quarta-feira, 25 de maio de 2011

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 7 - parte 1

O que acrescentar ao capítulo anterior? O que dizer que Ana Carla ainda não tenha dito com a mais pura sinceridade? Essa é a pergunta que eu me faço ao iniciar mais este capítulo, capítulo onde tentarei ser tão sincero e verdadeiro quanto ela foi em suas confissões. Embora a vida, a moral e essa experiência que a gente vai acumulando ao longo da vida e a qual carregamos até o último suspiro acabe nos impedindo de sermos nós mesmos. Por isso nunca somos verdadeiros por inteiro, pois onde há moral há falsidade. E aquele que diz ser, só por isso já está mentindo. Mas não vá o leitor achar que falto com a verdade aqui ou acolá. Se por acaso o fiz em um momento ou outro, nem mesmo fui capaz de tomar ciência, pois o meu objetivo desde que me propus a contar nossa história foi sempre procurar a verdade, despir-me de toda a moral e encarar o julgamento dos moralistas e daqueles que por qualquer motivo venham a erguer a mão para lançar-me a pedra, a qual seria mais bem aproveitada se lhes caísse na própria cabeça.
Quero com isso apenas alertá-lo das dificuldades com as quais terei de lutar para não cair na tentação de num instante ou noutro ser omisso ou mesmo evasivo, evitando assim um julgamento mais duro, pois nada nos causam tamanha ojeriza e nos levam ao mais completo desespero do que o julgamento alheio. Muitos homens desperdiçam suas vidas temendo o julgamento dos outros. Ainda estou para encontrar aquele que não tenha deixado de cometer uma dezena de atos por temer o julgamento da família, dos amigos e da sociedade em geral. Você, amigo leitor, talvez discorde da minha pessoa, achando que eu possa estar querendo se passar por um filósofo apenas com o intuito de me justificar e com isso atrasar a narração do mais imprescindível fato, cujas consequências inimagináveis entrelaçaram vidas, como pontos onde a aranha fixa sua teia, que jamais estariam ligadas e levariam a um fim tão dramático. Não quero me adiantar aos fatos, pois o leitor terá nas páginas seguintes a oportunidade de conhecê-los, mas não posso deixar de omitir o que era para ter sido apenas uns momentos de prazer, o capricho de um rapaz cuja vontade incontrolável de satisfazer seus desejos o levava muitas vezes a agir assim, pudesse tomar proporções gigantescas.
De quando em quando eu me pergunto onde perdi as rédeas da situação, onde me deixei levar pela emoção e pus tudo a perder. No entanto, sei tratar-se de uma pergunta inútil. Posso encontrar um detalhe aqui, outro ali, porém nunca provas capazes de me levar à certeza de ter sido esse e não outro o instante em que deixei a razão de lado. Talvez o leitor por motivos óbvios vá apontar exatamente os acontecimentos daquele domingo como a causa de tudo. Embora possa parecer evidente, não acredito que só isso tenha me levado a agir como agi. Passara por situações parecida, como aquela a qual o leitor já conhece, onde, ao possuir Ana Paula, aquela ninfa de dezoito anos que mais parecia uma cópia quase perfeita de Cindy Crawford, desejei que nosso relacionamento se tornasse algo mais profundo, mais duradouro. E nem por isso houve consequências profundas; tudo terminou da mesma forma como começou, embora muitas vezes me foi difícil conter o ímpeto de procurá-la, principalmente ao relembrar-me dos contornos perfeitos de seu corpo enquanto a imagem do mesmo me incendiava até o último foi de cabelo. Mas ainda sim não me deixei cair em tentação. Se o fizesse teria de reconhecer minhas fraquezas e provavelmente ficado em suas mão, casando-me com ela. Hoje estaria levando uma vidinha medíocre como a maioria dos homens que se deixam dominar por uma fêmea. Que o prazer experimentado ao possuir Ana Carla foi algo inexplicável, algo que de longe não experimentara com nenhuma outra, não tenho a menor dúvida. Mas ainda sim isso só pode ter acontecido devido a fatores anteriores, os quais ainda hoje permanecem desconhecidos. Julgar esse ato por si só é o mesmo que dizer que a causa duma pneumonia foi um copo de água gelada tomado no dia anterior. Assim, especular acerca disso ou daquilo é uma tremenda perda de tempo. De mais a mais, o que está feito está feito e não pode mais ser desfeito, por isso a vida é um constante arriscar. E nesse arriscar ora acertamos ora não. É isso que faz da vida um leque de possibilidades cujas combinações nunca sabemos no que resultará.
