quinta-feira, 26 de março de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - Cap. 56


-- Que bom ver vocês! -- exclamei quando se aproximaram.
-- O que foi? -- perguntou Ana Paula, entrando na água. -- Aconteceu alguma coisa?
-- Não. Num aconteceu nada – menti. -- É que eu fiquei preocupado com vocês duas no meio daquela mata. Por causa daquele barulho estranho que andei ouvindo --comentei com um certo alívio de encontrá-las sãs e salvas.
-- Encontramos uma trilha, subimos por ela e fomos até o topo. Bonita a vista lá de cima. Não é, Marcela?
Marcela parecia mais interessada em me fitar. Parecia desconfiar de alguma coisa, como se em mim houvesse algo que a inquietava.
-- É sim! Dá para ver toda a ilha.
-- E não encontraram nada de diferente? -- perguntei. Talvez elas tivessem visto algo de estranho, mas que não deram importância. Eu não podia aceitar que simplesmente tudo não passava de fruto da minha imaginado.
-- Diferente como? -- quis saber Marcela.
-- Algum animal ou sinal de pegadas?
-- Não, não vimos nada -- respondeu.
-- Só uma árvore quebrada lá em cima -- Lembrou minha prima.
-- Mas aquilo lá foi um raio -- interveio Marcela.
Lembrei-me que provavelmente falavam da mesma árvore que eu e Luciana vimos, quando ali estivemos.
-- A gente também viu quando subimos lá.
-- Não acho que tenha algum animal grande na mata. Talvez algum bicho pequeno como um porco selvagem, uma capivara, um macaco ou algo menor ainda – disse Marcela. -- Mas acho pouco provável. A ilha é pequena demais e animais grandes precisam de muito espaço.
-- Talvez. Mas não sei. Ainda acho que tem algo maior. Algo que está se escondendo da gente – falei, sorrindo para ela. Marcela retribuiu-me o sorriso e em seguida baixou a cabeça como que envergonhada.
-- E não acharam nada de interessante para a gente comer?
-- Não – respondeu Ana Paula. -- Achamos um pé de limão, mas eles ainda tão muito pequenos. Até pensei que fosse laranja, mas a Marcela disse que era limão.
-- Lá em casa tem pé tanto dum quanto do outro. Pelo cheiro da folha dá para saber. E aquele que está lá em cima é um pé de limão. Pode ter certeza. Tão pequenininhos ainda, mas dá para ver que é de limão. E do bravo ainda por cima.
-- A gente também num andou muito – interveio Ana Paula. -- Amanhã a gente vai procurar melhor. Não é? Andar pela mata e pelo outro lado da ilha. Talvez a gente ache alguma coisa.
-- Ela queria andar mais, mas falei que ia escurecer em breve – explicou Marcela. -- À noite pode ser perigoso. Pode ter cobras e no escuro fica difícil de avistar elas.
-- Você num disse que tinha cobras lá! -- exclamou Ana Paula. -- Se eu soubesse num tinha ido.
-- Todo lugar onde tem floresta, tem cobras. Talvez aqui não tenha porque é uma ilha pequena. Mas não precisa ter medo não. Elas só atacam se sentirem ameaçadas. Se a gente encontrar uma, é só se afastar devagarinho que ela não vai fazer nada com a gente.
-- Eu morro de medo – falei.
Continuávamos de pé, um de frente para o outro, com água até os quadris. Vez ou outra uma onda nos atingia e então tínhamos de saltar para não sermos levados.
-- Eu também tenho medo – disse Ana Paula.
-- Eu não. Sei que elas não mordem a gente se não mexermos com elas. Meu irmão é veterinário. Por isso sei dessas coisas.
Embora nos encontrássemos naquela ilha há mais de uma semana, era a primeira vez que Marcela falava um pouco mais de sua família. Falara dos pais algumas vezes, mas superficialmente. Aliás, isso explicava em parte o porquê dela ser uma menina com tantos conhecimentos sobre coisas da natureza. E embora eu estivesse apaixonado por ela, todos aqueles acontecimentos e os problemas enfrentados por nós até então acabaram impedindo-me indagá-la acerca de seus. Sabia que ela tinha dois irmãos mais velhos, mas não sabia nada sobre eles.
-- E aí? Pegou muitos peixes? -- Perguntou Ana Paula.
