sábado, 30 de janeiro de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 3 - parte 1

É possível que o amigo leitor esteja a se perguntar: e o que Ana Carla escreveu em seu diário acerca desse encontro? É perfeitamente compreensível, ainda mais se você, leitor, for alguém cuja idade corresponda à de Ana Carla, pois, nesse caso, a curiosidade há de ser ainda maior. Qual jovem não tem a curiosidade de saber o que alguém como ele está pensando? É por isso que talvez este mesmo leitor continue a ler minha narrativa, não por causa de minhas palavras -- antiquadas, chatas, coisa de um velho –, mas sim devido às impressões que Ana Carla deixou. E mesmo que se tenha mais idade, possivelmente até seja mais velho que o autor dessas linhas, ainda sim pode estar mais seduzido pelas palavras dela do que pelas minhas. Por que não? Talvez ela até saiba escrever melhor, usar as ideias certas nos momentos certos. Não é porque estou narrando nossas aventuras que seja um eximo contador de histórias. Aliás, escritor mesmo eu não sou. Dir-se-ia um memorialista, nada mais. Não seria capaz de partir do nada para inventar uma narrativa assim, coisa que para um escritor não há de ser dificultoso. Apenas recorro à memória e deixo as lembranças -- auxiliadas pelo diário da Ana Carla -- fluírem no papel, lembranças essas que de vez ou outra me escapam e é preciso interrompê-las e voltar algumas páginas e acrescentar o que só agora me ocorreu. E embora essa narrativa ainda esteja só no começo, acredito ter de fazer isso dezenas, talvez centenas de vezes.
Bem, já estou eu desviando do assunto e deixando você, leitor, até um tanto contrafeito, com vontade de atirar esse livro a um canto e não lhe por mais as mãos. Faça isso depressa! Não perca tempo! Há obras bem mais interessantes, melhores que essas memórias. Aliás, memórias não deveriam ser chamadas de livros. São particulares demais, cansativas demais para aqueles que não participaram da vida do memorista. Memórias são para os familiares, amigos e conhecidos que muitas vezes as leem apenas com o intuito de procurar numa passagem ou outra alguma referência a si. E por mais que o autor procure colocar todo o seu talento na obra, esta nunca deixará de ser suas memórias, partes de sua vivência que não passa de trivialidades como a maioria das vivências humanas. Poucos têm uma vida exuberante, cheia de feitos, heroica que vale a pena ser contada. Estes por sua vez não perdem tempo narrando-as.
Mas se você ainda está aqui, lendo essas palavras, possivelmente é um leitor persistente, ou alguém incapaz de resistir à curiosidade, pois às vezes, ao abrirmos um livro, somos seduzidos de tal forma pelos acontecimentos que não somos capazes de interromper a leitura antes do final. E se este é o caso, então não vou mais ocupá-lo com meus devaneios, embora muitas vezes o autor, num momento de distração ou mesmo empolgação, deixa-se levar por eles.
Antes porém de prosseguir vou presenteá-lo com as palavras que Ana Carla escreveu em seu diário, provavelmente ao ir mais cedo para a cama, ávida para registrá-las. Talvez alguns comentários fossem de grande ajuda, contudo, deixá-lo-ei tirar as suas próprias conclusões. Aliás, na medida do possível evitarei fazer comentários acerca das palavras dela. Como o leitor há de se lembrar, prometi dar tão somente a minha versão dos fatos, e é assim o farei.