E por falar em possibilidades, eis-me diante de uma: a possibilidade de ser original, de usar de meios para convencer o leitor de que minhas palavras merecem a mesma atenção dedicada à leitura das páginas do diário de Ana Carla. Bem, eu poderia repetir a mesma coisa, na mesma sequência e ordem, apenas falando com as minhas palavras aquilo que já se sabe, mas ai o leitor talvez se pergunte: “Não ficará repetitivo demais?” E provavelmente terá razão, embora um fato contado por duas pessoas distintas nunca é o mesmo. Apesar de termos participado de cada instante desse momento tão especial, o amigo há de convir que minha impressão dos fatos e a de Ana Carla são totalmente distintas. Nossas impressões são resultado de nossas experiências, daquilo que temos para fazer comparações. E mesmo que fôssemos gêmeos, vivido as mesmas situações, ainda sim cada uma delas agiria sobre nós de maneira diferente. Comigo e Ana Carla não poderia ser de outra forma. Por mais que ela tenha procurado deixar o máximo possível de impressões, é de se esperar que a falta de conhecimento, experiência e até mesmo de um vocabulário mais rico a impediu de dizer muita coisa. É preciso reconhecer porém que nem eu ou qualquer outro possamos saber o que realmente ela não conseguiu dizer e nem quais emoções e sentimentos não foi capaz de traduzir em palavras. Talvez o leitor não saiba, mas o devaneio do amor não pode ser descrito, mesmo por homens letrados.
Quanto a mim, apesar de que o talento talvez me seja o maior obstáculo, pois na mais das vezes este supera qualquer limitação, vou procurar voltar ao passado, como num teletransporte, e relembrar cada instante, cada sensação experimentada naquele domingo e tentar pôr no papel exatamente o que senti. Aliás, digo relembrar apenas para mostrar ao leitor o quanto estou disposto não deixar para trás um único detalhe, por mais insignificante que possa parecer, pois a verdade é que jamais esqueci um segundo se quer do ocorrido naquela tarde ensolarada, abafada, com a temperatura beirando aos 38 graus.
Antes porém gostaria de voltar à noite de sábado, depois que a deixei na esquina de casa. Ao deixá-la não pensava em outra coisa a não ser em possuí-la. Sim, amigo leitor! Eu não me importava com seus sentimentos como não importei com os de nenhuma outra. Dir-se-ia estar para fazer-lhe algo incapaz de causar-lhe danos de qualquer espécie, embora, soubesse o mal que estava para lhe causar. Por sinal, concluía sempre que elas superavam o desapontamento do abandono, mesmo depois de tantos sonhos e fantasias. O ser humano supera qualquer dor, principalmente a dor da paixão. As pessoas são o tempo todo usadas uns pelos outros. Essa é a mais cruel realidade. E o que eu fazia com elas não me parecia algo tão terrível assim. Muitas vezes dizia a mim mesmo que estava lhes mostrando o mundo que os pais fizeram-lhes o possível para esconder. Até porque, mais cedo ou mais tarde elas acabariam encontrando um idiota que as fariam se esquecer de tudo ou apenas ficar com uma vaga lembrança de um momento ruim, assim como nos lembramos com indiferença de um fato triste ocorrido num passado distante.
E com uma certeza inabalável, como se dispusesse de meios para evitar que qualquer contratempo levasse-me a uma grande frustração, eu traçara todas as estratégias, procurando enumerar cada passo. A certeza era tanta que, deitado em minha cama no escuro, olhando para o nada, caia em devaneios, visualizando mentalmente cada cena, utilizando para isso lembranças de quando fizera o mesmo com Ana Paula e Clarinha, trocando apenas a imagem delas pela de Ana Carla. E então, imaginava-a naquela mesma cama, suas pernas se abrindo para me receber, como num ritual de sacrifício, como se sua única função daqueles corpos fossem me apaziguar os instintos, satisfazer-me como ao mais egoísta dos homens.
Durante tais devaneios, uma imagem formava-se diante de meus olhos e eu a via com tanta clareza como se concreta fosse: a mancha de sangue. Era como se esta jazesse ali ao redor da glande, que apesar do gozo, mantinha-se inalterável, como se o cérebro se esquecesse de enviar-lhe sinais para relaxar. E então eu não continha o êxtase ao me ver borrado com sangue dela, com a prova de sua virgindade perdida. Sabia que nem sempre acontece o sangramento, contudo, em minhas fantasias isso fazia parte do ritual, principalmente por ter-me dito no dia anterior que estava menstruada. Já na madrugada, para conter a minha excitação e tentar dormir um pouco, corri até o banheiro e, dando vasão àquelas fantasias, friccionei o pênis até que a tenção deu lugar ao relaxamento muscular. Só então, sentindo-me leve, consegui adormecer.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ATOS DISTINTOS


