terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O QUE ESPERAR DE 2012?





















Nada fascina mais o homem do que saber o futuro. Não por acaso a maioria das pessoas teimam em acreditar em horóscopo, videntes e coisas afins, sem se dar conta de que o futuro não pode ser previsto (pelo menos da forma como os videntes o fazem), pois o vir a ser é uma possibilidade que está sujeito a uma série de fatores. E mesmo que considerássemos o destino como algo traçado previamente, isso poria por terra não só o livre arbítrio como tudo que o homem entende por conhecimento.
Bem, deixemos as questões filosóficas de lado. O assunto aqui é outro. Ou melhor: o mesmo, mas com uma abordagem diferente. Embora tenciono fazer algumas previsões para o futuro, estas serão baseadas na história recente. Se por um lado o futuro não pode ser previsto, por outro é possível deduzi-lo a partir da análise de fatos do presente e do passado. Por isso o termo “previsão” não me parece o mais adequado nesses casos, embora seja de uso corrente. Desta feita, usá-lo-ei porém no sentido de dedução.
Então, o que esperar de 2012?
Se levarmos em conta o que vem ocorrendo no mundo nos últimos dois ou três anos, este tornar-se-á um lugar mais difícil para se viver. No plano econômico, a crise financeira que se abateu sobre os EUA em 2008 e mais recentemente sobre a Europa deve afetar de forma mais intensa os demais países – principalmente os países do Terceiro Mundo, os quais dependem das exportações para sobreviver. Caso a China sofra uma desaceleração, a coisa pode ficar bem pior (aliás, as revoltas no mundo árabe, ao contrário do que muitos pensam, não teve início por desejo de liberdade e democracia e sim contra a corrupção e os preços altos dos alimentos). O Brasil provavelmente não ficará imune; e uma desaceleração do crescimento será inevitável. Talvez a coisa não fique pior graças ao mercado interno que, através de incentivos fiscais para aumentar o consumo, pode minimizar o problema.
No plano político, as instabilidades tendem a aumentar com os protestos crescendo ao redor do mundo – uma onda de protestos sem procedentes. Embora no momento a Síria seja o foco de tensão, uma intervenção ou uma possível queda de Bashar al Assad pode levar o Oriente Médio para uma violência generalizada, afetando inclusive o Irã e outros países que até o agora ainda não sofreram com a onda de revoltas. O Iraque também pode vir a ser uma fonte de tensão, já que os EUA retiraram seus soldados; aliás, a tensão entre Xiitas e Sunitas já começou a causar instabilidade. E por último, há uma forte insatisfação com os governos e o poder público nos quatro cantos do mundo, mesmo naqueles países ditos “democráticos” pelos mais diversos motivos, embora a maioria deles sejam justificáveis. Rússia e Grécia são bons exemplos disso. E essa tensão tende aumentar em 2012.
É bem possível que o crescimento econômico que o Brasil vem experimentando nos últimos anos empurre para baixo os índices de violência no país, os quais vêm declinando gradativamente nos últimos anos, dando a sensação de que finalmente a criminalidade esteja diminuindo e o país caminhando lentamente em direção a um país desenvolvido. Aliás, o combate ao contrabando através das fronteiras implantado pelo governo federal pode mostrar os primeiros resultados em 2012, assim como o processo de pacificação das favelas no Rio de Janeiro, evitando assim que o Brasil se torne um México.  
Enfim, se por um lado 2012 pode ser bom para o Brasil, o mesmo não se deve esperar para o resto do mundo. Contudo, muita coisa pode acontecer ao longo do ano e nada daquilo que a gente previa vir a acontecer. Assim, só mesmo aguardando o final de 2012 para sabermos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

NO BRILHO DOS SEUS OLHOS

Este poema foi originalmente publicado em 2005 no site Usina de Letras. É um poema que fala de dor e perdão, tema bastante recorrente na minha obra. Apesar de não ser um dos meus melhores trabalhos, gosto muito desse poema. Por isso resolvi reproduzi-lo aqui. Espero que gostem também.

No brilho de seus olhos
Eu vejo uma vida passar:
Há tanta dor e sofrimento
Que dá vontade de chorar

Mas vejo nos seus olhos
Uma grande lição de vida:
Há uma força no entanto
Que cura todas as feridas.

Eu vejo nos seus olhos
Que, apesar de toda a dor
E de todas as injustiças,
Há porém um imenso amor

Eu vejo nos seus olhos
Que neste ferido coração
Há um poço de esperança
E um desejo de perdão.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ADEUS À INOCÊNCIA - Cap. 22