Sábado, 20 de novembro
Acho que não vou consegui dormir hoje. Minha cabeça parece que está girando. Aconteceram tantas coisas que nem sei por onde começar, meu diário. Agora eu sei que ele está gostando de mim. Não sei quando ele começou a se interessar, mas quando me deu esta pulseira, ele já sentia algo por mim.
Meu Deus, estou ficando apaixonada. Eu não via a hora de me encontrar com ele. Depois, eu não queria mais desgrudar dele. Ainda mais depois de tudo que aconteceu. Nem sei como escrever. Foi tudo tão novo e estranho. Eu nunca senti nada parecido com o que ele me fez sentir hoje. Juro que não!
Sabia que um dia isso tudo ia acontecer. Só não esperava que fosse assim tão rápido e dessa forma. A ideia de irmos até o calçadão da praia foi maravilhosa. Eu não fazia a menor ideia para onde ir. Acho que nem ele. Achei ele bastante indeciso. Será que ele é assim ou só foi por causa do nosso primeiro encontro? Depois também, ele foi até decidido demais. Ah, isso foi!
Hum... Só de lembrar daquele beijo, já fico louca! Quase desmaiei quando ele me pegou nos braços e me beijou. Fiquei um pouco sem jeito e assustada no começo, mas depois foi demais. Não sei falar direito sobre o beijo, mas achei meio esquisito a língua dele na minha boca. Nunca tinha beijado de língua, só de selinho. Mas quando ele estava me beijando e me apertado eu senti algo que não sei explicar. Algo dentro de mim parecia turbilhoar. Me deu vontade de não me soltar mais.
Ele também me deixou assustada quando sua mão encostou na minha xana. Não sei se foi sem querer ou se foi de propósito. Talvez sem querer, pois sua mão estava alisando minhas pernas. Ele nem imagina o quanto aquilo estava me deixando doida. Será que os homens pensam que somos mais controladas que eles? Ou eles acham que isso não deixa a gente louca? Se ele visse o estado em que ficou a minha calcinha. Até parecia que eu tinha feito xixi. Nunca imaginei que a gente ficasse assim.
Agora ele foi safado quando passou a mão nos meus peitos. Ah, isso foi! Pensa que não percebi que ele fez de propósito? Já tinha ouvido falar que os homens são safados, mas não esperava isso dele. Mas se ele pensa que vou deixar ele me acariciar dessa forma está muito enganado. A gente pode até namorar, mas nada dessas intimidades. Meu Deus, já estou falando em namoro! Estou ficando louca mesmo!
Vou dormir pensando em tudo que aconteceu com a gente hoje. Vou ficar lembrando daquele momento em que ele me pôs sentada no colo dele. Talvez ele não saiba, mas eu senti o troço dele. Estava duro e parecia se mexer. Será que é grande? Como deve ser? Só vi em livros e naquela revista que o Maurício levou para a escola outro dia. E ainda ficou mostrando para as meninas na classe. Que coisa nojenta! Mas ao vivo deve ser bem diferente. Agora fiquei curiosa.
Acho melhor parar de pensar nessas coisas e ir dormir antes que minha mãe entre aqui e me pega escrevendo essas coisas.

Domingo, 21 de novembro
Na hora do almoço.
Acordei pensando nele hoje e fiquei lembrando de tudo que aconteceu ontem. Não vou esquecer nunca daquele beijo. Foi o meu primeiro beijo de verdade.
Eu vou ligar para ele daqui a pouco. Já não aguento mais de saudades. Meus pais estão em casa, mas vou dar um jeito de me encontrar com ele. Nem que seja por meia hora. Qualquer coisa falo que vou na casa da Marcela. Eles não se importam que fico lá.

Noite.
Pena que só deu para ficarmos juntos por alguns instantes. O que é quarenta minutos, quando a gente tem vontade de ficar com alguém a vida toda? Agora eu sei que ele está gostando de mim mesmo. Ele me tratou com tanto carinho quando nos encontramos no calçadão da praia. Assim que cheguei no lugar combinado, ele já estava lá. Ele chamou aquele lugar de “Anexo secreto”. Nem sei de onde ele tirou esse nome.
Ficamos lá bem escondidinhos e agarradinhos. Nos beijamos muito, muito mesmo. Nossa! Como a boca dele é gostosa. E quando ele está me beijando, ele me aperta como tanta força que eu fico até zonza. Não sei porque ele gosta de me apertar tanto assim.
Eu estava usando uma minissaia e ele me pôs sentada no seu colo. Ele focou alisando minhas pernas que nem ontem. Às vezes, sua mão escorregava demais e avançava por baixo da saia e a ponta dos dedos esbarrava na minha calcinha. Ele fazia de conta que era sem querer, mas eu percebia que ele fazia de propósito. Agora tenho certeza que ontem não foi sem querer. Ele sabia o que estava fazendo.
Não sei se foi porque minha saia era muito fina, mas quando eu estava sentada no colo dele, pude sentir novamente o pau dele. Parece grande. Fico imaginando como ele deve ser. Por quê será que está sempre com aquilo duro quando está comigo? Será que ele me acha tão sexy assim? Teve uma hora que me deu vontade de ficar me mexendo no colo dele só para sentir aquela coisa, só para ver o que ele ia fazer. Nossa! Só de ficar pensando nessas coisas eu já fico daquele jeito de novo.
Vou parar de escrever e ficar aqui na minha cama pensando nele, naquelas mãos percorrendo o meu corpo, minhas pernas...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

