quinta-feira, 29 de julho de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo V - Parte 3

 Aquelas carícias foram a gota-d'água para que eu finalmente tomasse a resolução de executar a última parte do plano. Ao retornar para casa profundamente afetado, com os pensamentos tomados por devaneios, num estado de euforia poucas vezes experimentado, ocorreu-me a possibilidade de levá-la à minha casa numa hora em que meus pais não estivessem. Dentre todas as alternativas – embora me fossem poucas –, esta me parecia a menos arriscada. Levá-la a um motel estava fora de cogitação. Não só por Ana Carla não ter idade, o que me impedia de levá-la, mas principalmente pelo lugar. Não se leva uma mulher ao motel quando se tem a intenção de seduzi-la sem que ela saiba disso. Que explicação poderia dar-lhe? Por mais que se tentasse convencê-la de que não lhe faria mal e nem a forçaria a uma relação sexual, dificilmente acreditaria. E ainda sim não se convenceria. Está no imaginário da maioria dos jovens que motel é lugar onde as pessoas vão para transar. De mais a mais, o motel pode ser o melhor lugar para algumas horas românticas e de intenso prazer; para os amantes cujo ato sexual seja tão somente um tempero a mais para tornar a relação entre o casal mais intensa; ou para aqueles que estão apenas em busca do prazer e de satisfazer uma vontade dir-se-ia biológica, onde os sentimentos não têm vez, onde o ontem e o amanhã não interessa, como é o caso daqueles que se encontram por acaso e tomados por um desejo desmedido, incapazes de contenção, procuram satisfazê-lo o mais depressa possível. Para esses sim, não há lugar melhor que o motel, mas não para uma jovem virgem e inexperiente.
Havia ainda outra possibilidade: alugar um imóvel por alguns dias. Tal expediente eu só usara duas vezes. Na primeira – sete anos atrás –, foi para levar a Daniela, uma jovem de 19 anos, oriunda de uma família abastada e conservadora, cujos princípios morais me impediam de pensar num motel, inclusive. Tencionava levá-la à minha casa, mas não encontrava oportunidade, pois nas poucas vezes em que meus pais estavam fora, ela não pudia encontrar-se comigo. E na eminência de um rompimento, devido à pressão para formalizar nosso namoro, ocorreu-me tal ideia. Embora reticente, concordou em ir ao apartamento, o qual alugara por cinco dias. Acuada e indefesa, acabou sucumbindo aos meus argumentos. Todavia, assim que nos vimos tomados pelo silêncio, vencidos pelo esgotamento e pelo desejo saciado, seus olhos tornaram-se nascentes de dois rios. Foi a única vez em que uma gota de arrependimento pingou-me no coração. Sua dor me parecia tão intensa quanto a dor provocada pela perda de um ente querido. Na segunda vez porém – uns três anos atrás – o motivo foi a idade da Juliana – dezessete anos. – Apesar de aparentar mais velha – passava facilmente por uma jovem de 20 anos –, fiquei com medo de arriscar. Nessa mesma época viera à tona inúmeros casos de prostituição infantil onde diversos motéis eram usados para essa prática, o que levou ao aumento da fiscalização. Desta feita, achei menos arriscado alugar uma casinha no final da Enseada por quinze dias. Embora tenha desembolsado uma quantia razoável, valor que daria para pagar dois meses de aluguel, pude aproveitá-lo como nunca. Juju, como eu gostava de chamá-la, foi um daqueles casos em que tanto um quanto outro não estavam nem aí para sentimentalismos. O prazer era o que contava, nada mais. Aliás, foi a pessoa a chegar mais próxima daquilo que eu era. Talvez por isso nossos encontros duraram por tanto tempo – sete meses e meio.
A possibilidade de locação de um imóvel não seria descartada, mas eu só a poria em prática como última alternativa. A minha casa, embora mais arriscada, era o que me dava mais prazer. Só de imaginar Ana Carla em minha cama, enroscada em meus lençóis após manchá-lo com o sangue de sua virgindade, tornava-me o deleite imensuravelmente intenso, feito o prazer causado naquele que ao invés de comer uma carne adquirida no açougue da esquina devora a própria caça. Antes porém era preciso contar com a sorte, torcer para que meus pais fossem à casa de amigos, à Santos ou qualquer outro lugar onde pudesse se ausentar por longas horas.
Enquanto pensava nesses pormenores na solidão de meu quarto, sob a luz fraca do abajur, Ana Carla, pelo que indica seu diário, fazia seus apontamentos. Falou pouco acerca daqueles momentos naquela Praça. Confesso que no lugar dela teria dado mais importância às carícias que lhe fiz. Contudo, cada um é cada um. E o que parece ser de extrema importância para um pode não ser para o outro. Não sei se você, amigo leitor, agiria como eu ou como ela. Antes porém de dar razão a um ou ao outro, leia:

Quarta-feira, 01 de dezembro.
Não sei o que está acontecendo, mas está esta semana nada dando certo. Domingo não nos encontramos, segunda só um pouco depois da escola, ontem também não nos vimos e hoje só nos encontramos por alguns minutos.
Minha mãe foi ao médico levar meu irmão que não estava se sentindo bem. Tossiu a noite toda. Nesse intervalo, liguei para ele e ele disse que estava indo para casa. Disse que queria me encontrar com ele, pois não aguentava mais de saudades. Aí ele pediu para esperá-lo na pracinha onde nos encontramos na segunda-feira.
Não ficamos juntos por muito tempo porque eu não sabia se minha mãe ia demorar ou não. Mas pelo menos deu para a gente ficar abraçadinhos se beijando. Ainda bem que o tempo estava escuro, parecendo que ia cair o maior temporal. Assim não tinha ninguém na praça e nem por ali por perto. Ficamos bem a vontade.
Eu disse para ele que estou apaixonada. Falei que não consigo ficar um minuto se quer sem pensar nele. Disse-lhe com todas as letras: “quando estou longe de você, meu amor, fico impaciente, inquieta e só tenho vontade de sair correndo para te encontrar. Até na escola, nem consigo prestar atenção direito nas aulas. Só fico pensando em você, nos teus beijos, nos teus carinhos...”. “Também não precisa exagerar...”, disse ele meio encabulado. Vi que ele ficou até vermelho e surpreso. Aí eu respondi: “Não estou exagerando não. É a pura verdade. Você roubou o meu coração. Sabia?”. Ele deu uma risadinha e disse: “Então não vou te devolver mais”. Depois dessa frase, nos abraçamos bem apertado e nos beijamos.
Enquanto nos beijávamos, o safado enfiou a mão de leve por baixo da minha camiseta e ficou agarrando os meus peitos. Eu pensei em parar de beijá-lo e puxar a mão dele, mas estava tão gostoso e me deixando tão excitada que deixei ele continuar. A mão dele apertava de leve o meu peito, e os dedos, às vezes, ficavam passando sobre o biquinho. Isso me fazia arrepiar. Hum... Que coisa mais deliciosa! Dava vontade de levantar a camiseta para ele me acariciar melhor!
Mas aí um casal de namorados se aproximou e ele retirou a mão bem rapidinho.
Depois disso, eu disse que precisava ir para a casa antes que minha mãe chegasse. Ele disse que não tinha problema, pois não queria por tudo a perder. Disse ainda que ia dar um jeito da gente ficar juntos bastante tempo no fim de semana.

domingo, 25 de julho de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo V - Parte 2