Cheguei a dar alguns passos em direção à água, mas mudei de opinião quando pensei em Marcela. “Não posso deixar que Ana Paula conte para ela. Se ela fizer isso, nunca mais a Marcela vai querer saber de mim...”. Então virei em direção a minha prima. Ela corria em direção à cabana, mas sem velocidade, como se não quisesse se cansar; ou talvez não quisesse correr para assim ter mais tempo de pensar no que fazer. “Preciso alcançar ela antes de chegar lá”, continuei a pensar, enquanto corria com todas as forças para alcançá-la. “Vou falar para ela que se disser alguma coisa, vou bater nela. Isso deve fazer ela mudar de ideia. Ela vai me obedecer”.
Não foi difícil alcançá-la. E ao me aproximar, agarrei em seu braço e falei:
-- Espera aí, Ana Paula.
Paramos.
-- O que você quer? Você não vai me impedir de contar para ela o que você e aquela cadela estavam fazendo – disse ela fora de si, gesticulando desordenadamente e gritando.
-- Pare de gritar! Não sou surdo. – Dei-lhe uma sacudidela pelo braço e virei a fiz virar de frente para mim. – Você não vai dizer coisa nenhuma. Vai ficar caladinha, como se não tivesse acontecido nada.
-- Não vou e não vou – respondeu ela, demonstrando estar ainda mais enraivecida.
“Vou dar uns tapas nela é já”, pensei, quando vi que ela parecia decidida a dar com a língua nos dentes. O problema era que se batesse nela ali, Marcela poderia aparecer na porta da cabana e nos ver. E então ia correr em nossa direção e se intrometer na nossa discussão; ia querer saber o motivo da briga e certamente Ana Paula contaria a verdade. Foi então que ocorreu-me de puxá-la para o mato e tentar me entender com ela ali.
-- Vem cá – falei, puxando-a.
Ela tentou se soltar, todavia eu era mais forte; então tentou resistir. Ao fazer isso quase perdeu o equilíbrio e caiu na areia. Puxei-a pelo braço e a fiz levantar novamente.
-- Me solta!
Não lhe dei ouvidos. Arrastei-a para debaixo de uma árvore.
-- Escuta aqui! Você vai ficar de bico fechado. Entendeu? Senão vou te quebrar todinha.
Em tom de desafio ela ainda teve coragem de dizer:
-- Você não tem coragem de fazer isso!
Ao ouvi-la proferir aquelas palavras, minha mão foi parar em seu rosto, provocando um estalo. Acertei-a com tamanha força que seu rosto pendeu para o lado. No mesmo instante ela levou a mão onde eu a atingi. Enquanto isso, seus olhos encheram-se de lágrimas. Fora de controle e tomada pela raiva, Ana Paula ergueu os braços e partiu para cima de mim, tentando me acertar os punhos fechados. Num movimento rápido, segurei em seus braços antes que me atingissem. E imediatamente empurrei-a com violência para trás. Ela perdeu o equilibrou e caiu no chão, sobre folhas secas.
Também fora de si, cai por cima dela e a imobilizei pelos braços, mais ou menos como Luciana havia feito comigo pouco antes.
Minha prima tentou se soltar, mas foi em vão. Eu era maior e mais forte que ela. Por fim ela ainda tentou me acertar com os pés nas partes íntimas, mas também não conseguiu. Deixei que ela se cansasse. Aliás, ficamos os dois arfando, embora ela demonstrasse mais cansaço. Então ela me encarou, como se não admitisse a derrota – pelo menos foi a impressão que tive. – Aquele olhar me enervou ainda mais. Soltei o braço que estava preso com a minha mão direita e dei-lhe outra bofetada na cara.
-- Ou você faz o que eu mando, ou você vai ver o que vou fazer contigo. E não adianta achar que alguém vai te ajudar porque não vai não. A única pessoa que poderia fazer alguma coisa seria a Marcela, mas ela não é páreo para mim. E a Luciana está do meu lado. Além do mais, se ela te pegar vai fazer muito pior do que eu. – falei com o intuito de assustá-la, de torná-la dependente de mim. -- Não vai ser só uns tapinhas que você vai levar, não. É capaz dela ainda te deixar toda machucada. Sabe como ele te odeia, né! -- acrescentei. Ela não disse nada, só continuou a choramingar, dando-se por vencida. Nesse ínterim, desviei os olhos para seus pequeninos seios. “Será que eles são macios que nem os da Luciana? São menores. Isso são. Vou apertar eles para ver... Não. Não posso fazer isso. Isso não está certo. É pecado. Ela é minha prima. Deus vai me castigar”, pensei em seguida. Assim, desviei o olhar e encarei-a novamente. – Você vai fazer o que estou mandando? – perguntei por fim.
Ana Paula, com os olhos vermelhos e derramando lágrimas, manteve-os nos meus por alguns instantes, como se pensasse na minha proposta, embora não lhe restasse alternativa. Depois de um minuto mais ou menos, ela balançou a cabeça em sinal de concordância.
-- Você vai me obedecer daqui para frente? – insisti. Ela tornou a menear a cabeça afirmativamente. Então acrescentei: -- Assim é melhor. É melhor você ficar do meu lado do que provocar uma briga entre a gente. Se isso acontecer, eu vou ter que agir com força. Caso contrário você e Marcela vão acabar ficando sozinhas. Ou vocês acham que conseguem sobreviver nessa ilha sem mim? Vocês não são capazes passar nem uma noite – acrescente, tentando assustá-la ainda mais. – Não é verdade?
Ana Paula concordou mais uma vez.
Confesso que, ao vê-la em meu poder, assim tão submissa, fui tomado pela sensação de que ela me pertencia, de que poderia fazer com ela o que bem entendesse. E foi justamente essa sensação de poder que me levou a desviar mais uma vez os olhos e contemplar aquele par de seios rosados, ainda pequenos como se fossem dois calombos com um ponto mais duro no meio de cada um. No meio das pernas algo se moveu, afetado por aquela visão. “Vou apertar eles para ver como são”, tornei a pensar. Então eu a soltei e deixei seus braços livres. Desencurvei o dorso e sentei sobre seus quadris. Estava excitado. “Vou ver se ela vai me obedecer”, pensei.
-- Quero apertar eles – falei.
Esperei que ela fosse protestar e dizer “não”. E já estava pronto a responder-lhe que prometera me obedecer, portanto teria que me deixar pegar em seus peitos, mas ela simplesmente me olhou e não disse nada.
Foi o que fiz.
Pareciam mais rijos que os seios da Luciana. Lembro-me de sentir uma coisa dura ao apertá-los. Inclusive achei aquilo estranho, no entanto, não toquei no assunto. Só muito depois fiquei sabendo que aquilo era normal, só que nela era mais perceptível por ainda estarem em formação.
Eu poderia ter parado ali. Ela já tinha dado mostras de estar em meu poder, entretanto, eu era um garoto que não conseguia controlar seus impulsos, além de ser dotado de uma curiosidade fora do comum. Só não sei se foi a curiosidade, os impulsos ou os dois que me levaram a aproximar os lábios e chupar aqueles peitinhos. E para fazer isso, eu tive que me curvar novamente e deitar sobre minha prima.
Num primeiro momento ela não fez objeção, mas quando sentiu meus dentes mordiscar levemente um dos mamilos e meus quadris fazer pressão nos seus, ela levou a mão aos meus ombros e empurrou-me dizendo:
-- É melhor você parar. Senão alguém pode ver a gente.
Foi aí que voltei a si. Senti uma enorme vergonha do que acabara de fazer e sai de cima dela imediatamente. Ana Paula se levantou e disse que ia voltar para a cabana.
-- Tá bom – concordei. – Vou me lavar e tirar essa areia. Depois vou ver se encontro uma vara para tentar pegar uns peixes pra gente comer.
Nisso, eu também me levantei.
-- É uma boa ideia – assentiu ela, já mais calma, enxugando os olhos com as costas da mão. – Não aguento mais ficar comendo frutas – acrescentou ao se afastar.
Pensativo e muito envergonhado, fui até onde Luciana se encontrava. Ela ainda permanecia dentro d’água, como se me aguardasse para saber o que havia resolvido com minha prima. No entanto, eu não prestava atenção nela. Caminhava de forma mecânica por estar absorto em pensamentos, tomado pelo arrependimento. Sabia que não devia ter tocado os seios de minha prima, menos ainda tê-la desejado. “Meu deus! Como é que vou encarar ela agora?”, foi o que me perguntei ao entrar no mar. Aliás, seu eu pudesse saia à nado daquela ilha e me escondia no primeiro pedaço de terra que encontrasse.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O MANDRIVA ENSINANDO O PUNGUIM A VOAR

