segunda-feira, 31 de agosto de 2009

POR PARTES

Não sei como cada escritor planeja a sua obra e vai construindo o enredo e os personagens. Acredito que cada um tem o seu método. Para o leitor isso não faz diferença, pois o que importa é a obra concluída. Ele apenas quer ler a obra cuja história tenha um começo, um meio e um fim. Para o escritor no entanto pode ser escrita de diversas formas: pode-se escrever o fim para depois escrever o começo, pode-se escrever um capítulo aqui, outro acolá, pode-se escrever apenas alguns diálogos principais a medida que a ideia ocorre e depois encaixá-los nos devidos capítulos. Enfim cada autor pode usar dos mais variados recursos para construir sua obra, embora a maioria prefira escrevê-la de forma linear e cronológica. Aliás, na mais das vezes este também é o meu caso. Contudo, de quando em quando, procuro construir alguns diá-los em separado, quando a ideia me vem à cabeça. E embora saiba para quais personagens são aqueles diálogos, o local exato onde deva ou não ser inseridos fica para depois. E foi assim por exemplo com os trechos abaixo. O primeiro foi escrito pouco depois de definidos os personagens e o que cada um representaria no meu romance “A MENINA DO ÔNIBUS” e o segundo quando a obra estava quase no fim e o referido trecho haveria de pertencer a um capítulo escrito muito antes. 

1o. Trecho – A personagem Roberta explica para o personagem-narrador o seu ateísmo.
– O homem tem uma capacidade incrível de criar aquilo que necessita. Se precisa de algo e aquilo não existe, no mesmo instante ele dá um jeito de criá-lo. Não gostamos de passar necessidades. E o pior de tudo é que depois ainda acreditamos em nossa própria criação como algo superior a nós. Por isso criamos um Deus. Necessitávamos de acreditar em algo superior, numa divindade, em algo que explicasse não só a nossa origem como também a nossa morte, pois era (e ainda é) doloroso demais para o homem aceitar a morte como fim de tudo. E foi assim por milhares de anos. Agora a crença em nossa própria criação está tão enraizada em nossas mentes que já se incorporou ao nosso subconsciente. Por mais que alguns de nós não acreditamos em Deus, ainda sim, nosso subconsciente insiste em acreditar. E então muitos de nós ficamos na incerteza e de vez em quando nos perguntamos: E se eu estiver errado? E se Deus realmente existir? Quantos e quantos de nós que dizem não acreditar em deus tem essas dúvidas? Muitos. Alguns conseguem superar essas dúvidas, mantendo firme suas convicções, mas a maioria fraqueja e preferem aceitar a existência de Deus mais por fraqueza e comodidade do que pela crença em si. E são esses falsos crentes que me aborrecem, porque além de hipócritas são oportunistas. Ora dizem acreditar, ora dizem não acreditar, dependendo da conveniência.

