terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O VERDADEIRO MOTIVO DO IMPEACHMENT DA DILMA

Após a deflagração do processo de impeachment da presidenta Dilma, iniciou-se um embate entre os apoiadores da presidenta e os que se opõem ao seu governo. Os primeiros insistem na ilegalidade do processo, dizendo que se trata de um golpe, enquanto o outro lado insiste que há provas de que Dilma cometeu crime de responsabilidade e por isso ela deve ser cassada. Não sou especialista no assunto para afirmar qual dos lados tem razão, até porque nem mesmo os juristas mais renomados desse país se entendem; embora a maioria tenha se posicionada contrário ao impeachment. Mas até onde sei, Dilma realmente não cometeu um crime que justifique a perda de mandato. Mesmo que ela tenha praticado as tais pedaladas fiscais, ainda sim tenho de concordar com a maioria dos juristas que afirmam que ela não se beneficiou delas, portanto não praticou nenhum ato ilícito. No entanto, culpada ou não das tais pedaladas, o que está em jogo não é o crime em si. Aliás, isso é o que menos importa. Trata-se apenas duma desculpa para julgá-la pela péssima administração que vem fazendo. Como não há na Constituição nenhum tipo de condenação por inaptidão, incompetência e coisas do gênero, procura-se uma forma alternativa de tirá-la do poder. O processo conta Dilma é só mais um dos vários que vem ocorrendo na América Latina, onde governantes impopulares são destituídos pelo parlamento sem que tenham cometido de fato um crime; como ocorreu no Paraguaí, Equador, Bolívia, entre outros. Claro que a democracia brasileira é mais sólida do que nesses países e o processo segue plenamente a Lei. Ainda sim, o processo de impeachment é, na mais das vezes, um processo puramente político onde o presidente é destituído tão somente por ter perdido a capacidade de governar. E é o que se vê no processo contra Dilma. Afinal, ela cometeu algum ato que justifica a perda de mandato? Muito provavelmente não, mas ela perdeu a legitimidade. E este é o maior problema. Se ela vai ser cassada ou não é difícil saber. Vai depender do que ela ainda tem na manga para mostrar alguma força no parlamento. Se escapar do impeachment, Dilma sai fortalecida e finalmente pode começar a governar o país; se, por outro lado, for caçada, mostrará que a permanência dela no comando do país seria desastroso, pois estaria completamente isolada e sem a menor condições de governar. Esperamos que, para o bem do país, o processo seja rápido.

domingo, 20 de dezembro de 2015

SANGRANDO ILUSÕES

Por que se preocuparem
Com as minhas verdades?
Se por minhas só serem
Só a mim há utilidade?

Por que então se importar
Com a opinião alheia?
Se isso não moverá
Nem um só grão de areia
De minhas convicções?

Pobres almas que creem
Ser melhor sua verdade,
Quando aí não veem
A mão da ingenuidade!

Como podem deixar
Correr dentro da veia
Veneno que não há
Pior? Pois fure tua veia
E sangre as ilusões!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

NIETZSCHE: O FILÓSOFO “POP”

Nietzsche é um pensador que, diferentemente da maioria dos filósofos, não possui um pensamento conciso e ordenado. Toda a sua vasta obra é fragmentária e vez ou outra contraditória. Além do mais, por usar um estilo muitas vezes poético e metafórico, sua obra é de difícil compreensão, o que gera muitas interpretações equivocadas, desvirtuadas e não condizentes com o seu pensamento. Por isso, durante boa parte do século XX, seu pensamento foi usado para os mais variados interesses e fins como para justificar o autoritarismo e a perseguição aos judeus por exemplo. O caso mais notório é o uso de seu pensamento pelos nazistas, um uso que o próprio Nietzsche, temendo a deturpação de seu pensamento, fez questão de alertar meio século antes. Ainda hoje, com a enorme popularidade que Nietzsche e o grande interesse que sua filosofia desperta por se tratar de um pensador atual, é possível encontrar seu pensamento sendo usado para os mais variados fins e sendo usado para sustentar as mais diversas bandeiras. E porque isso acontece? Basicamente devido ao estilo usado pelo filósofo alemão em suas obras. O uso do aforismo – um texto breve, normalmente de cunho moral, que encerra na mais das vezes uma sentença filosófica – é a principal razão. Além do mais, Nietzsche é um dos poucos pensadores a abordar os mais variados temas em suas obras. Ao usar sentenças breves, mutias não passam de duas linhas, e de impacto, faz com que sejam de fácil leitura e memorização, mesmo que nem sempre o leitor compreende de fato o seu real sentido. Quem nunca ouviu falar que “toda a vida humana está profundamente embebida na inverdade”(1), “Quem não sabe pôr no gelo seus pensamentos não deve se entregar ao calor da discussão”(2), “A exigência de ser amado é a maior das pretensões”(3), “É mais fácil lidar com sua má consciência do que com sua má reputação”(4), “A decisão cristã de achar o mundo feio e ruim tornou o mundo feio e ruim”(5), “A humanidade prefere ver gestos a ouvir razões”(6), “Onde quer que a neurose religiosa tenha aparecido na terra, nós a encontramos ligada a três prescrições dietéticas perigosas: solidão, jejum e abstinência sexual”(7), “Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos”(8), “Aprendemos a desprezar quando amamos, e justamente quando amamos melhor”(9), “As paixões tornam-se más e pérfidas quando são consideradas más e pérfidas”(10), “Pode-se recusar um pedido, mas nunca recusar um agradecimento”(11) e “Quanto mais alto nos elevamos, tanto menores parecemos àqueles que não sabem voar”? São por sentenças assim que Nietzsche caiu no gosto popular e se tornou um filósofo “pop” mas muito pouco compreendido infelizmente. E o que poderia ser um ponto a favor acaba se tornando um problema, já que se coloca na boca de Nietzsche aquilo de fato ele nunca disse ou pretendeu dizer. 

Notas
1. Humano, Demasiado Humano, Cap. I, aforismo 34
2. Humano, Demasiado Humano, Cap. VI, aforismo 315
3. Humano, Demasiado Humano, Cap. IX, aforismo 523
4. A Gaia Ciência, Livro I, aforismo 52
5. A Gaia Ciência, Livro III, aforismo 130
6. O Anticristo, aforismo 54
7.  Além do Bem e do Mal, Cap. III, aforismo 47
8. Além do Bem e do Mal, Cap. IV, aforismo 108
9. Além do Bem e do Mal, Cap. VII, aforismo 216
10. Aurora, Livro I, aforismo 76
11. Aurora, Livro IV, aforismo 235
12. Aurora, Livro V, aforismo 574

domingo, 13 de dezembro de 2015

FOI DEMAIS PRA MIM

A chuva caindo naquela tarde cinzenta
Era um imenso mar de lágrimas descendo
Pela minha face tão cheia de tormenta,
Vazia de vida como se eu tivesse morrendo.

Era tudo tão sombrio, sem esperança
Como se de fato o mundo chegara ao fim
E então ansiava por uma fatal sentença
Que à morte me levasse aquela dor enfim

Como pode ser o amor uma ferramenta
Capaz de causar tamanha dor? É sofrendo
Que o supremo valor da vida se apesenta?
Nesse viver contudo à morte querendo

Mas por que não querer? Só tem desesperança
No meu sofrer. Perdê-la desse jeito assim
Para um amigo, no qual toda confiança
Eu lhe depositava foi demais pra mim