Mandriva 2012 PowerPack
Eu sei que pinguim não voa, mas não estou falando daquele animalzinho de andar esquisito que vive nas regiões polares. Estou falando de outro pinguim: o LINUX cujo símbolo é justamente um pinguim. E assim como existem várias espécies de pinguim, também existem vários linux, os quais são chamados de DISTROS. Aliás, existem centenas de distros, cada uma com uma característica própria cujo objetivo é sempre suprir as necessidades de um grupo de usuários. Portanto, diferentemente do Windows onde o usuário terá de se adaptar e o seu computador a ele, o linux é quem se adapta a você e ao seu computador.
Uma dessas distros é o Mandriva, cujo foco é o usuário pouco experiente e ao mesmo tempo exigente que deseja algo moderno, charmoso e repleto de recursos; aliás, o que não falta ao Mandriva é recursos. Tudo nele parece ter sido pensado para seduzir principalmente os amantes da tecnologia. O Lançador de Aplicativos é que o diga. Talvez por isso o Mandriva parece exigir um pouco mais de equipamento do que a maioria das distros, embora rode bem em computadores mais modestos.

O que a difere de outras distros não é só o fato de usar o ambiente KDE, pois muitas outras também o usa, mas a preocupação em inová-lo, embelezá-lo e torná-lo mais funcional e integrado ao sistema do que em outras distros. O gerenciador de arquivos Dolphin recebeu atenção especial, o que possibilita uma experiência maravilhosa para o usuário.
Outro fator que contribui para a facilidade de uso do Mandriva por usuários inexperientes é o MCC (Mandriva Control Center), onde o usuário faz todo o tipo de configuração do sistema. Tanto é que o MCC é usado em várias distros como o PcLinuxOS, Mageia, BlackPanter, TyneME entre outras. Aliás, no MCC há um recurso indispensável para quem está migrando do Windows: o instalador de fontes TTF. Com ele é possível importar as fontes da pasta Windows ou de outra pastas qualquer com apenas dois cliques do mouse.
Obviamente nem tudo são flores no Mandriva. Como eu o uso com frequência, percebi que ele exige mais do computador do que outras distros. A versão gratuita, chamada de FREE, não recebeu o mesmo tratamento que a versão paga, chamada de POWERPACK. Aliás, esta última apesar de ser completa, vir com todos os codecs de áudio e vídeo e vir com uma série de programas proprietários, possui um bug na instalação. Mesmo que se escolha o idioma português do Brasil, o sistema instala o português de Portugal. Para fazer essa correção é preciso ir até o gerenciador de pacotes e instalar o pacote de idiomas português brasileiro para o KDE e Firefox. 


Segue abaixo um vídeo que mostra a versão 2011 do Mandriva



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PELOS TERREMOTOS DA DÚVIDA

Muitas vezes, na angústia de momento, quando nos sentimos perdidos dentro de nós mesmos, e num mergulho nas profundezas do “EU”, a reflexão acerca da vida é inevitável. Talvez para pessoas comuns, tais reflexões ou resultam numa mudança prática de atitude ou se perdem para sempre como normalmente ocorrem com nossos pensamentos. Mas para um poeta tal acontecimento pode ir além e trazer, como num parto, um poema que em outras circunstâncias jamais teria vindo ao mundo. Assim foram os versos abaixo:

Minha fé tantas vezes abalada
Pelos terremotos da dúvida
Não resistiu. E acabou soterrada
Por falta de bases bem construídas

Minha crença num poder divino
Ou em algo além da vida,
Desde os tempos de menino,
Era frágil. E hoje está perdida.

Talvez imagina-se que há um vazio
Nos corações de almas assim
Mas estas são como águas de um rio
Que no oceano encontram o fim.

Um mar de possibilidades faz-se da vida
Sem o temor do castigo divino
A dor e a alegria são bem vindas
E aceitas como consequências do destino

A crença de que além da vida não há nada
Leva-me a viver nesta única vida
Cada momento de forma apaixonada
Ou então tê-la-ei desperdiçada.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

POÇO DE INDÊNCIA















Meus pensamentos, um poço de indecência,
Produzem imagens sem cabimento
Onde o jogo da sedução é uma ciência
Sem moralidade, credo ou arrependimento

Dou asas às fantasias que me inundam
O cérebro feito águas de uma represa rompida
E os desejos inconsequentes abundam
Levando-me a experimentar o néctar da vida

Meus atos, frutos dessa abundância,
Provocam na fêmea um certo estranhamento
Mas com um quê de jeito e paciência
Levo-a a jogá-lo sem constrangimento.

E assim, as fantasias que me atormentam
Tenho-as, como numa noite bem dormida,
Abrandadas; embora novamente afloram
Ao me deparar com um sorriso tímido.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 7 - parte 5