 Como eu já previa anteriormente, teríamos uma série de dificuldades em nos encontrar, devido não só ao problema de horários – Ana Carla passava a manhã no colégio e eu o dia no trabalho, mas principalmente em função das limitações em seu direito de ir e vir, imposto pela dependência dos pais, pais esses que até onde eu sabia não eram do tipo liberal. Ainda era uma menina e devia-lhes obediência. E mesmo que pudesse inventar uma mentira ou outra – Ana Carla era esperta o suficiente para fazer isso com maestria, aliás como muitos jovens que, nessa fase da vida, se tornam especialistas em mentir, muitas vezes pelo simples prazer de mentir, cujas mentiras dos mais variados tipos nem sempre são necessárias – estas deveriam ser evitadas para não pôr em risco o nosso relacionamento, pois quanto mais se mente maiores as probabilidades de que estas venham à tona.
Essa dificuldade em estar com ela porém não me desanimava. Meu interesse não era ficar me encontrando com Ana Carla toda hora, feito um casalzinho apaixonado. O fundamental era a qualidade desses encontros, o quanto de prazer me seria capaz de proporcionar, o quanto me seria possível brincar com suas emoções e seus sentimentos, pois, muitas vezes, o prazer está justamente nessas pequenas maldades. Quando conseguisse o que queria, não haveria o porquê de continuar a desperdiçar meu tempo. Aliás, como acontecera com todas as outras, embora em dois ou três casos, foi-me difícil resistir à tentação de não procurá-las, uma vez que me seria por demais gratificante passar algumas horas dedicando tão somente ao prazer da carne; mas ao tomar ciência das implicações inevitáveis em tais circunstâncias, acabava pensando os prós e os contras e então desistia. “Por que não encontrar outra? Mulher é o que não falta. Muitas atrás de alguém para satisfazê-las de verdade. Por que me privar desse prazer?”, pensava de tempos em tempos. Com Ana Carla talvez até viesse a acontecer o mesmo, mas se acontecesse manter-me-ia forte, impávido, diante do desejo de re-encontrá-la após nosso rompimento. Rompimento esse que, apesar de ainda não tê-lo planejado, começava a ganhar vida, a ir aos poucos me cutucando para planejá-lo à medida que o momento de deflorara se aproximava.
Mas antes de pensar no pós-rompimento era preciso ser paciente e encontrá-la para dar-lhe a impressão de um namoro, de um relacionamento estável e seguro. E não só por isso. Eu precisava estar com ela para ir aos poucos aprofundando a intimidade, até que ela estivesse preparada para me entregar seu corpo virgem, pois a intimidade é como a confiança, só se adquire aos poucos, em pequenas doses. Buscá-la de forma violenta é cometer um estrupo.
Foi por isso que, após Ana Carla me fazer uma completa e comovente declaração de amor, a qual seguiu-se um longo beijo, eu lhe escorreguei a mão por dentro da camiseta do colégio e toquei em seus seios. Primeiro por cima do sutiã, mas depois, percebendo que ela não se movera e não pararia de beijar-me para me repreender, escorreguei-a minunciosamente até a extremidade inferior da peça íntima e a empurrei para cima, para que assim me fosse possível acariciar-lhe diretamente o seio.
Era preciso acostumá-la com isso. Só então depois eu poderia ir além, até atingir meus objetivos. É assim que se consegue as coisas, aos poucos, dando um passo de cada vez. Claro que de quando em quando podemos dar um passo mais curto ou mais longo. No meu caso, havia chegado o momento de dar passos mais largos e caminhar com rapidez em direção aos meus objetivos pois no que dizia respeito a lhe fazer carícias íntimas, parecia não haver mais obstáculos.
Ana Carla estava receptiva. E isso me ajudava em muito. Ela só não fez qualquer objeção como me pareceu experimentar um deleite ímpar, algo ainda não experimentado quando, tomado pela euforia e pelo deleite que também eu experimentava, escorreguei a mão de um seio para outro e o apertei, o que fez meus dedos deslizarem-lhe até o mamilo. Seu corpo tremeu de cima a baixo e aquele frenesi me excitou tanto, ao ponto de me sentir meio que zonzo, tomado por uma repentina perda da realidade, feito uma pessoa sob efeito do álcool. Talvez por isso não tenha parado ali, uma vez que estávamos em local público e continuar seria um risco. Assim, meus dedos se afrouxaram e tornei-lhe a apertar todo o seio. Nova sensação trespassou-lhe o jovem corpo, findando num longo e deleitoso suspiro. Então eu quis que ela sentisse aquilo mais vezes e experimentasse aquela mesma sensação incontáveis vezes. Porque, ao vê-la consumir-se nas chamas da volúpia, sabia que a desejaria de novo, de novo e de novo, como sempre acontecia. Quem experimenta o prazer com tamanha intensidade uma vez, fará até mesmo o impossível para experimentá-lo uma infinidade de vezes. E com Ana Carla não seria diferente. Certamente não mediria esforços para sentir aquelas mesmas sensações novamente, novamente e novamente...
E eu só parei porque fomos interrompidos pelo aproximar de um jovem casal. Embora eu os tenha notado quando já estavam bem próximos, não havia nada em seus olhares a indicar um flagrante; aliás, fizeram pouco caso da nossa presença, uma vez que enquanto permanecemos recostados à uma centenária árvore não os vi a fitar-nos. Eu, ao contrário, não perdia a oportunidade de observá-los à direita num dos bancos de concreto, entregarem-se aos beijos e às carícias com uma paixão que, numa rápida comparação, fariam as minhas soarem falsas como uma bijuteria barata.
Ah, mas foi bom aquele casal vir-se prostrar ao nosso lado. Porque não sei onde haveríamos de parar. Eu já estava para ultrapassar a barreia da inconsciência, aquela barreira que separa o animal do homem, ou seja, o instinto da razão. Talvez, no afã de ir mais longe e com a capacidade de ponderar prejudicada, acabasse por cometer um grave erro. De forma que me senti mais agradecido por ter sido atrapalhado do que tomado por algum tipo de irritação. 

