--
Acaba de tirar isso aí – ordenou ela, empurrando-me a sunga para
baixo com certa violência. Nisso, desequilibrou-se e, ao tentar
segurar-se naquela peça de roupa para não cair, acabou por
rasgá-la. -- Merda! -- deixou escapar em seguida.
A
princípio, eu não percebi. Até porque estava escuro e Luciana
estava em minha frente, atrapalhando-me a visão.
-- O que foi? -- perguntei, achando que
ela tinha se machucado mais uma vez. Aliás, pensei na torção do
pé. -- Machucou o pé de novo?
Luciana
encarou-me com um olhar faiscante, profundamente contrafeita.
--
Não, seu idiota! Rasguei essa merda aí.
--
Ah! Ela já estava rasgada do lado. Também com ela todos esses dias.
Só podia acontecer isso mesmo!
--
Eu sei. Não precisa me dizer. Não sou uma idiota feito você. O
problema é que rasgou bem na frente. E eu não quero você andando
com isso aí aparecendo. Não quero que aquela cadela veja.
Magoado
e ofendido, pois ela me tratara como se eu fosse um inútil, terminei
de retirar a sunga e abaixei para apanhá-la. Aproximei-a dos olhos e
então vi o rasgo diagonal, o qual se estendia de uma extremidade a
outra. Embora fosse apenas um rasgo, de fato ficaria difícil evitar
que o falo não escapasse por ali. E ao me aperceber disso, fiquei
enrubescido. “E agora elas vão ficar olhando para ele. Marcela.
Ela vai ficar imaginando coisas com ele. Aposto! Até minha prima
também. Será? Não, ela não. É uma criança ainda...”, pensei.
A bem da verdade, não foi Luciana quem me preocupou naquele momento,
mas Marcela. Ela ainda não vira, e das primeiras vezes seria
constrangedor. Pelo menos até que eu me acostumasse.
--
É! Rasgou muito – exclamei.
--
Temos que dar um jeito de emendar ele, senão essa coisa ai vai ficar
para fora – disse Luciana.
--
Acho que num vai ter não. Tá muito velha. Vai é rasgar mais. Que
nem o biquíni de vocês.
--
Pode deixar que eu vou encontrar um jeito. Ele é só meu. E se eu
pegar aquela vadia de olho nele, juro que quebro ela todinha –
ameaçou. Nisso levou-me a mão aos testículos e os apertou.
--
Aiiii!!! Tá doendo – protestei.
Ela
o soltou e eu dei um passo para trás.
--
Me dá ela. Deixa eu vestir assim mesmo. E vamos voltar – falei.
--
Que voltar? A gente só vai voltar depois que você se deitar comigo
– disse com convicção. Enquanto isso, Luciana sentou-se na areia
e deitou-se de lado, virando-se para cima. -- Vem cá! -- estendeu-me
as mãos. -- Deita em cima de mim. Mas cuidado com o meu pé!
Fitei-a.
Apesar da escuridão, via-se seu corpo branco e nu. Meus olhos fixos
naquele par de seios, escorregaram-lhe através do dorso até
alcançar os meios das pernas dela, onde jazia uma mancha negra.
--
Mas num vai machucar o teu pé? -- argumentei, na esperança de
demovê-la.
--
Não, num
vai, idiota! -- disse ela imitando o meu “num”, para me
repreender. -- Vou afastar elas bastante. Assim, ó! -- Abriu as
pernas. -- Vem logo, seu imprestável! Tá esperando o quê?
Ajoelhei
entre suas coxas e lentamente fui deitando-lhe em cima. Nisso Luciana
estendeu o braço e agarrou-me o falo, o qual perdera parte da
rigidez.
--
Vai, moleque! Faz isso ficar duro direito! Será que nem para isso
você presta?
Sem
lhe dizer nada. Ajeitei-me no meio de suas pernas e o contato de meu
falo com a vulva úmida dela me excitou. Penetrei-a. Aliás, tive um
pouco de dificuldade no começo, mas a mão dela no meu falo
colocou-o no lugar certo
O
gozo, como era de se esperar, não demorou.
Embora
não fosse uma mulher experiente, Luciana o pressentiu momentos
antes. E quando minhas forças faltaram-me, eu tentei erguer os
quadris para que meu gozo não ocorresse dentro dela, mas ela
segurou-me pelas nádegas e não pude fazer nada. Até o meu jovem e
imaturo sêmen lhe pertencia. Em seguida porém, tentei escapar, mas
ela ordenou-me:
--
Não gozei ainda. Continua. -- Ela falava comigo como se falasse com
um garoto de programa. Aliás, senti-me usado, pois ela parecia
pensar só em si e não dar a mínima para os meus sentimentos.
Como
me foi difícil fazer aqueles movimentos! O prazer jazia extinto e eu
só pensava em escapar-lhe dos meios das pernas, fugir dali. Mas não!
Tinha de continuar. Até porque não me restava outra alternativa
mesmo. E continuei.
Finalmente
ela teve o seu gozo. E não fez questão de escondê-lo. Fiquei
inclusive com medo de tê-la machucado. Pois ela gemia alto como se
eu a perfurara por dentro. Lembro-me perfeitamente. Com os primeiros
gritos, cheguei a parar e a fazer que ia me levantar. Mas ela porém
me deu uma bofetada e disse:
--
Continua, seu idiota!