DORES DO CORAÇÃO


Eu canto as dores do coração
Em versos e prosa
E falo da saudade da separação
Como dum jardim sem rosas

Mas se canto a dor
É que por trás desse desatino
Encontra-se o amor
No coração de um menino

Aliás, a dor para mim
É uma companheira constante
Talvez Deus quis assim
Que eu sofra eternamente

Mas não deixarei de amar
Por causa de uma desilusão:
O amor é o que de melhor há
Para preencher o vazio do coração

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

NO BRILHO DOS TEUS OLHOS

No brilho de seus olhos 
Eu vejo uma vida passar:
Há tanta dor e sofrimento
Que dá vontade de chorar

Mas vejo nos seus olhos
Uma grande lição de vida:
Há um poder no entanto
Que cura todas as feridas.

Eu vejo nos seus olhos
Que apesar de toda a dor
E de todas as injustiças
Há ainda muito amor

Eu vejo nos seus olhos
Que neste ferido coração
Há um poço de esperança
E um quê de perdão.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 2 - parte 3


Passamos momentos magníficos na praia da Pitangueiras, no centro do Guarujá. Aliás, posso afirmar assim como dois e dois são quatro que aqueles momentos foram tanto mais inesquecíveis para Ana Carla, uma vez que nem de longe deva ter experimentado algo parecido. E como o leitor há de saber em breve, fiz o possível para torná-los mágicos, mais do que seus sonhos seriam capazes de produzir. Mas não vá o leitor desatento pensar que todos aqueles atos foram produtos do acaso, do momento, pois na verdade cada gesto, cada palavra foi devidamente calculado, mesmo que por alguns segundos apenas. Evidentemente, nem tudo foi pensado de antemão, até porque ser-me-ia impossível pensá-los devido a impossibilidade de prevê-los, contudo, quando a oportunidade surgia, eu não me furtava de ponderar acerca de qual melhor passo a dar para provocar o efeito esperado e tornar-lhe aquele encontro tão especial que lhe seria impossível não pensar nele nos dias subsequentes. E se conseguisse isso, obteria todo o resto. Aliás, nesse ponto a experiência me foi muito útil. Nas primeiras vezes cometia um deslize aqui outro ali e nem sempre conseguia obter o efeito desejado. Com o passar do tempo porém aprendi a observar cada gesto, cada olhar, cada palavra e assim interpretá-los tal qual um terapeuta e colher o fruto de todo aquele trabalho.
Eu não via maiores dificuldades em alcançar meus objetivos. Talvez o único empecilho fosse justamente o fato daquele ser o nosso primeiro encontro, o qual, devido a nossa enorme diferença de idade, causaria algum tipo de acanhamento. E de fato, no começo, sentimos-nos inibidos, embora meu “acanhamento” fosse mais produto do receio em dar um passo em falso que por causa dos olhares alheios; mas, com o passar dos minutos, fomos nos soltando e a espontaneidade aflorou como o desabrochar de uma rosa, tal qual acontece a um jovem casal de namorados. Mas também foi só isso, pois na maior parte do tempo eu me mantinha vigilante, pois sabia que não poderia fazer nada que a assustasse ou lhe causasse embaraço, embora certamente lhe testaria a resistência, tentaria descobrir até onde me deixaria ir.
Não lhe falei de amor ou paixão. Se o fizesse estaria mentindo e decerto não acreditaria, pois Ana Carla não me parecia o tipo de mulher ingenua, que acreditaria numa coisa dessas logo de cara. Toda mulher gosta de um galanteio, mas na hora certa. Além do mais poderia isso sim assustá-la, uma vez que talvez me julgasse por mentiroso. De mais a mais, meus desejos secretos eram outros, não havendo relação com esse tão nobre sentimento chamado amor; contudo, se um sentimento profundo e verdadeiro brotasse do fundo do meu peito, feito um vulcão que se acredita há muito extinto, revelá-lo-ia com todas as letras, pois quando somos verdadeiros nossas verdades vão até a raiz.