2o. Trecho – O personagem-narrador explica para Maria Rita sua oposição ao casamento. 
– O problema do casamento não é o casamento em sim. Mas o instinto de posse é que faz com que nos sentimos o dono da pessoa amada. Achamos que temos todos os direitos sobre ela e sobre sua vida como um bem que adquirimos. E isso na maioria das vezes anula a individualidade do outro, tornando-o escravo de nossa obsessão. Queremos controlar todos os momentos de sua vida até mesmo seus pensamentos. E isso acaba gerando uma frustração muito grande. Nos sentimos sufocados e perdemos nossa identidade como indivíduo. É aí que o amor acaba. Essa frustração faz com que desejamos nossa liberdade de volta. E assim passamos todo o tempo a questionar nosso relacionamento. Então esse questionamento vai aos poucos esfriando aquele sentimento pela pessoa amada, até que chega um momento em que não mais a suportamos. Pois vemos nela a culpada por nossa desgraça, a responsável pela privação de nossa liberdade e por nos impedir de viver. Aí o que fazer? Para alguns, aqueles que ainda possuem um pouco de dignidade e destemor, tomam coragem e põe fim a esse relacionamento nefasto; outros, talvez por conveniência ou por acomodação, deixam as coisas correrem soltas para ver o que vai dar. Então procuram uma amante, alguém capaz de lhe dar por alguns momentos a sensação de que está livre de que pode fazer o que bem entender. Mas na realidade estes também só estão enganando a si mesmos, pois estão apenas fazendo de conta que está tudo bem. Mas há ainda aqueles que são fracos demais para encontrar uma solução. Estes preferem se anular, dispor de sua vida, de suas vontades e de seus sentimentos; preferem continuar a viver conformados com o destino, tal qual aquele que ficou cego e é obrigado a se conformar com a sua cegueira. Aliás, são justamente estes que buscam, como um consolo, refúgio na religião .
– Então você não se casaria por amor?
– Não digo que não me casaria, mas o amor jamais seria o único único pelo qual me casaria com alguém. É preciso muito mais que o amor para me dispor de minha liberdade.
– Mesmo que o casamento fosse um casamento liberal?
– Não existem casamentos liberais, principalmente num casamento por amor, nem mesmo aquele entre Sartre e Simone de Beavouir. Qualquer tipo de união implica algum tipo de compromisso. E por menores que sejam esses compromissos, o fato de ser um compromisso já é uma privação da liberdade.
– Nossa que radicalismo?
– Não é radicalismo. É a lógica. Em algum momento, a pessoa sentirá necessidade de fazer algo e estará impedida por estar casado com alguém.
– Mas tudo tem um preço.
– Exatamente. O casamento traz alguns benefícios, como status social e segurança por exemplo, mas também tem o seu preço.
– Então você só se casaria por conveniência?
– Não digo por conveniência, mas sim com o intuito de construir um futuro e até mesmo pensando na velhice. Pois devemos pensar não na primeira fase do casamento, como fazem a maioria das pessoas hoje em dia, mas mas daqui a dez, quinze, vinte, trinta anos. É pensar na velhice.
– Isso é casar por conveniência?
– Se você ver a coisa por esse lado, então é.
– Eu não seria capaz de fazer uma coisa dessas.
– E quando o amor acabar e você descobrir que a pessoa com quem casou não era aquilo que você pensava? Você se sujeitaria a viver ao lado de alguém que na suporta mais? Porque é isso que acontece quando se casa por amor. Quando ele acaba descobrimos que nos casamos com a pessoa errada, que por causa da cegueira da paixão casamos com um ser imaginário.
– Quando se ama de verdade o amor nunca acaba.
– E você acredita em amor eterno? Então você acredita em coelhindo da páscoa e papai Noel. Que piada! Pode-se prometer atos, mas não sentimentos. Sentimentos duram apenas um determinado período de tempo, nuns mais, noutros menos, mas não por muito tempo.
– Não é piada não! Acredito sim que as pessoas podem amar por toda a vida.
– Então você está ferrada. Talvez realmente se possa amar alguém por toda a vida se transformar o objeto do amor num deus e fizer disso um culto. Ou seja: uma religião. Mas desde que os dois não vivam debaixo do mesmo teto. Porque a convivência, mais cedo ou mais tarde porá fim a esse amor. A convivência envenena uma paixão.
– Mas casar sem amor não seria pior?
– Claro que não. Você não se casaria com uma ilusão, com uma imagem que você mesmo criou da pessoa amada, ou seja: com um ser imaginário. Você saberia realmente com que está se casando. Além do mais não haveria tanta cobrança. Não se exigiria um do outro mais do que o que foi combinado. Pois quem ama vê o outro como uma posse, como uma propriedade.
– Não. Não penso assim. Aliás nem faria uma coisa dessas. Não me sujeitaria a viver com um homem sem amá-lo.
– Por quê não? Você aprenderia a gostar dele assim como ele a gostar de você. Vocês apenas desfrutariam o lado bom do amor: a compreensão, o diálogo, o companheirismo e a busca do mesmo objetivo.
– Eu preferia o amor, a paixão.
– Aquela chama que se apaga rapidamente e só deixa as cinzas.
– Pois nem morto!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O MEU RETORNO À USINA DE LETRAS