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 62

-- Agora ela não vai se apagar tão cedo – disse com seus lábios sorridentes, quando me apanhou.
Ignorei-a e continuei em frente. Ela passou alegre por mim, virou e parou na minha frente. Com olhos perscrutadores e um sorriso desavergonhado, acrescentou:
-- Finalmente as sós, sem ninguém para atrapalhar.
No meu peito, as palpitações intensificaram. Experimentei um medo inquietante. Sabia que dessa vez não haveria escapatória. Desculpas não funcionariam. Correr e fugir só complicaria as cosias e só adiaria o inevitável. Teria de enfrentar aquilo e reviver os fantasmas do passado, por mais assombrosos que fossem. De forma que não fugi. 
Se por um lado ela me manipulava e me forçava a fazer coisas que não queria, como Fabrício também fizera, por outro ela estava me dando a oportunidade de me colocar no lugar dele e assim experimentar as sensações que ele experimentara. E ainda mais: poderia descobrir o porque que ele gostava tanto de me possuir. 
Ainda me recordo de como ele confessara em uma das oportunidades, pouco antes de gozar em mim, que o meu cu era mais apertado e mais gostoso que uma boceta. Eu nunca pude compreender por que um homem podia preferir outro a uma mulher. Deus fizera o homem e a mulher para se unir e ter filhos. Era assim a natureza e a vontade Dele. Mas um homem com um outro homem? Tratava-se duma aberração, dum pecado sem tamanho. Eu sabia que meu primo era um garoto, embora mais velho do que eu, e que também já tinha se deitado com uma mulher; portanto sabia que deveria ser assim: um homem e uma mulher. Não dois homens. É por isso que eu não entendia como ele poderia fazer aquilo comigo. Eu não era mulher. Era seu primo. Tinha ido a sua casa para fazer-lhe companhia enquanto seus pais viajavam. Por que ele foi fazer aquilo comigo? Eu era um garoto bobo, inocente e muito ingênuo, mas era um garoto como qualquer outro. Por que ele quis fazer de conta que eu era mulher? Por que ele queria fazer aquilo o tempo inteiro? Por que me ameaçava e me coagia daquele jeito toda vez que eu recusava? Por que me agarrava a força quando eu dizia que não queria? Será que ele não via o quanto eu me sentia humilhado, sujo, pecaminoso ao ser usando daquela forma? Ele não se comovia com minhas lágrimas? Só sabia dizer: Para de chorar como uma mulherzinha, seu viadinho, sua menininha com pinto!
Essas perguntas ainda ecoam na minha memória até hoje, amigo leitor. Nunca fui capaz de me livrar totalmente delas. Ainda as carrego como um fardo, embora hoje a vergonha e o medo da danação eterna não me afligem mais. Aliás, o motivo por eu me sentir tão humilhado e ultrajado após Fabrício sair de mim não era só o fato de ter sido usado como uma mulher, mas o temor de um castigo eterno e a vergonha de meus pais. Acreditava que seria castigado eternamente por aquilo tanto quanto temia a humilhação e a vergonha, caso meus pais viessem a saber. Imaginava-os me castigando severamente e até me expulsando de casa por tê-los envergonhado. Eu me sentia mais culpado que o meu próprio primo, o qual não parecia sentir o menor remorso. Aquilo se parecia quase natural. Aliás, a culpa e o medo era a razão pela qual eu cedia tão fácil às ameaças dele. Se para ocultar aquele ato vergonhoso eu tinha de me sujeitar mais uma vez, que assim fosse. E foram muitas e muitas vezes.
Embora Luciana quisesse que eu fizesse o que meu primo fizera, não via muita diferença na minha culpa. Deus me castigaria da mesma forma. Éramos homem e mulher, mas o que ela queria fazer era contra os ensinamentos de Deus. Onde ela queria meu pinto era um lugar imundo, feito para defecar e não para ser penetrado e receber a semente da vida. “Por que ela quer fazer isso? Ia dar certo os dois. Fabrício. Ele nela por trás, na bunda dela. Outras pessoas também gostam. Mas por quê?”, lembro-me de pensar. Se por um lado, em casa a sexualidade não fosse um tema discutido na minha frente, por outro, a curiosidade me levava a manter os ouvidos atentos não só no lar como entre os colegas de escola, principalmente aqueles das séries mais adiantadas. Súbito, conclui que era porque elas eram atentadas pelo diabo. Era ele quem induzia as pessoas a fazer isso para terem sua alma perdida. “Ele atenta elas pra roubar sua alma.”, foi minha conclusão. E me lembro de acrescentar quando Luciana abraçou e disse que queria um beijo: “Ela também tá possuída. Ele tá obrigando ela a fazer essas coisas. Por isso ela age assim. Por isso ela é tão má. Me atormenta também. O diabo. Ele quer usar ela pra roubar minha alma também”.
Beijei-a.
Ela premeu seu corpo no meu e roçou os quadris nos meus. Sabia que não podia lutar contra a natureza. Contra minha vontade, os instintos aflorariam e eu não poderia fazer nada. Assim, não tentei conter o excitamento, o qual foi rápido.
-- Assim que eu gosto – lembro-me de ouvi-la dizer, quando, tomando pelo desejo, agarrei-lhe um dos seios e chupei o outro.
Súbito, ela se desvincilhou, sentou-se na areia, deitou de barriga para cima e me chamou com uma voz meiga e submissa. Meus olhos escorreram por ela ali -- ela jazia aos meus pés -- e tive por um breve momento a percepção de fragilidade nela. Ela era uma mulher dominadora e manipuladora, mas ali parecia capaz de qualquer coisa para em ter.
Ah, se eu soubesse manipular o seu igual como alguns fazem! Teria mudado não só o futuro dela como também o da maioria de nós. Mas eu não soube o que fazer com aquele momento de vulnerabilidade e fraqueza dela. Minha ingenuidade impediu-me barganhar, de tirar algum proveito daquela situação, como ela magistralmente fazia comigo. Por isso eu tenho de reconhecer que as pessoas manipuladoras já nascem com esse dom. Elas não deixam jamais uma oportunidade passar. E a todo momento veem como tirar benefício de uma situação.
Agachei ao seu lado e deitei sobre ela. Após algumas carícias, penetrei-a, pensando que ela esquecera aquela história de “dar o cu”. E para evitar que ela relembrasse, ora beijava-a entusiasmadamente, ora lhe apertava os seios e os chupava de forma a provocar-lhe intenso prazer, o qual poderia levá-la ao gozo.
Mas não funcionou. De repente, ela me empurrou para o lado e disse:
-- Agora quero que você faça por trás. -- Virou de bruços e abanou a areia das nádegas brancas. -- Quero experimentar. Você vai enfiar no meu cu.
-- Mas vai doer, vai te machucar – falei, lembrando de como algumas vezes de fato foi dolorido e de como Fabrício realmente chegou a me machucar, principalmente quando, já deitados, prontos para dormir, ele vinha até mim, tirava a minha cueca e molhando insuficientemente o seu falo com a própria saliva, penetrava-me sem qualquer outro tipo de lubrificação, enquanto eu permanecia sob ele, calado, passivo, como que paralisado ou completamente imobilizado, apenas aguardando que ele terminasse o mais breve possível.
-- Como você sabe que dói e machuca?
Fiquei sem palavras, num embaraço sem precedentes. Era como se ela tivesse descoberto o meu segredo, um segredo que eu não revelaria por nada desse mundo. Preferia encarar a morte do que sofrer tamanha humilhação. Por isso, desconversei:
-- Não, eu não sei. Eu acho.
-- Não, não vai doer e nem me machucar. Na minha classe tem um garoto, o Sandrinho, que é gay. É meu melhor amigo. E ele já transou com alguns homens. Disse que não dói e é muito gosto. É só você enfiar bem devagarzinho, com jeito. E se doer, você para – explicou.
Tive alguma dificuldade em penetrá-la, pois meu falo ainda imaturo era muito fino e não tinha a resistência de um rapaz ou de um homem mais velho. E quando a penetrei as sensações a as lembranças do passado confundiram-se de tal forma que eu não sabia o que era novo ou experiência vivida. Ao mesmo tempo que descobria um mundo de sensações, sensações experimentadas tão somente pelo meu primo quando me penetrava, velhas sensações também vinham à tona. E embora fosse Luciana a experimentá-las (aliás com um certo receio no início, mas depois intensamente) eu não podia deixar de senti-las presente. Cada movimento do meu falo remetia-me aos movimentos do falo de meu primo em mim, confundindo as sensações. E então eu me punha no lugar dela. Talvez até seja um exagero, mas era como se não fosse o meu falo a penetrar ânus de Luciana, mas um outro falo a penetrar o meu. Havia momentos em que a sensação de algo a se mover entre minhas nádegas era tão real que o meu ânus se contraia.
Talvez se meu primo não tivesse me tratado com tanta indiferença e me possuído como se eu fosse um objeto que se usa e depois descarta; pois, ao atingir seu objetivo, abandonava-me de tal forma como se eu simplesmente desaparecesse como num devaneio ou como se eu fosse um brinquedo que se abandona depois de não o querer mais, o meu destino e minhas escolhas teriam sido outras. Afirmar que eu teria me tornado um gay não passa de especulação, mas, ao longo de todos esses anos, tal questionamento foi feito por incontáveis vezes, principalmente quando eu deparava com um homossexual da minha idade. E se em todas as vezes que ele me possuiu tivesse sido carinhoso, demonstrando algum tipo de consideração e feito daquele ato um ato de amor? Afinal, ele me possuiu mais de uma dezena de vezes e só em três dessas oportunidades demonstrou algum carinho. Se é que posso chamar aquilo de carinho. 
A primeira delas foi na segunda vez em que transamos. Tínhamos acabado de deitar, depois de ficar brincando até tarde. Súbito, ele saltou de sua cama para a minha, abraçou-me, e chamou-me para “namorar” (foi a única vez em que usou essa palavra. Assim como eu, também ele usava somente uma cueca, pois fazia um calor terrível naqueles dias; mas mesmo assim pude senti-lo excitado, pois não fez questão de ocultar isso. Ele me acariciou as penas, as nádegas e arrastou-se para cima de mim. De frente um para o outro, nossos olhos se cruzaram. Ele deu um sorriso estanho (hoje eu sei que era voluptuoso e com segundas intenções) enquanto o meu escapou timidamente, cheio de vergonha. Ele me beijou. Sem saber como agir, correspondi ao seu beijo. Aliás, usou isso com uma estratégia, pois enquanto nos beijávamos, sua mão encontrou a minha cueca e a puxou para baixo, até os joelhos. Seus lábios abandonaram os meus e deslizaram pelos meu pescoço e sua língua encontrou minha orelha. Súbito, ele ergueu a cabeça, olhou-me novamente nos olhos e seus lábios famintos, cheios de volúpia, buscaram os meus. Uma de seus braços enlaçava-me o pescoço e eu o abraçava-lhe o dorso com os dois como se fossemos um casal. Enquanto sua língua procurava a minha, senti-o erguer os quadris e empurrar a sua peça de roupa pernas abaixo. Quando seus quadris abaixaram, senti seu falo teso e úmido tocarem-me os testículos e deslizar para baixo, a procura do ânus. Tentou me penetrar assim, nervoso e desajeitadamente, mas não obteve sucesso, nem mesmo comigo facilitando as coisas, ao afastar um pouco as pernas, pois não me ocorreu que ele fosse realmente me penetrar. Pediu-me para virar e não houve mais carícias. Apenas seus braços me envolveram fortemente; na verdade, para se firmar enquanto a parte inferior de seu corpo premiam minhas nádegas, no meio das quais eu sentira o ir e vir de seu falo impaciente.
A segunda vez foi no dia seguinte, à tarde, no banheiro. Embora eu procurasse me esquivar, ele não perdia a oportunidade de agarrar-me por trás. Isso o excitou em dado momento. Lembro-me de ouvi-lo proferir: “Tô num tesão danado. Olha como o meu pau tá duro. Pega nele para você ver”. Incapaz de recusar, segurei-o com dois dedos. Estava. Antes que eu tirasse a mão, segurou os meus dedos e mexeu-os para frente e para trás, gemendo. Entreolhamo-nos e antes que eu pensasse em escapar, seus lábios avançaram sobre os meus. Foi apenas um beijo, embora não tenha sido breve como os primeiros. Então ele me disse para virar. Ainda me lembro de como ele acrescentou em tom jocoso: “Vou te dar um pouco do meu leitinho”. Virei, apoiei as mãos na parede e ele teve o seu gozo. 
A terceira vez que me fez algum carinho, foi dois dias depois. Nazaré, tinha ido ao correio e ao mercado. Era um final de tarde. Estávamos sentados frente a frente no chão da sala jogando pega varetas. De repente, sua mão escorregou por uma das minhas coxas. Surpreso, olhei para ele. Ele sorriu e me atirou um beijo. Envergonhado, abaixei a cabeça, como se o ignorasse. Ele se aninhou do meu lado e beijou-me várias vezes na nuca e no rosto, deslizando seus dedos pelas minhas coxas, a fim de me excitar. De repente, seu rosto surgiu na minha frente e sua boca procurou a minha. Embora fossemos homens, ele gostava de me beijar como se eu fosse uma garota. Enquanto beijávamos, suas mãos continuavam a escorregar para lá e para cá nas minhas coxas e minhas nádegas. Foi uma das raras vezes em que fiquei muito excitado, a ponto de superar a timidez, o medo do castigo divino, e desejá-lo. Talvez porque também foi a única vez em que disse que meu corpo era bonito e minhas coxas excitavam-no e minhas nádegas eram macias e gostosas. Chegamos a ficar nus ali, mas por precaução, convidou-me para seu quarto, onde dormíamos e para o qual fui de bom grado. Diferentemente do que costumava fazer, não deitei de bruços. Havia gostado das carícias na sala e queria mais. Ele não me pediu para virar. Deitou sobre mim e continuamos a nos acariciar entre o beijo e outro. Aliás, cheguei a acariciar-lhe o falo por alguns instantes, imitando-o, já que ele havia pego o meu e também o acariciava. Ele por sua vez abandou o meu falo e voltou para as coxas e as nádegas, acariciando-as a maior parte do tempo, chegando inclusive a procurar-me o ânus e introduzir-lhe um dedo. Isso me levou a abrir-lhe as pernas para que me penetrasse. Seu falo chegou a entrar, mas não o suficiente. A posição atrapalhava. Por isso ele mandou eu dobrar as pernas e segurá-las na região dos joelhos. Penetrou-me mais profundamente do que havia conseguido até então. Talvez por estarmos de frente um para o outro, voltou a me beijar. Pouco depois porém, ele teve o seu deleite, saiu de mim, vestiu a cueca e de forma dura, como muitas vezes fazem os homens rústicos com as prostitutas, ordenou: “Anda! Levanta, seu bichinha! Antes que a porra escorre do teu cu e suja a minha cama”.  
Não há dúvida de que isso contribuiu para que minhas lembranças daqueles momentos fossem as mais desagradáveis possíveis. Se tivesse sido diferente, talvez eu não teria me recusado a passar as próximas férias em sua casa, apesar do convite de meus tios e da insistência de meus pais. Pois eu sabia que se fosse, Fabrício, agora seis meses mais velho e com 14 anos estaria provavelmente mais insaciável, dominar-me-ia ainda com mais facilidade e descarregaria em mim suas taras.
Luciana não era vítima da timidez, não estava limitada por ela e nem era escrava de seus temores. Por isso não se manteve passiva como eu. Não ficou apenas esperando, esperando que aquilo terminasse, como eu fiquei tantas vezes. Ela queria sentir prazer e o procurou, exigindo de mim que lhe desse. Em dado momento, pediu-me para enfiar a mão por baixo dela, ir até o meio das pernas, introduzir o dedo na “xana” e mexer ele para frente e para trás. Fez questão de mostrar aonde e como o dedo deveria passar, já que para mim não fazia a menor diferença passá-lo num lugar ou noutra, uma vez que jamais ouvira falar do clitóris.
O gozo dela acabou levando ao meu. E quando este aconteceu, o passado ficou de lado e não me assombrou mais, pelo menos naquele momento. Então pode experimentar todo o deleite que meu primo experimentara todas as vezes que me possuíra.
Não sei se foi a imaturidade ou a inexperiência a razão pela qual não consegui ver muita diferença entre possuí-la de uma forma ou de outra. Claro que havia diferença. Das outras vezes, eu a possuíra de frente, ora olhando-a nos olhos, ora fitando as expressões de seu rosto, ora contemplando os seus seios, ora beijando seus lábios, ora lhe chupando os mamilos já que isso me dava prazer. Dessa vez, porém, isso não foi possível. Havia o prazer de vê-la de costas, sem seus braços a enlaçar, sem seus olhos a me observar, o que me dava a sensação de poder sobre dela, um poder que eu jamais experimentara. Talvez o prazer maior estivesse nisso, pois eu estava no controle, comandando os movimentos. Contudo, havia uma outra fonte de prazer, a qual contribui até mais para que aquele ato tenha sido diferente: as nádegas. Aliás, era por causa das minhas nádegas que meu primo tanto gostava de me possuir. Ele chegou a confessar isso mais de uma vez. E ali, sobre Luciana, sentindo os meus quadris socarem aquelas nádegas brancas e macias, experimentei um prazer que ainda não havia experimentado, um prazer intenso, que num primeiro momento não associei ao coito anal, e sim a sensação de poder que aquela posição me dava. 
Ainda sobre ela e agora sem o domínio dos instintos, ao refletir e tentar entender as razões de meu primo, conclui que precisava experimentar de novo. Precisava tirar a prova e quiçá livrar de meus fantasmas, os quais começavam a se desfazerem. E se não fosse com Luciana, seria com minha prima.
Diferentemente de Fabrício, não me levantei e abandonei Luciana a própria sorte, deixando-a com aquela terrível sensação de abandono. Permaneci-lhe sobre algum tempo, talvez porque estivesse tão acostumado a obedecer ordens que tenha ficado esperando que ela me mandasse sair, o que de fato aconteceu algum tempo depois.
-- Chega, vai! Tira isso aí do meu cu. Já tá me incomodando – disse ela.
Rolei para o lado e fiquei estirado na areia, olhado para o céu, no qual formavam-se algumas nuvens escuras, apesar de nada indicar que fosse chover.
O silêncio nos envolveu e por algum tempo ficamos pensativos. 
-- Você gostou? -- perguntou ela.
-- Eu? -- exclamei, surpreso.
-- É. Gostou de foder o meu cu? -- fez questão de explicar.
-- Gostei.
-- Eu também. No começo, achei estranho. Mas quando você enfiou o dedo na minha xana e ficou mexendo, foi ficando bom. É diferente! Parece que dá mais prazer. Não sei direito. Depois vamos fazer de novo. -- Virou-se de frente para mim, aninhou em meus braços e apoiou a cabeça nos meus peitos. Parecia tão feliz e apaixonada. -- Quero ver se vou sentir isso de novo. Você faz comigo de novo amanhã?
Poderia ter dito que não, mas diferentemente do que sentira até então, estava em paz e não havia aquela sensação de culpa que toda vez me invadia após o ato sexual. Havia uma transformação em curso dentro de mim. Era como se realmente os fantasmas do passado começassem a desaparecer. Por isso respondi:
-- Se você quiser, eu faço.
Ela me beijou carinhosamente e numa das raras oportunidades, disse:
-- Te amo, sabia!
Não respondi. Não queria mentir.
Fez-se um novo silêncio. Sua mão acariciava-me a face e a minha deslizava por suas costas, indo até as nádegas e voltando até a altura do pescoço.
Ficamos assim por algum tempo.
Mas não podíamos ficar para sempre. Não tardaria a anoitecer e eu precisava garantir o jantar, caso as meninas não encontrasse nada para comermos.
-- Precisamos pescar – falei.
Ela me deu um beijo, se levantou e disse com naturalidade, com uma naturalidade que só as putas mais experientes são capazes de ter.
-- E eu preciso cagar tua porra! Ela já está começando a escorrer pela minha bunda. -- disse ela com naturalidade, como se falasse de algo trivial. Aliás, isso me fez ficar com uma sensação de nojo, pois ela usara praticamente as mesmas palavras de meu primo que, após sair de cima de mim, costumava dizer: “Vai no banheiro, senta no vaso e faz força pra tu cagar a minha porra que eu gozei no teu cu senão ela via ficar escorrendo depois”. Embora só tenha dito isso nas primeiras vezes, depois eu já sabia o que tinha fazer, apesar de não ter feito por duas ou três vezes. 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

