Num
passado não muito distante, a deposição do presidente da Ucrânia
por uma revolta popular não teria, em primeiro lugar, chegado a
acontecer, e se tivesse, a Rússia teria invadido imediatamente o
país vizinho e sufocado a revolta -- como na antiga Checoslováquia
em 1968 -- sem que a comunidade internacional pudesse fazer alguma
coisa. Mas os tempos são outros. Não estamos mais no período da
“Guerra Fria”; o mundo não se divide mais entre Estados Unidos
de um lado e União Soviética do outro; Tanto os EUA quanto a
Rússia, embora tenha armamentos para destruir o mundo uma dezena de
vezes, não têm a mesma força política e aliados suficientes para
impor a sua vontade assim tão facilmente; o mudo está mais
globalizado e o poder econômico e financeiro global tem um peso
maior sobre as decisões políticas de cada país. Portanto, por mais
que a Rússia gostaria de sufocar a revolta popular na Ucrânia, não
o fará; pois será isolada internacionalmente e consequentemente
terá de pagar um preço muito alto, sendo que os benefícios e os
seus interesses não compensarão. Além do mais, com o mundo
globalizado, os mercados financeiros, que é de fato o fator
relevante nas decisões políticas dos países, obrigariam o governo
russo a recuar. É assim que a coisa funciona hoje. Vladimir Putin
até pode sonhar uma Rússia forte e poderosa como era nos tempos da
velha União Soviética, mas um Império, quando cai, não volta a se
reerguer. A velha Rússia está morta e esta que sobrou é apenas uma
sombra da outra. No fundo, eles sabem disso, os EUA também sabem e o
resto do mundo também. Portanto, a Rússia vai pressionar os
ucranianos, vai tentar obter o máximo de vantagens possíveis,
talvez até uma autonomia maior para a Crimeia, o palco de toda essa
disputa, com a finalidade de continuar controlando nesse que seja
esse pequeno território, mas não vai além disso. Invadir a Ucrânia
seria um suicídio político para Putin e ele é esperto demais para
cometer uma burrice dessa.
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