Os versos abaixo ocorreram-me ao acaso, quando eu pensava em como as pessoas muitas vezes estão ficando frias e indiferentes ao seu semelhante, talvez porque a sociedade condena aquele que se deixa levar pelas emoções, taxando-o muitas vezes de fraco e sentimental, quando na verdade expor suas emoções é um ato de coragem.

Quando a solidão
Invadir-te o peito
E a saudade no coração
Não tiver mais jeito,
Deixe a emoção
Seguir o seu leito.


Quando as emoções
Não se extravasam
Os desejos e as ações
São como planta rasa:
Não resistem aos verões
E qualquer vento as arrasa.


Os teus instintos
Quando quiserem morder
Teus sonhos infinitos
Deixe-os florescer
Pois são com atos distintos
Que se aprende crescer.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 18

Fui interrompido uns dois minutos depois pela voz de Luciana. Ela me chamava.
Estava quase no fim, próximo do momento em que uns segundos de colapso é seguido por uma sensação inefável de alívio. E sua voz veio me interromper justamente no momento precedente a esse colapso. E ao ser arrancado do estado de absorção em que me encontrava, assustei-me. De forma que a primeira reação foi erguer a sunga e me recompor.
Ah, mas era tarde demais. Ela estava próxima o bastante para deduzir o que se passava.
-- O que você está fazendo? – perguntou ela, já do meu lado.
Sem saber o que dizer, simplesmente respondi:
-- Nada.
Ela se virou e parou bem na minha frente, com um certo olhar malicioso.
-- Nada? Pensa que eu não vi. Sei muito bem o que você estava fazendo.
Suas palavras soaram como a prova irrefutável de um crime. Eu poderia negar, mas de nada adiantaria. A vergonha estava estampada no meu rosto. Eu não sabia para onde olhar nem o que falar para sair daquele embaraço. No entanto, neguei novamente:
-- Não estava fazendo nada. Só um pipi.
-- Pipi? Com isso desse jeito? – perguntou ela, apontando-o. – Então como que não tem marca de xixi no chão?
Ah, como a odiei naquele instante! Como ela podia fazer isso comigo? Onde queria chegar, pressionando-me desse jeito? Será que não percebia o quanto estava me deixando constrangido? Até parece que ela fazia isso de propósito, como se quisesse exercer algum tipo de poder sobre mim.
-- Eu não sou boba. Vi você mexendo o braço assim – repetiu ela os movimentos que eu fizera pouco antes.
-- E o que você tem com isso? – perguntei com ar de grosseria, dando a entender que sua presença e suas perguntas me irritavam.
-- Nada. Só fiquei curiosa – respondeu ela mudando o tom de voz. – Queria ver você fazendo.
-- Fazendo o quê?
Dei uma de desentendido. Como se não soubesse do que estava falando.
-- Isso que você estava fazendo – insistiu.
Nisso, a vergonha começou a abrandar-se.
-- Mas eu não estava fazendo nada demais. Já falei – repeti.
-- Como não? Eu vi – afirmou ela de forma convicta. – E não precisa mentir para mim. Não sou nenhuma menininha inocente não. Posso não saber muita coisa, mas sei o que os meninos fazem. Além do mais a gente já tem intimidades suficiente para não ter vergonha um do outro.
Eu continuava ali, parado diante dela, sem forças para encará-la nos olhos; embora a vergonha tivesse diminuído. Aliás, o que desejava mesmo era que ela me deixasse só. Mas ela parecia não querer arredar o pé. Era como se ao me pegar em flagrante tencionasse usar isso para tirar proveitos.
-- Se sabe, por que está perguntando então?
Ela permanecia parada diante de mim, como se esperasse alguma coisa, embora não percebesse isso. Eu mesmo não fazia a menor ideia de suas intenções. Era evidente que ela queria alguma coisa. Não fora atrás de mim por acaso. Mas o que uma garota de 14 anos poderia querer com essas palavras? Não, fazia a menor ideia. Aliás, nem lhe perguntei isso naquele momento, mas bem que poderia ter feito. Talvez assim estivesse preparado para o que se passou em seguida.