Era para tudo ter terminado ali naquela cama como eu havia planejado desde o início e como fizera tantas vezes. Já não obtivera o que tanto desejava? Por que então não lhe pedir para apanhar suas coisas e desaparecer de uma vez por todas da minha vida? Não foi assim que fez com Silmara e Suzana? Por que tive de convidá-la para tomarmos um banho? Por que fui pegar em suas mãos e ajudá-la a se levantar? Por que olhei em seus olhos daquela forma? São perguntas que me faço hoje ao me recordar daqueles poucos instantes entre o sair da cama e o deixar o quarto. Se existe um momento onde joguei tudo pelo ar, foi ali. Não resta dúvida. Não posso culpar nem o antes nem o depois, embora antes mesmo de tirar-lhe a virgindade o meu comportamento dir-se-ia fora de sintonia com as diretrizes traçadas anteriormente, mas até deflorá-la ainda era possível manter o controle de meus atos. Contudo aquele brilho nos olhos de Ana Carla e aquela terna voz a assemelhar-se ao canto de uma sereia puseram tudo a perder. Eu me vi arrastado por um tornado, levado por uma força incrivelmente poderosa, algo com o qual nem mesmo um Hércules ou um Golias nada poderiam fazer. Como não fui capaz de reconhecê-la? Não se tratava da mesma força pela qual fora arrastado ao conhecer Luciana anos antes? Se eu não tivesse cultivado o ódio por aquela que me trocara por um homem mais velho, um ódio com a mesma intensidade que a amara, se após a ferida ter-se cicatrizado não houvesse construído uma lápide para meu coração talvez reconhecesse aqueles mesmos sentimentos e assim soubesse me proteger. Como eu poderia saber que Ana Carla atravessaria as paredes de concreto de meu peito e arrancaria meu coração das profundezas daquela lápide?
Não se podia falar evidentemente de uma paixão avassaladora como acontecera com Luciana, porém não restava dúvida de existir algo inerente à razão, de um sentimento que – como quase todos os sentimentos – ou nos escapam ao controle ou nos provoca imensa dor, uma dor de difícil cicatrização e a qual de vez em vez provoca profundas transformações no nosso “eu”.
Mas não vamos falar do passado anterior à Ana Carla. Até porque se não fui capaz de esquecer Luciana por completo como gostaria, pois não podemos fazer de conta que o passado nunca existiu (nossas vivências, boas ou ruins, temos de carregá-las por toda a vida) pelo menos serviu-me para me trazer até Ana Carla, como diz muito bem aquela canção do Djavan. Prefiro antes de mais nada voltar àquele domingo, mais precisamente durante o banho, quando um tanto confuso ainda experimentava o desejo da volúpia percorrer-me as veias feito seiva venenosa.
É possível que tal efeito não tenha ocorrido ao acaso. Embora quando acontecia de não me sentir farto, de precisar de outro orgasmo para produzir em mim a sensação de repulsa, saciedade e distanciamento, um distanciamento que amiúde provocava-me repulsa, enroscava-me àquele corpo e, sob violentos protestos (isso quando o desespero não as levava a uma passividade como que semi-inconscientes), o possuía mais uma vez, dir-se-ia num ato de vingança, como se lhe dissesse: “Toma, sua vadia! Esperava o quê? Que eu fosse te dar amor, carinho? Não se enxerga mesmo, hein! Pensa que amaria uma cadela vira-lata, uma desclassificada que nem você? Idiota! Isso é para você aprender...”
Todavia não foi isso a acontecer com Ana Carla. Não houve o sentimento de vingança, o ímpeto em mostrar-lhe sua condição, ou mesmo uma simples vontade de possuí-la pela última vez. Havia um desejo, mas um desejo completamente diferente daquele que eu sentira antes. O desejo -- essa vontade de possuí-la com delicadeza como fizera com Luciana -- era aumentado pela sensualidade, pela visão da água deslizando suavemente pelo delicado dorso dela, como se esta a acariciasse. Foi essa visão que me fez o sangue dilatar-me os vasos mais uma vez.
-- Mas ele já está ficando grande de novo! - comentou Ana Carla, tomando consciência das reações físicas pelas quais eu passava.
-- É porque você está assim toda molhadinha - expliquei, envolvendo-a nos braços e beijando-lhe levemente o mamilo esquerdo.
-- Seu safado! - exclamou ela, rindo e, num ato de perversidade, puxou-me pelos quadris, como se quisesse dissolvê-los em si.
A chama da volúpia turvou-me a visão, deixando-me totalmente cego, como se alguma coisa me rompesse no cérebro, deixando-me mergulhado na mais completa escuridão por alguns instantes. Por um triz, não a possui ali mesmo como fazia quando o desejo me dissolvia. E talvez não o fiz não por domar os instintos, mas pelo fato de nesse momento Ana Carla ter me empurrado para trás como que prevendo o perigo e pego o sabonete para ensaboar-se, dando-me a impressão de que não queria fazer aquilo ali. Talvez não passasse de um ato de travessura, com um quê de perversidade, uma vez que parecia deleitar-se em me ver atormentado por impulsos sexuais.
Por outro lado porém, as mulheres são especialistas na arte da sedução. E as adolescentes parecem que são piores. Elas gostam de despertar o mais primitivo dos instintos masculinos, fazendo-os com graciosidade e beleza, como se naquela fase da vida isso fosse o que soubessem fazer de melhor. E fazem com uma maldade espantosa, quase masoquista, como se o verdadeiro prazer estivesse justamente em não permitir que o macho as dominem. E tenho de reconhecer, amigo leitor, Ana Carla era dessas mulheres. Eu já havia percebido nela essa nuance desde o dia em que lhe dera a pulseira. E agora tornava ela com essas artimanhas, com esses jogos, feito uma ave que faz do jogo da sedução o momento mais belo do acasalamento. E ela sabia que com aquele jogo e na condição em que me encontrava eu ficaria louco, perderia por completo a razão e estaria perdidamente em seu poder, pronto a dizer sim a qualquer desejo, por mais absurdo que fosse.
Ela se ensaboava de uma forma provocante, com uma sutilidade assustadora. O sabonete deslizava-lhe pelo corpo enquanto seus quadris saltavam-se de um lado para outro em movimentos cadentes e graciosos feito o deslizar de uma cobra em direção a presa. E ao fazê-lo me fitava. E seus pequenos lábios emitiam um sorriso inexorável, como se ela experimentasse o mais intenso e profundo deleite.
