segunda-feira, 23 de setembro de 2013

AMAR É MEU MAIOR DEFEITO

Quando em meus braços
O rosto dela veio a se aninhar
Perdi completamente o compasso
E senti algo que não sei explicar

Meus olhos viam apenas a amizade
Sincera e um profundo respeito
Mas eis que então aflora a verdade
E um pulsar mais forte no peito

Perdido, eu não sei o que faço
Tento conter essa paixão a despertar
Antes que nela eu me desfaço
Mas esse amor não posso segurar

Confesso-lhe toda a verdade
E ela me diz que não tenho jeito
Mas me beija com sinceridade
E diz: “amar é meu maior defeito”

sábado, 21 de setembro de 2013

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 39

Luciana foi ao meu encontro pouco depois. Aproximou-se e talvez percebendo-se ter ido longe demais, desculpou-se mais ou menos da mesma forma como fizera antes. Disse que se arrependia por ter sido tão cruel. No fundo porém eu sabia que dizia aquilo da boca para fora, apenas para parecer agradável e me enrolar. Ela não era capaz de se arrepender de coisa alguma. Era uma jovem que, embora soubesse diferenciar o certo do errado, não sabia medir o quanto de dor poderia causar no outro quando o mantinha em seu poder e o levava a cometer atos que iam de encontro a seus princípios. Minhas lágrimas pareciam comovê-la por alguns instantes, mas pouco depois ela via nisso não a dor e o sofrimento, e sim um sinal de fraqueza, algo desprezível no ser humano. Por isso ela gostava tanto de me chamar de frouxo. Talvez devido a sua educação ou o meio em que foi criada, um homem chorar e demonstrar medo fosse algo imperdoável. E percebia que o medo que aquela floresta me provocava a irritava profundamente. E, ao sentir-se irritada, o desejo de me humilhar parecia tornar-se maior, como se assim quisesse me castigar por isso. Daí tamanha perversidade comigo nesses momentos. Mas quando esta era satisfeita, Luciana parecia tomar ciência do que fizera e então procurava amenizar os danos, como alguém que ao se dar conta de que fora longe demais procura recuar. O seu pedido de desculpa nessas horas era a bem da verdade uma forma de se redimir, de levar o outro a achar que possuía sentimentos e que seu erro fora apenas fruto de uma explosão momentânea. Alias, tornava-se receptiva, atenciosa e carinhosa nessas horas, como fora ali na água, ao me ver se desfazer em lágrimas.
Ao pedido de desculpa seguiu-se um convite um tanto despropositado, mas que demonstrava esse recuo.
-- Vem cá – pegou em minha mão e principiou a puxar-me para fora d'água. – Eu deixo você enfiar ele em mim para você gozar. – E disse com tanta naturalidade como se falasse tão somente de uma troca de carinhos. Aliás, ao fazer isso estava piorando as coisas, pois para um homem, mesmo para um garoto feito eu, nada mais ultrajante do que uma oferta dessa.
-- Não. Não quero! – retorqui, quase gritando e puxando o braço. Em seguida porém acrescentei: – Sai daqui, vai embora! E me deixa em paz.
De fato ela se afastou e ficou distante, lá na areia me observando, com a vara de pescar que tínhamos encontrado. Aliás, de quando em quando, eu a observa se ainda estava ali a minha espera e a via examinando aquela madeira, feito uma criança pequena a examinar um brinquedo novo na tentativa de compreender como usá-lo. Eu no entanto torcia para que ela retornasse sozinha para a cabana e me deixasse ali, para que eu pudesse ter um pouco de liberdade e assim pensar numa forma de escapar de seu assédio, pois a sua presença na areia me fazia sentir preso e vigiado, como se fosse um criminoso. E por mais que eu tentasse esquecer sua presença ali, a poucos metros, e com isso pôr um pouco de ordem nos meus pensamentos, não conseguia, pois a cada segundo era lembrado que Luciana estava a espreita, como um lobo a espera de um momento de distração para atacar. Talvez ela não estivesse com essa intenção, no entanto eu tinha certeza que sim, pois era bem capaz disso. Mas ela não se afastava. Parecia não querer me deixar e chegar na cabana sem a minha companhia.
