada um vai ter que ficar um pouco. Não é justo uns ficar e outros não. Mas é para ficar. Não é para ser escalada e dormir juntos com os outros. Agora que estamos sozinhos, vamos que ter aprender a nos virar. Enquanto estivermos aqui nessa ilha, vamos ter que assumir responsabilidades. Temos que mostrar para eles, os nossos pais, quando nos resgatarem, que fomos capazes de nos manter unidos e sobreviver.
Enquanto eu falava, as meninas se mantiveram de cabeça baixa. Nem mesmo Ana Paula levantou a sua para protestar. Mas foi bom assim, porque pude mostrar autoridade. Se fosse preciso usar de outros métodos para persuadi-la de cumprir sua parte no acordo, tê-la-ia usado.
Durante um curto espaço de tempo houve silêncio. Parecia que ninguém sabia o que falar. E foi justamente Ana Paula quem o quebrou.
-- Mas e se a lenha não der?
-- Vamos ter que fazer com que dê – respondi. – Por isso vamos ter que abastecer a fogueira de pouco a pouco. Só para que ela não se apague de vez. Amanhã cedo, vamos procurar mais lenha para abastecer ela.
-- Mas quem vai ser o primeiro? – inquiriu Luciana. – E por quanto tempo?
-- Boa pergunta Eu não pensei nisso. Se a gente tivesse um relógio funcionado seria mais fácil. Mas o meu está quebrado.
-- E o meu eu perdi na tempestade – disse Marcela.
-- O meu eu deixei em casa – disse Ana Paula.
-- Ta bom, gente. Só me deixa pensar um pouco – falei.
Eu realmente não fazia ideia de como faríamos para contar o tempo. Foi Luciana quem a teve.
-- A gente podia usar a posição da lua no céu. Quando ela chegar em determinado lugar a gente chama outra pessoa para ficar no nosso lugar.
-- É mesmo. Não tinha pensado nisso.
E assim foi feito. Calculamos mais ou menos a posição da Lua e onde ela deveria estar quando amanhecesse. Dividimos esse espaço por quatro. Quando a lua chegasse num determinado ponto, o que estivesse tomando conta chamaria o próximo. E assim sucessivamente. Obviamente, nas primeiras noites, os cálculos não seriam precisos e um acabaria ficando mais tempo que outro, no entanto, caso ficássemos muito tempo na ilha, aprenderíamos a dividir o tempo de forma igualitária.
Faltava porém decidi a ordem em que cada um ia tomar conta da fogueira. Sugeri que fizéssemos um sorteio para decidir quem seria o primeiro, o segundo, o terceiro e o último.
-- Vamos tirar dois ou um. O primeiro que sair será o primeiro a tomar conta dela e assim por diante – disse Luciana.
-- É isso aí. Então vamos – falei.
A primeira a sair foi a Marcela. Depois foi a minha vez. Em seguida saiu minha prima, Ana Paula, e por último Luciana.
Então sentamos os quatro, formando uma roda, e dei as últimas recomendações.
-- Veja bem, Marcela. A gente vai está dormindo aqui do lado. Você só precisa ficar sentada, de olho para que a fogueira não se apague. Não vá cair no sono, heim! Se alguém ficar com sono, quando estiver tomando conta da fogueira, levanta, anda um pouco, vai até a beira d’água e se molha. Faz qualquer coisa. Mas não dorme. Entenderam bem? – Todos balançaram a cabeça afirmativamente. – Se alguém ver alguma coisa, algum animal se aproximar, é só me chamar. Não precisam ficar com medo porque aqui não tem ninguém. O máximo que pode aparecer é algum bicho pequeno atraído pelo calor da fogueira.
-- Mas vamos deitar assim na areia? – quis saber Ana Paula.
-- E você tem outra solução? – perguntei.
-- Não.
-- Quem não quiser que fique acordado – disse Luciana, ajeitando-se para deitar.
-- É isso aí. – falei, fazendo o mesmo.
Pouco depois já estávamos os três deitados em silêncio na areia macia.