Por certo que eu não haveria de suportar àquelas insinuações por muito tempo. Aliás, qual homem no auge da virilidade e tomado pela volúpia suportaria? A volúpia é o calcanhar de Aquiles de todo homem, é o caminho mais perigoso -- onde todas as fragilidades masculinas veem à tona – e para o qual nunca se está preparado, pois cada vez que se põe a percorrê-lo é como se o percorresse pela primeira vez. E se pelo menos ela não me provocasse daquela forma, talvez resistisse a tentação de atravessá-lo! Mas não! Tinha ela de cobrir todo o corpo com espuma e vir esfregá-lo em mim?
Eu me enganara. “Ela só pode querer mais, quer fazer de novo. Experimentar”, foi o que pensei. E de fato não haveria como pensar de outra forma. Não era possível que fizesse todo aquele jogo sem sentir a chama do desejo em suas veias, fazendo com que sua experiência se tornasse exaltada e fulgurante, imensamente real. Por mais que aquela encenação lhe desse prazer, era preciso admitir que o fim sempre é o ato sexual, onde todo desespero chega ao fim.
Confesso, querido leitor, que não aguentei. Os instintos agiram por conta própria, inerente a minha vontade. A razão? Ah, coitada! Bem que tentava se impor para recuperar a posição de destaque que tivera até aquela tarde. Contudo, tornara-se vítima dos impulsos e caído em desgraça, feito o governante que por suas excentricidades leva o país à ruína. A mente povoara-se de imagens libidinosas.
Meus impulsos diziam-me para segurar Ana Carla com firmeza e possuí-la ali mesmo, embaixo do chuveiro, subjugando sua alma e seu corpo até que ela se dissolvesse em mim. Mas havia um problema: eu era mais alto que o seu pequeno e frágil corpo. De forma que seria preciso me apoiar nela e dobrar os joelhos para introduzir-lhe o falo entre as pernas. E cheguei sim a fazer isso e mover os quadris para trás e para frente, mas não funcionou. O sabão a cobrir-lhe o corpo e o pouco espaço no box impedia-me de manter-se na mesma posição. O falo inquieto e nervoso procurava-lhe desesperadamente a vaga no meio das pernas, mas quando a encontrava não achava meio de penetrá-la. Então lhe sugeri:
-- Eu não aguento mais, florzinha! Vamos pra a cama.
-- Vamos – anuiu ela com vivacidade.
Antes porém era preciso tirar de nossos corpos o manto branco formado pela espuma. Assim, entramos os dois ao mesmo tempo embaixo do chuveiro. Em seguida, saímos molhados como estávamos em direção ao meu quarto.
Ana Carla sentou e deitou de atravessado na cama. Imediatamente eu saltei por cima dela, como um animal faminto sobre sua presa. Ela inclusive levou-me as mãos para segurar meu peso, deixando escapar um gritinho.
Não houve preocupação com coisa alguma, nem mesmo em machucá-la. Até porque se não a machuquei antes por que a machucaria agora? Também não houve medo ou receio por parte dela dessa vez, como certamente houvera antes.
Ah, meu corpo queimava tal qual queimara meia hora antes. Aliás, parecia estar a possui-la pela primeira vez. E embora soubesse que não era, que o hímen jazesse rompido, isso não me diminuía em nada o desejo em tê-la. Um calor intenso nos envolvia e fazia nossos corações bater num ritmo frenético. Tanto a minha respiração quando a dela era descompassada. E, deitado sobre ela, eu sentia o arfar desesperado dos seios, como se aquele arfar fosse resultado não de um cansaço físico mas sim por alcançar o que estivera a buscar há muito tempo.
Então eu soergui os quadris, levei a mão ao nervoso falo e fiz alguns movimentos para frente e para trás até a glande se perder entre os grandes e famintos lábios de sua vulva. Assim que a encontrei, soltei vagarosamente o peso. Enquanto isso, nossos lábios se entregavam a uma dança erótica como numa luta mortal para se apoderar um do outro.
Ana Carla estava extremamente lubrificada. Contudo, tive de fazer certa pressão para penetrá-la. E ao fazê-lo, senti-a contrair as pernas, não para me impedir, mas talvez com receio de que eu o fizesse de forma súbita e provocasse-lhe dor.
Quando a penetrei. Ela me envolveu com seus braços e me apertou com força. Então eu fiquei por longos segundos naquela posição até que não me contive e deixei o meu corpo agir por si só.
Meus lábios desvencilharam-se dos dela e foram procurar os pontudos seios, cujo arfar denotava profundo desespero, como se algo a consumisse até a alma. Além do intenso prazer proporcionado por este gesto, eu desejava também acariciá-los de tal forma a provocar-lhe um arrebatamento sem igual, pois sabia, por experiência, que tal carícia, muitas vezes, levava a mulher ao mais intenso gozo, assim como aconteceu por mais de uma vez com a Ritinha, cujas carícias nos seios eram suficientes para levá-la ao orgasmo, um orgasmo que era acompanhado por intensos gemidos e gritinhos como se de suas entranhas não partisse o gozo, mas algo grandioso que lhe dilacerava por dentro.
E foi o que fiz.
Pena que sucumbi ao meu próprio deleite. Logo a seguir, fui tomado por êxtase inebriante e demoníaco, por um instante de perda total da noção de qualquer coisa. De um momento a outro eu experimentei coisas que jamais havia experimentado. Talvez porque não houvesse mais aquela preocupação em romper-lhe o hímen, impedindo-me assim de apreciar todas as sensações que ela me fazia experimentar. Sem que eu pudesse fazer algo, meu corpo simplesmente explodiu num gozo mais intenso que a fissão nuclear.
Fissão Nuclear. Que exagero! Sei disso, amigo leitor. Minha intenção porém foi apenas de mostrar-lhe o tamanho do prazer que experimentei. Não foi como das outras vezes com aquelas pobres infelizes, ou mesmo igual ao que me ocorreu mais cedo. Achava que chegara ao limite, que além daquelas sensações não haveriam outras mais intensas. Mas como eu me enganara! E tal engano era tão somente mais uma prova de que meus sentidos jaziam confusos, perdidos e completamente sem rumo. Dir-se-ia de um novo nascimento, feito uma lagarta que morre para dar vida a uma bela borboleta.
