domingo, 9 de março de 2014

OS TEMPOS SÃO OUTROS


Num passado não muito distante, a deposição do presidente da Ucrânia por uma revolta popular não teria, em primeiro lugar, chegado a acontecer, e se tivesse, a Rússia teria invadido imediatamente o país vizinho e sufocado a revolta -- como na antiga Checoslováquia em 1968 -- sem que a comunidade internacional pudesse fazer alguma coisa. Mas os tempos são outros. Não estamos mais no período da “Guerra Fria”; o mundo não se divide mais entre Estados Unidos de um lado e União Soviética do outro; Tanto os EUA quanto a Rússia, embora tenha armamentos para destruir o mundo uma dezena de vezes, não têm a mesma força política e aliados suficientes para impor a sua vontade assim tão facilmente; o mudo está mais globalizado e o poder econômico e financeiro global tem um peso maior sobre as decisões políticas de cada país. Portanto, por mais que a Rússia gostaria de sufocar a revolta popular na Ucrânia, não o fará; pois será isolada internacionalmente e consequentemente terá de pagar um preço muito alto, sendo que os benefícios e os seus interesses não compensarão. Além do mais, com o mundo globalizado, os mercados financeiros, que é de fato o fator relevante nas decisões políticas dos países, obrigariam o governo russo a recuar. É assim que a coisa funciona hoje. Vladimir Putin até pode sonhar uma Rússia forte e poderosa como era nos tempos da velha União Soviética, mas um Império, quando cai, não volta a se reerguer. A velha Rússia está morta e esta que sobrou é apenas uma sombra da outra. No fundo, eles sabem disso, os EUA também sabem e o resto do mundo também. Portanto, a Rússia vai pressionar os ucranianos, vai tentar obter o máximo de vantagens possíveis, talvez até uma autonomia maior para a Crimeia, o palco de toda essa disputa, com a finalidade de continuar controlando nesse que seja esse pequeno território, mas não vai além disso. Invadir a Ucrânia seria um suicídio político para Putin e ele é esperto demais para cometer uma burrice dessa.

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