QUANDO A SAUDADE É INSUPORTÁVEL

Eu vejo os dias passarem, na expectativa de poder te reencontrar, de me atirar em teus braços e, olhando bem fundo nos teus olhos brilhantes, dizer-te o quanto te amo e o quanto me foi difícil e doloroso passar todos esses dias sem você, meu amor.
Eu até tento encontrar um meio de me distrair ou alguma coisa com a qual me ocupar para não ficar todo o tempo com os pensamentos em você, mas confesso que não consigo, pois as mais comuns e insignificantes coisas me trazem à memória a tua lembrança. Ah, meu amor! Tudo parece me levar a você. Muitas vezes, eu digo a mim mesmo: "Não adianta, não posso estar com ela agora", mas o meu coração teima em não me ouvir. Ele é como uma criança teimosia e mimada que só quer saber de suas vontades.
Ah, meu amor! Como é horrível querer estar com uma pessoa e não poder! Fico pensando em todos os momentos que poderia estar contigo, cobrindo-te de carinhos e beijos, vendo o teu sorriso, ouvindo a tua voz estonteante dizendo-me coisas insignificantes mas que para mim é de um valor inestimável, pois tudo que me diz respeito a você é importante para mim.
Eu não sei se você sente essa falta que eu sinto de ti, mas se sente, então sabe do que eu estou dizendo. E se é assim, seus dias também são aflitos que nem os meus e a espera tem um sabor amargo, onde o dia seguinte será tão ou mais doloroso que o anterior.

