domingo, 26 de fevereiro de 2012

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 24

-- Hoje também vai fazer um calor daqueles – comentei pouco depois, quando nos aproximávamos do pequeno vão de água doce. De fato estava muito quente e não haviam nuvens no céu.
-- É verdade! Tá muito calor – concordou Marcela, caminhando ao meu lado.
-- Sabe o que vou fazer mais tarde?
-- Não. O quê?
-- Pescar. Vou tentar pegar uns peixes – contei. – Já estou ficando enjoado de tanto comer frutas. Estou até emagrecendo. – Puxei a borda da sunga para mostrar-lhe o quanto estava folgada. Aliás, isso se devia mais a uma perda de elasticidade daquela peça do que a perda de peso. Claro que, depois de quatro dias naquela ilha alimentando-se de frutas e comendo pouco, uma pequena perda de peso era inevitável, mas nada parecido com o que eu fazia acreditar.
-- E como você vai fazer? – quis ela saber.
-- Vou pegar uma vara comprida, fazer uma ponta nela e mirar bem no peixe. Aí eu atiro ela. Se acertar, a vara vai fincar nele e o peixe vai ficar preso – expliquei, fazendo gestos com a mão para que ele fizesse uma ideia melhor.
-- Será que vai dar certo? – tornou ela.
-- Não sei. Acho que sim – respondi com insegurança. “Tem que dar certo. Não podemos ficar comendo fruta a vida toda. Não sei quanto tempo ainda vamos ficar aqui. E se não der certo, vou ter que encontrar outro jeito”, pensei.
À frente, avistei as bananeiras. Eram vários pés – cerca de vinte --, onde cachos verdes e amarelos descaiam, produzindo uma visão bela, capaz de aguçar ainda mais o nosso apetite. A maioria dos cachos jazia verde. Alguns inclusive novos e pequenos, outros entretanto começavam a madurar. Agora, maduros, aptos para serem comidos, eram somente dois. Um deles aliás comido por pássaros. Podia-se ver uma ou outra banana – as mais amarelas – com um buraco.
-- A gente podia era apanhar logo essas bananas que estão maduras – sugeri –, antes que os passarinhos comam o resto.
-- Você acha?
-- Com certeza. Ainda mais que não tem muitas assim tão maduras. Se a gente deixar elas aí, vamos acabar ficando sem o que comer – expliquei, aproximando de uma das bananeiras.
-- Depois a gente podia era apanhar aquelas ali. – Apontou para um cacho em que as bananas começavam a madurar, a adquirir um tom verde-amarelo. – Assim elas maduravam mais rápido.
-- É mesmo. Não havia pensando nisso.
-- Qualquer coisa a gente volta mais tarde e apanha elas, porque agora não vai dar para levar tudo – disse Marcela, olhando para cima, para o cacho que deveríamos cortar.
-- Vamos fazer isso, sim – concordei. – Mas agora, venha me ajudar a colher estas. Você sobe ou eu? – perguntei.
Para alcançar o cacho de bananas um de nós teria de suspender o outro. Na maioria das vezes, eu apoiava e uma das meninas subia, pois eram mais leves e, se eu subisse, não conseguiam me sustentar por muito tempo, uma vez que as mulheres têm uma força física menor que os homens.
-- Eu subo – respondeu.
-- Toma. Leva ela para você cortar, caso precise. – Entreguei-lhe a lasca de pedra, a qual era usada como faca.
Prendi uma mão na outra, firmei-as bastante. Marcela segurou em meu ombro e deu um impulso.
Enquanto ela se espichava ao máximo para alcançar o cacho de bananas, meus olhos percorreram seu corpo feito um scanner. Seus quadris estavam colados em meu rosto. E foi justamente nesse ponto – mais precisamente no meio das pernas dela – que olhei com mais atenção, como se o que houvesse ali fosse a síntese de todo o fascínio que exercia sobre mim. E afetado, por sentir aquela parte do corpo dela tão próxima, não pude deixar de pensar: “Se minhas mãos não estivessem ocupadas agora, ia acariciar as pernas e a bunda dela. Dá até pra ver direitinho a coisa dela. Parece que é gordinha. Ah, meu deus! Eu quero ela pra mim. Quero pegar nela, ver como ela é. Quero enfiar meu pinto nela. Pinto!? Ele já até cresceu. Ih! Merda! Quando ela descer, ela vai ver. Sentir ele grande. O que faço agora? Será que vai me perguntar porque ele está assim? Não, não vai ter coragem. Mas e se tiver? E o que eu vou responder?”
-- E o que eu faço com essas bananas? – perguntou ela, tirando-me de meus devaneios.
-- O quê!? – Olhei para cima. Ela me fitava com ar de mistério, como se tivesse pensando em algo. – Joga no chão. Depois a gente cata.
Foi o que fez até apanhar todas as bananas que estavam maduras.
-- Pronto. Pode me descer agora.
-- Ora. É só dar um pulo – falei. Foi o que me ocorreu para que ela não deslizasse pelo meu corpo e me visse naquele estado, embora desejasse ardentemente que sentir seu corpo deslizando pelo meu.
-- Não. Posso me machucar – retorquiu ela. – Vou me segurar nos seus ombros e descendo devagar.