A Usina de Letras (www.usinadeletras.com.br) é um dos Sites onde publico os meus textos. Tudo começou em 2003 e desde então muita coisa foi postada lá. Alguns de meus textos espalharam-se pela internet, outros viraram música, foram publicados em coletâneas, livros didáticos e até foram parar em vídeos. Na Usina de Letras, tive mais de 8 milhões de leituras. No entanto, por problemas técnicos do site, resolvi deixar o site no final do ano passado, pois me senti desprestigiado quando os problemas afetaram meus textos e os responsáveis não tomaram nenhuma providência. Mas a pedido de leitores leitores e por estar sentindo falta da Usina, devido aos amigos que deixei por lá, resolvi voltar este mês. E a primeira coisa que fiz, foi publicar esta carta:

Em Outubro do ano passado resolvi deixar a Usina de Letras pelos problemas do Site, pela falta de respeito e consideração com um autor que, desde o início, foi um dos que contribuiu para a popularização do mesmo (infelizmente a maioria deixou a Usina há muito tempo). Sem dar uma satisfação – embora eu tenha insistido nisso –, alguns dos meus textos desapareceram sem mais nem menos e a contagem de leituras de outros (coincidentemente os mais lidos) simplesmente foram zeradas. Como não se tomou nenhuma providência e muito menos deram-me uma explicação, simplesmente não renovei mais minha assinatura e deixei de publicar. Como já publicava em outros sites (Planeta Literatura, Recanto das Letras, Texto Livre, Usina das Palavras, entre outros) mantive a publicação somente nesses. Todavia, ao longo do tempo chegavam-me e-mais de leitores insistindo para que eu voltasse e continuasse a publicar, pois os mesmos sentiam falta dos meus versos e dos meus contos. Embora de quando em quando publicava alguma coisa, resolvi renovar minha assinatura e voltar a publicar normalmente.
Infelizmente, ao retornar, fiquei um tanto desapontado com o que encontrei. Esperava que alguma coisa houvesse mudado. Mas pelo jeito os problemas continuam, pois os placares não funcionam ou funcionam precariamente, a publicação de imagens pornográficas sem contexto algum, apenas com o intuito de angariar leituras, continua a todo vapor, assim como a simples cópia de textos da internet e a publicação dos mesmos. Realmente talvez não devesse ter retornado, mas a esperança é a última que morre, já diz o velho ditado. Quem sabe algum dia os responsáveis (se é que é do interesse deles) decidam trazer a Usina de volta à época em que era um Site sério, realmente voltado para a divulgação de novos autores, e cujos leitores sabiam que a USINA realmente era de LETRAS. Bem, deixemos isso pra lá. Eu voltei mesmo foi em respeito aos meus leitores e as 8.559.566 (OITO MILHÕES E QUINHENTOS MIL) leituras.
Para aqueles que ainda não me conhecem ou chegaram aqui depois que sai, espero que o meu trabalho possa superar as expectativas. Adianto desde já que, ao clicar nos meus textos, o leitor encontrará LITERATURA, textos nos quais dei o máximo de mim. E para constatar a qualidade e a receptividade de meu trabalho, o leitor poderá fazer uma pesquisa no Google ou em qualquer outro site de pesquisa, apenas informando o meu nome (Edmar Guedes) e verá o retorno. Meus textos estão espalhados por uma infinidade de sites e blogs (isso quando aqueles que os copiaram deram-se ao trabalho de informar a minha autoria) e até mesmo em vários perfis do Orkut ou páginas de recados do mesmo. Confiram.
Aproveitando a oportunidade, informo-lhes que não deixem de visitar o meu BLOG. Http://edmarguedes.blogspot.com

É isso aí.