Quando percebi que o grau de intimidade permitia – uns dez ou doze minutos após a nossa chegada --, tomei-a nos braços e então nos foi possível beijarmos sem constrangimento, sem o temor de que nos estivessem observando. Até porque não havia ninguém próximo, uma vez que procurei justamente um local mais escondido, uma pequena passagem para o mar. Foi um beijo curto, mas muito gostoso; aliás, um beijo que me deixou muitíssimo excitado, quase sem forças para me conter e manter o auto controle. Embora tenha durado alguns segundos, o efeito causado perdurou por muito tempo, feito o veneno de uma picada que, ao penetrar na corrente sanguínea e atingir o cérebro provoca alucinações. Neste caso porém as alucinações deram lugar a pensamentos impuros, à imagens obscenas. Lembro inclusive de indagar: "Será que ela está tão molhadinha assim como eu? Será que está me desejando tanto quanto eu a desejo? Não, isso não. Ainda é muito novinha para ter esses pensamentos. Mas algum tipo de reação, ah isso sim..."
Houve momentos em que meus desejos quase me traíram. Em dado instante (isso um pouco mais tarde, quando estávamos sentados na mureta de concreto que separa a praia do calçadão), sem que eu percebesse, minhas mãos foram escorregando lentamente por entre suas pernas até tocar onde homem algum havia tocado. Havia posto de propósito uma das mãos em suas coxas. E vez ou outra a alisava com carinho, de uma forma bem leve, num toque suave. Foi num desses momentos que a deixei escorregar.
Não sei se ela não percebeu ou se, na sua inocência, entendeu aquilo como um descuido, como um ato involuntário, pois esta foi a minha intenção: dar a ideia de que o fizera sem querer e assim saber de que forma reagiria. Mas Ana Carla simplesmente não me fez nenhuma censura e nem mesmo esboçou sinal algum de reprovação capaz de levar-me a acreditar que não havia gostado. Confesso, amigo leitor, ter ficado na dúvida, pois esperava alguma reação por parte dela. Estava preparado para lhe pedir desculpas e mentir que havia sido sem querer.
Mas eu desejava tirar a dúvida, queria saber até onde me deixaria ir. Só que estava temeroso de que dessa vez ela se chateasse, o que não poderia de forma alguma acontecer. Por isso, resolvi ser comedido. Só que em outro momento (poucos minutos depois), tomado de arroubos, eu me descuidei e a mesma mão me traiu mais uma vez. Digo “traiu” porque esta é a melhor definição, uma vez que tal ato me escapou, não foi de caso pensado como os demais. Dir-se-ia de um pequeno lapso que muitas vezes nos acontece e nos deixam em situação embaraçosa. Ao tocar seus quadris para sentir a maciez de sua pele, minha mão foi escorregando para cima até que, quando percebi, tateava, perdida, o teso seio dela. Não cheguei a pegá-lo ou apalpá-lo como se poderia imaginar. A mão ficou ali por alguns segundos, tempo suficiente para senti-lo.
O que mais me espantou foi que ela não me repreendeu por causa desse novo descuido. Eu parei por mim mesmo, para não por tudo a perder. Não queria parecer abusado e aproveitador além do que já estava sendo. Sabia que talvez ela não se apercebesse disso, contudo não se deve ir com muita sede ao pote.