-- Peguei três. Agora só falta limpar e por eles para assar.
-- Hum, já está até me dando fome – brincou Marcela. Nisso nossos olhares se encontraram novamente e sorrimos. Por um momento senti uma vontade incontrolável de aproximar, tomá-la nos braços e beijá-la apaixonadamente. Mas a presença de minha prima inibiu-me. A maldita timidez era o meu ponto fraco. Por causa dela, eu renunciava a muita coisa. Por outro lado porém, acabava fazendo outras das quais eu me arrependia profundamente, como não ter tido forças e firmeza para dizer não ao Fabrício. E não era só a timidez. Ao me ver abraçado à Marcela e trocando carícias, poderia ter uma reação e deixar escapar um comentário acerca do que eu havia feito com ela. Aliás essa lembrança foi determinante para que eu sentisse uma necessidade de me afastar.
-- Daqui a pouco a gente vai e limpa. Já que estamos aqui, vamos nadar, Marcela? Tá calor. -- convidou Ana Paula, dando um mergulho.
-- Vamos.
-- Quer nadar com a gente? -- convidou-me.
Mais uma vez fiquei tentado em aceitar, mas ocorreu-me que Luciana estava na cabana, provavelmente precisando de mim para limpá-la, o que contribuiu para que eu recusasse. Talvez ela ainda estivesse deitada da mesma forma em que a deixara. Súbito, a imagem de seu corpo nu, de suas pernas arreganhadas e de sua vulva lambuzada pelo meu sêmen formou-se em minha mente. “É melhor eu voltar e ver se ela precisa de ajuda. Qualquer coisa eu pego ela e ajudo ela vir n'água se lavar. Ela vai precisar. Senão ela vai ficar com cheiro de porra...” Assim, acabei dizendo:
-- Não. Já estou há algum tempo aqui. Vou ver se a Luciana num precisa de alguma coisa. Talvez ela também queira tomar um banho. Ainda não consegue andar sozinha, apesar de tá melhor. Vou ter que ajudar.
-- Bem feito pra ela. Bem que ela poderia ficar assim pra sempre. Num faz falta mesmo! -- declarou minha prima.
-- Também num fale assim. Não se deve desejar o mal de ninguém. E ela faz falta sim. A gente precisa dar uma melhorada na cabana. Num podemos continua dormindo sobre a areia a vida toda. Eu não queria ser pessimista, mas se até agora num acharam a gente é porque já pararam de procurar. E se a gente quiser sair daqui, vai te que ter muita paciência. Vamos ter que esperar alguém vir aqui – falei.
-- Também acho – concordou Marcela. -- Mais dia menos dia alguém vai aparecer por aqui. Talvez um barco passe aqui por perto. Ou até mesmo um avião. Ai a gente faz sinal e eles verão a gente. Que a gente vai sair daqui disso eu não tenho a menor dúvida. Só resta saber quando.
-- Eu já num aguento mais ficar aqui. Quero ir para minha casa. Minha mãe deve estar desesperada. E eles nem sabe que o meu pai morreu – disse Ana Paula começando a chorar.
Marcela aproximou-se e a abraçou. Em seguida acrescentou:
-- Todos eles pensam que estamos mortos. O que sua mãe está passando é o mesmo que nossos pais estão passando.
-- Mas vamos voltar para casa. Só precisamos ter um pouco de paciência e procurar nos mantermos unidos – falei.
-- Se aquela vadia quisesse... Mas ela só quer arrumar confusão – acrescentou minha prima.
-- Então vamos fazer o seguinte: num dê motivo – sugeri. -- Depois de assar e comer aqueles peixes, a gente vai ter uma conversa e procurar manter a paz entre a gente. Tá bom?
-- Só quero ver se ela vai aceitar.
-- Claro que vai, prima. Pode deixar que vou ter uma conversa com ela. Por fala nisso, vô voltar. Vê se não demoram muito. Já está escurecendo.
Caminhei em direção à faixa de areia e deixei as duas ali.