Por alguns momentos o silêncio reinou absoluto. Foi então que criei coragem para levantar a cabeça e mirar os seus olhos ávidos por alguma coisa.
-- O que foi? – arrisquei a perguntar, interrompendo o silêncio e ao mesmo tempo procurando saber o motivo pelo qual me fitava insistentemente.
-- Me ensina a fazer aquilo que você estava fazendo? – Sua voz saiu um tanto trêmula, demonstrando insegurança.
Minha face corou novamente. Era como se aquelas palavras fossem uma senha para abrir uma comporta e derramar algum veneno no meu sangue, tornando-o revolto. O coração de imediato acelerou.
-- Fazer? – foi o que consegui dizer.
-- Só quero saber como é.
Ela parecia não se sentir constrangida diante de uma situação tão delicada. Aliás, isso já não era a primeira vez. E essa facilidade com que encarava situações desse tipo me assustava e me diminuía ao mesmo tempo. Era como se ela assumisse um papel que na realidade caberia a mim.
Ainda sob o efeito da surpresa, acabei concordando; embora não estivesse mais excitado, nem com vontade de voltar a fazer o que o ela me interrompera.
Luciana aproximou-se ainda mais. Enquanto isso, abaixei a sunga.
-- Porque ele está pequeno? – quis saber ela, ao tocá-lo com os dedos.
-- Não sei.
-- Claro que sabe. Como é que faz? Vai me mostra! – De repente ela começou a movimentar a mão para frente e para trás. – É assim?
-- É – respondi.
De imediato o contato de sua mão não surtiu efeito. Até porque ela ficava me interrogando o tempo inteiro, querendo saber tudo. Era como se não fosse ter outra oportunidade para obter as informações que aguçavam sua curiosidade. Aliás, fazia perguntas infantis, tal qual uma criança. E o excesso de perguntas acabou por me impedir de me concentrar. Foi então que houve a necessidade de lhe dizer:
-- Se você quer mesmo saber o que acontece então para de me fazer tantas perguntas. Desse jeito eu não consigo me concentrar.
-- Tá bom – respondeu ela, meneando a cabeça para cima e para baixo. Ela estava ajoelhada no chão apoiando-se sobre os calcanhares. A mão esquerda segurava-se em minha perna. – Tô fazendo certo?
-- Ta.
Ela não fez mais perguntas por algum tempo. Assim eu pude me concentrar com certa facilidade, pois foi só olhar para os seios dela e imaginar meus lábios neles. Em pouco tempo a extensão de meu corpo voltou a ganhar volume no meio dos dedos dela.
Não sei o que ela sentiu naquele momento, uma vez que estava ocupado com meus pensamentos. Entretanto, acredito que deva ter lhe causado uma grande impressão. Já que estava experimentando algumas sensações pela primeira vez.
Não há momento mais difícil para um homem manter o controle da situação quanto nessa hora. É justamente nesses instantes em que na mais das vezes se perde a fortuna e se joga pela janela toda uma vida. Agora imagine a dificuldade para um garoto ainda inexperiente e incapaz de ponderações. Talvez tenha sido por causa disso que quase sem me dar conta de meus atos, tenha deixado cair a mão até um dos seios dela e o acariciado.
Luciana ergueu a cabeça e me fitou com um discreto sorriso. No mesmo instante interpretei aquele sorriso como um convite para algo mais. Assim, peguei em seu braço e puxei para que ela se levantasse. Sem dizer uma única palavra, ela obedeceu.
Tudo aconteceu muito rápido. Eu nem sei explicar o que me levou a fazer o que fiz. Aliás, nem sei mesmo dizer se fui eu quem tomou a iniciativa ou se foi ela. O que posso afirmar é que em nenhum momento a ouvi dizer para parar ou que estava indo longe demais.