Edmar Guedes,
25 de Agosto de 2009.

Espero que o meu retorno me traga tantas alegrias quanto a Usina me trouxe nos anos em que estive lá. Sei que alguns amigos não estão mais por lá, ou por descontentamento ou por motivos de forma maior, como é o caso de Domingos de Oliveira e de Wladimir Oliver por motivos de falecimento. Fazem falta, mas a vida é assim. Ninguém é eterno. Um dia a gente acaba por se deparar com a morte por nossas andanças pela existência e então somos obrigados a acompanhá-la para a eternidade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Uma paixão, um coração cego...

Esses dias, pensando num poema para pôr na rede, nada me vinha à cabeça. De repente, quando já prestes a guardar a caneta e o papel e apagar a luz para dormir (passava da meia noite), ocorreu-me os versos abaixo. Todavia, só consegui escrever as três primeiras estrofes. A última não saiu de jeito nenhum. Assim deixei o poema de lado para quando a inspiração voltasse. E eis que hoje, ao relê-lo, a última estrofe saiu. Não sei se era o que eu havia pensado naquela noite, mas também não vem ao caso. O que importa é que o poema está pronto. Ei-lo:
Quando a noite cai de mansinho
E o excesso de luz não me ofusca a visão
Vejo o brilho intenso de seus olhinhos
Loucos para cegarem-me o coração.

É um amor, uma paixão sem fim
Essa vontade de estar ao meu lado
É um descontrole, um estar sempre afim
De uma carícia, de um beijo roubado

E essa paixão mexe-me com coração
E com todos os órgãos dos sentidos
Provocando-me desejo e inquietação
Levando-me a querer o proibido

Entregar-se ao prazer enfim
É o que deseja um coração apaixonado
Mas se o fizer, não estarei eu no fim
Por esse amor escravizado?

Quanto ao título, fica sem por enquanto. Ainda não pensei num. Até porque num poema, o título é o menos importante.
 

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SOBRE O LIVRO "A MENINA DO ÔNIBUS"

Estou dando os últimos retoques no livro “A MENINA DO ÔNIBUS”, o qual pretendo publicar no início do próximo ano. Trata-se de um romance de mais ou menos 700 páginas, onde se conta a história de um relacionamento entre um homem de 27 anos e uma jovem de 14. Ele, através de suas memórias, dá a sua versão dos fatos; e ela, através de um diário, dá a sua. Embora a obra enfoque todos os ângulos do relacionamento, a descoberta o sexo pela jovem e os efeitos disso sobre os personagens tem um destaque maior. Por isso trata-se de um texto onde a sensualidade e a descrição de atos sexuais estão presentes. No entanto, o objetivo é mostrar que a sexualidade é tão natural e faz parte do cotidiano das pessoas como qualquer outra coisa. E para que o leitor possa ter uma visão melhor da obra, apresento-lhes um breve resumo. Em breve estarei postando aqui alguns trechos da obra.


A MENINA DO ÔNIBUS (RESUMO)