domingo, 11 de abril de 2010

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 06


Não dispúnhamos de muito tempo. O sol dava os primeiros sinais de desaparecer em breve. Mas tínhamos de encontrar alguma coisa, ou pelo menos tentar. Por isso sugeri a Marcela que subíssemos a correnteza do riacho para ver se achávamos uma lasca de pedra, uma lâmina esquecida por alguém que passara ali antes de nós, ou qualquer outra coisa que servisse para cortar.
Ela por sua vez concordou comigo. Era uma menina tímida, daquelas que se envergonham com facilidade e que, diante de situações embaraçosas, não sabem o que fazer. Eu havia percebido isso desde o momento em que a conheci. Não que eu tivesse intenção de me aproveitar de sua timidez, mas alguma coisa nela em atraía. Talvez fosse exatamente esse seu jeito tímido ou simplesmente sua beleza, pois não me restavam dúvidas de que ela era a mais bonita dentre as jovens que eu conhecia. Por isso insisti com minha prima para convidar sua amiga para passear de barco com a gente.
-- Encontrei alguma coisa – disse-me ela, abaixando-se sobre uma grande pedra.
-- Cadê? – perguntei, aproximando-se para olhar.
Era uma lasca de pedra. Não era grande, mas fina numa das extremidades. Se conseguisse arrancá-la com cuidado, poderia usá-la para cortar coisas que não fossem tão duras.
Tentei arrancá-la com as mãos, mas não se soltou. Então Marcela sugeriu o uso de outra pedra para quebrá-la. Foi o que fiz.
Logo em seguida a lasca se partiu e se soltou. Peguei-a na mão e examinei por algum tempo.
-- Se dermos uma lixada nela, vai ficar ótima.
-- Vamos voltar que está começando a escurecer – disse Marcela. – As meninas devem estar preocupadas.
-- Claro, gatinha! – falei dando um sorriso malicioso.
Ela não disse nada, todavia pude reparar o rubor na sua face.
Enquanto retornávamos não pude deixar de escorregar os olhos por seu corpo. Também não fui capaz de evitar em pensar coisas que todo garoto da minha idade pensa ao ver uma jovem bonita e atraente caminhando à sua frente. Todavia, na situação em que nos encontrávamos, não era o momento adequado para ter tais pensamentos, embora nem sempre é possível evitar que aconteçam.
-- E aí, meninas? Cuidaram direitinho da fogueira? – perguntei assim que retornamos.
-- Ainda bem que vocês chegaram. Ela está quase se apagando. Não tem mais lenha. – disse Luciana, colocando os últimos gravetos no fogo. – É melhor você tratar de arrumar mais e bem rápido.
-- Encontraram alguma coisa? – quis saber Ana Paula.
-- Achei isso aqui – falei mostrando a lasca de pedra.
-- Com jeito, dá para cortar bastante coisa – disse Luciana, examinando a lasca de pedra em suas mãos após tomá-la das minhas.
-- Então vamos arrumar lenha – falei.
Adentramos na mata.
O sol começava a desaparecer.
É claro que aquela lasca de pedra não ajudou em muita coisa. Para obter uma quantidade razoável de lenha, tive que subir nas árvores e quebram com a mão os galhos secos. Todavia, depois de meia hora, tínhamos lenha suficiente para passar a noite.
-- Vamos ter que economizar lenha para que ela dure até amanhã – falei.
-- E a cabana? – perguntou Ana Paula.
-- É mesmo! Vamos dormir ao relento? – Foi a vez de Luciana perguntar.
Durante alguns instantes houve silêncio. Parecia que ninguém tinha respostas, talvez porque não soubéssemos o que fazer.
-- É o jeito. Fazer o quê? – falei. – Não dá mais tempo para fazer uma cabana. Já está escurecendo.
-- Não sei se vou consegui dormir – disse Ana Paula.
-- Vai sim. Na hora que bater o sono, você dorme até em cima de uma cama de espinhos – retruquei.
-- Estou ficando com fome – asseverou Marcela. – Não é melhor a gente procurar alguma coisa para comer?