domingo, 18 de julho de 2010

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 11

Passamos nossa segunda noite na ilha.
Talvez por falta de costume e por não estar tão cansado como na noite anterior, custei a cair no sono naquela noite. Nem mesmo uma certa indisposição, como se há dois dias não dormisse, fez-me pegar no sono com rapidez. A “cama”, feita de capim e forrada com folhas de bananeira, estava mais confortável do que a areia da praia, mas ainda estava longe de ser uma cama de verdade.
Não posso falar pelas meninas, mas creio que mais ou menos o mesmo se passava com elas: nossas roupas e a falta de um banho decente nos incomodavam. Não sei se um era consequência do outro, todavia sentia uma necessidade enorme de tomar um bom banho de chuveiro e trocar aquela roupa presa ao corpo há três dias.
Estava consciente de que não seria possível resolver esse problema, contudo, mais cedo ou mais tarde teríamos de substituir nossas roupas por outra coisa, pois até então a possibilidade de andarmos nus me era completamente absurda. Minha sunga ainda estava em perfeito estado, mas o biquíni das meninas rebentara-se mais de uma vez e até rasgara-se em um ou em outro ponto. Lembro-me que Luciana, após nossa expedição na mata para buscar madeira para construir a cabana, apareceu com um pequeno rasgo na tanga do biquíni na região das nádegas.
Claro que antes de pensar nisso, haviam outras coisas mais importantes a serem feitas do que se preocupar com o estado das roupas. Talvez ainda durassem algumas semanas; talvez, até que se apodrecessem, já teríamos sido resgatados, porque até então achávamos que o resgate seria questão de mais um ou dois dias. Na realidade não havia com o que se preocupar, mas isso ocupou grande parte do meu pensamento naquela noite antes de dormir. O porquê eu não sei dizer. Creio que fosse a preocupação não com a nudez das meninas, mas com a minha, já que no homem o órgão sexual devido as suas características desperta mais a atenção.
Lembro-me que até pegar no sono fiquei imaginando o que poderia ser usado para cobrir meu sexo quando a sunga não tivesse mais serventia.
Acordei com a Marcela me chamando para tomar conta da fogueira. Levantei muito a contra gosto, mas era minha vez e eu tinha que ir.
Enquanto fiquei sentado ali sem fazer nada, ora olhando para a escuridão em alto mar, ora olhando para os gravetos que ardiam no fogo, pensava numa forma de fazer instrumentos de corte melhores e mais resistentes que aquele pedaço de pedra, que havíamos conseguido no dia anterior, e numa forma de construir uma cabana capaz de resistir as tempestades e nos abrigar realmente. Mas não via meios. Era como se tudo parecesse impossível e inatingível.
Eu lamentava não ser um pouco mais velho e não ter aproveitado mais os estudos, pois agora tinha consciência que eles me fariam falta. Sabia que se encontrasse algum pedaço de metal poderia tentar forjá-lo, dar-lhe alguma forma e transformá-lo num instrumento de corte, mas nem isso havia ali. Pensei em vasculhar a ilha para ver se encontrava alguma coisa. Talvez o mar tivesse deixado algo. Só que aí eu lembrei que metal era uma coisa pesada demais e não seria trazido pela água. Portanto seria quase impossível encontrar um pedaço de metal naquela ilha. A única possibilidade seria se um visitante descuidado o houvesse deixado em algum ponto, mas para isso era preciso procurar e contar com a sorte, o que no momento não me sentia inclinado a fazer.
Então pensei em outra coisa. Aos poucos porém, meus pensamentos foram se desviando; e quando me dei conta, estava pensando na Marcela e nos beijos que tínhamos dado um no outro mais cedo. Aí eu senti uma vontade grande de fazer aquilo de novo, de ir mais além, de tocá-la mais intimamente. Eu acabei ficando excitado, muito excitado e com vontade de fazer com ela o que nunca tinha feito com mulher nenhuma: ter minha primeira experiência sexual.
De repente senti vontade de contemplar a Marcela dormindo. Pelo tempo que estava ali, tomando conta da fogueira, Marcela devia estar no terceiro sono. Assim, dei uma olhada na fogueira, vi que não se apagaria tão cedo, e fui em direção à cabana. As três meninas dormiam uma ao lado da outra.
Aproximei-me e fiquei sentado ali, aos pés delas, vendo-as dormir, como certamente faria alguém mal intencionado. Marcela dormia de lado, virada para Ana Paula. E Luciana dormia de costas, com o rosto virado para o outro lado.
Num primeiro momento, meus olhos fixaram-se na Marcela. Mas na posição em que jazia não me despertava tanto a atenção quanto Luciana. Talvez devido à posição e por estar com as pernas abertas Luciana tenha me chamado mais à atenção. E por alguns instantes me esqueci novamente da Marcela e me imaginei deitado sobre a Luciana. E aquilo me excitou ainda mais, embora permanecer ali me parecesse um pecado, algo que um menino direito não deveria fazer.
Quase me aproximei mais dela e levei a mão ao biquíni seu biquíni, entre as pernas, para ver o que havia por baixo. Mas de repente senti aquele remorso, aquele peso na consciência, como se só então tivesse dado conta de que estava fazendo algo de muito errado e vergonhoso. Um calafrio percorreu-me de uma extremidade a outra só de pensar no castigo divino por fazer uma coisa daquelas. Então me levantei dali rapidamente e voltei para junto da fogueira, de onde não deveria ter saído.
Não tardou para que eu chamasse minha prima para assumir o posto no meu lugar. Deitei entre as meninas e só acordei novamente no outro dia, com a Luciana chamando a gente.
Estávamos acordando para mais um dia. Seria um dia difícil, pois havia muito que fazer. Precisávamos buscar mais lenha para manter a fogueira acesa; precisávamos encontrar uma forma de tornar a cobertura da cabana mais resistente, pois começavam a surgir algumas nuvens no céu e aquela cobertura não resolvia muita coisa.
Enquanto as meninas acabavam de se levantar, fui à água e lavei o rosto. Era esquisito lavar o rosto com a água salgada, assim como sentia falta de uma escova para escovar os dentes.
É incrível. Mas como pequenas coisas, aparentemente sem a menor importância, fazem falta quando temos consciência de não poder obtê-las. No primeiro dia até que não, mas agora eu desejava ter uma escova para escovar meus dentes. Sentia falta daquele sabor de pasta, como se esta possuísse um dos sabores mais agradáveis que eu já experimentara até então. Talvez sem exagero, mas dir-se-ia de uma necessidade semelhante a que temos de nos alimentarmos.
Quando votei, deparei com uma cena que mexeu comigo.
Acho que as meninas não me viram se aproximar, e quando entrei na cabana de e cara com a Luciana só com a parte de debaixo de biquíni. Meus olhos foram parar imediatamente naqueles seios brancos.
Ela levou um susto tremendo e tentou ocultá-los com as mãos. Depois virou de costas e disse:
-- Saia daqui, seu idiota! Não está vendo que estou pelada?
-- Agora é tarde. Já vi eles – falei em tom de brincadeira.
-- Seu chato! Mesmo assim. Saia daqui e espere a Marcela emendar meu biquíni.
-- O que tem? Daqui uns dias você não vai ter mais ele para tapar seus peitinhos. Aí eu quero ver – comentei em tom provocativo. -- Vão ficar aparecendo do mesmo jeito.
-- Mesmo assim! Isso é invasão de privacidade.
-- Ta bom, eu espero lá fora. – falei, com um sorriso malicioso. – Mas até que eles são bonitos – comentei em seguida.
-- Seu troglodita! – disse ela enquanto eu saia.
-- Vou dar uma volta por aí enquanto isso – falei enquanto me afastava.
Não fui muito longe. No caminho porém não consegui evitar de ficar pensando naqueles seios. De repente, senti uma vontade grande de tocá-los e saber como eram. Afinal nunca havia tocado em um seio antes. Ao mesmo tempo, uma reação natural se operou sobre mim: eu fiquei excitado.
Sentei sobre um monte de areia e deixei minha imaginação ganhar asas.
Não vou narrar o que pensei, pois não me recordo dos detalhes; todavia, tinha tudo a haver com aqueles seios. E num dado momento, não podendo mais conter aquela excitação, ocultei-me atrás de uma palmeira – embora soubesse que não havia ninguém por ali -- e tomando o falo entre os dedos, bati uma punheta.

