sábado, 30 de janeiro de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 3 - parte 1

É possível que o amigo leitor esteja a se perguntar: e o que Ana Carla escreveu em seu diário acerca desse encontro? É perfeitamente compreensível, ainda mais se você, leitor, for alguém cuja idade corresponda à de Ana Carla, pois, nesse caso, a curiosidade há de ser ainda maior. Qual jovem não tem a curiosidade de saber o que alguém como ele está pensando? É por isso que talvez este mesmo leitor continue a ler minha narrativa, não por causa de minhas palavras -- antiquadas, chatas, coisa de um velho –, mas sim devido às impressões que Ana Carla deixou. E mesmo que se tenha mais idade, possivelmente até seja mais velho que o autor dessas linhas, ainda sim pode estar mais seduzido pelas palavras dela do que pelas minhas. Por que não? Talvez ela até saiba escrever melhor, usar as ideias certas nos momentos certos. Não é porque estou narrando nossas aventuras que seja um eximo contador de histórias. Aliás, escritor mesmo eu não sou. Dir-se-ia um memorialista, nada mais. Não seria capaz de partir do nada para inventar uma narrativa assim, coisa que para um escritor não há de ser dificultoso. Apenas recorro à memória e deixo as lembranças -- auxiliadas pelo diário da Ana Carla -- fluírem no papel, lembranças essas que de vez ou outra me escapam e é preciso interrompê-las e voltar algumas páginas e acrescentar o que só agora me ocorreu. E embora essa narrativa ainda esteja só no começo, acredito ter de fazer isso dezenas, talvez centenas de vezes.
Bem, já estou eu desviando do assunto e deixando você, leitor, até um tanto contrafeito, com vontade de atirar esse livro a um canto e não lhe por mais as mãos. Faça isso depressa! Não perca tempo! Há obras bem mais interessantes, melhores que essas memórias. Aliás, memórias não deveriam ser chamadas de livros. São particulares demais, cansativas demais para aqueles que não participaram da vida do memorista. Memórias são para os familiares, amigos e conhecidos que muitas vezes as leem apenas com o intuito de procurar numa passagem ou outra alguma referência a si. E por mais que o autor procure colocar todo o seu talento na obra, esta nunca deixará de ser suas memórias, partes de sua vivência que não passa de trivialidades como a maioria das vivências humanas. Poucos têm uma vida exuberante, cheia de feitos, heroica que vale a pena ser contada. Estes por sua vez não perdem tempo narrando-as.
Mas se você ainda está aqui, lendo essas palavras, possivelmente é um leitor persistente, ou alguém incapaz de resistir à curiosidade, pois às vezes, ao abrirmos um livro, somos seduzidos de tal forma pelos acontecimentos que não somos capazes de interromper a leitura antes do final. E se este é o caso, então não vou mais ocupá-lo com meus devaneios, embora muitas vezes o autor, num momento de distração ou mesmo empolgação, deixa-se levar por eles.
Antes porém de prosseguir vou presenteá-lo com as palavras que Ana Carla escreveu em seu diário, provavelmente ao ir mais cedo para a cama, ávida para registrá-las. Talvez alguns comentários fossem de grande ajuda, contudo, deixá-lo-ei tirar as suas próprias conclusões. Aliás, na medida do possível evitarei fazer comentários acerca das palavras dela. Como o leitor há de se lembrar, prometi dar tão somente a minha versão dos fatos, e é assim o farei.