-- Também acho – falou Ana Paula. – Deveríamos ter procurado comida antes. Será que vamos ter que comer coco e banana de novo?
-- Se vamos comer alguma coisa, é bom a gente correr logo atrás, antes que fique escuro de vez. – disse Luciana.
-- Sílvio, você viu aquelas bananeiras, quando a gente estava procurando a lasca de pedra? – interveio Marcela. Ela mantinha-se quieta a maioria do tempo, mas quando abria a boca, era para apresentar alguma solução.
-- Vi. Mas estava tão concentrado na procura que nem prestei atenção.
-- Parece que tinha bananas madura lá. Ia te falar na hora, mas acabei esquecendo.
-- Vamos então lá pegar – disse Ana Paula, eufórica.
-- Calma gente! – Vai eu e mais uma, as outras duas ficam esperando aqui. -- falei.
-- Eu vou! – Ofereceu-se Ana Paula.
-- Não. Você fica. Quem vai sou eu. Agora é a minha vez de ir. – disse Luciana.
-- Nada disso! Agora quem vai sou eu. Sílvio é meu primo, portanto tenho mais direito de ir com ele do que você.
-- Meninas! Chega de discussão. A Marcela vai comigo. Foi ela quem achou elas, portanto tem mais direito de ir do que vocês duas. Da próxima vez, eu te levo comigo, Ana Paula -- Na verdade aquilo foi só uma desculpa para manter Marcela em minha companhia. Levá-la comigo seria uma oportunidade a mais de conversar com ela, ser atencioso, prestativo sem a intromissão das outras duas, as quais poderiam atrapalhar meus planos.
Ana Paula aceitou muito contrariada a derrota para Marcela. Era visível o quanto estava furiosa com a outra. Mas fazer o quê? Eu não a deixaria por nada desse mundo. De mais a mais, desde o começo, eu estava interessado nela e não em minha prima, portanto Marcela sempre seria favorecida em tudo.
Saímos correndo os dois pela praia. Em dado momento, Marcela começou a ficar para trás. Então esperei por ela, peguei em sua mão e a ajudei a correr até o bananal.
Tenho que admitir que correr ao lado dela, segurando em suas mãos, causou-me uma satisfação muito grande. Em dado momento, cheguei mesmo a pensar em parar por algum instante diante dela, tomá-la nos braços e beijá-la. Contudo, achei por bem não ir com tanta sede ao pote. Certamente teria outras oportunidades para isso.
Ela estava certa. Havia dois cachos de banana maduros. Um outro já estava começando a madurar. E outros ainda verdes. Desses dois que estavam maduros, um os passarinhos já tinham furado algumas das bananas.
O difícil foi cortar os cachos. Primeiro tivemos que empurrar a bananeira até que ela quebrasse. Depois, usando a lasca de pedra, cortei-os. Apesar de não ser um material duro, mesmo assim, tive dificuldades para cortá-los com aquele instrumento de pedra. Pelo menos descobrimos que a “faca” era resistente e realmente servia para cortar alguma coisa, embora seu uso era bastante restrito.
Não tardamos em retornar, mas quando voltamos, já havia escurecido bastante, tanto que só conseguimos distinguir à distância a fogueira.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ATRAVÉS DO ESPELHO

Olhando através do espelho
Eu vejo os anos passarem
Vejo que estou ficando velho
Sem os sonhos se concretizarem

Procuro encontrar no passado
Um luz capaz de mudar o futuro
Mas tudo que tenho encontrado
É o medo dum passo no escuro.

Digo, olhando na minha imagem:
“Tenho que mudar o meu destino”
Mas no fundo não tenho coragem
Pois o mundo me faz pequenino.

Olhando através do espelho
Eu sinto que o tempo está a correr
Mas me sinto cansado e velho
A vida se foi. Já não sei o que fazer... 