Cheguei a ficar imóvel e absorto por alguns instantes; todavia, minha razão foi devolvida e então tive consciência da minha tarefa. Precisava continuar e proporcionar-lhe aquelas mesmas experiências. Sabia que se não continuasse e fosse até o fim desapontá-la-ia. Minhas forças eram escassas, mas precisava seguir em frente. Desistir seria o fim, por um ponto final em nosso relacionamento. Eu não queria isso. Não mais.
Por sorte, não precisei de muito esforço. Pouco depois ela empurrava e puxava-me os quadris cada vez mais rápidos (isso me surpreendeu, pois era a primeira a fazer tal coisa. Nem Juliana, nem a secretária do Sr. Roberto ou mesmo a Sra. Becker fizera algo parecido ao buscar o gozo depois de experimentá-lo pela primeira vez). Então ela soltou um forte grunhido e seu corpo caiu na imobilidade do silêncio. Seus seios pequenos arfavam convulsivamente, de tal forma a parecer que o coração fosse-lhe soltar pela boca. Exausta por demais, parecia ter perdido completamente as forças. E lembrando-me desse momento – pois ainda vejo seu corpinho banhado de suor, os seios a subir e descer enquanto seus pulmões pareciam-me desesperados em busca de ar – chego inclusive a pensar que se tivesse demorado mais dois ou três minutos para gozar, um desmaio seria inevitável.
Vendo-a ali, estirada sob meu corpo, tão frágil e na mais completa absorção, senti arrepios de prazer. Mas na dualidade de meus sentimentos, senti pena. Mas não foi o arrependimento que me levou a isso dessa vez. Agora não me sentia mais arrependido – até porque o arrependimento me parece o mais claro sinal de fraqueza – como cheguei a sentir uma única vez depois de ver o estado emocional em que ficou Daniela. Tratava-se de uma sensação mais sutil, de algo relacionado a laços mais profundos, como se entre mim e Ana Carla houvesse laços de sangue. Talvez no fundo eu nem sentisse pena dela mas de mim mesmo. É possível que estivesse a refletir nela aquilo que jazia em mim. No entanto não posso ter certeza de nada. A única coisa de que tenho certeza – uma certeza inabalável – é de que meu amor por aquela menina ficou maior, como se a comunhão daqueles corpos revirara a terra e feito brotar uma semente. Eu estava me apaixonando, e justamente por aquela com a qual só tencionava cometer uma diabrura e obter uns momentos de prazer.
A verdade, amigo leitor, precisa ser dita sem rodeios. E não adianta querer se enganar. Pois o pior que um homem pode fazer não é enganar o outro, mas a si próprio. Aquele que não é sincero consigo não pode jamais esperar a sinceridade de outrem. Eu poderia até não querer acreditar e menos ainda reconhecer, contudo, daquele momento em diante estávamos unidos de tal forma que não se poderia simplesmente ir um para cada lado, como eu fizera tantas vezes. Eu não tinha a menor noção do que estaria por vir, mas tinha a nítida impressão que o nossos destinos estavam entrelaçados como pelos de carneiro num fio de lã, o qual fora selado naquela cama. Minha vida havia tomado um rumo inimaginável até pouco tempo. Que rumo era esse e onde este levaria só o tempo poderia dizer.
Eu saí de cima dela e em silêncio permanecemos deitados lado a lado, perdidos em nossos próprios pensamentos, pensamentos esses que devido ao cansaço foram ficando distantes a medida que a leveza nos fazia sentir como uma pena a flutuar, indo de um lado a outro ao sabor do vento. E nesse distanciar de nossos pensamentos, as pálpebras sentiram-se pesadas e chegamos a dormir por cerca de meia hora. Se Ana Carla não houvesse me despertado com o toque delicado de seus dedos em minha face e o som melódico e apaixonado de seus lábios possivelmente dormiria ainda mais. E ao me despertar, ela me presenteou com o mais belo sorriso a escapar-lhe dos lábios. Cheguei por alguns segundos pensar que estava a sonhar. No entanto o calor de seus lábios deram-me a certeza de não se tratar de um sonho. Embora tudo aquilo me parecesse irreal, como num sonho, senti uma necessidade de me agarrar àquela irrealidade, de permanecer naquele mundo, feito àquele que não suportando a dureza da vida cria um mundo para si, onde suas fraquezas transformam-se em forças e, sacrificando todo o resto, passa a fazer dessa fantasia o único mundo possível. Eu não pertencia ao grupo desses seres fracos, dessas pessoas desprezíveis, pois fraqueza, servilidade e escravidão andam de mãos dadas e na mais das vezes são confundidas feitos irmãs gêmeas.
– Eu te amo – exclamou Ana Carla, numa voz baixa e distante.
Ainda aturdido, sem rumo, tomado de surpresa como se houvesse recebido um golpe, não fui capaz de responder-lhe nada.
– Eu te amo – tornou ela, em cuja voz havia um êxtase crescente, como se esperasse uma resposta.
Novamente não lhe respondi. Apenas beijei-a na boca, num beijo longo e ardente. Não podia lhe dizer o mesmo. Sentia-me confuso, sem saber o que estava experimentando. Mas dizer que a amava era enganá-la. E eu não queria fazer isso.
– Estou morrendo de fome – declarou-me, quando nossos lábios se descolaram.
– Eu também – menti. E, sem dizer mais palavras, levantei-me, peguei-lhe na mão e saímos do quarto.
Embora não fosse a primeira vez a fazer aquilo – com a Daniela fiz o mesmo –, era no entanto a primeira a fazê-lo sem planejar, sem a intenção de enganá-la ou tirar proveito daquela situação. Eu pegava em sua mão porque sentia necessidade de tê-la na minha como se entre eu e Ana Carla formara-se um elo através de uma força invisível. E apesar de não ter me dado conta disso naquele momento, ao deixar os pensamentos voarem à noite em minha cama cheguei a conclusão de que algo novo havia acontecido. Um mundo que havia se perdido no passado tornara a se abrir, revelando uma infinidade de possibilidades que até então eram-me desconhecidas. Eu a queria, queria estar casado com ela, queria tê-la por completo, como minha, para sempre. Talvez com receio de admitir a causa daquele comportamento estranho ou porque tais sentimentos ainda não estivessem bem claros tenha admitido que no fundo tudo não passava de entusiasmo com a jovialidade e o frescor daquela menina de 14 anos. Se de fato era isso ou algo mais, só o tempo poderia dizer.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