Um homem de 27 anos, classe média-alta, bacharel em sistemas de Informação (cujo maior prazer é seduzir mulheres, levá-las para cama e depois expulsá-las de sua vida como se estas fossem objetos) leva uma vida de sexo e prazer em meio ao trabalho e a leitura de obras clássicas, influenciado pelo pai (Doutor em Literatura Inglesa). Um dia (meados de novembro de 1999) porém, ao tomar o ônibus do trabalho para casa (seu carro estava na revisão) se encanta com uma jovem em trajes de praia, que, acompanhada de uma amiga, pega o mesmo ônibus pontos depois. Ao ver aquele corpo jovem, ele antevê momentos de prazer e toma a resolução de ir ao seu encalço para seduzi-la, como fazia com todas as mulheres que o excitavam. Ele, no entanto, não sabe -- desconfia que ela possa ter uns 17 ou 18 anos – tratar-se de uma menina de 14 anos.
Desce no mesmo ponto que as duas amigas, entabula uma conversa, arranca-lhes algumas informações e passa naquela mesma rua por vários dias seguidos até conseguir chamar a atenção da jovem. Numa jogada inteligente, propõe comprar-lhe um presente, o qual, ao avistar na vitrine de uma relojoaria, fê-lo se lembrar dela. Tudo não passa de um engodo, mas a jovem acredita e o aceita. Os dois se encontram para que ele possa lhe dar o presente (uma pulseira de ouro) e, após colocá-la em Ana Carla (este é o nome da jovem) pede-lhe um abraço. Na despedida, ao dar-lhe três beijinhos, como que sem querer, acaba por tocar levemente seus lábios nos dela. E antes de partir, entrega-lhe o número do seu celular, caso ela queria lhe telefonar. Ele está certo de que ela o fará.
Ana Carla telefona-lhe no outro dia. Marcam um encontro e acabam saindo várias vezes, onde, a cada encontro, dá um passo a frente para seduzi-la. Cada passo é milimetricamente pensado, usando como parâmetro a experiência adquirida após fazer o mesmo durante anos com outras mulheres. Num desses encontros fica sabendo que Ana Carla na verdade têm 14 anos e não 17 como pensara antes, contudo, não desiste do plano.
Depois de alguns dias, quando seus pais vão à Capital Paulista, leva a jovem para sua casa e a seduz na sua própria cama, fazendo desse ato (pois Ana Carla ainda era virgem) um ritual. Apesar de ter planejado tudo desde o começo, algo dá errado: ele se apaixona por ela. E então os dois passam a viver um romance proibido, escondido tanto dos seus pais como dos pais de Ana Carla.
Durante o tempo em que está com ela, perde o interesse por outras mulheres. Entretanto, quando Ana Carla viaja com os pais para Vitória, no Espírito Santo, para passar o natal e o reveion com os avós, ele encontra na praia quatro jovens universitárias da Unicamp que vieram passar férias no Guarujá. Sai com uma delas (Roberta, estudante de filosofia, adepta das ideias de Nietzsche) e depois com a outra (Maria Rita, estudante de Medicina) cujos cabelos loiros, lábios sensuais e um corpo de modelo quase o faz esquecer definitivamente Ana Carla. Embora não note, pois está tão fascinado pela jovem (ela tem 19 anos), que Maria Rita é uma jovem conservadora, religiosa e, embora se deixa seduzir, pensa num relacionamento duradouro.
As jovens retornam para Campinas pouco antes de Ana Carla retornar para o Guarujá. E o personagem-narrador retoma o seu romance com Ana Carla, pois descobre que está profundamente apaixonado por ela (o que negava até então) e esquece as jovens universitárias -- aliás, vê nesse envolvimento uma fraqueza, um retorno aos velhos hábitos, o qual não soube resistir justamente devido à ausência da amada –, as quais não passam de boas lembranças.
Todavia, certo dia ele recebe um telefonema de Roberta contando-lhe que a amiga anda muito estranha. Pouco depois Maria Rita telefona-lhe dizendo que vem ao Guarujá pois precisa lhe contar algo muito importante. Ele a recebe na sua casa, aproveitando que seus pais estão passando uns dias fora, e ela o seduz antes de contar-lhe que está grávida.
Atordoado, sem saber o que fazer, sugere-lhe um aborto. Mas, devido à religiosidade, esta não aceita e, ofendida e enraivecida, retorna para casa prometendo vingança. Roberta telefona-lhe querendo saber o que aconteceu. Então ele lhe conta que não quer se casar e confessa estar apaixonado e vivendo um romance proibido com Ana Carla. E pede-lhe para ajudar a tirar Maria Rita do seu caminho. Ele não quer que Ana Carla descubra, pois sabe que se ela descobrir vai terminar o romance e possivelmente se vingar dele, como a outra já havia jurado. Roberta promete ajudar, mas não encontra meios de convencer Maria Rita a desistir de sua vingança.
Nesse ínterim ele ainda tem de lutar contra as desconfianças da mãe com a sua namorada, devido a negativa em levá-la a sua casa para conhecer seus pais. Para resolver o impasse propõe a Roberta que se passe por sua namorada. Ela aceita, vem ao Guarujá e janta em sua casa. Mas depois das ameaças de Maria Rita, ele resolve contar para os pais que saiu com uma jovem na passagem de ano e esta engravidou-se e agora exige que se case. Seus pais prometem ajudá-lo.
Mas antes que tudo vem a se concretizar, após Ana Carla propor passar um final de semana com o namorado, mentindo para os pais que vai numa excussão da escola para as cidades históricas de Outro Preto, Mariana e Tiradentes, ela e o narrador-personagem partem para Ubatuba afim de viver dois dias inesquecíveis.
Ao retornarem... Eis que os deuses, como que num jogo, decidem entrelaçar os destinos dos envolvidos nessa trama dando-lhe um final surpreendente.