Se não fui mais longe, foi devido a inexperiência. Eu sabia beijá-la, sabia tocá-la e acariciá-la, mas não sabia como penetrá-la. Sim. Eu não sabia onde colocar aquela coisa rígida com que Luciana estava brincando pouco antes. Não. Não riam de mim. Eu era só um menino de 13 anos. Eu sabia que as pessoas transavam, e que daí a mulher engravidava. Mas eu nunca tinha visto aquela coisa feia que fica no meio das pernas das meninas. Minto. Já olhara em algumas revistas, mas nunca ao vivo. Sem contar que jamais topei com alguma dessas revistas na minha casa. Se havia eu nunca as vi. Na escola não aprendera quase nada. O máximo que a professora falara, foi acerca de doenças sexualmente transmissíveis. Nada mais. Nem mesmo a camisinha cheguei a conhecer. Então como é que eu poderia saber como é que se transava? Não, eu não sabia.
Talvez o leitor esteja se interrogando: mas então o que ele fez? Não fiz nada assim de tão grave. Só que para um garoto da minha idade, com a educação que recebera de meus pais, aquilo já era motivos para condenar minha alma a perecer no inferno.
A verdade é que fui tomado por um descontrole desmedido. Quando Luciana se levantou e então nos beijamos, seus seios roçaram em meu peitos e meu falo roçou as coxas dela. De repente eu parei de beijá-la e meus lábios foram procurar os seus seios. Ela
Os ofereceu com um certo deleite. E assim eu passei e acariciá-los e mordiscá-los ao mesmo tempo.
Aquilo só durou pouco mais de um minuto. Pois logo a seguir ela pediu:
-- Espera um pouquinho.
Obedeci feito um escravo que obedece a filha do seu senhor para não sofrer os castigos impiedosos do capataz. Eu não queria parar, mas ela me tinha sob controle. Poderia me mandar fazer o que quisesse que eu faria sem contestar. Então ela me disse para deitar na areia.
Foi o que fiz.
Ela deitou do meu lado e nos beijamos novamente. Ela era a segunda pessoa que eu beijava em toda a minha vida. E isso em pouco mais de vinte e quatro horas. Minhas mãos desesperadas, procuraram aqueles seios em formação. Nesse momento sua mão encontrou o brinquedinho e se fechou em torno dele com certa força, como se quisesse prendê-lo. E então senti aquela mão se mover para baixo e para cima.
Eu fechei os olhos e deixei que as sensações se apoderassem inteiramente de meu corpo. Era o mínimo que eu poderia fazer já que não seria capaz de empurrá-la para o lado e mandá-la me deixar em paz.
Pouco tempo depois a ouvi pedir para tocar seus seios com os lábios e acariciá-los. Foi o que abreviou fim daquele estado de desespero em que me encontrava. De repente ela prestou mais atenção à sua mão em movimentos e assim pode ver o que tanto queria: onde terminava tudo aquilo.
-- Nossa! Que coisa mais esquisita – deixou escapar pouco depois.
Não lhe disse nada. Apenas permaneci ali, confuso e sem saber o que fazer. Ela se levantou sem dizer mais nada e com indiferença foi em direção ao mar. E em nenhum momento se preocupou em virar o rosto e ver o que eu estava a fazer. Era como eu não estivesse ali e nenhum tivéssemos feito nada de errado. Aliás, ela saltava as ondas ou mergulhava da mesma forma que fazia antes, sem apresentar a menor afetação. Por outro lado, eu me sentia horrível, como se cometera um crime terrível ou algo parecido. Eu tinha medo de me levantar, ir ao seu encontro e encará-la. Talvez ela não desse muita importância à coisa, mas eu não era assim. Talvez porque nossa educação tenha sido completamente diferente. Ela criada com toda a liberdade e eu num mundo de repreensões, onde para um garoto da minha idade o pecado estava sempre ao meu encalço. Não sei. Talvez.

