terça-feira, 25 de março de 2014

NOVA MARCHA DA FAMILIA: UM DESVARIO

Para comemorar os 50 anos do Golpe Militar que derrubou o ex-presidente João Goulart estão programadas uma série de passeatas com o objetivo de reviver a “Marcha da Família com Deus”, a qual foi o estopim para a tomada do poder pelos militares. Os organizadores do movimento querem, como em 64, que as forças armadas derrubem o atual governo e instaure uma ditadura militar. A alegação desses saudosistas é, de um lado, a de que a presidenta Dilma pretende, após as eleições, instaurar uma ditadura Comunista no Brasil e, de outro, que a corrupção está generalizada e só um governo militar pode findá-la. Há ainda uma outra parte desse movimento -- conservador e de orientação religiosa -- que prega o retorno dos preceitos morais e do bom costume. É inegável que se trata de um movimento promovido por saudosistas e dir-se-ia lunáticos, cuja visão da realidade é distorcida e deficiente. Qualquer pessoa em sã consciência não levaria essas pessoas a sério, mas num país onde a democracia e liberdade de expressão permite que qualquer um possa expressar suas ideias -- embora os integrantes desse movimento querem, por incrível que pareça, o fim dessa liberdade, liberdade essa que permite possam exercer seu direito de se manifestar, ou seja: querem cuspir no prato que comem -- esse tipo de coisa acontece. Quanto aos argumentos dessa gente, não têm fundamento. É de um desvario sem tamanho acreditar que Dilma ou qualquer outro postulante ao Palácio do Planalto queria instalar um governo comunista no Brasil. Já está mais do que provado que o comunismo é um sistema político utópico e se praticado insustentável, o qual só trás atraso econômico e autoritarismo, não por culpa do sistema, mas por causa do ser humano cujas razões não vêm ao caso. Quanto à corrupção, é preciso reconhecer que esta se encontra em todas as esferas da administração pública; entretanto, o problema não é esse ou aquele governo e sim do sistema. Hoje, tem-se uma maior percepção de que a corrupção aumentou vertiginosamente por dois motivos: o primeiro é que de fato ela pode ter aumentado; e o segundo -- o mais importante -- é fruto da liberdade, uma vez que a imprensa tem toda a liberdade de investigar e denunciar qualquer mal feito, diferentemente do que ocorreu durante o Regime Militar, onde os órgãos de repressão não só inibia a qualquer tentativa de investigação como agia com brutalidade para que as denúncias não viessem à tona. A história está repleta de exemplos que mostram que os regimes ditatoriais são bem mais corruptos que os democráticos. E por fim, há o argumento de que é preciso resgatar a moral e os bons costumes. Não há duvida de que se tratam de pessoas extremamente conservadoras e preconceituosas que se sentem desconfortáveis diante do homossexualismo e das liberdades individuais presentes nos dias atuais e veem isso como uma degeneração humana. Gostemos ou não, a humanidade vive uma nova realidade, talvez um período de transição e por isso essa sensação de impotência e aceitação de uma nova realidade, e não vai ser uma tentativa de volta ao passado que resolverá o problema; até porque o passado não volta.

segunda-feira, 24 de março de 2014

QUANDO A RAZÃO FAZ BEM


As palavras que me norteiam a alma
Na verdade, eu prefiro esquecer
Elas não me proporcionam calma
E só me trazem a ira e fazem sofrer

Os desejos que me trazem desrazão
Na realidade, eu prefiro deslembrar
Eles não me trazem paz ao coração
E só me fazem odiar e desprezar

As palavras e os pensamentos podem
Levar os homens a cometer insanidades
Que de posse da razão não as cometem

Por isso, eu ofereço à minha dor a cura
E não cedo ao impulso da animalidade
Pois este finda, mas o ato porém perdura

domingo, 23 de março de 2014

INSTINTOS


Sou um instrumento em tuas mãos
E obedeço tuas ordens sem contestar
Pois a minha razão é tua razão
E não posso nem ao menos te contrariar.

Você veio antes de minha consciência
E comanda as minhas vontades,
Meus pensamentos e minha ânsia
Por mais prazer e mais saciedade

Você diz sim a tudo, sem explicação
E eu tenho de me virar para te agradar
Quando o teu fim, impossível, eu não
Posso deixar em realidade se tornar

Eu luto contra tua ira e tua impaciência
E tento te agradar com meias verdades
Pois só assim a vida me dá ciência
De que muitos “eus” sou na realidade.