 Mas eu sei que essa separação não será duradoura. Brevemente vou poder estar aí contigo e então compensaremos todos esses dias que o destino nos separou, interpondo a distância entre nós só para nos mantermos afastados. Talvez não possamos recuperar todo o tempo perdido, mas tentaremos recuperá-lo ao máximo. Enquanto isso, enquanto a distância nos mantém longe um do outro, tento pelo menos acalentar-te. E esta carta ao menos te dará uns momentos de alegria, mesmo que sejam poucos, e lembrar-te-ão que estar longe de ti só faz o meu amor maior e mais forte.

domingo, 29 de novembro de 2015

OUTRAS FORMAS DE DEMONSTRAR AMOR


O tempo, esse inimigo impiedoso de todos nós, é capaz dos mais profundos danos não só em nosso passado, nossa história e nossas lembranças, apagando e envolvendo nas mais profundas brumas tudo que ficou para trás, como também tem um efeito devastador sobre o nosso dia a dia. Principalmente num relacionamento amoroso, onde a rotina tem um papel semelhante, senão maior, em provocar desgastes e levar ao esfriamento da paixão, a qual é forjada nas mais intensas chamas. Isso deveria ser encarado com mais naturalidade pelas partes envolvidas, já que os sentimentos não são eternos e, por serem fruto de reações químicas no cérebro, tendem a perder força com o passar do tempo. Afinal não existe fogo que arde eternamente. Aliás, o tempo não afeta só os sentimentos, mas nossas ideias, nossas percepções e nossas reações diante de qualquer estímulo. O problema é que a maioria das pessoas não dispõe desses conhecimentos e são incapazes de compreender tais mudanças. E isso faz com que muitas vezes uma parte acuse a outra de falta de amor, atenção, carinho, alegando que não a ama mais, o que pode até ser verdadeiro. Na mais das vezes porém, a coisa não é bem assim. O fato de a paixão ter esfriado não é sinal de falta de amor. Há tantas outras formas de demonstrar amor sem que essas envolvam diretamente o sentimentalismo. O respeito, o companheirismo, o apoio, a compreensão, a atenção, o respeito, a renúncia entre outros também é forma de demonstrar amor. O que acontece é que, para algumas pessoas, isso passa despercebido ou até mesmo não tem importância alguma. Mas para outras isso tem um significado muito grande e lhe pode custar mais do que simples jogar palavras da boca para fora. De forma que, se uma pessoa já não demonstra seu amor através de palavras e carícias, pode ser que ela esteja demonstrando de outra forma. E pode ser que o outro simplesmente não esteja vendo isso.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

PARIS: ÓDIO À LIBERDADE E À DEMOCRACIA


Dez meses depois, a França sofre um novo ataque terrorista promovido pelo Estado Islâmico, matando até o momento 129 pessoas. E justamente a França que é um país democrático, tolerante, multirracial e berço da luta pelos direitos humanos. Nenhum país merece uma barbárie dessas, menos ainda a França. Mas terroristas não escolhem vítimas e muito menos o país. Querem apenas promover o caos, a comoção popular e combater a liberdade, a igualdade e a fraternidade. É um dos poucos meios que dispõem para chamar a atenção, para mostrar alguma força. Embora não pareça, no fundo os líderes dessa organização terrorista sabem que não vão chegar a lugar algum, que lutam uma guerra perdida. Por isso, eles usam os meios mais bárbaros para demonstrar força e poder, seja nos territórios onde dominam, seja nos lugares mais democráticos do mundo. Aliás, nada lhes é mais perigoso que a democracia. Eles a temem tanto, ou até mais, quanto temem o Diabo. A escolha da França não foi um acaso. Os franceses fazem parte da coalizão que vem promovendo ataques aos territórios dominados por esses terroristas. E de todos os integrantes da coalizão, a França talvez seja o país onde os terroristas teriam maiores chances de serem bem sucedidos e onde poderiam causar maior comoção. Talvez os EUA fossem o alvo desejado, mas o sistema de vigilância norte americano certamente frustraria qualquer tentativa de um ataque de grandes proporções. Nos outros países da coalizão, um ataque assim talvez até provocasse mais danos e mortes, mas não teria o mesmo efeito e no ocidente isto seria mais uma notícia corriqueira, sem muita relevância. Daí a França. E de fato conseguiram o que desejavam. Não resta dúvidas de que foram bem sucedidos. Resta saber o que os franceses farão. Somente uma resposta capaz de provocar perdas incalculáveis ao Estado Islâmico fará com que desistam de novos ataques. Talvez o mais sensato a fazer seja o envio do que há de mais moderno em armamento bélico e de um grande contingente de tropas para lutar em várias frentes, em conjunto com o exército iraquiano numa das frentes e com os curdos em outra. Chegou a hora de reconhecer que ataques aéreos por si só não vai derrotar esses terroristas, pois tendem a se dissiparem e combater os inimigos com atentados terroristas. Só há um meio de acabar com isso: dizimando-os. Ou isso ou é só questão de tempo para novos atentados terroristas. A França está numa encruzilhada e se deseja continuar a ser um exemplo de tolerância e democracia terá de fazer sacrifícios. Não há outra saída.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

LONGA ESPERA

Deixo tristemente o dia passar
Com um profundo aperto no peito
E a saudade prestes a me dar
Um desatino que não tem jeito

    Como será que ela está?
    O que deve tá fazendo?
    Em mim pensando estará
    Como nela estou pensando?

Eu faço tantas indagações
As quais não me tranquilizam a alma
Novas e novas inquietações
Arrancam-me o que resta da calma

    Eu preciso dela já
    Pois muito estou sofrendo
    Por que não deixa pra lá
    Logo tudo e vem correndo?

O dia passa. Nada dela chegar
No ouvido um diabinho diz: “bem feito!
Para ti ela não vai mais voltar”
Mas tais palavras eu não aceito

    Sim. Eu sei que ela virá
    E já deve tá chegando
    Ela não me deixará
    Com o coração sangrando

Chega a noite e minhas desrazões
Ardem na mais inquietante flama
Uma ligação dá-me as razões:
Num assalto, roubaram-lhe a chama

domingo, 22 de novembro de 2015

AGARRANDO-SE AO PASSADO

Nas incansáveis viagens ao passado
Eu tento trazer de volta as lembranças
Daqueles momentos ali guardados,
Dos quais a saudade sem fim é imensa

É uma busca inútil, infelizmente
Já que o passado não volta jamais.
Ainda sim procuro insistentemente
Vivê-los nem que seja uma vez mais

A força com que neles eu me agarro
Dir-se-ia dum Hércules -- de tão grande.
E embora tudo me seja tão caro
E sofrível. Aí minh'alma se prende

Mas quem caminha rumo ao fim certo
Sem muito mais esperar desta vida
Melhor porto é o passado decerto

Pra se crer que a vida não foi perdida

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

QUADRINHA DE AMOR(22)

Esta é mais uma das quadrinhas de amor de minha autoria. Para quem não sabe, a quadrinha de amor é composta de 4 versos com 7 sílabas poéticas. 

Quero sonhar acordado 
Com uma garota bem linda 
E quando a tiver achado 
Amá-la-ei por toda a vida

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Talvez de todos os erros cometidos pelo parlamento brasileiro ao longo de sua história, o maior venha a ser o projeto de lei que revoga o Estatuto do Desarmamento, pois trata-se de um enorme equivoco achar que armar a população irá reduzir a criminalidade. Digo equivoco porque é um enorme absurdo achar que o alto índice de violência e criminalidade presente na sociedade brasileira é em grande parte fruto da impossibilidade de reação das vitimas por estarem desarmadas. O fato de uma pessoa está ou não desarmada não irá impedir um criminoso de cometer crimes; pelo contrário, irá torná-lo mais violento, mais disposto a matar com o intuito de impedir uma reação da vitima, o que muito provavelmente irá aumentar a criminalidade, já que os criminosos terão facilitado o acesso às armas de fogo tanto ao adquiri-las no mercado negro quanto ao roubá-las das próprias vitimas, as quais muitas vezes vão preferir entregar sua arma ao bandido do que usá-la contra o agressor. Aliás, muitos dos crimes de roubo que acontecem hoje em dia são praticados por criminosos com armas de brinquedo e armas brancas. Essas últimas inclusive, apesar de causar ferimentos nas vítimas, são bem menos letais que armas de fogo. O problema da criminalidade não é se a vitima é vulnerável ou não, mas sim a sensação de impunidade. É sabido que a maioria dos crimes não são solucionados e os culpados jamais pagam por eles. Esse é grande problema, embora não seja o único, já que a brandura das penas aplicadas a maioria dos crimes também contribui para o aumento da criminalidade, assim como o sistema prisional que, além de não recuperar o condenado, acaba na realidade servindo-lhe de escola do crime. Uma pessoa que é encarcerada por um por um crime leve, o qual poderia muito bem ser convertido em trabalho social ou outra forma de penalização, acaba saindo da cadeia como um criminoso de alta periculosidade. Isso tudo junto é a verdadeira razão dos altos índices de violência e criminalidade no Brasil. Armar a população não vai impedir o criminoso de ser criminoso, mas pode sim levá-lo a matar apenas porque a vítima tentou reagir, ainda mais que o criminoso está sempre mais preparado para atirar e não hesitará um seguindo se quer ao matar. Eu não tenho dúvida de que se o Estatuto do Desarmamento for revogado como querem um grupo de parlamentares, veremos os índices de assassinatos atingirem níveis inimagináveis. Eu já sou um homem de quase cinquenta anos e as chances de que venha ser assassinado por um assaltante não se modificam muito, mas temo muito por todos os jovens dessa geração e das próximas, pois a insegurança e o medo fará parte do dia a dia de todos, muito mais do já faz hoje. Para o bem de nossos jovens, espero que esse projeto não vá para frente, pois trata sim de uma grande loucura.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

À CAÇA DE MEUS SONHOS

Meus sonhos parecem impossíveis
Difíceis de alcançar
Teimam sempre em fugir
Sempre que eu tento me aproximar
Como um animal faminto
Para não deixá-los escapar.