Quanto à narrativa, a história é narrada pelo personagem em forma de Memórias e por Ana Carla em forma de diário, onde as narrativas são intercaladas. Como Ana Carla narrou os fatos em seu diário (dando enfase a sensualidade e exaltando o lado sexual) o narrador também procurou seguir o mesmo caminho, narrando os momentos de intimidade da forma mais detalhada possível; até porque era em busca dos limites do prazer sexual que ele seduzia as mulheres. Como ele mesmo chega a confessar em dado momento: “a vida é uma busca incessante do prazer e sem prazer não há vida, pois o homem não suportaria a existência e morreria de tédio”. Tanto é verdade que, muitas vezes, o prazer não estava exatamente no ato sexual propriamente dito, e sim no jogo de sedução. Não por acaso a passagem em que leva Ana Carla para sua casa e a seduz estende-se por mais de 10 páginas, numa descrição tão minuciosa quanto os lances de uma partida de xadrez.

sábado, 15 de agosto de 2009

POR QUE ESCREVO


Algumas pessoas escrevem para desabar (como numa terapia), para dizer aquilo que não tem coragem de dizer a outra ou por não ter a quem dizê-lo; outras fazem das letras uma profissão, uma forma prazerosa de ganhar o seu sustento – afinal nesse mundo moderno quem não “trabalha” não tem como viver dignamente –; outros ainda escrevem não só pelo simples prazer de escrever mas com a esperança de que suas palavras possam mudar o mundo, embora poucos consigam, pois muitos não se preocupam tanto assim com isso. Eu, se tivesse que definir em qual dessas categorias me encaixaria, não saberia em qual. Quanto à primeira, tenho de confessar que amiúde escrevo uma coisinha ou outra como forma de desabafo, mas também almejo (aliás, como a maioria daqueles que gostam de escrever) fazer da literatura uma profissão, e por que não contribuir para um mundo melhor. Sou o tipo de pessoa que, de quando em quando, sinto-me quase um prisioneiro em minha própria época, preso à verdades impossíveis de conciliar; e a literatura me parece uma forma não só de desmascarar essas verdades como também mostrar que, sem elas, o homem pode viver melhor.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

DESENGANOS

De quando em quando eu me decepciono com a humanidade, cuja ignorância e idiotia parece não ter fim. E num desses momentos, como num desabafo, escaparam-me os seguintes versos:

Eu procuro a grandeza
Nos seres humanos,
Mas o que encontro é a baixeza
Nos mais nobres soberanos.