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 4 - parte 2


Estava tudo correndo tão bem, como num roteiro, que resolvi levá-la ao cinema. Qual casal de namorados não gostam de estar no escurinho do cinema assistindo um filme romântico? Desde sua invenção, o cinema soube como nunca explorar os sentimentos românticos dando ao telespectador a sensação de que também ele poderia experimentar algo parecido, principalmente nos jovens e nas mentes menos afortunadas. Desta feita, na sala escura, poderia haver um grau de intimidade que nenhum outro lugar público permitiria, uma vez que a sensação de se está sendo observado perde todo o sentido de existir. Assim quem sabe poderia tocá-la onde ainda não me havia deixado. Além do mais, seria uma ótima oportunidade – e que oportunidade! -- para um teste final e ter a certeza de deixar-me ir às últimas consequências, pois, por experiência, uma experiência que adquiri a custa de muitos erros e acertos, sabia que se ela não me impedisse, encontraria seus limites, fossem quais fossem.
Fazia um dia bonito e ensolarado naquela tarde do último sábado de novembro quando me encontrei com ela no Ferry Boat. Queria pegá-la próximo à sua casa, como fizera antes, mas ela se recusou, alegando com razão que aparecer com tanta frequência próximo à sua casa poderia ser arriscado e levantar suspeitas, uma vez que seus pais têm muitos amigos no bairro. Tive de admitir sua esperteza. Assim, não querendo contrariá-la, sugeri encontrá-la no Ferry Boat.
Uma questão a preocupar-me enquanto a aguardava foi com relação à travessia para Santos. Além de ser um fim-de-semana, que por si só já é motivos para a cidade estar cheia, provocando lentidão no trânsito, ainda havia o fato de ser início de temporada, o que faz o fluxo de turistas estar bem acima da média. E isso causava um problema: a demora na travessia. Embora o sistema tenha se tornado mais eficiente nos últimos anos e o tempo para se atravessar de um lado para outro não seja tanto quanto na década de 80, ainda sim se perde um bom tempo. E como já havia reparado ao dirigir-me ao ponto final, a fila da balsa estava bastante longa, fazendo com que a travessia para o outro lado levasse em torno de quarenta minutos. E não era só isso, no final do dia muitos desses motoristas faziam o trajeto inverso, causando uma longa fila do lado de Santos. Embora dispuséssemos de algumas horas (Ana Carla não me informara a que horas deveria estar em casa) certamente a maior parte desse tempo seria ser desperdiçado na fila da balsa. Foi então que pensando no que fazer, lembrei-me de quando tinha meus dezessete anos atravessava para Santos na Barca e tomava um ônibus do outro lado até o Gonzaga. Apesar de não fazer isso desde que me separei de Luciana, ainda guardava na memória haver diversas linhas, inclusive o número de algumas delas, que passavam pelo nosso destino. Então por que não deixar o conforto do carro e tomar um ônibus? Seria até interessante pegá-lo com ela, sentar ao seu lado, sem a preocupação de manter os olhos quase que o tempo todo atentos ao trânsito. Pois bem, foi a decisão tomada. E quando ela chegou, apresentei-lhe a sugestão.
Ana Carla concordou. E atravessamos.
Ela usava uma blusinha, dessas bem curtinhas sustentadas por duas alças, quase igual a que estava usando no nosso último encontro, e minissaia jeans. Lembro-me que, quando a vi com aquela roupa e calçando tênis com meias floridas, parecia uma menininha, daquelas que parecem saltar entre a infância e a adolescência, ora pendendo mais para um, ora para outro. Eu a aguarda sentado numa mureta e ela vinha toda alegre e saltitante, requebrando o corpo feito uma criança feliz.