sábado, 17 de julho de 2010

APENAS UMA FLOR


Nos versos abaixo a poesia fala por si e qualquer comentário poderá tão somente estragar a imaginação do leitor, a qual me dá prazer aguçá-la e levá-la a experimentar o mais puro deleite. Desta feita, só me resta esperar que o amigo leitor aprecie mais esse momento de inspiração deste humilde poeta.

Ir muito além de teus lábios
Era o que eu mais queria
Porém é preciso ser sábio
Para não te fazer arredia

Ainda és apenas uma flor
No desabrochar de uma manhã
Onde nas coisas do amor
Ainda não tens as artimanhas

Poderia mostrar-te os caminhos
Do prazer e da arte da sedução
Mas quando se aprende sozinho
Há maior deleite em cada ação

Assim, assistir à distância
O teu lento desabrochar
Pode desgastar-me a paciência
Quando meu desejo é te apressar

Mas não se pode fazer nada
A respeito disso enfim
Esta rosa não pode ser podada
Nas mãos desse jardineiro aqui

segunda-feira, 5 de julho de 2010

POESIA: A VOZ DO CORAÇÃO

Embora a poesia ande meio esquecida nesses tempos de indiferença e mau gosto, não devemos esquecer que ela é a mais nobre e bela arte de expressão através das palavras. Para o poeta, ser poeta é uma dádiva sem tamanho, pois ele consegue se expressar de uma forma peculiar, como poucos, como aqueles agraciados com esse dom maravilhoso. Feito um Homero, Virgílio, Camões, Dante, Fernando Pessoa e tantos outros poetas geniais. Em homenagem a esta arte tão incrível dedico os versos abaixo, compostos num momento ímpar, após a leitura de alguns versos de Virgílio. 


A poesia é a arte
De dizer rimadamente
O que destarte
O coração sente

A poesia é o canto,
Som em movimentos
Que no entanto
Expressam sentimentos

A poesia é o que a razão
Não é capaz de dizer
Com a mesma emoção
Que o coração sabe fazer

A poesia é o devaneio,
É a fuga da realidade,
É para o artista o meio
De atingir a imortalidade