Mas escapam,
Voam ainda mais para distante
E minha alma em desespero
Cede a uma dor pungente
Como uma punhalada no peito

Mas eu não desisto tão fácil assim
São meus sonhos,
As razões que eu tenho para viver
Não posso deixá-los fugir de mim
Tão fácil assim

Sonhar é saber que se está vivo
Na dor de toda a realidade
Sonhar é se ver no paraíso
E acreditar na própria imortalidade

Porque a realidade da vida
É sombria, perversa
E cheia de desencantos
Não perdoa os erros
E nos cobra um alto preço
Tirando cada um dos sonhos
Tão caros a cada um de nós

Sonhar é suportar a vontade
De mergulhar no abismo do nada
Sonhar é resistir aos desenganos
Sem ceder a uma morte antecipada

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

EDUARDO CUNHA E O TITANIC

A situação de Eduardo Cunha piorou consideravelmente depois da confirmação de que as contas na Suíça são realmente dele, de que ele as movimentara até recentemente, de que há coincidência entre contratos fechados pela Petrobras e transferências para essas contas correntes na Suíça, de que ele omitiu o fato de possuir vários veículos no nome da esposa e de que seu patrimônio aumentou drasticamente nos últimos anos. Até então havia tão somente acusações contra si, mas agora existem as provas, provas essas irrefutáveis. E isso muda-lhe completamente a situação. Dado o que vem acontecendo com todos os acusados na operação Lava a Jato, não tenho a menor dúvida de que é bom ele ir se preparando para passar algum tempo atrás das grades. Embora tenha foro privilegiado e portanto só possa ser processado pelo STF, não creio que o presidente da Câmara dos Deputados conseguirá segurar seu mandato por muito tempo. A oposição, que se aliara a ele com a finalidade de promover o impeachment de Dilma, resolveu atirá-lo aos leões, abandonando-o como ratos ao primeiro sinal de que o navio está afundando. E mesmo que consiga num acordo escuso com o governo (pois agora só lhe resta isso) em troca da recusa dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma, ele acabará perdendo o mandato quando for julgado pelo supremo. As investigações só estão no começo e ainda há muito o que vir à tona. Eduardo Cunha não foi só mais um beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras. Embora seja do PMDB, é um dos cabeças desse esquema de desvio de recursos públicos e sua queda pode inclusive levar muita gente importante consigo como ocorreu com o Titanic. Ele é um homem vingativo e não cairá sozinho. Mas mesmo que isso aconteça, não há dúvida de que isso trará mais benefícios que danos ao país, embora mais uma vez a imagem do parlamento fique profundamente manchada. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A MUSA QUE PASSA

Num entardecer de um dia de verão
À beira mar, sob um sol escaldante
Ela passa, cegando-me de paixão
E me fita com seus olhos triunfantes

Dos lábios escapam quase um sorriso
Que me leva a um profundo desespero
Seus beijos e carícias. Eu preciso
Para assim aplacar o meu destempero

Mas ela vai, e não me olha mais não
Segue com passos firmes e imponentes
Deusa tocando levemente o chão
Como se a dura areia fosse um tapete

Olhando-a, sinto-me perder o juízo
Então me queima um fogo intenso e efêmero
Pareço flutuar, estar no paraíso
E danar-me em seus braços. É o que quero

terça-feira, 27 de outubro de 2015

E SE O MUNDO SEMPRE EXISTIU?

Uma coisa muito caro a maioria daqueles que acreditam em Deus é não é tanto o fato de os ateus negarem que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança mas sim a inadmissão da não existência de um criador do mundo, de um ser que planejou meticulosamente tudo o que existe. Alguns até aceitam o darwinismo e reconhecem que o livro do Gênesis fala da criação do mundo de forma alegórica, não devendo de forma alguma tomá-lo ao pé da letra; outros mais esclarecidos vão além e admitem inclusive a teoria do Big Bang, justificando que ela é, na realidade, o instrumento usado por Deus para criar o universo. Na verdade, não importa muito o que essas pessoas acreditam ou não. O que elas não conseguem admitir é a possibilidade de o mundo nunca ter sido criado, de não ter um começo e nem um fim e portanto ser eterno, pois o fato de nós e tudo ao nosso redor ter um começo e um fim nos leva a supor que o mundo também segue o mesmo princípio. Não estou falando do planeta Terra, da nossa galáxia e do próprio universo, já que estes de fato não são eternos e realmente nasceram e em algum momento no futuro irão desaparecer. Mas mesmo que o universo desapareça, ainda sobrará um imenso vazio. E esse vazio continuará a ser o mundo, um mundo que por ser eterno poderá dar origem a um outro universo. Talvez este universo que aí está nem desapareça totalmente, até porque é grande demais e a todo instante estrelas e galáxias surgem e desaparecem sem que isso faça alguma diferença. E mesmo que exista de fato algo que deu origem a isso tudo, o qual nós, os insignificantes terráqueos, insistimos em chamar de Deus, esse "Deus" não tem a menor semelhança com o Deus que a maioria de nós ainda acreditamos. Não há menor dúvida de que esse Deus é uma invenção humana, uma vez que só seres humanos seriam capazes de atribuir a um Deus características humanas, tais como:  vingança, irá e castigo. Infelizmente, as pessoas não são inteligentes o bastante para se dar conta desse absurdo e se relacionam como esse suposto “Deus” como no passado os súditos se relacionavam com seus governantes.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

SÃO OS LOUCOS QUE MUDAM O MUNDO

Aquele que se deixa afetar pelas opiniões alheias não só dá razão aos detratores como também expõe as próprias fraquezas, mostrando não ser merecedor do apreço que tem e das verdades que prega. A nossa sociedade chegou aonde hoje está graças a perseverança, a coragem e obstinação daqueles que eram na maioria das vezes taxados de loucos, por desafiar as verdades aceitas por todos a sua volta, verdades essas que muitas vezes remontavam de um passado distante e as quais, para aqueles de visão mais ampla, eram inconsistentes e difíceis de aceitar. Hoje sabemos que a Terra é redonda e não plano como se acreditava antes; que não é o centro do Universo, que gira em torno do sol e não o contrário como se pensou por milhares de anos; que existem milhares de outros sistemas solares iguais aos nossos. O avanço do conhecimento jogou por terra todos os mitos que regiam a vida dos primeiros homens. Ah, como nossos antepassados eram escravos desses mitos! A maioria dos dogmas religiosos já não encontram mais uma base de apoio capaz de mantê-los de pé. E embora o homem ainda não tenha encontrado provas da existência de vida em outros planetas, nunca se esteve tão próximo dessa descoberta. Eu não tenho a menor dúvida de que isso ocorrerá no futuro; não num futuro próximo, mas daqui a meio século ou até um pouco mais. E quando isso acontecer, o único pilar que ainda sustenta a maioria das crenças religiosas, principalmente as três grandes religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e muçulmana, -- ruirá e então o homem chegará a conclusão que esse deus, um deus que criou o homem sua imagem e semelhança, e ao qual o homem se escravizou por milhares de anos, simplesmente não existe e nunca existiu. E então todos nós que, em pleno século XXI ainda somos chamados de loucos e vistos com desconfiança, inclusive condenados à morte em alguns países, por sermos ateus, por vermos o mundo sob uma outra perspectiva e enxergar nos dogmas religiosos a desrazão, seremos engrandecidos, assim como hoje se exalta Giordano Bruno, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e tantos outros, antes acusados de hereges e condenados por dizer aquilo que hoje é uma verdade incontestável pela ciência. Não se deve julgar e ridicularizar aqueles ainda presos às crenças do passado, pois muitos não estão preparados para a verdade dos fatos e não a suportariam. Da mesma forma não se deve deixar levar por essa maioria, pela maior onda, apenas porque nos sentimos um grão de areia diante dela; pois não são as grandes ondas que transformam o mundo – elas apenas provocam estragos e destruições --, mas os grãos de areia que, depositados lentamente um a um, formam os alicerces do saber e do avanço da humanidade em direção a um futuro melhor.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O MEU FILOSOFAR

Nos meus passos errantes
Por este mundo afora
Eu aprendi o suficiente
Para pôr para fora
Num longo vomitar
O meu filosofar

Repudio toda crença
Que prega a sua verdade
Isso só traz descrença
Em toda realidade
Fazendo do presente
Um viver indecente