Confesso que, num primeiro momento, ao vê-la se aproximar saltitante e sorridente, como se a felicidade transbordasse-lhe por todos os lados, achei-a infantil demais, de uma infantilidade a beira do ridículo, pois esta não combinava consigo. Ana Carla não era uma criança, pois não tinha corpo e nem idade de criança, não agia e nem pensava feito uma criança. Se devido à roupa, ao penteado ou mesmo aos gestos fazia-se parecer como tal, isto muito provavelmente era consequência do frisamento de alguns de seus traços, traços remanescentes de uma recente infância, cuja presença só desapareceria com o correr dos anos, quando vão se perdendo definitivamente. Aliás, se por ventura Ana Carla fosse uma menina a circular nos limites da infância, eu não teria me aproximado dela, pois era justamente a sua juventude a me deixar louco, a arrastar-me a beira do precipício, quando o homem já não tem controle absoluto sobre si. Não obstante, não seria capaz de seduzir uma menina de doze ou onze anos ou até menos. Estas não me atraiam, não me despertavam nenhum tipo de impulso sexual. Eu estava fascinado por aquela menina, reconheço isso, embora soubesse tratar-se de uma jovem de quatorze anos; mas quando me encantei por ela – se é que esse desejo de possui-la poderia ser chamado de encanto –, pensei tratar-se de alguém mais velho. A bem da verdade, qualquer pessoa, desconhecendo sua idade, a julgaria mais velha, uma jovem flutuando entre os dezesseis e dezessete anos. Bem, mas Ana Carla não tinha toda essa idade e isso era um problema, mas um problema que não me impediria de mover mundos e fundos para conseguir sua virgindade. Por ser tão jovem, havia agravantes, uma vez que a lei a protege, embora em muitos casos essa proteção acaba traz prejuízos. Entretanto, procurei fazer com que isso não tivesse consequências, até porque depois de possuí-la não me seria difícil despachá-la. “Se por acaso tentar me criar problemas e insistir em ficar no meu pé, abusarei da habilidade e usarei de métodos nada convencionais para tirá-la do caminho. Não é a primeira vez a fazer isso e nem será a última”, lembro de pensar no dia anterior. Com a neta da Dona Carminha, moradora daquela casinha simples no final da rua, foi assim. A cadelinha só tinha quinze anos. Aliás, foi outro engano. Quando a vi de biquíni passar diante do meu portão, pensei: “Que putinha deliciosa! Olha só como ela rebola! Deve estar louca por uma pica. Dezoito, dezenove anos, quem sabe? Não deve nem ter fodido ainda. Trepar naquele traseiro vai ser uma maravilha”. E assim cumprimentei-a e fiquei de marcação no portão para quando retornasse. Não foi difícil convidá-la para sair. Lembro-me que cinco dias depois, já bem tarde da noite, estávamos os dois escondidos no quintal de sua avó, atrás de uma plantação de bananeiras, na mais pura intimidade. Ela não me deixou penetrá-la, mas não teve pudor algum em permitir que meus dedos deslizassem entre os lábios encharcados de sua vulva e nem de agar-me o falo teso, depois que eu o tirei para fora, e acariciá-lo até que o gozo escorresse-lhe por entre os dedos. No dia seguinte a mesma coisa, e no outro aproveitei que sua avó fora à Vicente de Carvalho (Seu avô era falecido) e então a possui na própria cama. Gostei da ideia e quis fazer mais vezes. Foi meu erro. Tuquinha – era assim que a chamavam embora seu nome verdadeiro fosse Tereza – apaixonou-se e não se conformou quando lhe comuniquei quinze dias depois o fim de nossos encontros. Ameacei contar para sua avó que a neta andava a se esfregar com rapazes no quintal de casa à noite, mas não adiantou. Então resolvi fazer uma ligação anônima para a velha. E não é que deu certo!? A avó despachou a neta de volta para a Bahia dois dias depois.
Ah, mas por que estou contando isso? Provavelmente o leitor não esteja interessado no meu passado, no que fiz, e sim nos momentos que vivi com Ana Carla. De forma que deixemos Tereza de lado, afinal isso aconteceu há mais de 3 três anos e a coitada já deve ter se esquecido de mim, e voltemos àquele sábado em Santos.
E quando ela me abraçou, meus olhos foram parar-lhe nos seios. Acho que era por causa da roupa, a qual os deixavam mais salientes e maiores do que realmente eram. Não sei se ela a vestiu propositalmente, contudo, tive a impressão de tê-lo feito justamente para me provocar, para chamar-me ainda mais a atenção para seus seios, talvez porque ela, como muitas mulheres, acreditam que todo seu encanto estava justamente neles. Ainda mais que no último encontro eu os havia acariciado. E ela, que de boba não tinha nada, deve ter percebido o quanto eu ficara afetado.