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo V - Part. 1


A facilidade com que me permitiu tocá-la deixou-me porém com a pulga atrás da orelha, pois mulheres mais velhas me pareciam bem mais reticentes. Lembro-me inclusive de quanto foi difícil fazer com que Ritinha – seu verdadeiro nome era Rita de Cássia – me deixasse abrir-lhe o vestido e pegar em seus seios rosados. Levei duas semanas para conseguir isso (já estava quase desistindo) e outras duas até enfiar a mão por dentro da calcinha daquela jovem de 19 anos completados no mês anterior. Todavia, após experimentar o deleite de minhas carícias, ela tomou gosto pela coisa. Obter-lhe o resto acabou sendo mais fácil. No entanto, dada a dificuldade inicial em arrancar-lhe o que queria, tive receio das complicações futuras. De fato houve algum problema, mas nada sério, até porque não envolveram seus pais, o que quase sempre torna as coisas difíceis de resolverem. Ela mesmo me confessou que se estes soubessem que a filha não era mais virgem, expulsá-la-iam de casa. O mesmo não aconteceu com Isoldinha, como era conhecida a Maria Isolda. Esta me deu bem mais trabalho. Tive de suportá-la por quatro meses, fingindo que a namorava, que me casaria devido às ameaças de seu pai, o qual afirmava castrar-me se não reparasse o dano causado à sua filha. Pensei que daquela vez chegara ao fim os meus dias de sedutor. E por pouco não pedi socorro aos meus pais para tirarem-me dessa enrascada. O absurdo nisso tudo era que a filha tinha 20 anos, portanto não se tratava de nenhuma mocinha inocente. Ah, mas dei muita sorte nesse caso! Três dias depois de seus pais me pressionarem para marcar a data do noivado, uma manhã de terça-feira, ela me liga desesperada e chorando muito, para dizer que o pai morrera ao cair no fosso do elevador de um prédio em construção. Ao invés de sentir a perda daquele homem baixinho, gorducho, bronco e que me fitava de soslaio como a um inimigo; ao invés da compaixão, senti na verdade uma enorme alegria, pois vira naquela tragédia a minha liberdade. O rompimento foi difícil e me deixou inclusive com muita pena daquela pobre infeliz, mas Isodinha acabou aceitando depois. Aliás, esse episódio, ocorrido há mais ou menos dois anos, fez com que eu me sossegasse por algum tempo. E depois procurei também escolher melhor as vítimas. Mas o tempo foi passando e quando encontrei Ana Carla, já nem me lembrava mais de Isoldinha ou Ritinha. Acredito que estas só me vieram à cabeça inclusive por causa dessa dúvida – embora Ritinha nunca tenha me saído definitivamente da memória devido à sua beleza: alta, magra, tez branca, cabelos castanhos claros. –, dessa possibilidade de Ana Carla não ser mais virgem. Talvez Ana Carla fosse mais esperta e dissimulada do que eu poderia imaginar? E quiça nem virgem fosse? “Será que ela já tivera alguma experiência sexual? Muitas meninas na sua idade sim; algumas até estão grávidas e com filhos no colo”, pensei, sendo tomado em seguida pelas imagens de Ana Carla nos braços de um rapaz, cujo dorso jovem inclinava sobre seu corpo nu.
Ah! Durante aquela noite essa dúvida me perturbou feito fantasmas a uma criança medrosa. Quase não preguei os olhos. E se pudesse lhe telefonar no meio da noite para demover-me dessa dúvida, tê-lo-ia feito no mesmo instante. Até então havia a certeza de que estava me envolvendo com uma garota pura, mas agora a possibilidade de não ser me assustava, levando-me a indagar como teria ela perdido a virgindade, como teria acontecido e com quem teria sido. E tais pensamentos quase me levavam ao desespero. “Todo esse sacrifício em vão! Todo esse tempo perdido! Não de todo. Também não precisa exagerar. Mas não é a mesma coisa! O que eu realmente quero é sua virgindade, ser o primeiro a gozar naquela xoxotinha. Isso é o que importa, é o que eu quis desde o começo. Se ela não for, quem será que foi o primeiro? Algum colega de escola? Um vizinho talvez? Vai ver que nem soube fazer direito. Não mesmo! Idiota! Nem ideia tinha de quanto significava. Ah, que desperdício! Perder a virgindade para um idiota qualquer”, lembro-me de pensar em algum momento antes dos primeiros raios de sol invadir o quarto através das frestas da janela.