Marcela firmou e deixou seu corpo escorregar, roçando no meu. Enquanto seu corpo deslizava, fui arrastado pelo turbilhão de sensações. Sensações essas que me levaram a pensar: “Será que ela está fazendo isso de propósito? Para me provocar? É bem capaz. E esses peitos passando na minha cara? Isso me enlouquece. Será que ela não vê? Que vontade de agarrar eles. Desse jeito eu não vou aguentar. Sei que não posso, que é pecado, mas não tô aguentando...”. Em seguida, assim que ela desceu, nossos olhos se cruzaram. Ela esboçou um sorriso com certo ar de malícia, e então eu lhe retribuí o sorriso. Nisso, pensei: “Será que ela me dá um beijo? A gente está sozinho aqui. Não tem porque ela ter vergonha. Acho que ela não vai negar. E ela está tão bonita. Mais linda a cada vez que olho para ela. Vou tentar”. Mas antes que abrisse a boca, ela se abaixou e começou a cantar as bananas no chão.
Abaixei também e ajudei-lhe a recolher as frutas. Enquanto fazia isso, discretamente, levantei os olhos e mirei-os em seus seios. Devido à força da gravidade e a posição do corpo dela – eles estavam dependurados --, pareciam maiores, mais belos e chamativos. “Que lindo! Deliciosos. Dá vontade de apertar, de meter a boca neles”, disse pra mim mesmo.
Só não os fitei mais porque em dado momento ela levantou a cabeça e me surpreendeu. Tornei-me rubro de vergonha e desviei o olhar no mesmo instante. E quando tornei a olhar para ela, Marcela fazia o mesmo que eu fizera antes: olhava-me na região dos quadris,com olhares perscrutantes. Aliás, isso me levou a acreditar que ela não fosse tão inocente quanto eu pensara.
“Que vergonha! Agora ela sabe por que estou assim. Pior que não tem jeito de esconder. Ela vai saber que é por causa dos peitos dela. O que faço? Será o que ela está pensando?”, inquiri-me naquele momento.
Havíamos acabado de catar as bananas. Não eram muitas, mas estávamos com as mãos cheias.
-- Vamos! – disse ela, chamando-me para retornar.
Começamos a pegar o caminho de volta. Logo atingimos a faixa de areia.
-- Você está linda, sabia? – falei.
-- Que nada! Estou toda descabelada – disse ela olhando-me nos olhos. Caminhávamos lado a lado, quase colados um no noutro, como se ambos fizesse um tipo de esforço para ficar o mais próximo possível do outro.
-- É verdade, gata! – repliquei. – Posso te pedir uma coisa?
Paramos.
-- O quê? – Pude ver um ar de timidez e curiosidade na sua maneira de inquirir.
-- Posso te dar um beijo? – perguntei. A frase por pouco ficou entalada na garganta. Meu coração palpitava, minhas mãos quase tremiam e uma sensação estranha, inexplicável se apoderava de mim. Meus instintos, sejam eles quais forem, pareciam travar uma luta sem trégua e me levar ao desespero.
Marcela titubeou por alguns instantes. Tive a sensação de que ela fazia ponderações antes de tomar a decisão e me comunicar, talvez com medo de dar um passo mais largo que as pernas. Depois de um minuto -- tempo esse que pareceu uma eternidade -- ela respondeu com afetação, como se estivesse insegura:
-- Pode.
Dei três passos e depositei o punhado de bananas e a “faca” sobre a grama.
-- Vem cá. Põe elas aqui também – falei.
Marcela me obedeceu.
Tomei-a nos braços.
Ainda era um garoto e não tinha jeito com as mulheres, não sabia como abraçá-la feito um homem experiente que ao tomar a mulher nos braços deixa-a a sua mercê; no entanto, isso não fez muita diferença. Ela também não sabia, não tinha experiência. Assim, como saberíamos se estávamos fazendo a coisa certa?
O importante não era a forma, mas sim as sensações que aquilo provocava em nós dois. Afinal de contas tudo era novidade, embora não fosse a primeira vez. Agora a coisa era diferente: não havia mais a sensação de medo e insegurança tão comum na primeira vez e a qual não nos deixa aproveitar toda a beleza e a magia do momento. Agora, aquelas sensações seriam experimentadas de forma mais intensa, com um deleite maior, onde cada um dos “eus” em cada um de nós experimentaria o sabor do prazer.
Mas eu queria mais; e também ela parecia querer mais, ir além do que fomos da última vez. A questão era que eu sentia um quê de receio, um temor de dar um passo em falso, cair e pôr tudo a perder. Sabia que Marcela não era Luciana. A Luciana me provocava por brincadeira, curiosidade, perversidade e para mostrar seu poder, mas Marcela não, ela não era esse tipo de pessoa. Não era extrovertida assim. Era tímida, embora quando estava as sós comigo parecesse mais solta, e sentimentalista. Qualquer forma de envolvimento entre nós dois ia além do jogo erótico e da busca por prazer sexual. Na verdade, ela tinha todos os traços dessas adolescentes sonhadores que acham que o amor é puro e está acima de tudo, quando na verdade o amor não passa de uma combinação de sensações prazerosas provocadas pelos nossos instintos, onde os instintos sexuais são os que mais contribuem com essas sensações.
Enquanto nos beijávamos senti uma necessidade incontrolável de tocar-lhe nos seios. Ela tinha se negado da última vez, mas quem sabe dessa ela deixava? “Quero apertar eles, quero ver como eles são”, pensei. Assim, lentamente minha mão foi escorregando de seus quadris e subindo lento, lento até tocar o pedaço de pano que os envolvia. Titubeei por alguns segundos, mas continuei.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