Eu procuro a verdade
Nas bocas mais sinceras,
Mas o que encontro na realidade
São mentiras de outras eras

Talvez não devesse procurar
Tais coisas nos humanos
E assim não me fartar
De tantos desenganos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

NO MEIO DA NOITE


Você já acordou no meio da noite com um poema na cabeça? Não? Pois comigo às vezes isso acontece. E se não o escrevo na hora, acabo esquecendo-o e depois nunca mais me lembrarei dele. Por isso vai uma dica: é bom sempre manter ao lado da cama algumas folhas e uma caneta para anotá-lo. Foi o que aconteceu comigo esta semana. O problema é que eu tive que escrevê-lo no escuro para não acordar minha esposa, que dormia ao lado. Mesmo assim ela acabou acordando e no outro dia ficou tirando sarro e falando para todo mundo que eu escrevia até no escuro. Pode? Mas nós escritores temos cada manina, não é verdade? Ou será que são eles que não nos entendem?
Ah, quer saber qual foi o poema que escrevi naquela noite? Ei-lo:

Quando eu olho
Pr’esses olhos
Esbugalhados,
Sinto um arrolho
E fico afetado.

Quero beijar-te,
Quero despir-te,
E acariciar-te,
E possuir-te.

Quero envolver
Meus braços
No teu abraço;
E então me perder
No teu regaço;

E te enlouquecer
De puro tesão.
Ah, se o querer
Fosse tua decisão!

Eu daria voltas
Ao redor da terra
E pararia guerras
Para em altas
Noites te amar.

domingo, 9 de agosto de 2009

SER ADOLESCENTE É...

Um dos meus textos mais conhecidos e divulgados na internet. Já o encontrei em dezenas de blogs e até em alguns perfis do orkut. Foi publicado originalmente no site http://www.usinadeletras.com.br/ há alguns anos. E para aqueles que ainda não o leu, ei-lo aqui:

Ser adolescente é...
Acordar todos os dias tarde
E ainda achar que dormiu pouco;
Ficar horas com amigos ao telefone
E ainda chatear-se quando a mãe reclama;
Deixar seu quarto todo bagunçado
E dizer que não o arrumou por falta de tempo;
Achar que o mundo gira em torno de si
E não o contrário...

Mas ser adolescente também é...
Querer resolver os problemas do mundo,
Lutar contra as injustiças sociais,
Fazer loucuras pelo seu ídolo,
Amar da forma mais intensa possível,
Estar rodeado de amigos,
Ser espontâneo e explosivo...

Ser adolescente é tudo isso e muito mais...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O HOMEM NÃO PRECISA ENFIM...


Quando a noite se torna dia
Ao som de uma grande explosão
São bombas de intensa energia
Dizimando a vida em combustão

Como se o planeta fosse eterno
Como se a vida aqui na terra
Pudesse viver num inferno
Em meio a tantas guerras.

Mas o homem não vê portanto
Que tudo isso não leva a nada
Pois as guerras só provam entretanto
Que é só barbárie mais nada

Talvez o homem precise sim
De guerrear de vez em quando
Mas não quer dizer que precisa enfim
Destruir o planeta e o ser humano.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