Quando
tudo acabou, fez-se um longo silêncio. Estava desesperado para sair
dela e fugir dali, mas temia que me agredisse novamente. Desta feita,
decidi conter a repulsa e permanecer-lhe sobre, feito um cãozinho
obediente e temeroso, que sabe o quanto o dono é violento.
Súbito,
o silêncio findou. Ela encarou-me e disse:
--
Pelo menos para isso você presta.
Não
disse palavra. Apenas encarei-a. Então Luciana pediu-me para se
levantar. Obedeci. Aliás, ela exercia um poder tão forte e
avassalador sobre mim que eu temia fazer movimentos bruscos. Eu não
tinha mais dúvida: enquanto permanecêssemos naquela ilha ela faria
de mim o que bem entendesse. Eu não era só um brinquedinho em suas
mãos, era seu escravo. Talvez até me restasse alguma chance de
acabar com aquilo, mas estas eram mínimas. Aliás, se de fato havia
alguma, esta estava naqueles dias em que Luciana dependia de mim para
se locomover. Enquanto o pé a impedisse de andar sozinha, eu teria
alguma liberdade e a oportunidade de pensar numa forma de acabar
àquele poder e com a minha submissão embora o problema em si não
fosse Luciana, mas eu mesmo! Se eu não fosse tão fraco, não a
teria deixado me dominar dessa forma. Mas sempre fui assim. Ali eu me
submetia aos seus caprichos da mesma forma que Fabrício me submetera
a quase dois anos antes.
Apanhei
a sunga e dei dois passos em direção à água, mas ela me pediu
para ajudá-la a se levantar. Em seguida, disse-me que também
precisava se lavar.
Se
a coragem não me faltasse e se ela não tivesse me reduzido naqueles
poucos dias a um completo idiota, talvez tivesse deixado-a ali,
sozinha e então ela teria de retornar com as próprias pernas, o que
seria uma vingança, mas não, fui ajudá-la, como teria feito
qualquer idiota que, mesmo escorraçado injustamente, cai de joelhos
e pede perdão.
A
água do mar estava bastante fria. Não chegava a estar gelada,
talvez por causa do verão, onde o dia era bastante quente, mas quase
chegava a provocar calafrios. Luciana não se importou. Entrou e
pediu-me para levá-la mar adentro, até que a água nos atingiu os
quadris. Então eu a soltei, pois o seu peso não lhe exercia mais
tanta pressão no pé. Ela se lavou. Eu também. Inclusive, depois de
me acostumar com a temperatura, dei um mergulho.
--
Vamos voltar – disse ela algum tempo depois, com aquele ar de
imponência que parecia se acentuar a cada dia.
Saímos
da água e apanhei a sunga sobre a areia. Voltei alguns passos e
mergulhei-a para retirar a areia. Só então eu a vesti.
--
Deixa eu ver.
Parei
diante dela. De fato o rasgo era grande e meu falo, o qual se
encontrava encolhido, escapava por ali.
--
Bem. Agora vai ter que ficar assim mesmo. Mas vou avisando: Se aquela
cadela ficar de olho nele, furo os olhos dela. -- Nisso senti um
calafrio. Sabia que Luciana era capaz de fazer isso mesmo. -- E você
também. Se eu pegar ele duro por causa dela, arranco ele fora.
Ao
fim dessas palavras senti uma dor tão forte nos testículos que não
pude resistir e caí ao chão.
Talvez
Luciana não pudesse imaginar que, ao bater-me de baixo para cima,
com a palma da mão, como se me desse uma bofetada, fosse doer tanto.
Contudo, nada provoca mais dor do que acertar os testículos dessa
forma, pois atinge-os em cheio. Gritei de dor enquanto as forças nas
pernas me faltavam. Em seguida, fui tomado pelo choro.
Vendo-me
contorcer de dor, ajoelhou-se ao meu lado e, acariciando-me na face,
coisa que não fizera desde que saímos da cabana, pediu-me
desculpas. Confessou que não sabia que doía tanto.
Não
lhe dei ouvidos. Continuei a chorar, até porque a dor era intensa
demais. E ainda hoje, depois de todos esses anos, quando me lembro
daquele momento, é como se a dor voltasse. Chego a senti-la como se
meus testículos fossem novamente atingidos.
Mais
tarde porém a dor passou e o choro cessou. No entanto, permaneci
mais algum tempo deitado, desejando matá-la. Ah, se eu tivesse
coragem! Levantaria naquele instante e me atiraria sobre ela e a
esmurraria até que ela perdesse a consciência. Se a raiva ainda
permanecesse, continuaria. Pois tomado pela ira, o homem se torna um
animal selvagem, e dos mais violentos.
--
Levanta. Vamos nos lavar de novo e depois voltar. Aposto como elas já
estão estranhando a nossa demora.
Pensei
em Marcela e na minha prima. “Será que elas tão desconfiadas de
alguma coisa? Tão estranhando a nossa demora. Ana Paula sabe.
Imaginando. Ela pode estar. E se ela contar pra Marcela? Não. Isso
ela num vai fazer. Proibi ela. Ali na mata quando derrubei ela no
chão. Ameacei. Não ela não vai... Mas Marcela também tá
desconfiada. Num chamou a Luciana de puta à toa.”
Entramos
rapidamente na água e tiramos a areia. Retornamos em silêncio.