sábado, 7 de maio de 2011

MAIS UMA HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

















Mãe, que de teu seio farto
Eu o fiz de pasto,
De teus braços cansados
Eu os fiz de leito,
E de teu corpo perfeito
Eu os tornei deformado
Agradeço-te de coração
Toda essa dedicação.

Agradeço-te por todas as noites
Quando te roubei o precioso sono;
Por todos os afazeres
Que te fiz interromper
Para cuidar de mim
Quando eu despertava em prantos.
Agradeço-te de coração
Toda essa dedicação.

Peço-te ainda perdão
Por toda má-criação,
Por toda a rebeldia
Quando algo eu queria
E você não podia me dar.
Ah, minha mãe querida!
Por mais que te ame por toda a vida,
Essa dívida não há como pagar!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

UMA HOMENAGEM AO DIAS DAS MÃES

Mãe,
Eu não encontro palavras para te agradecer por tudo aquilo que fizestes por mim em todos esses anos. Quando teu corpo começou a perder a sutileza dos traços, talvez deixando definitivamente para trás muito de tua formosura, ao invés de amaldiçoar aquele que te fazia disforme, passou a amá-lo na mesma proporção em que tomava forma dentro de ti e fazia-te mais pesada e tornando-te as mais simples tarefas cada vez mais dificultosa.
Quando aquele ser que tu já amavas mais do que tudo no mundo, embora ainda não o tivesse visto e nem ao menos sabia como chamá-lo, pois desconhecia-lhe o sexo, resolveu vir ao mundo e finalmente estar em teus braços, provocou-te dores terríveis, as quais provavelmente fez-te pensar que morrerias. E quando em teus braços, eis que resolve flagelar-te e deformar-te os peitos com sua fome insaciável. Mas as dores do parto e em teus seios rachados só te causaram prazer por ter em teus braços aquele ser tão frágil e indefeso.
O teu corpo deformado nunca mais voltou a ter a beleza dantes. Mas os teus seios pararam de doer e o leite secou quando aquele ser que antes parecia tão frágil quanto uma pétala de rosa foi perdendo a fragilidade e ao mesmo tempo descobrindo um mundo só para si. E apesar de teus cuidados, incansáveis diga-se de passagem, e de toda a atenção que estava disposta a oferecer, a passagem dos anos fez com que, sem que te fosse possível fazer algo para impedir, teu filho fosse pouco a pouco dispensando tua atenção em prol daquela oferecida primeiro pelos amiguinhos da escola, depois, já na adolescência, não só por estes mas também pelas garotas; um interesse que, como no meu caso, fazia-te sofrer com minha indiferença, com as respostas malcriadas, com a desobediência e até mesmo com uma rispidez como se você, mãe, fosse quase uma inimiga.
Ah, como somos ingratos com aquela que nos gerou, que nos alimentou quando não éramos capazes de fazê-lo sozinho, que se desesperou quando éramos atacado por uma doença, que nos ensinou as primeiras palavras, que nos deu caráter, dignidade e nos ensinou seus valores na esperança de que nos tornássemos pessoas dignas e honradas, embora alguns de nós preferimos desprezar tudo isso. E muitas vezes nossa ingratidão é tamanha que não fazemos outra coisa a não ser envergonhá-la e fazê-la sofrer como se tudo o que te fizemos passar desde a tua gestação fosse apenas quimera.
Sabe, mãe, é preciso crescer e ficar adulto para compreender o verdadeiro significado desse dia, um dia que é só teu. É preciso que a vida nos atire aos precipícios da existência, que durante a queda, sem ter onde se agarrar, estendamos o braço e gritamos teu nome como fazíamos todas as vezes na infância pelos motivos mais banais, para termos pelo menos uma noção de quanto lhe devemos, de quanto deveríamos fazer por ti e muitas vezes não fazemos. Talvez se todo filho procurasse em algum momento se pôr no teu lugar e fosse capaz de se esforçar um pouco mais para corresponder nem que fosse uma pequenina parte de tuas expectativas dar-te-ia mais valor. Pois uma mãe não deseja nada mais além do que o prazer de se orgulhar do filho, de saber que todo aquele trabalho e dedicação incansáveis por anos a fio não foi em vão.
Sei que talvez não tenha sido o filho dos teus sonhos, aquele que, a cada momento de tua dedicação, teus olhos, como se fossem capazes de antever o futuro, via-o coberto de honrarias. Mas independentemente disso, o pouco que eu possa ser em comparação aos teus sonhos, devo tudo a você, minha mãe. E se não fosse por ti eu simplesmente seria NADA. NADA vezes NADA.
Obrigado, mãe.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