SOB O JULGO DOS INSTINTOS


Há muitas maneiras de encarar a vida. Cada pensador, cada corrente filosófica procura explicá-la de uma maneira. Ao longo dos tempos porém o corpo passou de exaltação à vida na antiguidade grega para o mais terrível dos pecados na idade média. Com a modernidade o corpo voltou a ser valorizado, principalmente depois de Nietzsche e Freud e da crítica à divisão do mundo entre sensível e inteligível. Até mesmo o conceito de “eu” e “livre arbítrio” está sob o julgo da dúvida. Tudo isso está levando não só à valorização do corpo como a dos instintos, os quais são considerados a chave para explicar não só nossas ações como também tudo aquilo a que chamamos de vida. Os versos abaixo exaltam exaltam exatamente o que há de mais humano no ser humano: os instintos.


Ao mergulhar no oceano das sensações
Os instintos dizem sim ao prazer
E a nudez provocando-me mil visões
Desnuda até o que não dá para ver.

A volúpia induz-me a tal peça arrancar
Feito um animal selvagem que estraçalha
Sua presa. E então me ponho a salivar
Tal qual o líder de uma matilha.

Salto sobre o corpo, onde as secreções
Fazem-me a fome e a sede desaparecer
E ao me atirar às mais profundas emoções
Exalto a vida com todo o seu poder.

Os corpos travam uma luta sem parar
Em busca de mais prazer. E essa batalha
Cujo orgasmo é o objetivo a alcançar
Diz que o prazer é a única coisa que valha

domingo, 12 de fevereiro de 2012

EU CANTO O AMOR






















Eu canto o amor
Porque o amor é vida 
E vida sem amor
É uma vida sem vida.

Eu canto a paixão
Porque a paixão é realidade
E realidade sem paixão
É uma falsa realidade. 

Eu canto o prazer
Porque o prazer é vida
E vida sem prazer
É uma vida perdida.

Eu canto tudo que é intenso
Porque o intenso é humano
E o ser que não é intenso
É puro desengano.