terça-feira, 11 de março de 2014

A DOLOROSA ESPERA POR VOCÊ


Parece um sonho mágico e quase não posso acreditar que tenho você. Minha longa e interminável espera acabou. Às vezes, eu meu pergunto: “Será que é verdade mesmo? Será que é real?” Mas a tua imagem, o teu cheiro, a tua voz, os teus carinhos me fazem ver que sim, que é real. Sim, você está aqui nos meus braços.
Ah, mas quão longa foi a minha espera! Eu te esperei por dias e noites ao longo de todos esses anos. Eu te esperei, meu amor, como a noite espera o luar das estrelas para torná-la única, como as flores que desabrocham esperam o perfume para torná-las ainda mais belas, encantadores e irresistíveis. E mais: eu te esperei tão ansiosamente quanto os lábios apaixonados, ao fechar dos olhos, esperam o beijo. Sim. Eu esperei e esperei. E fui recompensado.
Eu sei que agora tudo compensará aquelas horas de angústia, de dor e de profunda saudade. Um beijo teu foi o bastante para compensar essa espera interminável. Mas sei que terei teus beijos para sempre, por toda a eternidade. Pois preciso de ti mais do que tudo nesse mundo, mais do que um faminto precisa de alimento, mais do que um recém nascido precisa do seio da mãe. Na verdade, sem ti eu já não sei mais viver. E tenho a plena certeza de que não sei mais amar sem você e nem sonhar sem você. E até meus lábios não serão capazes de beijar outros lábios que não sejam os teus. Sem você, tudo isso não tem sentido, não tem razão de ser.
Sabe, meu amor! Eu me sinto tão inseguro quando estou longe de ti. O medo ronda-me a alma, a insegurança está sempre à espreita e a agonia é uma nuvem negra que me envolve e me faz perder completamente o rumo. Não, meu amor!, não me furte de tua presença, de tua beleza, de teus carinhos, de teus beijos e de tuas palavras apaixonadas. Eu preciso de tudo isso para me sentir vivo.
Talvez o meu amor exacerbado tenha contaminando todos os meus atos, meus pensamentos, minhas palavras e me levado a exagerar em tudo. Mas fazer o quê? É assim que me sinto. Que culpa eu tenho de te amar ao ponto de achar que te amo mais do que você possa imaginar? Toda a minha volúpia de amar é tua, somente tua. Eu te farei de minha deusa e deixarei que teus braços me envolva e me elevem até as nuvens, ao infinito ou até onde você quiser me levar. E não terei medo da altura e nem de cair, pois sei que estarei em teus braços.
Enfim, meu amor... Talvez esta carta esteja ficando um pouco longa. Mas eu não sei como terminá-la. Quero escrever páginas e páginas até que se torne a mais densa e extensa obra produzida por um autor. Mas para isso eu precisaria da imortalidade e da eternidade, e mesmo assim ainda não teria conseguido dizer tudo que sinto por você. Só que não sou imortal e a eternidade me é inalcançável. E como só tenho essa vida tão breve, não posso desperdiçá-la apenas falando de meu amor. Tenho de vivê-lo, de senti-lo a cada momento em teus braços. Por isso fico por aqui e termino esta com apenas duas palavras, as quais resumem tudo que acabei de escrever: TE AMO!

domingo, 9 de março de 2014

OS TEMPOS SÃO OUTROS


Num passado não muito distante, a deposição do presidente da Ucrânia por uma revolta popular não teria, em primeiro lugar, chegado a acontecer, e se tivesse, a Rússia teria invadido imediatamente o país vizinho e sufocado a revolta -- como na antiga Checoslováquia em 1968 -- sem que a comunidade internacional pudesse fazer alguma coisa. Mas os tempos são outros. Não estamos mais no período da “Guerra Fria”; o mundo não se divide mais entre Estados Unidos de um lado e União Soviética do outro; Tanto os EUA quanto a Rússia, embora tenha armamentos para destruir o mundo uma dezena de vezes, não têm a mesma força política e aliados suficientes para impor a sua vontade assim tão facilmente; o mudo está mais globalizado e o poder econômico e financeiro global tem um peso maior sobre as decisões políticas de cada país. Portanto, por mais que a Rússia gostaria de sufocar a revolta popular na Ucrânia, não o fará; pois será isolada internacionalmente e consequentemente terá de pagar um preço muito alto, sendo que os benefícios e os seus interesses não compensarão. Além do mais, com o mundo globalizado, os mercados financeiros, que é de fato o fator relevante nas decisões políticas dos países, obrigariam o governo russo a recuar. É assim que a coisa funciona hoje. Vladimir Putin até pode sonhar uma Rússia forte e poderosa como era nos tempos da velha União Soviética, mas um Império, quando cai, não volta a se reerguer. A velha Rússia está morta e esta que sobrou é apenas uma sombra da outra. No fundo, eles sabem disso, os EUA também sabem e o resto do mundo também. Portanto, a Rússia vai pressionar os ucranianos, vai tentar obter o máximo de vantagens possíveis, talvez até uma autonomia maior para a Crimeia, o palco de toda essa disputa, com a finalidade de continuar controlando nesse que seja esse pequeno território, mas não vai além disso. Invadir a Ucrânia seria um suicídio político para Putin e ele é esperto demais para cometer uma burrice dessa.

quinta-feira, 6 de março de 2014

ESSA FALSA LIBERDADE


Sob as imensas asas da liberdade
Eu voo para onde bem quero
E não encontro, na realidade,
Nada além do eu que espero

Mas será a liberdade tudo isso?
Não poderei eu estar enganado
Com essa sensação de que tudo posso?
Forças invisíveis não me têm guiado?

Não falo de Deus ou de alguma divindade;
Mas de forças que em mim operam
E as quais, sob o manto da vontade,
Levam-me a atos que nem sempre quero

Mas a vida tem um pouco disso,
Desse não querer, o qual tenho suportado,
Dessa insatisfação que é preciso
Para sentir-se livre, embora atado