Acredito no viver
O mais intensamente
Cada dor e prazer
Pois não há maior presente
Que o mundo pode dar
Antes do fim chegar

Após o véu da morte
Nada mais tem valor
Decidida está a sorte
E só o eterno nada
É a nossa vil morada

domingo, 18 de outubro de 2015

MUNDO DE CRIANÇA

No sorriso de uma criança,
Na inocência de seus atos
Está posta a esperança
E a manutenção de fato
Dos traços e das essências
Herdados por descendência

No sorriso de uma criança
Na ânsia de explorar o mundo
Está a beleza e sapiência
De querer saber de tudo
Como se o conhecimento
Fosse todo o fundamento

Mas na vida duma criança
O mundo não é o do adulto
Vence sempre a esperança
E o ódio jamais produz frutos
Como em toda gente grande
Onde a razão é inconsequente

E na vida duma criança
O mundo é o hoje, o agora
No amanhã nada o interessa
Pois o tempo não tem hora
Assim de instante em instante
Cresce a passos de gigante

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

FRASES QUE FICARAM PARA SEMPRE (124)

“A morte, portanto, nada é para nós e em nada nos toca, visto ser mortal a substância do espírito”
Tito Lucrécio Caro, “Da Natureza”, livro III



Considerado um dos mais importantes poetas latinos, Lucrécio escreveu o poema “Da Natureza das Coisas” onde procura explicar racionalmente os fenômenos da natureza, desfazendo os mitos que assolavam o mundo antigo. Além de pregar o atomismo de Epicuro, Lucrécio, ao longo da obra, afirma a inexistência de um Deus criador de todas as coias e nega a imortalidade da alma. Aliás, a frase a cima, extraída do livro III, vem logo após ele afirmar que tudo acaba com a morte, a qual põe fim aos tormentos futuros, já que depois de mortos tudo nos é indiferente e nada nos poderá acontecer. Assim, preocupar com o nosso futuro pós-morte é uma grande tolice.
 

domingo, 27 de setembro de 2015

O NADA DEPOIS

Um pequeno poema em redondilha menor, composto de três versos. Para quem não sabe, redondilha menor é um poema cujos versos são compostos de 5 sílabas poeticas. 

Se não te dizer
Que o mundo é belo 
Não hei de ter 
Sido sincero 

Se não te dizer
Que a vida é morte 
- eterno sofrer - 
Mentirei em parte 

Assim mundo e vida
São do mesmo partes:
Um tudo e um nada
Que co'a morte parte

domingo, 20 de setembro de 2015

O CONGRESSO E O REBAIXAMENTO DA NOTA DO BRASIL

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil para especulativo pela agência de classificação de risco Standard & Poor's é um reflexo da situação política e econômica pela qual o país vem passando nos últimos meses. Aliás, mais por questões políticas do que econômicas, uma vez que não há aparentemente razão para a redução dessa nota, uma vez que o Brasil é um país capaz de honrar seus compromissos a médio e longo prazo. No entanto, é preciso reconhecer que, no âmbito político, a situação está complicadíssima e não há a curto prazo uma solução. Independentemente dos erros do governo, erros esses que culminaram com a crise atual, o Congresso Nacional tem um papel fundamental no agravamento dessa crise, pois parece fazer de tudo para criar problemas para o Executivo, que procura fazer o impossível para reequilibrar as contas públicas. Embora o Senado esteja mais alinhado com o Governo Federal, procurando muitas vezes apagar o incêndio provocado pela Câmara dos Deputados, ainda sim não deixa de criar entraves. Claro que o embate em Câmara dos Deputados e Governo Federal é fruto em parte da fragilidade do Governo Dilma e da falta de coordenação entre o Palácio do Planalto e os parlamentares. Mas não é só isso. O governo não tem uma maioria de fato, capaz de acompanhá-lo para o que der e vier. E isso faz com que boa parte dos deputados chantageie o Governo Federal a fim de obter algum ganho, já que a política nacional sempre foi na base do toma lá dá cá. E infelizmente nossos deputados preferem, antes de tudo, pensar em si mesmos do que nos seus eleitores ou no próprio país; aliás, o que muitos querem infelizmente é o “quanto pior melhor” . Por isso eles têm a sua parcela de culpa no rebaixamento da nota de crédito do Brasil, mesmo não sendo eles que tenham gerado essa crise. Além de não ajudarem a resolvê-la, procuraram, por outro lado, torná-la mais aguda. Agora não adianta dizer que o Congresso não tem nada a ver com essa história porque esse papo furado não cola. Eles têm culpa sim e muito!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

OS DIVERSOS SISTEMAS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS


Muita gente não sabe, mas, diferente do que acontece no mundo dos computadores, onde o Windows, sistema operacional da Microsoft, reina absoluto com o IOS, sistema operacional da Apple presente ms Macs, e o Linux correndo por fora, no mundo dos dispositivos móveis (celulares, tablets, relógios inteligentes e carros conectados entre outros) a situação é bem diferente. E embora o Android, desenvolvido pelo Google, seja o dominante, seu domínio não é tão grande quanto o Windows nos computadores e o número de concorrentes é bem maior. Claro que a maioria das pessoas – principalmente aqui no Brasil e na América Latina – pensa que só existem o Android com os mais variados dispositivos rodando o sistema do robozinho e o IOS da Apple com os seus Ipads e Iphones. Mas na verdade existem outros sistemas para esses tipos de dispositivos. A maioria deles é bem mais recente, lançados nos últimos meses, e por isso ainda praticamente desconhecido do público em geral. Aliás, além do Android e IOS, só o Windows Phone da Microsoft tem alguma popularidade e seja conhecido do público brasileiro. Até porque, excetuando-se o Firefox OS (presente em mais de uma dezena de aparelhos celulares e nas smarts Tvs da Panasonic), cujo desenvolvedor (fundação Mozilla) é o mesmo do navegador Firefox, os outros ainda não foram oficialmente lançados aqui no Brasil e na América Latina, embora possam ser legalmente importados. Além dos quatro sistemas já citados acima, somente o Sailfish OS da Jolla, uma empresa finlandesa fundada por ex-funcionários da Nokia após a venda para a Microsoft, já tem algum tempo no mercado com um celular e um tablet, o qual foi lançado há pouco mais de um mês. A Samsung, em parceria com a Intel e um grupo de outras empresas, vem desenvolvendo o Tizen. Essas empresas, principalmente a Samsung, está investindo pesado no Tizen com o objetivo de acabar com a dualidade Android e IOS. O Tizen está presente em dois modelos de celulares (Z1 e Z3 da Samsung), lançados recentemente na Índia e na África, nos relógios inteligentes da linha Gear, nas novas Smarts TVs da empresa Sul Coreana e nas câmeras fotográficas. A Samsung pretende, aos poucos, substituir o Android pelo Tizen nos seus aparelhos top de linha. E finalmente temos o Ubuntu Phone da Conical, a mesma empresa que está por trás do Ubuntu, a distribuição Linux mais conhecida, presente em vários notebooks e desktops. O Ubuntu Phone foi lançado há poucos meses e está presente em dois aparelhos (Aquarios E4.5, da espanhola BQ e MX4 da chinesa Meizu), vendidos principalmente na Europa e China. O que há em comum a todos os sistemas operacionais, exceto o Windows Phone e IOS, é o fato de todos serem derivados do Linux. Embora cada um dos sistemas tenha as suas particularidades, vantagens e desvantagens, o que pode agradar mais uns e outros menos, no fim das contas todos fazem praticamente as mesmas coisas. Não é objetivo desse artigo apresentar as características de cada um desses sistemas; aliás para saber um pouco mais cada um deles é só acessar este LINK A intenção do autor é tão somente mostrar ao leitor a existência de uma grande variedade de sistemas para dispositivos móveis, pois muita gente ainda não sabe disso. Aliás, se hoje essa informação pode até parecer irrelevante, o mesmo não será num futuro bem próximo, pois não há dúvida de que a guerra e a disputa por relevância entre os sistemas citados acima está para começar. Quem sobreviverá é difícil saber, mas não há a menor sombra de dúvida que, no fim das contas, quem sairá ganhando é o usuário, que terá cada vez mais recursos ao alcance da mão. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

QUEM CULTIVA O ÓDIO

Nessa vida tão breve e passageira
Onde tudo se esvai tão facilmente,
Cultivar o ódio a vida inteira
É ensinar a falar um elefante

Perdem-se inutilmente os mais preciosos
Momentos a fim de manter aceso
Esse veneno que cega os olhos
E ao viver acrescenta-se um grande peso

O ódio deve ser coisa passageira
Que vem e depois vai assim de repente.
Jamais cultive-o como uma figueira
Que dura bem mais que a vida da gente

Não torne os teus belos dias rancorosos
Por causa desse teu ódio persistente
No fim te sobrarão só os remorsos
Por odiado e não vivido realmente

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A EUROPA É CULPADA DISSO:

A invasão de imigrantes, fugindo das regiões em conflito no Oriente Médio e na África, que a Europa vem sofrendo é um exemplo claro de como o Ocidente fracassou em apoiar as revoltas da Primavera Árabe e no combate aos grupos extremistas que aterrorizam as populações por onde passam. Pois a maioria esmagadora desses refugiados, os quais arriscam a vida para fugir muito provavelmente da morte ou até mesmo da escravidão, vêm de algum país dessa região: ou é de países onde a tentativa de derrubar o governo não só criou um caos como também fez surgir uma guerra sangrenta entre os mais diversos grupos a fim de tomar o poder, o que fez aumentar a repressão por parte de quem se mantém no poder como na Síria por exemplo; ou é de países onde há forte atuação de grupos extremistas, como é o caso do Estado Islâmico, o qual aterroriza e escraviza as populações das regiões que caem em seu poder. É o que ocorre no Iraque e principalmente na Síria, provocando uma grave crise humanitária. Seja qual for o caso, a responsabilidade da Europa e de boa parte da comunidade internacional é muito grande, uma vez que são culpados direta ou indiretamente pelo caos nesses países. E de mais a mais nunca é bom lembrar que essas nações eram, até a Segunda Guerra Mundial, colônias europeias e as quais eram exploradas impiedosamente para manter a guerra imperialista do continente. Portanto, a Europa, mesmo meio século depois, continua tendo uma dúvida com a população desses países, já que a pobreza e situação presente é, senão de todo, pelo menos em parte, herança do passado de exploração à qual as gerações anteriores foram submetidos por vários séculos. Receber esses imigrantes que arriscam tudo e principalmente a própria vida para fugir do sofrimento e chegar a Europa, deixando para trás o país, a comunidade, o lar e tudo que conquistaram ao longo de uma vida inteira é mais do que uma obrigação. A Europa tem o dever de fazer tudo que for necessário para dar uma uma esperança e uma vida melhor a esses refugiados. E tentar negar-lhes isso, proibindo-os de entrar em seus territórios e tratando-os como animais, além de desumano é, sem sombra de dúvida, um crime contra a humanidade. Se os europeus não querem que eles deixem seus países de origem, então que se unam e ponham fim aos conflitos e às causas dessa fuga desesperada e o último fio de esperança que essas pessoas têm para não sucumbir à fome e à brutalidade inimaginável desses grupos extremistas, os quais nos trazem de volta em pleno o século XXI os horrores da Idade Média.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

EXIMINDO-SE DE RESPONSABILIDADES

O ser humano por natureza necessita constantemente de um bode expiatório para culpá-lo pelo seus próprios fracassos, pois esta é a melhor forma de se livrar do fardo da responsabilidade. Assim se faz àquele e a quem depositou sua confiança, dizendo: “Ele me enganou. Eu acreditei nele. A culpa não foi minha” ou coisas desse tipo. Como exemplo disso pode-se citar os políticos que, depois de eleitos, não horam o cargo para o qual foram eleitos, e então o eleitor prefere culpá-los por isso, sem se dar conta de que foi ele, o eleitor, quem fracassou nas suas escolhas, pois o poder só deve ser dado a quem o merece. Claro que em alguns casos a índole de um político só se revela quando lhe é dado poder, mas isso não exime o eleitor de seu erro. Outros, na impossibilidade de encontrar um verdadeiro culpado pelo seu fracasso, pelo simples fato de não existir um bode expiatório, atribui tal fracasso à vontade de Deus. Aliás, este é o pior tipo de ser humano, pois além enganar a si próprio, ainda foge de sua responsabilidade usando a fé como forma de não ser contradito. Essa é para mim a pior forma de esperteza, a qual não contribui em nada para um mundo melhor; ao contrário: rebaixa o homem. Mas infelizmente este é o caminho mais fácil, menos penoso e o qual exime as pessoas de suas responsabilidades. Lamentavelmente, só uma ínfima minoria não envereda por este caminho. Esta minoria porém não se encontra por aí.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 61