Não que eu estivesse com Ana Carla tão somente por causa de sua virgindade. Não, não. Isto só não bastava, não justificava todo esse sacrifício embora fosse capaz de fazer até mais por uma virgem. A sua juventude, a sua inocência e ao frescor de seu corpo pesavam tanto quanto sua pureza. Mas até então só a vira nela uma virgem a ser deflorada, como uma jovem que não sabia nadica de nada acerca do sexo, como uma rosa delicada à espera do momento de se desabrochar. Eu tinha em mente a ideia fixa de ser o primeiro, de ter a exclusividade em lhe romper o hímen, aquela membrana tão frágil e ao mesmo tempo cobiçada por homens assim como eu.
Quando fui ao seu encontro no dia seguinte, só me havia uma coisa na mente: esclarecer essa maldita dúvida. Eu só precisava criar um clima, uma situação onde a pergunta fosse feita com naturalidade, sem lhe causar grande surpresa, pois não queria gerar nenhum tipo de desconfiança que sua pureza me fosse caso de vida ou morte.
E foi o que fiz.
Após uma longa troca de carícias, quando percebi que ela se sentia muito à vontade, inquiri:
-- Posso te perguntar uma coisa?
Ana Carla, talvez por não imaginar o que eu queria lhe perguntar, respondeu:
-- Claro que pode, meu amor!
-- Você é virgem?
Foi como se a houvesse flagrado em uma mentira ou fazendo algo vergonhoso. Ana Carla ficou vermelha, com uma expressão de timidez, de quem não entendera a pergunta, mas sabendo tratar-se de algo a tocar-lhe a nudez da alma. E por alguns instantes, achei que ela havia perdido a fala.
-- Por que você quer saber? – volveu ela logo depois.
Aí foi a minha vez de ficar com a face afogueada, embora suspeitasse de antemão que talvez me fosse fazer esse tipo de pergunta. Por isso havia me preparado. Todavia em se tratando de preceitos morais, nunca se está preparado suficientemente para confrontá-los. Era preciso porém manter o controle da situação, não lhe deixar espaço para uma recusa, pois uma recusa só faria aumentar minhas desconfianças; e assim, tal qual aquele mergulhado no mar do ciúme, torna-se refém de suas próprias desconfianças, as quais o levam a cometer os atos mais excêntricos. Então, como se a pergunta não fosse tão importante, respondi:
-- Por nada. Só por curiosidade mesmo. Mas se não quiser responder, não tem problema.
-- Não, tudo bem – disse ela, tentando ocultar o constrangimento. – Sou sim.
Ah, que alívio! Então ela ainda era pura e intocada? Então eu seria -- como fui com a neta da dona Carminha e com Ritinha cuja informação de que ainda era virgem deixou-me no mais puro êxtase, o qual provocou-me uma euforia tão grande que me deixei levar pelos instintos e o que acabou retardando meus planos -- o malfeitor a lhe roubar a pureza? “E eu que perdi uma noite de sono por nada!”, disse a mim mesmo. Fiquei tão afetado, que não fui capaz de meia hora depois me recordar o que me passou pela cabeça. Acredito entretanto, ter sido tomado por uma satisfação desmedida, por uma afetação tão grande que quase seria impossível esta ter passado ao largo de seus olhos, embora até onde sei, Ana Carla não deve ter percebido, ou se percebeu não se lembrou de anotar em seu diário naquela noite.
Fui para a casa almoçar com alma aliviada. Se até aquele encontro uma angústia tomava conta de mim, agora a sensação era totalmente outra. Eu sentia o júbilo transbordar em meu peito e provocar uma sensação visível em minha face. Dir-se-ia inclusive que havia me apaixonado, tamanha semelhança entre as duas reações.
Não foi por acaso que, ao sentar à mesa, minha mãe comentou:
-- Você está com cara de quem está amando. Quem é ela?
-- Não é ninguém não, mãe – respondi.
Ela deu um sorriso e depois falou:
-- Tudo bem, se não quer me contar. Mas eu conheço essa cara.
Insisti que realmente não estava apaixonado por nenhuma garota. O que era verdadeiro. Eu desejava loucamente Ana Carla, mas não me sentia apaixonado por ela; aliás, supor tal coisa seria um grande absurdo, talvez mais absurdo que afirmar que a paixão não é fruto do exagero, da errada percepção de que o outro é capaz de nos proporcionar um deleite como ninguém. Eu desejava seu jovem corpo e a pureza de seu sexo, nada mais.
Por falar em afetação, esta não foi exclusividade minha. Pelo que Ana Carla anotou em seu diário é possível constatar como minha pergunta intrigou-a de forma desmedida. Acho inclusive quase ter posto em risco tudo que conseguira até então. Aliás, penso até que, se lhe fizesse essa pergunta antes, de forma apressada, os destinos de tantas pessoas teriam seguido um rumo diferente.
Mas não vamos adiantar aos fatos, essas “pessoas” serão no devido tempo apresentadas ao leitor. Por hora, deixá-lo-ei com as anotações de seu diário:

Segunda, 29 de novembro.
Sai mais cedo da escola e, ao invés de ir para casa, fui me encontrar com ele. Quando eu soube que não íamos ter as duas últimas aulas, corri ao orelhão da escola e liguei para ele. Ele disse que tinha um tempinho livre e nos encontramos.
Ficamos mais mesmo foi só conversando. Eu não podia ir para longe por causa do horário. Ficamos numa pracinha que tem há umas quatro quadras da escola. É um lugarzinho gostoso, com umas árvores enormes. Há uns bancos de cimento bem embaixo das árvores. O mais importante é que ali é um lugar meio deserto e tranquilo. Quase não passa ninguém.
Foi delicioso ficar ali com ele por quase uma hora. De vez em quando, a gente olhava para os lados para ver se não tinha ninguém nos olhando e nos abraçávamos e nos beijávamos. Minha nossa! Como é gostoso beijar aquele homem! Eu fico toda arrepiada quando ele me pega nos seus braços, me aperta e me beija com vontade. Ele sabe me deixar louca!
Hoje ele me fez uma pergunta que me deixou muito sem graça. Eu não sabia o que responder. Ele me perguntou se eu era virgem. Na hora, eu fiquei vermelha e muda. Mas logo depois, antes de responder, eu perguntei: “Por que você quer saber?”. Então ele me respondeu: “Por nada. Só por pura curiosidade...”. Aquilo me deixou um pouco encucada. Por que ele estava tão interessado assim na minha virgindade? Será que ele só queria saber se eu era virgem ou não? Será que minha virgindade é tão importante assim para ele? Dizem que os homens dão muita importância a isso, mas será que ele também? E se eu não fosse? Isso mudaria alguma coisa entre a gente? Me deu vontade de perguntar para ele, pena que não tive coragem.
Respondi SIM. Era a única resposta que eu podia dar. Mas se não fosse também teria respondido NÃO. Também não me perguntou mais nada. E não tocamos mais no assunto. Mas tive a impressão der ver nos olhos dele o quanto ficou satisfeito. Fico feliz que ele tenha gostado. Para ser sincera, não gostei muito. Preferia que não tivesse me perguntado isso. Acho que não tem nada a ver, só isso.
Eu queria me encontrar com ele mais tarde, mas ele disse que só estaria disponível à noite. E esse horário não dava para mim. Ficamos de ver se conseguiremos um jeito de nos encontrar amanhã.