Luciana estava do mesmo jeito em que a deixará minutos antes. Apenas havia apoiado a cabeça sobre um dos braços e parecia passar por uma madorna. Parei diante da porta e a observei. Adormecida, sem aquele ar arrogante e ameaçador, pareceu-me mais bonita e encantador. Percorri-lhe os olhos pelo corpo nu e, ao fixá-los no meio das pernas dela, fui tomado pelo devaneio. Imaginei aquela barriga crescendo e os seios ficando maiores. Pensei no que ela diria quando vissem que estava grávida. Súbito porém, ocorreu-me que isso acabaria com todas as minhas esperanças de ficar com Marcela, as quais já eram praticamente nulas. Então senti um calafrio, como aquele que sentimos ou termos uma sensação ruim. “Que absurdo! Um filho. Ela num vai ficar grávida. Deus num vai fazer isso comigo. Tá vendo tudo. Sabe que num tive escolha. Ela é a culpada de tudo”, disse para mim mesmo. Tentei pensar noutra coisa, mas observando-a não foi possível. “E quando ela for parir? A gente nasce por ali, pelo meio das pernas. Mas é tão pequena a boceta dela. Como é que um bebê consegue sair por ali. Deve doer. Elas fazem uma força. Já vi na novela. No filme também. Elas tão sempre fazendo força, gritando. Parecendo que vai morrer. Também, pra sair por ali tem que fazer muita força mesmo! Na hora num quero tá por perto. Vou para o outro lado da ilha. Deve ser muito nojento... Não. Ela num vai parir aqui na ilha. Demora um tempo até que o bebê fique pronto pra nascer. Alguns meses, acho. Até lá a gente já foi embora...”
Súbito, ocorreu-me que tinha de despertá-la e levá-la para se lavar. Assim, chamei-a. Ela acordou e, olhando ao redor, acrescentou:
-- Sua priminha e sua paixãozinha ainda não voltaram? Acho que o lobo mau ou aquela coisa que você cisma de ter visto comeu as duas. Tadinha delas... -- acrescentou com sarcasmo.
-- Tão lá na praia. Encontrei elas agorinha a pouco.
-- Que pena! Não ia nem sentir falta delas. Assim essa ilha ia ser só nossa. Minha e sua. A gente ia viver aqui para sempre.
-- Tá maluca! Não quero ficar aqui para sempre. Quero voltar pra casa.
-- Pois eu não sinto a menor vontade. Pra quê? Meus pais nunca ligaram para mim mesmo. Preferem aquele traste do meu irmão. Ele é o queridinho. Mas eu? Aposto que no fundo nem tão sentindo tanto assim a minha falta.
-- Não fale besteira.
-- Também não quero falar disso. Isso só me faz ficar com raiva. Estou bem melhor aqui. Ninguém fica me chamando de “galinha” e “papa macho”. Aqueles garotos são todos uns idiotas. Brincam com a gente e depois ficam chamando a gente de galinha. -- Súbito, parou. Fitou-me e acrescentou: -- O que você quer? Por que não ficou lá com elas? Eu nem ia brigar. Sei que você não ia fazer nada mesmo – disse ela após um esforço para se sentar.
-- Por que não? -- retruquei.
-- Por que não sou idiota. Primeiro, porque você não ia estar com tanta vontade assim. Não faz uma hora que você tinha acabado de gozar em mim. Ainda tô melada da tua porra. Ainda está escorrendo, olha! -- abriu as pernas com prazer e me mostrou. -- Em segundo lugar, você não ia ter culhão para transar com as duas. Terceiro, você é fraco e moralista demais para transar com a própria prima. Para fazer isso, você teria de estar desesperado de vontade, mas não está. Quarto, você ama aquela idiota da Marcela e por isso mesmo não vai de jeito nenhum transar com outra mulher na frente dela, menos ainda com a sua priminha. Então, enquanto as duas estiverem juntas, eu não tenho porque ficar com medo.
De certa forma ela estava com a razão, contudo, enganara-se quanto à minha prima. Como já é de conhecimento do leitor, embora tenha sido por impulso, transara com Ana Paula. Aliás, Luciana chegou a desconfiar pouco depois, mas tal desconfiança não foi à frente justamente porque de fato ela me achava incapaz de fazer isso com uma prima.
-- É. Não seria mesmo! -- menti, procurando não demonstrar que mentia.
Nesse instante tive uma ideia. “Se ela não desconfia das duas juntas, então tenho uma chance de ficar com Marcela. Ana Paula gosta dela. Elas são amigas. A gente pode sair os três juntos. Ana Paula fica em algum lugar nos esperando e eu fico com a Marcela”. E ao chegar a essa conclusão, tive de virar para o outro lado a fim de esconder minha alegria.