Passaram-se dez minutos ou mais. Nesse intervalo a única coisa que me recordo de ter pensado foi no pecado mortal que cometia ao fazer aquelas coisas com ela. Sabia que fora coagido, mais isso não me aliviava o peso na consciência, pois pecado é pecado e ponto final. E o peso era maior porque acreditava que amar uma mulher e se deitar com outra o castigo divino haveria de ser ainda maior. Aliás, olhar para Luciana e vê-la desnuda daquela forma me levava a relembrar de todos os atos impuros que cometemos. E por mais que eu tentava, as imagens teimavam em vir-me à cabeça como se meu cérebro agisse por si só, sem que eu dispusesse de algum controle. E é bom lembrar que sua nudez não me provocava desejos, como o amigo leitor possa imaginar, e como certamente a nudez de Marcela me provocaria; mas sim vergonha, tanto dela quanto de mim mesmo. Eu a fitava e imediatamente desviava os olhos como se estes não conseguissem olhar para sua nudez.
– Sai dessa água! Vamos voltar – gritou Luciana, virando em direção à cabana.
Pensei em não obedecê-la. Todavia, não adiantaria de nada, pois certamente ela encontraria meios de me persuadir a acompanhá-la. De forma que, com a cabeça baixa, vagarosamente fui andando em sua direção.
Ela não comentou sobre o ocorrido. Ao invés disso, girou de um lado para outro a vara de pescar e perguntou:
– Você acha que vou conseguir pegar algum peixe com ela?
– Vai sim – respondi.
– Quero pegar um bem grande. Se possível dois.
Estava entusiasmada e alegre. Nada a assemelhava a aquela jovem que momentos antes, de forma perversa, humilhara-me e me fizera sentir o ser mais desprezível do planeta. Aliás, embora não tenha me apercebido isso naquele momento, talvez porque ainda fosse um moleque em cujo sangue corria o sangue da inocência, mas naquele comportamento podia-se não só identificar uma dissimulação exacerbada como uma variação pouco comum na personalidade, o que ficou mais evidente com o passar do tempo naquela ilha.
Durante o trajeto de volta à cabana, ela me fez várias perguntas acerca de como proceder para não errar a pontaria. Fazia gestos, e me pedia para mostrar como lançar a vara, pois sabia que isso era o mais importante. Procurava na medida do possível, mostrar-lhe, embora sua nudez me inibia e evitava que por exemplo a tocasse, pois temia que se o fizesse Luciana se aproveitasse da situação para me acariciar ou exigir carícias que eu não estava nem um pouco disposto a fazer.
Por sorte a cabana surgiu diante dos meus olhos e então corri para contar as meninas que o biquíni de Luciana arrebentara e ela decidira andar nua pela ilha a partir daquele momento. Aliás, isso não as surpreendeu.
– Isso é bem a cara dela mesmo! – exclamou Marcela, pouco antes de Luciana entrar. – Aposto que ela fez de propósito.
Não houve tempo para uma réplica, pois ao entrar, Luciana fez questão de exibir sua nudez. Ela parou na porta, estendeu os braços e rebolou dizendo:
– Agora sou a nova Eva do paraíso.
E num tom provocativo, Ana Paula, sentada ao lado da amiga e com uma varinha cutucando a fogueira, acrescentou:
– Ainda bem que nessa ilha não tem maçã.
– E nem precisa – adiantou-se Marcela. – Apostou como ela já andou comendo da fruta do pecado. – E ao proferir essas palavras, olhou-me nos olhos como se soubesse o que estava acontecendo entre mim e Luciana.
Sem esperar por aquelas palavras, uma onde de calor subiu-me pelo corpo e deixou-me a face mais vermelha feito uma maça madura. Não fosse a falta de iniciativa, talvez houvesse fugido em disparada de vergonha. Contudo, calado estava, calado continuei. Apenas abaixei a cabeça para não ter de encará-la e ver em seus olhos a raiva que certamente sentia de mim.