Sábado, 20 de novembro
Acho que não vou consegui dormir hoje. Minha cabeça parece que está girando. Aconteceram tantas coisas que nem sei por onde começar, meu diário. Agora eu sei que ele está gostando de mim. Não sei quando ele começou a se interessar, mas quando me deu esta pulseira, ele já sentia algo por mim.
Meu Deus, estou ficando apaixonada. Eu não via a hora de me encontrar com ele. Depois, eu não queria mais desgrudar dele. Ainda mais depois de tudo que aconteceu. Nem sei como escrever. Foi tudo tão novo e estranho. Eu nunca senti nada parecido com o que ele me fez sentir hoje. Juro que não!
Sabia que um dia isso tudo ia acontecer. Só não esperava que fosse assim tão rápido e dessa forma. A ideia de irmos até o calçadão da praia foi maravilhosa. Eu não fazia a menor ideia para onde ir. Acho que nem ele. Achei ele bastante indeciso. Será que ele é assim ou só foi por causa do nosso primeiro encontro? Depois também, ele foi até decidido demais. Ah, isso foi!
Hum... Só de lembrar daquele beijo, já fico louca! Quase desmaiei quando ele me pegou nos braços e me beijou. Fiquei um pouco sem jeito e assustada no começo, mas depois foi demais. Não sei falar direito sobre o beijo, mas achei meio esquisito a língua dele na minha boca. Nunca tinha beijado de língua, só de selinho. Mas quando ele estava me beijando e me apertado eu senti algo que não sei explicar. Algo dentro de mim parecia turbilhoar. Me deu vontade de não me soltar mais.
Ele também me deixou assustada quando sua mão encostou na minha xana. Não sei se foi sem querer ou se foi de propósito. Talvez sem querer, pois sua mão estava alisando minhas pernas. Ele nem imagina o quanto aquilo estava me deixando doida. Será que os homens pensam que somos mais controladas que eles? Ou eles acham que isso não deixa a gente louca? Se ele visse o estado em que ficou a minha calcinha. Até parecia que eu tinha feito xixi. Nunca imaginei que a gente ficasse assim.
Agora ele foi safado quando passou a mão nos meus peitos. Ah, isso foi! Pensa que não percebi que ele fez de propósito? Já tinha ouvido falar que os homens são safados, mas não esperava isso dele. Mas se ele pensa que vou deixar ele me acariciar dessa forma está muito enganado. A gente pode até namorar, mas nada dessas intimidades. Meu Deus, já estou falando em namoro! Estou ficando louca mesmo!
Vou dormir pensando em tudo que aconteceu com a gente hoje. Vou ficar lembrando daquele momento em que ele me pôs sentada no colo dele. Talvez ele não saiba, mas eu senti o troço dele. Estava duro e parecia se mexer. Será que é grande? Como deve ser? Só vi em livros e naquela revista que o Maurício levou para a escola outro dia. E ainda ficou mostrando para as meninas na classe. Que coisa nojenta! Mas ao vivo deve ser bem diferente. Agora fiquei curiosa.
Acho melhor parar de pensar nessas coisas e ir dormir antes que minha mãe entre aqui e me pega escrevendo essas coisas.

Domingo, 21 de novembro
Na hora do almoço.
Acordei pensando nele hoje e fiquei lembrando de tudo que aconteceu ontem. Não vou esquecer nunca daquele beijo. Foi o meu primeiro beijo de verdade.
Eu vou ligar para ele daqui a pouco. Já não aguento mais de saudades. Meus pais estão em casa, mas vou dar um jeito de me encontrar com ele. Nem que seja por meia hora. Qualquer coisa falo que vou na casa da Marcela. Eles não se importam que fico lá.

Noite.
Pena que só deu para ficarmos juntos por alguns instantes. O que é quarenta minutos, quando a gente tem vontade de ficar com alguém a vida toda? Agora eu sei que ele está gostando de mim mesmo. Ele me tratou com tanto carinho quando nos encontramos no calçadão da praia. Assim que cheguei no lugar combinado, ele já estava lá. Ele chamou aquele lugar de “Anexo secreto”. Nem sei de onde ele tirou esse nome.
Ficamos lá bem escondidinhos e agarradinhos. Nos beijamos muito, muito mesmo. Nossa! Como a boca dele é gostosa. E quando ele está me beijando, ele me aperta como tanta força que eu fico até zonza. Não sei porque ele gosta de me apertar tanto assim.
Eu estava usando uma minissaia e ele me pôs sentada no seu colo. Ele focou alisando minhas pernas que nem ontem. Às vezes, sua mão escorregava demais e avançava por baixo da saia e a ponta dos dedos esbarrava na minha calcinha. Ele fazia de conta que era sem querer, mas eu percebia que ele fazia de propósito. Agora tenho certeza que ontem não foi sem querer. Ele sabia o que estava fazendo.
Não sei se foi porque minha saia era muito fina, mas quando eu estava sentada no colo dele, pude sentir novamente o pau dele. Parece grande. Fico imaginando como ele deve ser. Por quê será que está sempre com aquilo duro quando está comigo? Será que ele me acha tão sexy assim? Teve uma hora que me deu vontade de ficar me mexendo no colo dele só para sentir aquela coisa, só para ver o que ele ia fazer. Nossa! Só de ficar pensando nessas coisas eu já fico daquele jeito de novo.
Vou parar de escrever e ficar aqui na minha cama pensando nele, naquelas mãos percorrendo o meu corpo, minhas pernas...

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