EU USO LINUX


Por quase 20 anos usei o sistema da Microsoft – MS-DOS nos anos 80 e Windows a partir dos anos 90 –, mas depois de aborrecer-me de tanto lutar contra os vírus e com a falta de velocidade causada pelos Antivírus acabei experimentando o LINUX. De início confesso que a tarefa não foi nada fácil pois lá pelos anos 2004 o Linux ainda estava muito atrasado em relação ao sistema da Microsoft. Contudo, existia um ponto a favor do sistema do Pinguim: não precisava me preocupar com os viruis e com vacinas. Desta feita, o sistema tinha um desempenho melhor no quesito velocidade. Com o passar do tempo porém o Linux foi se aperfeiçoando, ficando mais fácil, veloz e mais simples. Assim, a partir de 2007 abandonei definitivamente o Windows.
Hoje vejo amigos enfrentarem de quando em quando problemas com vírus, travamentos do sistema e programas que param de funcionar, janelas do navegador que se abrem sem explicação exibindo anúncios eróticos, roubo de dados, etc. Vez ou outra tenho de socorrê-los. Todavia, sinto-me um felizardo por não ter esses problemas pelo simples fato de usar Linux. Chego inclusive a recomendá-los a instalação do sistema pinguim, mas a maioria fica com uma orelha atrás, com o temor de que o sistema seja difícil de mexer. E mesmo após explicar-lhes que hoje em dia o Linux é tão fácil quanto o Windows ainda sim ficam com receios. É lamentável, porque o Linux, além de muito fácil de usar, é tão ou mais moderno que o Windows e na maioria dos casos tem uma performance melhor. E um detalhe, pode ser instalado sem ter de apagar o sistema da Microsoft.
Hoje, não troco por nada o Linux pelo Windows. Ah, mas não troco mesmo!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

AO SOM DE UMA BRISA

Muitos de nós, cujo tempo caprichosamente esculpiu marcas no rosto, de quando em quando é surpreendido com a lembrança dos tempos de juventude, os quais trazem momentos felizes muitas vezes vividos nos braços de um grande amor. Pois quando escrevi este poema, há alguns anos, este me ocorreu imediatamente depois de uma lembrança dessas. E assim ficou como o registro não só de uma lembrança mas também de como essa lembrança e ocorreu.
Eis o poema:

Ao som de uma brisa mansa
E à sombra de uma nogueira
Em tua distante lembrança
Minha triste alma vagueia.

Do peito uma dor pungente
Acaba em pingo de lágrimas
Que me fazem inutilmente
Bradar-te palavras máximas.

Sonho com tempos idos,
Desejos correspondidos
E que não voltam jamais.

Sonho com beijos ardentes
Com teus toques indecentes
Os quais não terei jamais...


domingo, 2 de agosto de 2009

A IMOBILIDADE DO SILÊNCIO

A imobilidade do silêncio pode ser terrível
Quando se teme a solidão
Mas também pode ser incrível
Quando se tem asas a imaginação.

E a solidão é minha companheira
Na viagem ao mundo das ideias.
Atravesso verdades, mentiras e barreiras
E deparo com a moral -- esse depósito de coisas velhas.

Mas prefiro o mundo das sensações
Onde o prazer é mais intenso,
Onde os pensamentos provocam reações
Tornando real tudo aquilo que penso.

E se as horas passam rápido, sem eu as ver
Não amaldiçoo o tempo perdido,
Pois é o devanear que me leva a perceber
Que na solidão fico bem comigo.


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Para alguns o silêncio e a falta de alguém por perto pode ser uma experiência desagradával, prncipalmente para aqueles cuja solidão é o pior dos horrores, no entanto para mim o silêncio não é o prenuncio da solidão -- nem a solidão me é algo ruim --; é antes de mais nada um motivo a mais para a reflexão, pois só no silêncio e até mesmo na solidão conseguimos atingir as profundezas de nós mesmos. E é exatamente isso que os versos acima dizesm.

sábado, 1 de agosto de 2009

ASSIM É MEU CORAÇÃO

Eu te amo e sei disso
Feito uma verdade absoluta e imutável
E o meu amor como o paraíso
É um sentimento inexplicável.

Eu sei o que sinto quando estou contigo
Mas não sei como enumerá-lo
Talvez haja algum problema comigo
Como se desejasse algo sem querer alcançá-lo.

Acredito, embora sem ter certeza,
De que meus desejos me fazem assim
Ver em tudo (até onde não há) a beleza
Como em teus nãos e teus sins

Aliás, o amor é um ponto de interrogação
Até mesmo depois de dissecá-lo
E assim também é meu coração
Quando teus beijos vêm tocá-lo.