SAUDADES DE UM GRANDE AMOR

Quantos de nós, principalmente nos primeiros anos da juventude, não nos apaixonamos perdidamente por alguém. Muitas vezes esse amor é até correspondido e a caba em namoro, mas imaturidade tão comum nessa idade acaba levando essa história tão bonita e cheia de sonhos ao fim. Nos meus primeiros anos da adolescência passei por algumas experiências assim. Aliás, tenho lembranças inesquecíveis dessa época. Apesar da dramaticidade poética tão comum aos poetas, os versos abaixo falam dessa época.



Olho para este céu tão límpido
Tão claro e azul no verão
Então solto um sorriso tímido
E penso em ti com o coração.

Onde estará você agora?
Tens ainda de mim lembranças?
Ou, por todos esses anos afora,
Perdeste-as como a esperança?

Ó minha amada, minha vida!
Quanta dor ainda carrego no peito
Pelo que joguei fora, querida!

A saudade dói-me a cada instante
E tudo que eu tenho feito
É arrepender-me amargamente

domingo, 16 de outubro de 2011

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 21

Alcancei-a facilmente na faixa de areia. Embora Luciana fosse mais velha e maior do que eu, tratava-se duma mulher. E as mulheres não são tão velozes quanto os homens. Ainda mais que eu era um ótimo corredor e Luciana aquele tipo de pessoa que, ao correr, o faz de forma desengonçada. Na escola, nenhum aluno da minha série corria tanto quanto eu. Nas aulas de educação física, quando o professor mandava a gente dar dez voltas ao redor da praça, eu era o primeiro a terminar. Aliás, somente um garoto da oitava série conseguia me bater de vez em quando. Muitas vezes porém, usando de todo o meu esforço, eu conseguia terminar na frente dele. E eu sentia o maior prazer em vencê-lo. Era como se acabara de ganhar um importante troféu. Aliás, os fracos dão um valor infinitamente maior às pequenas vitórias do que os fortes, talvez porque no fundo sabem que nunca deixarão de ser um quase nada e a grandeza é algo tão inalcançável quanto o pleno conhecimento de tudo.
Agarrei-a pelo braço e ela perdeu o equilíbrio. Ao cair na areia fofa, puxou-me e eu tombei por cima ela. Suas gargalhadas se tornaram ainda mais altas, demonstrando um profundo deleite. E aquilo acabou me irritando, pois eu não sentia prazer algum naquele brincadeira. Aí, num gesto inesperado e pegando-me desprevenido, empurrou-me para o lado e rolou sobre mim.
A areia, presa em seus cabelos, acabou caiu em meu rosto e atingindo-me os olhos, fazendo com que me distraísse e fosse imobilizado pelas mãos ágeis de Luciana. Dominado e sem ter como reagir, tornei-me presa fácil. Luciana prendeu meus braços contra a areia e sentou sobre os meus quadris, tirando-me qualquer chance de escapar.
Eu bem que tentei, mas foi em vão. Ela parecia querer me dominar e mostrar que era superior e tinha total poder sobre mim. Nos seus olhos e nos lábios via-se um quê de prazer muito além daquele experimentado por um garoto ao dominar o adversário numa brincadeira. Havia algo por trás daquela mente que eu ainda não compreendia, mas ela me faria descobrir muito em breve.
-- Ta vendo como você é um frouxo? – disse ela, rindo da minha cara.
-- Já falei! Não sou frouxo! – exclamei, esforçando-me ao máximo para escapar e sair debaixo dela.
Fui obrigado a desistir. Estava exausto, com a respiração ofegante e sem forças. Nos olhos dela o prazer do domínio só se fazia crescer. Dir-se-ia sentir uma espécie de júbilo, algo a se aproximar do êxtase.
-- Ai! Você está me apertando – falei. – Vai. Me deixa sair – pedi em seguida.
-- Por quê? Você não consegue se escapar, seu fracote?
-- Não, eu não consigo – admiti com os olhos pregados nos dela. Ela me encarava sorrindo. – Vai! Me solta! – pedi mais uma vez. – Assim você está me machucando – afirmei depois de uma pausa.
Pelo jeito ela não acreditou, pois não me soltou; pelo contrário, apertou ainda mais meus punhos contra a areia fofa. Parecia não só demonstrar sua força quanto me convencer de uma vez por todas que podia fazer o que bem entendesse comigo.
-- E se eu não quiser te soltar? – quis ela saber.
Eu não respondi. Aliás, eu nem sabia o que responder; no entanto, implorei:
-- É sério! Por favor, me solta!
Fez-se silêncio por alguns momentos. Luciana parecia pensar, como se estivesse decidindo se me soltava ou se deixava a coisa correr por mais algum tempo para ver o que aconteceria. Mas pouco depois, fez uma proposta:
-- Eu te solto se você me der um beijo. Mas tem que ser um beijo de língua.
Fiquei sem reação. Eu naquele momento não estava com vontade de beijar nem ela nem ninguém. Aliás, eu só queria que ela me soltasse. Eu não tinha desejo ou qualquer outro tipo de sentimentos por ela. Era como se ela fosse um garoto como eu, e não uma menina com os seios desnudos. Beijá-la ali seria como beijar um amigo. Ainda mais da forma que ela queria. Eu nem sabia direito o que era um beijo de língua. Fazia apenas uma vaga ideia. E só de pensar minha língua na boca dela me causava nojo. Inclusive, essa expressão de nojo deve ter sido notada por ela, embora não tenho dito nada. Mas eu não tinha alternativa. Se não concordasse, ela não me soltaria; e, ao contrário do que ela poderia estar pensando, realmente estava me machucando com todo o seu peso prendendo os meus pulsos. De mais a mais ela não me parecia o tipo de pessoa que desiste fácil. Só me soltaria depois de alcançar seus objetivos.
Assim, sem ter muito que fazer, acabei concordando.
Então ela aliviou a pressão, soltou-me os braços, apoiou-se na areia e foi aproximando seu rosto do meu. Nossos lábios se tocaram e eu senti a língua dela entrar na minha boca. Nisso, seu corpo apoiou no meu, como se ela deitasse em cima de mim, e suas pernas se enroscaram nas minhas.
Como por instinto, meus braços a enlaçaram pelo pescoço e o beijo continuou. Beijávamos feito um casal de namorados, embora de minha parte faltasse o elemento principal que leva duas pessoas a se entregarem de forma tão profunda. Era um beijo completo. A sensação de nojo aos poucos se dissipou e então minha língua acabou procurando a dela de forma instintivamente. Imediatamente algum dispositivo dentro em mim foi acionado e fez com que meu corpo reagisse. Eu não sabia como conter aquilo, ainda mais ao experimentar o prazer em beijá-la, em sentir seu peso em cima de mim, os seus seios roçando nos meus peitos e suas pernas enroscadas às minhas. O deleite que Luciana experimentava pôs de lado toda a minha indiferença.
-- O que vocês estão fazendo? – perguntou Ana Paula quase ao nosso lado.
    A surpresa foi tamanha que Luciana deu um impulso e se levantou de imediato. Paralisado, encarei minha prima e não consegui soltar som algum. Era como se a voz estivesse presa e algo a impedisse de sair. Aliás, amigo leitor, é nessas horas que se distingui os fortes dos fracos. O fraco simplesmente se encolhe e amedrontado não reage, não tenta escapar nem mesmo da morte. Deixa que ela o abocanhe passivamente. Por outro lado, o forte esboça algum tipo de reação. E por mais absurda e irracional que seja, ele simplesmente procura não demonstrar passividade e medo. E mesmo diante da morte, sabendo que não poderá escapar, ainda sim a encara com dignidade e luta até o fim.
    -- Nada – foi o que Luciana respondeu de forma ríspida.
    -- Nada? Como nada? Eu vi vocês se beijando – afirmou ela.
    Nisso, eu também me levantei. Ana Paula olhou para minha cara com expressão de ódio e disse:
    -- Eu não acredito que você estava beijado essa cadela.
    -- Cadela é você, sua pirralha! – exclamou Luciana, ameaçando partir para cima da outra.
    -- Espera aí! Não vão se pegar agora – pedi, pondo-me entre as duas que se olhavam como se preparassem para o combate. E antes que alguma delas dissesse algo, adiantei-me: -- Ana Paula, pede desculpas a Luciana. Você não pode simplesmente ir chamando os outros de cadela – expliquei. Aliás, era a coisa certa a fazer. Por mais que se odiassem, por mais que Luciana tivesse feito algo de errado,  ninguém tinha direito de ofendê-la daquela forma.
    -- Eu não vou pedir desculpas coisa nenhuma – asseverou minha prima. – Ela é uma cadela e pronto! Eu vou contar para a Marcela o que você estava fazendo Você diz que gosta dela e estava beijando essa cadela – Fazia questão de frisar bem a palavra cadela. E antes que eu pudesse dizer alguma coisa, saiu correndo.
    Ameacei correr atrás dela, mas Luciana me segurou pelo braço e depois disse:
    -- Deixa elas. Elas se merecem. Depois você conversa com ela. Agora ela não vai te ouvir mesmo!
    Concordei. Luciana estava com a razão. Ana Paula não ia ouvir minhas explicações. Quando se está enfurecido, possuído pelo demônio da desrazão o melhor a fazer é esperar que a cabeça esfrie para então poder ouvir o que se tem a dizer e ponderar as justificativas.
    Por uns momentos, fez-se silêncio. Tanto eu quanto Luciana permanecíamos de cabeça baixa, como se estivéssemos com vergonha um do outro e procurássemos algo para dizer. No meu caso porém era a vergonha e o temor. Se não bastasse a vergonha de ser surpreendido por Ana Paula, ainda havia o medo de que realmente Ana Paula contasse tudo para Marcela. E se o fizesse, Marcela também  ficaria com raiva de mim e de Luciana; ainda mais se realmente ela estivesse interessada em mim, como eu tinha ouvido as duas conversarem na noite anterior. “Ah, mas se ela disser alguma coisa só para fazer a Marcela ficar com raiva da gente, eu juro que dou nela!”, pensei.
    Eu ainda não sabia como as mulheres são vingativas, como são capazes de nutrir uma pela outra um ódio mortal, mas ali naquele dia comecei a descobrir isso. Aliás, daquele momento em diante a frágil harmonia desfez-se de vez e tornou a convivência naquela ilha ainda mais difícil e complicado do que já estava sendo.
    -- Vem! Vamos nos lavar novamente – Chamou Luciana, quebrando o silêncio. – Estamos todos sujos de areia.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