sábado, 14 de setembro de 2013

SORRISO DESCONSERTANTE

Quando a cabeça repousa no travesseiro
E meus olhos se fecham totalmente
É a imagem de teu sorriso faceiro
Que invade a minha mente.

O tempo e o espaço se desfazem
E aquele instante parece único e eterno
O que leva os sonhos que em mim jazem
À certezas incertas como verdades eternas

Acredito ter sido a fonte primeira
Daquele sorriso tão desconsertante
E então a alma se compraz inteira
Numa paixão intensa e desnorteante

Súbito, vejo que nossas almas jazem
Sob o mesmo teto, num amor terno
Mas são apenas fantasias que me aprazem
Nessa fria e solitária noite de inverno

terça-feira, 10 de setembro de 2013

PORQUE OS EUA NOS ESPIONARAM


Muitos devem estar se perguntando por que os EUA foram espionar justamente o Brasil, um país pacífico e que na mais das vezes é parceiro e amigo dos Estados Unidos. Embora sejamos o país mais importante de América Latina e de certa forma capaz de influenciar os vizinhos, ainda sim há nesta mesma América Latina países que embora não sejam declaradamente inimigos dos EUA pelo menos querem ver os EUA pelas costas. Este é o caso da Venezuela, da Bolívia e em certa medida da Argentina e até do Uruguai. Então por que o Brasil? Talvez a explicação mais plausível seja a seguinte: a nossa presidenta é uma mulher que no passado pertenceu à esquerda revolucionária, a qual era ligada tanto à Cuba quanto à União Soviética; também é de conhecimento de todos que nos últimos dez anos houve uma forte aproximação do Brasil tanto com a Venezuela quanto com Cuba, países declaradamente antiamericanos. Portanto, aos olhos dos EUA, somos um país que, apesar da nossa profunda amizade com eles, somos também amigos de seus inimigos. E já que espionar seus inimigos é uma tarefa por demais arriscada e muitos vezes infrutífera, por que não manter-se informado acerca do que o amigo de nossos inimigos andam conversando, principalmente o alto escalão do governo? Por outro lado, o Brasil tem empresas multinacionais de grande relevância na economia global – como é o caso da Petrobras e da Vale do Rio Doce por exemplo --, empresas essas que dispõem de tecnologias que nem mesmo os EUA possuem. Por que não espioná-las também e quiça obter algum benefício sobre essas tecnologias? Então? Por que espionar nossos vizinhos se na realidade é o Brasil o único país da América, depois dos EUA, capaz de exercer alguma influência no continente? Por isso fomos nós e não os outros.

MORRO A CADA MOMENTO


Minha dor não é uma dor passageira
Que o tempo se encarrega de apagar
Traz consigo lembranças inteiras
De um passado que não dá para ignorar

Minha dor é a dor da incerteza
E do abismo que sob meus pés se abriu
A vida perdeu tudo, inclusive a beleza
Que o amor até então coloriu

Minha dor há de ser por toda a vida
Em oposição ao teu amor
Que, ao chegar, já estava de partida

Minha dor é hoje a dor do desalento
O qual faz esperar a morte sem temor
Pois sem ti, eu morro a cada momento

sábado, 7 de setembro de 2013

IRÃ, COREIA DO NORTE E A CORRIDA ATÔMICA

Assim como as relações entre os homens é uma relação de poder, o mesmo ocorre entre as organizações e os estados. De forma que quem tem mais força tem consequentemente mais poder. E é sabido que quem tem mais poder o usa em benefício próprio, pois esse é justamente o objetivo de quem busca alcançar mais poder. Afinal, faz parte da natureza de qualquer ser vivo – não só humana, uma vez que no reino animal e até no vegetal isso também seja comum, embora entre os homens, por ser dotado de inteligência, isso seja mais exacerbado – se beneficiar do poder sobre os demais. E a prova mais evidente de que tal afirmação não é mera especulação é a obstinação de algumas nações em desenvolver armas nucleares. Desde que os EUA lançaram a primeira bomba atômica sobre o Japão, levando-o a rendição incondicional, o que jamais teria ocorrido se não fosse o poder de destruição de tais armas, a corrida atômica passou a ser questão de vida ou morte para algumas nações. Até porque quem tem tais armas não só corre um risco ínfimo de ser atacado por uma nação hostil como também detém um poder e uma capacidade de persuasão muito maior do que aqueles que não as possuem. Por isso a Coreia do Norte faz seus testes nucleares, a comunidade internacional protesta, impõe algumas sanções econômicas, mas não passa disso. Nenhuma nação é governada por loucos o bastante para atacá-la. O mesmo vale para o Irã. As pressões para evitar que este país desenvolva tais armas não é tanto pelo temor do que o Irã poderá fazer com elas, e sim com o poder que terá ao ser detentor dessa tecnologia. Aliás, como ocorre com a Coreia do Norte, o Irã precisa de tais armas não para se defender de Israel ou de qualquer outro inimigo, mas para exercer poder e influência não só no mundo árabe como para ser tratado de igual para igual com a comunidade internacional, principalmente os EUA e a Europa. E é justamente isso que muita gente não entende.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

NÃO QUERO PARTIR ASSIM DA TUA VIDA


Eu não quero partir da tua vida
Deixando para trás a dor e uma imensa ferida

Eu quero partir de tua vida
Porque o amor acabou
E nada mais restou
Para nos manter unidos