Em disparada, retornei à cababa, na esperança de encontrar algum sinal de fogo para que pudesse reacender a fogueira. Por isso não me preocupei com a minha nudez e menos ainda com a reação da Marcela quando a visse. Sabia que ela não deixaria de fitar-me, principalmente o sexo que, por suas peculiaridades, era uma fonte inesgotável de curiosidade do sexo oposto.
Cheguei e ajoelhei diante do fogo morto. Não havia o menor sinal de chamuscamento. Mexi nos gravetos e soprei a ponta queimada de cada um, na esperança de surgir uma fagulha vermelha, mas não encontrei o que procurava. “Ela apagou mesmo!”, conclui.
-- Quando chegamos, ela já estava apagada – disse Marcela. Só então lembrei-me de sua presença. Ela jazia sentada numa das “camas”, atrás de mim. No entanto, levantou-se e aproximou-se. -- Você acha que consegue acender ela de novo?
-- Vou tentar. A gente não pode ficar sem ela. Como é que a gente vai assar os peixes?
-- É mesmo! Nem me lembrava disso – disse ela, parando na minha frente e fitando-me com certa curiosidade, embora não olhasse diretamente para o púbis. -- Cadê as meninas?
Levantei a cabeça e fitei-a. Por um momento, meus pensamentos esqueceram a fogueira e concentraram-se nela. Não pude evitar a vontade de me levantar e tomá-la nos braços. Ainda mais agora que estávamos ambos nus. E caso a abraçasse, certamente nossos sexos se tocariam, eu ficaria excitado e muito provavelmente isso a assustaria. “Não. É melhor num ficar pensando nessas coisas. Ele vai crescer. Ficar duro. Vai sim! Luciana vai chegar. Vai ver. Vai saber que eu estava pensando na Marcela. Em fazer aquelas coisas com ela”, pensei.
-- Ficaram para trás. Eu vim correndo.
Marcela agachou-se na minha frente, apanhou um graveto e docilmente perguntou:
-- Quer que eu te ajudo a acender?
-- Quero – respondi. -- Vou ter que fazer que nem da outra vez: esfregar um pau no outro até pegar fogo. A gente vai ter que apanhar um pouco de folhas e capim, porque eles pegam fogo mais rápido – expliquei.
-- Vou buscar pra você – disse ela, levantando-se.
Novamente tive de resistir ao impulso de estender a mão e pedir para que não se levantasse e viesse aninhar em meus braços, mas temi pela chegada de Luciana e Ana Paula. Elas poderiam chegar de repente. Não deveriam estar longe. Aliás, se não fosse o tornozelo da Luciana, que ainda não havia melhorado de todo e o qual a impedia de correr, elas já teriam chegado. Isso contudo não me impediu de, enquanto Marcela se afastava, levantar a cabeça e olhá-la no traseiro enquanto deixava a cabana. Súbito pensei: “É mais bonito que o da Luciana. Mais redondo, mais cheio ele é. Que nem as pernas dela. Mais grossas. Se não fosse elas, se elas num tivesse vindo...” 
Quando olhei para fora, vi ambas aproximando-se. Caminhavam uma ao lado da outra, contudo, em silêncio como duas estranhas. Ana Paula aproximava-se de cabeça baixa, como se olhasse onde punha o pé; Luciana por outro lado olhava para frente, de forma altiva, senhora de si. A falta de afabilidade entre elas era evidente.
Encontraram com Marcela do lado de fora da cabana. Pararam e ouvi Luciana perguntar:
-- Ele conseguiu acender?
-- Não. Já estava toda apagada – respondeu Marcela. -- Tô indo buscar um pouco de capim seco para ver se ele consegue acender ela novamente. 
-- Vou com você – disse Ana Paula.
Luciana entrou logo em seguida. 
-- Se a gente não tivesse que usar essa fogueira para assar os peixes, a gente não precisava mais dela -- foi logo dizendo. -- Se nesses quase trinta dias, não chamou a atenção de ninguém que poderia estar nas proximidades dessa ilha não vai chamar mais. Mas eu não vou comer peixe cru. Não sou japonês. E só temos ela para assar eles. Então, é bom que você consiga acender ela – proferiu, como se desse uma ordem.
-- Vou conseguir sim. É só fazer que nem eu fiz da primeira vez. Deu certo. Então vai dar de novo. Só vai demorar. Mas agora vai ser mais fácil. Tenho o machado e sei como fazer – falei. Selecionando um graveto mais grosso e resistente. Em seguida, peguei um pedaço de um galho, tirei uma lasca nele com o machado, para deixá-lo plano, e fiz uma pequena fenda. Por último fiz uma ponta no graveto. -- Pronto! Agora é só ir esfregando esse graveto assim – fiz para ela ver. -- Vai começar a soltar um pozinho. É da madeira. É ele que vai pegar fogo. Antes, ele vai começar a sair fumaça. Vai demorar um pouco, mas deve funcionar.
-- Depois quero ir de novo pescar contigo – disse.
-- Mas você não sabe pescar. Já tentou duas vezes e não conseguiu pegá nada. Se você for, vai é acabar me atrapalhando. Não sabe ficar quieta – falei, enquanto esfregava o graveto na fenda para lá e para cá.
-- Mas quero ir assim mesmo. Prometo que não vou te atrapalhar – insistiu, agachando do meu lado e pondo uma das mãos sobre minha coxa. -- Só quero ficar lá, vendo você pescar.
-- E me vigiando... -- acrescentei. -- Sei muito bem o que você quer.
Nosso ela escorregou a mão até o meio de minhas pernas e pegou em meu falo.
-- Tenho que tomar conta do que é meu. Ainda mais com ele solto assim -- e deixou escapar um sorriso malicioso. -- Aposto como aquela vadia já estava de olho nele. Doida pra abrir as pernas pra você enfiar ele nela.
-- Sai daqui! Não me atrapalhe – pedi. -- Preciso de concentração e não posso parar, senão não dá certo. 
Ela obedeceu, ainda mais que as outras duas se aproximavam, conversando alegremente.
-- Será que isso aqui dá – perguntou Marcela, mostrando-me o maço de capim e dois punhados de folhas.
-- Acho que sim – respondi. -- Só amassa elas bem que fica mais fácil para elas pegar fogo – acrescentei.
Marcela agachou-se de frente para mim e ficou olhando para minhas mãos ocupadas e impacientes. Embora não segurasse o graveto onde ele estava em contato com a base, podia senti-lo quente. “É bom isso acender logo! Minha mão já tá doendo. Num vou aguentar esfregar isso por muito mais tempo”, pensei.
Minutos depois, surgiram os primeiros sinais de fumaça.
-- Encosta eles aqui do lado – pedi a Marcela, que estava com um punhado de arbustos numa das mãos. -- Já já vai pegar fogo.
De fato não demorou a chamuscar. Marcela pôs um punhadinho de folhas amassadas e soprei, levemente. As chamas surgiram. Em seguida ela colocou mais um punhado de folhas e um maço de arbustos. As chamas ficaram maiores. Nisso, empurrei tudo para baixo da fogueira, onde jaziam os gravetos e galhos maiores.
Quando esta acendeu, as meninas bateram palmas. Via-se a mesma alegria que elas esboçaram quando a acendi pela primeira vez, há mais de vinte dias.
-- Da próxima vez que vocês deixarem ela apagar, vocês vão acender ela – falei.
-- É só a gente usar lenha mais grossa que ela não se apaga assim tão fácil – disse Marcela. -- Ai a gente não precisa ficar se preocupando tanto com ela.
-- É, mas aonde a gente vai arrumar lenha mais grossa? -- perguntou Ana Paula. -- A gente já custa achar esses galhos aí -- apontou para alguns galhos recolhidos no dia anterior.
Realmente, toda vez que íamos apanhar lenha para a fogueira, apanhávamos os galhos que conseguíamos quebrar com as mãos. Até porque até quatro o cinco dias atrás não tínhamos com o que cortar uma árvore. E embora essa realidade tenha mudado, a tarefa de encontrar lenha para a fogueira continuava sendo das meninas e elas não sabiam manipular aquela ferramenta. 
-- É só cortar as árvores – disse Luciana.
-- É mesmo! Você fez não aquilo ali – Marcela apontou para o machado esquecido no fundo da cabana. -- Se ele cortou esses paus da cabana, pode cortar lenha para a fogueira.
-- Só que pra fogueira, a gente precisa de madeira seca – falei. -- E eu não vi nenhuma árvore seca ainda.
-- Lá em cima tem uma árvore seca – lembrou Luciana – Aquela que o raio partiu ao meio.
-- É verdade – falei, recordando daquela terrível expedição, a qual eu desejaria esquecer. -- Mas eu não vô lá não. É muito longe e não gosto de ficar entrando nessa mata. 
-- Mas não precisa de uma árvore seca. Verde também pega fogo – disse Marcela.
Até então, eu jamais ouvira dizer que árvores verdes pegavam fogo. Pensava que só as secas eram capazes de se queimar. Aliás, Ana Paula e Luciana também não sabiam disso, como confessaram. No entanto, Marcela nos lembrou que eram da madeira verde que se fazia carvão vegetal.
-- Madeira verde pega fogo sim – insistiu ela, quando insisti que não. -- Eu sei porque o amigo de meu pai é dono de uma carvoaria. Ele disse que não precisa esperar a madeira secar para fazer carvão.
Não a contestamos, já que ela demonstrava ser a mais inteligente do grupo. 
-- Então depois a gente experimenta – falei.
-- Bom, agora que a fogueira está acesa, vocês não acham melhor a gente ir atrás de alguma coisa para comer, antes que fique de noite? -- perguntou Luciana, levantando-se.
-- É mesmo! -- disse Ana Paula. -- Já estou começando a ficar com fome.
-- A gente tem que encontrar uma outra forma de arrumar mais comida. As goiabas praticamente acabaram, as bananas estão verdes, e ficar comendo só esse pouquinho de peixe não vai dar muito certo não. A gente não está se alimentando direito. Vocês já repararam que a gente está emagrecendo? -- comentou Marcela.
Ambos concordamos. Aliás, a perda de peso ficara mais evidente em Marcela, por ter maios volume. Por outro lado, não se via diferença em mim, uma vez que eu sempre fora um garoto franzino.
-- A gente não sabe quanto tempo a gente ainda vai ficar aqui. Pode ser que vai demorar pra gente sair dessa ilha. Tenho essa impressão. Se a gente não se alimentar melhor, a gente pode ficar doente e ai não temos médico e nem remédio. Se a gente ficar doente, é bem capaz de morra – concluiu.
Olhamos um para os outros preocupados. Ela estava com a razão. Mas o que fazer para melhorar a nossa alimentação? No dia anterior, ocorreu-nos de usar flechas para mantar algumas daquelas aves que viviam na ilha, mas isso ainda não tinha sido posto em prática. E de mais a mais, a carne de ave não supriria as nossas necessidades. Precisávamos de outras fontes de vitaminas. Mas como obtê-las?
-- Você tem razão – falei.
-- É, mas vamos deixar para discutir isso enquanto a gente come. Primeiro, temos que ir atrás de comida – interveio Luciana. -- Por que vocês duas não entram de novo na mata e tentam achar alguma coisa pra comer? Eu fico aqui tomando conta da fogueira e o Sílvio vai pescar.
-- E por que que tem que ser você? Por que não eu ou a Marcela? -- protestou Ana Paula, provavelmente para afrontá-la, já que ambas não perdiam a oportunidade de alfinetar uma a outra.
-- Porque o meu pé ainda não está bom. Se eu subir esse morro, é bem capaz dele se machucar de novo. Ele ficou doendo quando subimos da última vez. Não quero me arriscar. Quando eu estiver melhor, pode deixar que eu irei, até sozinha se for preciso – explicou ela, contrafeita.
-- É verdade, prima. O pé dela ainda não melhorou direito – falei, procurando defender Luciana para evitar um novo desentendimento, embora realmente fosse muito arriscado ela entrar na mata e subir o morro sem que o tornozelo estivesse totalmente recuperado. 
Marcela se levantou e sem olhar para mim, chamou Ana Paula para acompanhá-la, dizendo que era melhor ir logo, antes que escurece. No entanto, acrescentou:
-- Mas não sei se vamos achar alguma coisa.
-- Aproveita e trás lenha para a fogueira – falei.
-- Tá. Pode deixar... – disse ela saindo.
Levantei, apanhei a lança que jazia ao lado da entrada e, sem dar muita importância à Luciana, disse que ia pegar alguns peixes. Ao me ver saindo, levantou-se e correu atrás de mim.
-- Eu vou com você.
-- E quem vai ficar tomando conta da fogueira?
-- Ninguém.
-- Mas alguém tem que ficar – falei. -- Senão ela pode apagar de novo.
-- Não, não vai não. Eu pus mais lenha nela. E vai demorar pra queimar ela toda. Até lá a gente já voltou. E também não vamos demorar muito. Você é rápido com esse troço aí. -- disse ela se referindo a lança que eu usava para fisgar os peixes. -- Mas vou por aquele resto por segurança. Aquelas duas vão trazer mais mesmo.
Não fiz objeção. Sabia que não adiantaria de nada. Apenas pedi:
-- Então faça isso que eu vou indo na frente.
Deixei-a e fui me afastando. Pouco depois, olhei para trás e Luciana vinha ao meu encalço, embora andando lentamente. “Ela tá armando alguma. Num é boba. Quando enfia uma coisa na cabeça, vai até conseguir. Até sei o que ela quer. Fazer por trás. Que nem o Fabrício fez comigo. De manhã, quando a gente estava pescando, ela queria. Quer experimentar. Saber como é. Fabrício gostava. Tava sempre querendo fazer. Três naquele dia. De manhã, acordei com ele puxando o meu shorts. Eu disse que num queria, mas foi subindo pra cima de mim. O pinto dele já tava duro. Eu vi. A cabeça pra fora. Não pude fazer nada. Ele era bem mas forte. De tarde também. Esperou a dona... Como era mesmo o nome dela? Merda! Num consigo me lembrar. Era tão boazinha. Atenciosa comigo. Ela saiu. No mercado ela disse que ia. A gente tava na sala, vendo TV. Ele chegou perto e chamou pra gente meter de novo. Abaixou o short e mostrou o pinto duro, dizendo que queria pôr na minha bunda. Eu disse que num tava com vontade. Mas ele me segurou e disse que ia contar pra mãe dele quando ela voltasse de São Paulo que eu ficava chamando ele pra meter com ele, que eu ficava abaixando o shorts e oferecendo a bunda pra ele e que ficava pegando no pinto dele. Fiquei com medo. Ela não ia acreditar em mim. Ia acreditar nele. Ia pensar que eu era bicha. Filho dela. Ainda ia contar pros meus pais. Fiquei com muito medo mesmo. Fui. Ficou pelado. O pinto dele. Duro. Ele fez eu tirar a minha roupa toda. Deitou em cima de mim e fez de novo. Gemendo no meu ouvido. De noite, de novo. Falei que num queria porque minha bunda tava dolorida. E tava mesmo! Aí ele me fez chupar o pinto dele. Só fiz um pouquinho. Gosto esquisito. Meio salgado. Falei que num queria mais. Aí me disse que se eu não continuasse ia comer o meu cu. E ia machucar ele. Falava bem assim. Preferi deixar. Ele demorou mais do que das outras vezes. Foi horrível. Nunca vou esquecer. Ela tá chegando. Parece que tá sorrindo. Ele mandou eu ficar de quatro. Eu não sabia. Me mostrou como era. Ficava pondo com força, como se estivesse com raiva. Tudo. Ficou doendo. Dormi chorando. Nem me levantei pra me limpar. No outro dia, tinha manha de sangue na cueca. Tava toda suja. Tive que lavar ela no banheiro pra ninguém ver. Ela tá sorrindo sim. Vai me chamar pra fazer com ela. Sei quando ela quer...”, pensei.