Ah, mas o momento mais sublime de nosso encontro foi quando estávamos sentados frente a frente no banco de madeira, poucos metros de onde estávamos. Lentamente fui puxando-a para junto a mim. Na posição em que nos encontrávamos, não era possível nos abraçarmos. E para que isso acontecesse, era preciso um de nós pôr as pernas sobre as do outro. Aliás, eu poderia tê-lo feito, todavia não perderia de forma alguma a chance de ter aquelas coxas grossas, viçosas e deliciosas roçando sobre as minhas. Além do mais, por experiência (já fizera isso outras vezes), sabia onde pararíamos. E sabia tão bem que antes mesmo de tê-la sentada em meu colo, aquela imagem, como se eu fosse capaz de ver o futuro, já se processara em meu cérebro. E como eu previra ela veio parar no meu colo.
Que deleite! Só por isso tal sacrifício já me teria valido a pena. Ah, mas eu queria mais, muito mais. E o que eu mais queria nunca esteve tão próximo, há alguns míseros centímetros do meu falo, falo esse tão impaciente quanto um animal selvagem capturado. Mas ao mesmo tempo tão distante, pois ainda havia uma imensa distância a separar aquele momento do momento em que finalmente sentiria a fina membrana daquela intocada vulva romper-se, partir-se em três ou quatro lugares a fim de aumentar a abertura. Era assim que eu a imaginava se rompendo, embora na única vez em que a observei após rompê-la (Qual era mesmo o nome dela? Silmara! Filha da faxineira, uma branquinha muito sem sal, cuja xoxota era bem rosadinha. 18 anos. Dizia ser virgem, mas nunca a levei a sério, embora resistiu a penetração enquanto pôde por causa de sua virgindade. Fez uma careta horrível na hora H e disse que estava doendo, mas quando a obriguei a abrir as pernas para mostrar-me o hímen rompido não encontrei nem mesmo um sangramento) fiquei decepcionado. Lembro-me de me sentir traído, enganado. E por pouco não a chamei de vadia mentirosa embora o tenha feito em pensamentos. Mas com Ana Carla seria diferente e eu haveria de ver as marcas de seu defloramento, era só questão de tempo, nada mais. Aliás, esses detalhes não me ocuparam naquele momento, eu só queria saborear seu corpo colado ao meu. E ela ficou ali, sentada no meu colo, a vontade. Lembro-me inclusive de pensar em dado momento: "Hum! Como seria delicioso tê-la inteiramente nua sentada assim!... Tenho certeza que ia cavalgar feito uma amazona...".
Amazona. Foi a imagem a me surgir de repente. Aliás, quase ao mesmo tempo, a imagem de Ana Carla nua, sobre um enorme cavalo branco, sem montaria, correndo pelos campos se misturou com a imagem de seu corpo nu em nossa cama, mais precisamente sobre meu colo, usando seus cabelos como acoites. Sim queridos amigos, eu via Ana Carla absorta, como que possuída, jogando se corpo para cima, para baixo numa dança orgiástica enquanto seus longos cabelos me açoitavam a face, deixando-me extasiado. E talvez essa sucessão de cenas houvesse durado ainda mais se Ana Carla não me interrompesse para alertar-me do horário. Estava tarde e precisava voltar para casa.
Foi decepcionante. Pois minha vontade era de não deixá-la levantar-se. Mas não podia retê-la contra a vontade e pô-la em situação embaraçosa em casa. E mesmo que por ventura Ana Carla inventasse uma mentira, uma vez que seria perfeitamente capaz disso, ainda sim minha culpa não se exauria. De mais a mais, se houvesse alcançado meus objetivos, vá lá, mas nem isso. Então por que criar mais dificuldades, prolongar o suplício? Para tornar a conquista mais significativa? Não, não. De forma que, enquanto não a alcançasse, não deveria arriscar. Até porque não conseguiria nada mais do que obtivera até aquele instante. Assim, que deixasse os riscos para quando estes me trouxessem maiores recompensas.