Eu não quero partir assim da tua vida
Com uma triste e dolorosa despedida

Eu quero sim partir da tua vida
Deixando para trás a lembrança
Dos momentos inesquecíveis
Que vivemos nas nossas idas e vindas

Não, eu não quero partir da tua vida
Como se para a morte estivesse de partida

Mas eu quero partir da tua vida
Na certeza de um novo reencontro
Onde o prazer do reencontrar
Pode ser a chance para uma nova vida

É dessa forma que quero partir da tua vida
Como amigos que partem após uma despedida

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O ACORDO ENTRE AÉCIO E EDUARDO CAMPOS


O acordo entre Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) para a divisão de palanques nas eleições de 2014 mostra que ambos os candidatos acham que não podem derrotar a presidenta Dilma (PT) sozinhos. Embora os dois provavelmente serão adversários e terão portanto de lutar entre si para chegar ao segundo turno, a percepção de ambos é a de que é melhor mostrar união e focaram no combate à candidata do PT do que se desgastarem brigando entre si e verem a eleição decidida no primeiro turno a favor do PT. Claro que ainda é muito cedo para Dilma contar vitória, mas após um momento ruim em junho e julho, quando seus índices de popularidade atingiram os mais baixos valores, ela vem se recuperando de forma rápida, surpreendendo muitos analistas. Isto mostra que Dilma poderá vir muito forte no próximo ano, quando inclusive o momento mais crítico da crise econômica terá passado e o país, graças à recuperação da economia mundial, possivelmente voltará a crescer de forma robusta. Aliás, o PIB do segundo semestre desse ano veio bem acima do que os analistas previam, mostrando que o Brasil poderá ter um crescimento acima do previsto. De mais a mais, a sociedade brasileira é bem menos ingênua do que nas décadas passadas e sabe que, num mundo globalizado como o nosso, nem sempre o desempenho fraco da economia é culpa de quem está no poder, embora no caso do governo Dilma é preciso reconhecer que há dificuldades na condução do país. Enfim, é difícil saber se esse acordo entre Aécio Neves e Eduardo Campos foi a decisão mais acertada. Talvez isso, ao invés de render frutos para ambas as candidaturas, pode, ao contrário, dar a sensação de fragilidade das mesmas, rendendo assim frutos para Dilma. Isso no entanto só poderá ser avaliado nos primeiros meses do próximo ano, quando as candidaturas começam a se consolidar.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

NOS DESENCONTROS DA VIDA


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Nos desencontros da vida
Acabei topando com você
Quando a última ferida
Ainda me fazia sofrer

Toda a dor de uma desilusão
Dissipou-se imediatamente
Quando você de supetão
Sorriu-me docemente

Minha alma ainda perdida
Viu um novo amanhecer
Deu-te boas vindas
E deixou a paixão florescer

Agora, tomado pela paixão,
Aguardo-te impacientemente
Para alegar-me o coração
Apesar desse abismo entre a gente

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

STF PODERÁ TER DE JULGAR NOVAMENTE OS MENSALEIROS


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Possivelmente na segunda semana de setembro o STF deve decidir acerca da possibilidade de aceitar ou não os embargos infringentes dos condenados no “mensalão”; embargos estes que permitem a um réu absolvido por pelo menos quatro ministros do colegiado ter o seu caso revisto pela Corte. Traduzindo em miúdos, o réu que foi absorvido por quatro ministros do STF terá ou não direito a um novo julgamento. Há vários condenados no processo do “Mensalão” nessa situação, dentre os quais, podemos citar José Dirceu, considerado o mentor do esquema, e José Genuíno, os quais se absolvidos terão sua pena reduzida. Caso o STF entenda que cabe o recurso, ou seja: os embargos infringentes, haverá um novo julgamento e a possibilidade de serem absolvidos é muito grande, uma vez que há novos ministros que não participaram do primeiro julgamento e há uma tendência de que esses novos ministros votem, principalmente no crime de formação de quadrilha, favoravelmente aos réus. O STF vem enfrentando um dilema e pressões externas por não ter dado aos condenados um novo julgamento, como ocorre nas instâncias inferiores. Talvez por isso, para aliviar essas pressões, os ministros do Supremo venham aceitar os embargos, até porque a lei que possivelmente pôs fim a eles é muito vaga e no entendimento da maioria dos juristas os embargos continuam existindo. Assim, é quase certo que vários dos condenados serão julgados novamente, estendendo este julgamento por mais alguns meses. Portanto, amigo leitor, não espere a prisão dos mensaleiros para este ano e quiçá para o ano que vem.