quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

FOI A VONTADE DE DEUS

Depois de planejar por meses, uma família do interior decide passar o de fim de ano na praia. É a primeira vez que os dois filhos do casal, um garotinho de 7 anos e uma menina de 4 anos, terão contato com o mar.
Antes da viagem, o automóvel, tirado num consórcio há pouco mais de um ano, vai para a revisão. Afinal não se deve pegar a estrada sem fazer uma revisão no carro. Ainda mais quando se transporta os filhos e a esposa, uma senhora de 31 anos, que divide sua devoção entre os filhos, o marido e Deus, frequentado a igreja uma vez por semana em companhia da família.
No dia 22 de dezembro, após uma oração, eles saem cedo de casa. Seu Roberto, como é conhecido no bairro, é um homem prudente que respeita a sinalização e os limites de velocidade. Por isso sabe que gastará mais tempo do que a maioria dos motoristas para fazer o mesmo trajeto. Mas ele não se importa com isso. “Não se deve ter pressa. O importante é chegar em segurança”. É o seu lema, o qual costuma dizer aos amigos quando estes pegam a estrada.
Apesar do trânsito, a viagem até o litoral corre da melhor forma possível.
E durante aqueles 12 dias, a família se diverte como nunca. Vão à praia quase todos os dias e passeiam pela cidade quase todos os começos de noite. E tudo aquilo que a cidade oferece aos turistas, aquela família procura desfrutar. Mas não esquecem de seus deveres para com Deus e assim vão à missa de domingo.
E como todo passeio, aquele também chegou ao fim. Mas isso não foi motivo de tristeza. No dia 2, acordaram todos antes da aurora e pegaram a estrada de volta.
Mas não chegaram em casa.
Numa curva de um trecho sem acostamento, uma carreta, vindo em sentindo contrário, fez uma ultrapassagem proibida e atingiu de frente o carro onde jazia a família do Sr. Roberto. Tanto ele quanto a esposa morreu na hora. A menina de 4 anos ainda chegou a ser levada com vida ao hospital, mas morreu horas depois. O garoto de 7 anos, sobreviveu. Mas uma fratura na coluna, na região do pescoço, deixou-o tetraplégico. O motorista do caminhão, apesar da gravidade do acidente, sofreu ferimentos leves, tendo de mais grave uma perna quebrada, a qual se recuperou completamente semanas depois.
No seu depoimento, ele justificou a ultrapassagem da seguinte forma:
-- Não sei o que me deu na cabeça pra fazer aquilo. Talvez eu estivesse um pouco cansado, já que tava dirigindo há mais de seis horas sem parar. Parece que alguma coisa me levou a cometer essa loucura... Talvez tenha sido a vontade de Deus...
Durante o enterro daqueles inocentes, não faltou um ombro amigo que de uma forma ou de outra tentava confortar os pais e avós daquelas três vítimas da irresponsabilidade de um motorista. Ainda mais que eram pessoas muito queridas na cidade, cuja morte chegou a causar uma comoção.
E foram muitas as palavras de consolo. Mas o mais que se ouviu foi:

 “Foi a vontade de Deus”.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

CHAGA DOLOROSA

Não sei o que fazer
Com esse sentimento
Aqui no peito a roer.
Dói a todo momento

É uma dor insana
Sem fim, sem uma pausa
Que até a alma desengana
Sem entender a causa

Mas é no te querer
Sem te ter entretanto
A razão do sofrer
Sem apaziguamento

Mas sei que a vida engana
Como espinho de rosa
Amar não é bacana
É chaga dolorosa

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A SEDUTORA

Não venha com esses olhos inebriantes
Seduzir-me assim. Sou fraco e até me deixo
Levar facilmente pelas deleitantes
Pulsões do prazer. Ah, e como me deixo!

Árdua luta travo contra essa vontade
De me perder em ti, de me deixar
Sucumbir à tua pura sensualidade
Cujo deleite é o mais intenso que há

Tuas carícias tão ternas e tão excitantes
Tem grande poder. E nesse meu desleixo
Onde se permite atos inconsequentes
Ajo como louco, como fora do eixo

Mas essa loucura não é insanidade
É minha paixão que me faz renunciar
À razão, ao bom senso e à realidade
Para no teu gozo o meu se misturar

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O ZIKA VÍRUS E O FIM DA HUMANIDADE

Após uma série de casos de microcefalia em recém-nascidos, parece não haver mais dúvida quanto à causa dessa deficiência genética, que provoca cegueira, surdez, retardamento mental, dificuldade motora entre outras, tornando a vítima num incapaz para o resto da vida, já que parece que o Zika vírus provoca os casos mais graves da doença E não há dúvida de que haverá milhares de casos de microcefalia não só na América Latina como em todo o mundo. Aliás, é imprevisível o que poderá ocorrer quando essa doença chegar à África e aos países mais pobres e populosos do planeta como a Índia e a China por exemplo. Será uma tragédia humanitária sem precedentes. O Zika vírus produzirá uma geração de incapazes, afetando profundamente as gerações futuras devido ao custo humano e financeiro para ligar com as vítimas desse nefasto vírus. E há ainda um outro problema: o baixo índice de nascimentos, provocados pelo aumento de abortos e o adiamento da gravidez com o temor da microcefalia, pois muitos casais adiarão seus planos de ter filhos. As taxas de natalidade nos países afetados deve cair consideravelmente nos próximos anos, levando inclusive a um crescimento populacional negativo. Veremos algo parecido com o que ocorreu com a Peste Negra na Idade Média. É bem possível que nas próximas décadas veremos um decréscimo da população de muitos países como já vem ocorrendo na Europa, embora por outros motivos. Então eu me pergunto: será o começo do fim da humanidade? Poderá o Zika vírus, aliado às mudanças climáticas, as quais já vem afetando o crescimento populacional do planeta, causar a extinção do homem? Não creio. Esses dois fatores por si só não são suficientes, mas certamente provocarão profundas mudanças sociais e econômicas nas próximas décadas, mudanças para as quais a maioria das nações não estão preparadas.