ATAQUES AO IRAQUE E À LÍBIA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS


Numa rápida análise acerca dos ataques da Otan à Líbia é possível concluir que não se trata de um episódio parecido com o que ocorreu com a invasão do Iraque e a posterior derrubada de Saddan Hussein do poder. Talvez o leitor não saiba, mas quando o Iraque foi invadido pelos EUA as justificativas eram de que o ditador iraquiano tinha ligação com a rede Al Qaeda e possuía armas de destruição em massa, as quais poderiam ser usadas em ataques à países inimigos como os EUA por exemplo. As investigações na época não comprovavam essas suspeitas, no entanto, os EUA e a Inglaterra insistiam nelas e as usaram para invadir o Iraque. Depois viu-se que os relatórios que acusavam o Iraque na realidade eram falsos e nem a ligação de Saddan com redes terroristas e nem as tais armas de destruição em massa foram encontradas. 
Saddan, assim como Kadaf, era um ditador que oprimia seu povo e perseguia impiedosamente seus opositores; aliás, como ocorre na maioria dos regimes do Oriente Médio. Tanto no Iraque quanto na Líbia não havia liberdade de imprensa ou qualquer outro tipo de liberdade. Só que não foi por causa disso que os EUA invadiram o Iraque, como se faz hoje na Líbia. Aliás, se esse tivesse sido o argumento, então mais de uma dezena de outros países teriam de ter sido invadidos. A verdade é que o todo poderoso Estados Unidos – que aliás, já não é mais tão poderoso assim – precisava mostrar ao mundo a sua força e escolheu o Iraque por questões pessoais, as quais não valem a pena serem discutidas aqui. Até porque este não é o objetivo desse artigo. 
Os ataques à Líbia se diferem do Iraque por vários motivos. O primeiro deles é que os próprios líbios, num primeiro momento, saíram às ruas para protestar contra o governo pedindo mais liberdade e melhores condições de vida; e posteriormente, após forte repressão, pedindo a saída de Kadaf do poder. Isso jamais houve no Iraque, pois qualquer tentativa de protesto seria imediatamente sufocada com a prisão e execução dos líderes. Em segundo lugar, o Conselho de Segurança da ONU condenou veementemente a Líbia e autorizou o ataque com a finalidade de proteger os civis, diferentemente do que ocorreu com o Iraque, cujo ataque nunca foi aprovado pela maioria do CSN. Em terceiro lugar, a comunidade internacional viu a necessidade de se fazer alguma coisa a fim de impedir que o regime líbio continuasse a massacrar seu próprio povo. Embora Saddan fizesse o mesmo, tal argumento nunca foi usado para justificar a invasão daquele país, como se os EUA nunca estivessem preocupados de fato com os iraquianos. Em quarto lugar, o ataque não partiu de um ou dois países isolados, como foi com os EUA e Inglaterra ao invadir o Iraque. Embora os EUA tenham iniciado os ataques à Líbia, a OTAN, cuja composição é majoritariamente de países europeus, assumiu o controle desses ataques. 
Enfim, os ataques às forças de Kadaf na Líbia tem um caráter humanitário, embora também haja um interesse político, pois o Oriente Médio passa por grandes transformações com os ventos da democracia soprando como nunca por aquelas bandas. Enquanto na invasão do Iraque não havia nada disso. Se o mundo está melhor sem Saddan Hussein, isso ainda não dá para afirmar com toda a certeza, pois o preço de sua derrubada foi alto demais e os resultados poucos significativos. Mas que a queda de Kadaf fará bem não só para a Líbia mas trará benefícios para toda a região me parece bem mais obvio. Até porque a permanência do ditador Líbio no poder só retardaria um processo em curso naquela região. Com ou sem ajuda estrangeira, Kadaf acabará caindo de qualquer jeito. A OTAN só está tentando tornar esse processo mais rápido e menos doloroso para o povo Líbio.