domingo, 10 de janeiro de 2010

COMO SE SONHASSE ACORDADO


Apaixonado por você
Eu vejo tudo ao redor
Com cores mais vibrantes
E com uma alegria contagiante
Como se o mundo com você
Fosse um mundo melhor

Talvez te amar assim
Me faça ver tudo diferente
Como se entre a gente
O céu não ficasse nublado
Com aquele ar sombrio
De um dia triste e ruim.

Assim tão apaixonado
Como se todos os meus sonhos
Houvessem enfim se realizados
Eu vivo cada momento,
Cada segundo de minha vida
Como se sonhasse acordado.


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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 2/2

Quando li pela primeira vez as palavras acima, a primeira coisa vir-me à memória foi a imagem de um número que eu não conhecia no visor do meu celular. Lembro-me de atendê-lo com uma interrogação na cabeça, como faria qualquer pessoa ao ver um número desconhecido. “Quem será?”, foi a inevitável pergunta. No entanto, ao atendê-lo e ouvir-lhe a voz, um “oi” meio tímido, como se a pessoa estivesse insegura, incerta acerca do número discado, aquele som foi prontamente identificado pelas conexões nervosas do meu cérebro. E antes que sua insegurança a fizesse desistir, devolvi-lhe o “Oi!” acrescentando:
– Que surpresa deliciosa! Estava justamente pensando em você, aguardando impacientemente sua ligação.
Essas palavras mudaram drasticamente o tom de sua voz, que agora se tornara mais leve, embora ainda mantivesse uma certa insegurança em alguns momentos. Aliás, foi essa percepção quem me levou a estender a conversa, apesar de aguardar-me na sala ao lado um cliente. No momento porém este não representava nada diante daquele telefonema. Talvez aquela ligação fosse a última coisa a faltar para que finalmente Ana Carla fosse minha, se é que minhas dúvidas não passassem de caprichos de um homem que faz da incerteza um instrumento eficaz de combate ao excesso de confiança, que muitas vezes levam as pessoas a quebrarem a cara. Se era, não o foi por muito tempo. Pois aquelas incertezas, tão presentes em momentos como esses, desapareceram no ar, no instante em que ela me contou, de forma espontânea e natural, que sentira vontade de falar comigo. Minha primeira reação foi vibrar, fazer aquele gesto tão característico de um atleta quando faz uma grande jogada. Aliás, diga-se de passagem, uma jogada excepcional, perfeita, um lance que poucos são capazes de executar.
Conversamos por alguns minutos e então me disse que ligaria à noite. Explicou-me que os pais estariam fora permanecendo ela e o irmão menor em casa. Era a primeira vez que me falava do irmão. Contudo, não deu detalhes e eu também não quis parecer mexeriqueiro, até porque no momento o irmão não me parecia ter importância alguma. Todavia, se por um lado ele não me despertou curiosidade, por outro a ausência dos pais intrigou-me. Onde estariam eles no final do dia? No entanto, não me passou pela cabeça que o pai poderia estar no trabalho e a mãe talvez só houvesse saído. O que havia demais nisso? E por um momento quase lhe perguntei, mas uma ideia foi me ocorrer justamente naquele momento, e esta me pareceu mais interessante, e acabou atropelando a curiosidade anterior que por sua vez acabou ficando e caiu no esquecimento. Ah, a ideia? Era se poderia ligar-lhe no final do dia, depois das cinco. Aliás, perguntei por perguntar, pois já sabia a resposta, embora precisasse ouvir de sua boca o sim. E este veio seguido de um “vou ficar aguardando” que apesar da omissão parecia vir acrescido de um “impacientemente”. E tenho certeza de que ficaria ao lado do telefone a noite toda se não lhe telefonasse.
Obviamente a fiz esperar. Poderia ter-lhe telefonado por volta de cinco horas, todavia esperei até seis e quinze. Certamente ela já não estaria mais aguentando, quase entrando em pânico. Por duas ou três vezes peguei no telefone, contudo, imaginando-a impaciente, preferi prolongar-lhe um pouco mais o desespero. Assim, quando ouvisse minha voz, esta sem dúvida lhe daria mais prazer, causaria um efeito ainda maior do que se tivesse lhe telefonado mais cedo. E não prolonguei mais seu desespero devido ao temor de que seus pais retornassem e a vissem naquele desatino. Isto sim seria um erro, seria um ato impensado, um risco desnecessário. Não fosse isso, certamente a teria deixado naquele estado por mais meia hora.
Nossa conversa durou uns cinquenta minutos. E talvez teríamos ficado mais se sua mãe não retornasse, pois ela parecia disposta a ficar a noite toda ao telefone, dada a facilidade com que os jovens têm para encontrar assunto a fim de estender uma conversa por tanto tempo. Eu por minha vez já estava ficando cansado. Se não fosse por uma causa tão importante, te-la-ia despachado há tempos. Era preciso porém arrancar-lhe algumas coisas sem que ela desconfiasse. Assim, aproveitei aquele tempo para saber um pouco mais sobre seus hábitos, seus gostos e principalmente acerca de seus pais, pois querendo ou não eram eles quem poderiam pôr meus planos por terra, era contra eles que eu teria de lutar o tempo inteiro. E de posse do maior número de informações, ficava-me mais fácil saber como agir.