-- Anda, seu idiota! Me ajuda a levantar. Quero fazer xixi e preciso me lavar.
Aproximei e peguei em seu braço. Ela se levantou e, escorada em mim, deixamos a cabana em silêncio. No entanto, dentro de mim uma alegria se espalhava como se todos os problemas houvessem sido resolvidos. Pensava nos momentos a sós com Marcela. Poderíamos nos esconder atrás de uma medra e se amar livremente. E durante esses devaneios, não me ocorreu que, ao melhorar, Lucina estaria livre para nos vigiar, mesmo que eu estivesse com Ana Paula.

terça-feira, 10 de março de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - Cap. 55

Não me restou outra saída a não ser obedecer. E por mais que eu não quisesse deitar ao seu lado, não via como escapar. Apesar de impossibilitada de andar sozinha e menos ainda de correr atrás de mim, nas mãos de Luciana não pensei em momento algum, apesar da recusa inicial, não obedecer. Eu sabia quais eram as suas verdadeiras intenções. Aquela primeira semana ali na ilha me ensinou mais do que os últimos dois anos, o que me permitiu chegar a tais conclusões.
A principal razão pela qual não queria me deitar com ela era ser surpreendido por Marcela e Ana Paula Por isso, antes de agachar e me aninhar ao seu lado, olhei para fora, para ver se as duas não retornavam.
O sol estava se pondo, deixando aquele tom avermelhado tão comum nos finais de dias. Isso me levou a concluir que elas não tardariam, pois, por mais corajosas que fossem, não teriam coragem de andar pela mata à noite. "Elas vã ficar com medo. Daqui a pouco vão aparecer. É melhor eu fazer o que tiver de ser feito logo. Assim ela me deixa em paz", pensei.
-- Isso! Assim que eu gosto do meu maridinho -- disse Luciana me abraçando. -- Agora vem cá! Beija e acaricia sua esposinha. Faça seu papel de homem! -- Nisso ela levou-me a mão até o falo encolhido e o acariciou.
"Sabia!", exclamei com meus botões. "Se é isso que ela quer, então vou fazer logo e ponto final"
Um tanto irritado, rolei para cima dela e disse-lhe:
-- Já que você quer que eu seja o seu marido, então, sua puta, vou fazer a minha parte. -- levei a boca até os seios dela e os chupei. Isso acabou dando início a minha excitação. -- Agora toma, sua cadela! – acrescentei, afundando os quadris no meio de suas pernas embora não a tenha penetrado.
Essas palavras a inflamou.
-- Então você acha que sou uma puta? É isso?
-- É. Você é uma puta!
-- Então me ame como puta.
Eu não fazia menor ideia de como se tratava uma puta. No entanto, o fato de considerá-la uma, o que me levava associar o nome às prostitutas, deduzi que não eram objeto de afabilidades. Os homens que se deitavam com elas deveriam humilhá-las, tratá-las com grosserias e até bater-lhes. De forma que me senti no direito de fazer o mesmo. Aliás, naquele pedido vi uma oportunidade de machucá-la sem que ela encarasse isso com uma agressão e um ato de vingança, pois no fundo era isso que meu subconsciente deseja fazer.
A imagem que antecedeu o ato e a qual se formou em minha mente tão clara como se fosse real acabou despertando em mim uma intensa sensação de prazer, sensação essa que acabou por me excitar de vez. Aliás, não era a primeira vez a experimentar essa sensação. Com minha prima ocorrera o mesmo.
Ajeitei o falo na vulva dela com a mão e enquanto dizia “Então toma, sua puta!”, penetrei-a com violência. Lucina apenas soltou um “ai” um pouco longo e cerrou os olhos. Os quadris tornaram a subir a afundar com toda a força. Ela novamente suspirou outro “ai” porém acrescentando um “que delícia”, o que me desapontou, pois tencionava causar-lhe dor e não prazer.
Por isso tive de mudar de estratégia. Levei os lábios a um dos seios dela e mordi-lhe o mamilo. Pensei em deixar minha marca, mas alguma coisa dentro de mim impediu-me de exercer a pressão nos maxilares para fazê-lo. Assim, a mordida foi forte, o bastante para lhe provocar dor, o que a levou a reclamar:
-- Ai, seu grosso! Isso dói!