OS MUITOS LINUX E A LIBERDADE DE ESCOLHA


Dentre as maiores diferenças entre Linux e o Windows está a variedade de distribuições. O Windows, por ser desenvolvido e comercializado pela Microsoft, não possui variantes. É um só e com o mesmo ambiente gráfico independentemente do propósito e do tipo de computador onde será usado. O Linux por outro lado, por ser livre, é distribuído por centenas de empresas e pessoas que o personalizam para um determinado tipo de computador e finalidade, permitindo assim que se possa tirar o máximo de proveito da máquina. Além disso, diferentemente do Windows, o Linux possui vários ambiente gráficos tanto para se adaptar aos recursos do computador como para agradar ao gosto do usuário, que muitas vezes é bastante exigente.
Quanto às personalizações, estas são comumente chamadas de distribuições ou simplesmente distros. As distros variam de uma para outra tanto na personalização do ambiente como nos aplicativos. Hoje em dia as distros mais popularas são: Ubuntu, Linux Mint, Fedora, OpenSuse, PclinuxOS, Mandriva, Debain, Arch, Puppy entre outras.
Por outro lado, os ambientes gráficos definem não só a aparência da tela como também o comportamento das janelas e dos aplicativos, a maneira como estes aplicativos se interagem com o ambiente gráfico e vice versa. Aliás, cada ambiente gráfico possui um conjunto de aplicativos exclusivos; como por exemplo o gerenciador de arquivos, o visualizador de imagens, o tocador de áudio e vídeo etc. Os principais ambiente gráficos são: Kde, Gnome, Xfce e Lxde. Desses o Kde e o Gnome são amplamente usados, onde: o Kde usa a barra de tarefas na parte inferior com o menu no canto esquerdo inferior como no Winodows; e o Gome a barra de tarefas parte superior da tela como no MacOS da Apple.
Embora todos os ambientes gráficos estejam disponíveis para ser usados numa mesma distro, algumas distros são mais populares com determinados ambientes. É o caso por exemplo do Ubuntu e do Mint que usam o ambiente Gnome; e do Mandriva e do PclinuxOS que usam o Kde. Aliás, muitas vezes a diferença entre as distros com o mesmo ambiente gráfico são muitos pequenas, restringindo apenas à aparência como ocorre com Mint em relação ao Ubuntu.
Essa liberdade tanto na escolha da distro quanto no ambiente gráfico permite ao usuário ter um computador que realmente o agrade e supra suas necessidades. Assim, por exemplo, é possível tirar o máximo de proveito de um computador mais antigo sem ter de usar um sistema velho, ultrapassado e obsoleto como ocorre com os usuários do Windows XP, que por um motivo ou outro não conseguem rodar o Windows Vista ou 7 no seu computador sem comprometer o desempenho do mesmo. O Linux tem essa vantagem. Eu mesmo rodo o Linux como todos os programas atualizados (Firefox, pacote Office, tocador de áudio e vídeo, visualizador de imagens, etc) num Notebook de 2005, onde o Windows XP roda de forma sofrível. Aliás, a escolha do ambiente gráfico varia de um usuário para outro. Eu pessoalmente tenho preferência pelo Kde, mas alguns de meus amigos, que também usam linux, preferem o Gnome. E vivá a liberdade de escolha!
O melhor conselho que posso dar àquele que desejam buscar a liberdade e a estabilidade do Linux é experimentando tanto as principais distros quanto os ambientes gráficos. Algumas distros se saem melhor em determinados computadores que outros assim como alguns usuários se identificam mais com um determinado ambiente gráfico. É o caso aqui de casa: eu e minha filha preferimos o Mandriva com o ambiente KDE, mas o resto da família prefere o Linux Mint com Gnome. Conclusão: Nos 3 computadores da casa, 2 rodam Mandriva e um o Mint.

Imagens de cima para baixo:
1) Ubuntu (Gnome)
2) OpenSuse (Kde)
3) PclinuxOS (Lxde)
4) Mandriva (Kde)
5) Linux Mint (Gnome)

sábado, 8 de outubro de 2011

NÃO POSSO FICAR SEM VOCÊ
















Os versos abaixo são uma versão revisada dum poema que escrevi em 2003 e foi publicado na época no Site www.usinadeletras.com.br.. Modifiquei alguns versos para adequá-lo à rima, pois a segunda e a última estrofe não eram rimadas. No entanto, mantive o sentido original do pema. Espero que goste.


Não posso ficar sem você
E nem sem teu amor. Não posso viver
Com uma grande dor no peito
Onde médico algum pode dar jeito.

Não posso ficar sem você, meu amor
E nem sem o teu sorriso e teu calor...
Não haveriam motivos para viver
Num mundo onde não houvesse você...

Faça de mim o que bem quiser,
Mas não me prive de teu amor
Ele deu a esse coração sofredor
Motivos para lutar e vencer...

Não, eu não quero mais ficar
Nem um minuto sem teu amor;
Pois você me fez realmente acreditar
Que o amor vence a mais profunda a dor.