Os detalhes dessa conversa porém não vou relatar aqui para não prolongar mais do que já estou sendo longo, embora não lhe será difícil, amigo leitor, imaginar o que foi conversado. Aos poucos, em momento mais oportuno o leitor tomará conhecimento daquilo que me foi possível arrancar nessa conversa. Sei que por enquanto esses pormenores podem não vos interessar, de forma que omiti-los não causará prejuízo algum a minha narrativa. Um detalhe porém deve ser adiantado, pois este me causou espanto e provavelmente lhe deixará, amigo leitor, tão surpreso quanto eu fiquei. O leitor há de se lembrar que naquela sexta-feira no ônibus, julguei que Ana Carla tivesse uns dezesseis anos, embora algum tempo depois desconfiasse que talvez fosse um ano mais nova. Contudo, quando lhe perguntei a idade, ela respondeu-me: quatorze anos. E ainda mais. Acrescentou tê-los completado há apenas duas semanas. Quatorze anos!? E eu a me envolver com menina? A surpresa porém durou pouco, talvez porque nossa conversa me tenha impedido de pensar acerca disso, pois se naquele momento não houvesse deixado escapar a oportunidade de pensar nos prós e contras, a chance de haver desistido de tudo seria infinitamente maior. Mas como o leitor há de saber, isso não aconteceu, até porque se assim fosse eu não estaria aqui a escrever essas memórias. E Ana Carla também se encarregou de empurrar esse fato para segundo plano, pois ao final da conversa, deixou escapar algo bem mais significativo, o qual me causou uma surpresa ainda maior.
Convidou-me para sairmos na tarde do dia seguinte. Perguntou-me se não ia trabalhar. Respondi-lhe que não trabalhava aos sábados. Mesmo que trabalhasse, deixaria tudo para lá. Por nada desse mundo eu me furtaria de encontrar-se com ela por causa do trabalho. Ainda mais quando se trata de algo tão distinto. Não que eu odiasse o trabalho, entretanto tinha plena consciência de que este era tão somente uma forma de obter o meu sustento, uma vez que vivemos numa época peculiar, onde tudo gira em torno do capital, e sem o qual simplesmente não somos nada. Assim, trabalhar para mim era uma forma encontrar uma ocupação e ao mesmo tempo não depender de meus pais, embora as despesas da casa continuavam a ser pagas por eles, o que aliás me permitia economizar algum dinheiro e o qual aplicava mensalmente na Caderneta de Poupança ou em ações.
Bem, se o trabalho não me era de todo prazeroso, aquela menina seria capaz de me proporcionar algo que trabalho nenhum poderia oferecer. Seria capaz de sentir e experimentar sensações que talvez jamais tivesse outra oportunidade de experimentá-las. Portanto, não perderia aquela chance por nada desse mundo. E mesmo que houvesse algum compromisso marcado para aquele final de tarde de sábado, este seria imediatamente cancelado, ou, na impossibilidade de cancelá-lo, simplesmente eu não compareceria. Mas não havia nenhum compromisso, nada que me impedisse de encontrá-la. Então combinamos de nos encontrar no ponto de ônibus algumas quadras de sua casa.
Num ponto de ônibus! Só Ana Carla mesmo para vir com uma dessas. Não me agradou sua escolha. Eu por mim jamais escolheria um lugar como esse. Por que não na praça próximo a sua casa? Não seria mais romântico? Mas eu não queria contrariá-la logo de cara. Decerto haveria oportunidade de sugerir-lhe locais menos sem graça, no entanto por hora melhor isso que encontro algum. Era a oportunidade de finalmente iniciar um romance, um faz-de-conta para seduzi-la. Até agora tudo correra como o planejado, dir-se-ia milimetricamente. Aliás de uma forma até surpreendente, uma vez que pensava ser mais trabalhoso para consegui-la e tê-la em meus braços.
Ah, querido leitor, naquele sábado fui tomado por uma inquietação, um desatino um tanto fora do comum! Ora estava no meu quarto, abrindo um livro, procurando me concentrar na leitura, ora, diante da TV, com o controle na mão, vagando de canal em canal a procura de algo capaz de prender-me a atenção. Todavia nada me interessava. Só tinha pensamentos para o nosso encontro à tardinha. Não fazia ideia do que poderia acontecer; e isso me deixava ainda mais tenso. Dúvidas e dúvidas pairavam sobre minha cabeça. Dúvida! Maldita palavra essa! Nada é tão difícil quando se está envoltos em dúvidas. Ainda mais quando se tem de tomar decisões sem que esteja certo de que serão acertadas, de que surtirão o efeito esperado. Não é por acaso que ser um grande estrategista é para poucos. A história é quem o diga.