-- Fica quieta, puta! – foi o que respondi. -- Se você quer ser uma puta, então num reclame.
Ela não disse nada. Eu porém pensei: “Bem feito! E vou fazer mais. Vou te bater”
Em seguida uma bofetada atingiu-a na face. Não foi uma bofetada forte (ainda não tinha coragem de bater nela para machucar), mas o bastante para me dar um prazer intenso. E nem me importei quando ela reclamou:
-- Seu viado!
-- Sua puta! – falei, dando-lhe mais uma bofetada, agora na outra bochecha.
Ela tentou me retribuir a bofetada, mas segurei-lhe o braço antes. E olhando-a bem fundo nos olhos, continuei a martelá-la entre as pernas. Súbito fui envolvido pelo véu do prazer e os gemidos acompanharam o gozo.
-- Isso! Goza! Faz o nosso filho! -- exclamou ela com prazer. Só então me dei conta de que o objetivo dela não era o seu gozo, mas o meu sêmen. Ela queria um filho e estava disposta a qualquer sacrifício para engravidar-se, até mesmo ser por mim chamada e tratada como uma puta.
Imediatamente sai de cima dela, como se isso pudesse evitar que ela ficasse grávida. Mas não foi só por isso a minha pressa em me desvincilhar dela. Não queria ser surpreendido pela Marcela e minha prima naquela posição. Caso isso acontecesse, Marcela estaria perdida para sempre.
-- Vem cá! Eu ainda não gozei.
-- Problema seu! -- retruquei, saindo da cabana e caminhando em direção à água, a fim de me lavar. E enquanto caminhava sem pressa, uma sensação de ódio e arrependimento se misturavam; ódio por ter sido ludibriado e arrependimento por ter chegado ao gozo, permitindo assim que ela pudesse se engravidar. Aliás, isso me levou a esquecer Marcela e Ana Paula por algum tempo. Só pensava no que faria se de fato Luciana ficasse grávida. Que explicação daria para meus pais e para os pais dela. Achava que teria de me casar com ela e passar o resto da vida aturando-a, embora soubesse que existem pessoas que se casam e depois se divorciam. Mas naquela época o divórcio não era tão comum e as pessoas que se separavam não eram vistas com bons olhos. Ainda havia um certo preconceito quanto a ser divorciado.
Pouco depois, vi as duas retornarem. Caminhavam pela faixa de areia conversando alegremente. Pelo jeito falavam de algo engraçado. Elas não me viram na água. Isso inclusive me permitiu observá-las. E enquanto as observava, pensei: “Ela é linda! Ah, como eu queria que ela tivesse no lugar daquela vagabunda! Eu ia tratar ela com tanto amor e carinho. Nela sim, eu ia ficar feliz de fazer um filho. Como queria abraçar ela e beijar ela também. É tão difícil ficar perto dela e não ficar olhando pra ela, pra Luciana não brigar. Mas ela num vai conseguir separar a gente. Num vô deixar que ela continua a me dominar assim. Vou arrumar um meio de acabar com isso. Vou mesmo! Num vou transar mais com ela. Num quero que ela fique grávida também. Odeio ela! Isso sim! Se ela continuar a me obrigar a fazer essas coisas, ainda mato ela. Ela que não me subestime!”. Súbito, ocorreu-me que elas encontrariam Luciana deitada nua e iam ver ela melecada no meio das pernas. Iriam perguntá-la o que era aquilo. Talvez para se vingar ela dissesse que eu a estuprara. “Ela bem capaz disso! E mesmo que ela não diga, minha prima vai saber o que aconteceu. Ela vai se lembrar do que fiz com ela. Vai reconhecer o cheiro. Vai saber que aquilo veio de mim. Quando fiz com ela, aquilo ficou nela também. Ela já viu a gente se beijando. Sabe que a gente anda fazendo coisas escondidos. Ai vai ter certeza. Merda! E agora? O que faço?”.
Então ocorreu-me de gritar por elas e chamá-las para virem ao meu encontro. Assim eu teria tempo de pensar no que fazer. E foi o que fiz.
-- Marcela!... Ana Paula!... Ei, vocês duas! Venham até aqui!
Pararam e me procuraram. Quando me encontraram, acenaram. Cheguei a pensar que não viriam. Contudo, viram em minha direção e principiaram a correr.