Durante a travessia e depois, enquanto aguardávamos o ônibus do outro lado, procurava não os observar com tanta frequência para não atrair a atenção das pessoas ao redor, uma vez que a nossa presença por si só já era motivos de atenção. Só que eu não conseguia. Dir-se-ia haver uma força mais forte que eu, uma força a atrair-me a todo o momento os olhos para os seios.
Confesso que, pela primeira vez, eu não conseguia agir de forma racional e talvez estivesse mostrando os primeiros sinais de fraqueza, sinais esses que mudariam definitivamente nossa história. Na verdade começava ali a perder o controle da situação. Era evidente que aquele desejo incontrolável de não lhe desviar os olhos dos peitos não comprometiam meus planos, todavia era um aviso de que eu deveria tomar mais cuidado e não sucumbir ante meus impulsos.
Quando tomamos o ônibus este estava quase vazio. Haviam dois ou três passageiros sentados nos primeiros bancos. Então fomos para o fundo, para evitar olhares que muitas vezes nos intimidavam; assim nos sentiríamos livres para nos beijar e trocar carícias, embora tais carícias fossem as mesmas que a maioria dos namorados trocam a todo instante sem afetar a indiferença de quem os veem. Talvez tal pensamento não lhe tenha passado pela cabeça, mas quanto a mim não posso dizer o mesmo, pois, ao entrar no ônibus e vê-lo tão vazio, ocorreu-me instintivamente essa ideia, ideia que fiz questão de aproveitar.
Em dado momento, já profundamente afetado, ardendo nas chamas de meus próprios devaneios e louco para tocar-lhe os seios, aproximei os lábios de seu ouvido e sussurrei:
-- Ah, esses peitinhos lindos!...
-- O que têm eles? – sussurrou ela. Nos seus olhos reluzentes, nos traços de seus lábios os quais denunciavam um sorriso de satisfação, pude perceber o quanto minhas palavras lhe faziam bem e permitiam-lhe sentir-se bela, atraente e desejada como se fosse uma das ninfas saídas das epopeias gregas.
-- Estão me fazendo perder a cabeça.
Ana Carla deu um sorriso, como se aquilo lhe causasse grande satisfação, como se seus planos houvessem surtindo efeito. Depois sussurrou:
-- Você é um tarado, sabia?
Fiquei sem graça, como um garoto que é surpreendido pulando o muro para roubar uma fruta, mas mesmo assim ainda respondi:
-- É você quem me deixa assim.
-- Eu? Mas não fiz nada.
-- Fez sim. Veio toda gostosinha só para me enlouquecer. Pensa que não sei? – assoprei-lhe ao pé do seu ouvido, quase mordiscando-o o que a levou a contrair-se arrepiada.
Pena que tivemos que interromper a conversa por ali, a qual ficou pela metade e e deixou-me sem saber o que Ana Carla teria dito acerca de minhas últimas palavras. Um senhor barbudo aparentando uns sessenta anos aproximou e sentou-se ao nosso lado. Isso não evitou porém que, durante todo o trajeto restante, vez ou outra escorregasse-lhe os olhos até os seios e os desejasse loucamente, de uma forma quase incontrolável. Meu desejo porém não se resumia ã vontade de tê-los entre os lábios como o leitor mais experiente possa pensar. Fitando-os amiúde, quase podia senti-los na mão, com os dedos a apalpá-los como se fossem feitos para essa finalidade.
Não vou confessar-vos os pensamentos que me passaram pela cabeça naqueles minutos até chegarmos ao Gonzaga, pois, além de serem muitos, o conteúdo é tão vergonhoso que sua recordação ainda me faz enrubescer; mas confesso ter sentido uma vontade enorme de ter aqueles seios entre meus lábios, sorvendo-os e mordiscando-os de tudo enquanto é forma. No mais, a maior parte do que pensei perdeu-se com o tempo e o pouco a restar-me na memória prefiro guardar só para mim mesmo.