Cheguei ao nosso encontro quase meia hora adiantado, motivo pelo qual tive de procurar um lugar para estacionar o carro. Aliás, com esse adiantamento quis conter meu nervosismo, mas acabei piorando as coisas. Aguardá-la não foi fácil, foi como esperar a eternidade. A hora teimava em não passar. Não bastasse isso, novas dúvidas acumulavam às que já me corroíam por dentro. Quando deu o horário e nada de aparecer, fui tomando por uma sensação horrível de que ela poderia não vir. Nunca ficara tão tenso e inquieto como naqueles minutos, embora noutras ocasiões também era tomado por essa mesma sensação, mas não com essa intensidade. Tudo de ruim que poderia ter acontecido passava em meus pensamentos. Dir-se-ia de um rapaz sentimental, apaixonado e inseguro à espera da amada. Aliás, eu mesmo não me reconhecia, parecia não ser eu. Era como se de um momento para outro alguém me houvesse ocupado o corpo tal qual um pai de santo ao receber uma entidade.
Infelizmente não tenho palavras para descrever a emoção que experimentei quando a vi surgir do outro lado da rua. Vinha caminhando apressada. E parecia a ninfeta mais encantadora da face da terra. Dir-se-ia de uma flor maravilhosa que tivesse desabrochado diante dos meus olhos, flor paradisíaca. Ah, que ninfeta! Que me perdoe Humbert, mas sua Dolores não chega aos pés da minha Ana Carla. Sei que pode ser coisa da minha cabeça, mas parecia que ela havia se arrumado para me provocar encanto, para me seduzir. Ainda me recordo de todos os pormenores de sua roupa; ou melhor, da pouca roupa que vestia. Aliás, como poderia me esquecer? Ana Carla vestia uma blusinha florida, a qual deixava o umbigo à vista, um shortizinho jeans tão curto quanto o que usara naquele dia no ônibus e calçava tênis com coloridas meias.
Nada me chamou mais a atenção do que seu minúsculo shortizinho. Parecia que cobria o extremamente necessário. Desnudas estava não só a parte inferior das redondas e rígidas nádegas, como as marcas deixadas nos quadris pelo biquíni. Naquele instante não fui capaz de inquirir-me acerca dos motivos de tão pouca roupa, mas hoje posso fazer essa pergunta. E embora não possa afirma com certeza, acredito porém que não a tenha usado com o intuito de me provocar desejos. Talvez caso fosse a uma festa, a um passeio ao Shopping Center com as amigas ter-se-ia vestido da mesma forma. Aqueles trajes provocantes era tão somente uma característica da maioria das jovens de sua idade. Dir-se-ia andar assim como forma de transgressão, desafio aos costumes estabelecidos; embora nisso também haja um quê de sensualidade, de mostrar que já se encontram prontas para o ato de acasalamento. Aliás, amigo leitor, a verdade tem de ser dita: aquela tez escurecida pelo sol parecia mais uma tentação; uma tentação que até o mais casto dos homens não teria forças para resistir. Ao atravessar ar rua, ela jogava os quadris para os lados como se dissesse: “toma que são teus! Pegue-os para ti e descubra os seus mistérios!” E quanto mais ela se aproximava, mais eu ficava afetado e mais a desejava.
E então ela foi chegando... chegando...
Quando me viu, abriu um desmedido e envaidecido sorriso. Sem medo de assustá-la, ofereci meus lábios. Ela os beijou sem titubear. Foi um beijo rápido, um toque sutil. Acho que poderia ter sido mais longo; só que nem ela e nem eu nos sentíamos à vontade ao beijar em público. Não sei se os motivos eram realmente esses; de minha parte, posso afirmar positivamente. Por isso achei que o ponto de ônibus fora uma má escolha. De certa forma eu projetava nos outros um preconceito que estava em mim mesmo. Afinal de contas, ela estava mais para minha filha que para uma namorada. E acho eu que ela também tinha consciência disso, pois era possível perceber um certo incômodo com aquela situação provocada principalmente pelos olhares daquelas pessoas que, talvez não sabendo do que se tratava, fizessem os piores juízos acerca de nós dois, embora de certa forma não estivessem de todo erradas.
Depois de conversarmos por alguns minutos, resolvemos que ali não poderíamos ficar. Nisso, ambos concordávamos. Restava-nos ir para um lugar mais discreto, onde não corríamos o risco de sermos reconhecidos. Mas para onde? Quando esta pergunta saiu dos ardentes lábios dela, eu não tive resposta. Perguntei-lhe se não gostaria de sugerir e respondeu-me não fazer a menor ideia. Então eu precisei pensar rápido.
Apesar de titubeante, não queria demonstrar medo e insegurança. Se o fizesse, poderia, de certa forma, dar a impressão de não estar certo acerca do que estávamos fazendo. Nessas horas, um pouco de conhecimento de psicologia é muito importante. Por isso, fui rápido e sugeri que fossemos caminhar à beira mar. Aliás esta sugestão me ocorreu porque já o fizera antes com outras mulheres, as quais tencionava tão somente seduzi-las e obter aquilo que não obteria de outra forma que não fosse através da ilusão da paixão. E a beira mar sempre me parecia mais fácil iludi-las, talvez porque o quebrar das ondas, cujo som passa uma sensação de tranquilidade, funcionasse como um reforço às suas aspirações românticas.