quinta-feira, 3 de março de 2016

O MUNDO EM DIREÇÃO AO ABISMO

Independentemente de ser de esquerda ou direita, já que estes rótulos não fazem mais sentido hoje em dia, é preciso reconhecer que o capitalismo passa por uma grave crise, tão grave quanto aquela ocorrida entre as duas grandes guerras, onde o mundo mergulhou na maior crise de sua história, o que contribuiu significativamente para a eclosão da Segunda Guerra Mundial, embora não tenha sido diretamente a causa. Desde o desmoronamento do comunismo em 1989 dizia-se que finalmente o capitalismo triunfara. E de fato parecia uma verdade incontestável, embora o atual capitalismo não seja o mesmo que perdurou até meados da década de 50 do século passado. Para não sucumbir, acabou adotando medidas defendida pelos socialistas e fazendo concessões, como proteção aos trabalhadores, redução da jornada de trabalho e uma série de garantias trabalhistas. Nesse ponto, o socialismo teve o seu papel benéfico, pois humanizou o capitalismo, reduzindo a exploração da classe trabalhadora. No entanto, como Sistema Político, o socialismo fracassou ao se transformar em ditaduras implacáveis, disposta a sacrificar tudo e todos para a sobrevivência de quem estava no poder. Talvez o maior erro desse sistema, que prometia libertar os trabalhadores da exploração capitalista mas os transformou em escravos do sistema, foi justamente ir contra o que pregava: ao querer libertar o homem, acabou por transformá-lo num mero instrumento,  em alguém que deveria sacrificar seus interesses particulares em nome do coletivo. Com o fim do socialismo, o capitalismo agora mais humanizado, prometeu a liberdade e a reumanização do ser humano, com ênfase no. individual E num primeiro momento, realmente cumpriu sua promessa. Mas encontrou os seus próprios limites. Sem um sistema que o ameaçasse, como ocorreu durante quase todo o século XX, o capitalismo começou a mostrar suas garras. A liberdade de certa forma permanece preservada embora muitas vezes essa liberdade não passe de ilusão, pois num mundo consumista e totalmente dependente de capital, quem não tem dinheiro está fora do sistema e portanto não é livre e nem levado em conta: vive-se uma liberdade aparente, já que o acesso a praticamente tudo depende de dinheiro. O mesmo vale para a reumanização do ser humano. Só se tem valor como ser humano se você tem algo a oferecer. Se não tem, você também não tem valor como pessoa e não passa de um estorvo, de um fardo que a sociedade é obrigada a carregar. O problema desse capitalismo pós 89 é que ele é faminto, nunca está satisfeito e quer cada vez mais. Ele visa maie e mais lucro, e tudo isso sem ser produtivo de fato. O Mercado Financeiro, e principalmente o especulativo, tornou-se a grande fonte de investimento. E como população em sua maioria não tem acesso ao Sistema Financeiro, a desigualdade social só se faz crescer. Há mais duas décadas que a diferença entre os mais ricos e os mais pobres não só vem aumentando como também em taxas cada vez maiores.. Isso em todos os países, sem exceção. Não por acaso, o berço do moderno capitalismo – os Estados Unidos – vê o contingente de pobres e miseráveis crescer de forma vertiginosa, isso com o PIB crescendo mais de 3% ao ano. Se não bastasse, cresce na mesma proporção a insatisfação social, gerando turbulências políticas cujas consequências são imprevisíveis. Talvez, antes que o sistema desmorone e leve o mundo a um novo conflito de proporções mundiais, cujos sinais são mais evidentes a cada dia, como a nova Gerra Fria entre Estados Unidos e Rússia por exemplo, o capitalismo encontre uma alternativa e procure se reinventar. Mas até lá o mundo vai passar um grande crise e por profundas transformações. Isso será inevitável.

quarta-feira, 2 de março de 2016

UM VIR A SER TALVEZ

Este momento,
Este agora
É tudo que tenho,
É tudo que preciso
Para me sentir vivo.
O amanhã é só
Uma possibilidade,
Um vir a ser talvez...

terça-feira, 1 de março de 2016

O BRUSCO APAGAR DA CHAMA

A vida, que flui do nada,
É mágica e bela até
Envolta numa jornada
Na qual há ciência e fé

A vida é um fluir constante
Um rio ora de águas calmas
Ora um fluxo intermitente
Como o balançar das chamas

A vida é uma enxurrada
Que colhe o que lhe estiver
Na frente. E assim acumulada
Faz de cada ser o que é

Mas aí sorrateiramente
A morte à vida reclama
Num ato insignificante
Num brusco apagar da chama

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

FOI A VONTADE DE DEUS

Depois de planejar por meses, uma família do interior decide passar o de fim de ano na praia. É a primeira vez que os dois filhos do casal, um garotinho de 7 anos e uma menina de 4 anos, terão contato com o mar.
Antes da viagem, o automóvel, tirado num consórcio há pouco mais de um ano, vai para a revisão. Afinal não se deve pegar a estrada sem fazer uma revisão no carro. Ainda mais quando se transporta os filhos e a esposa, uma senhora de 31 anos, que divide sua devoção entre os filhos, o marido e Deus, frequentado a igreja uma vez por semana em companhia da família.
No dia 22 de dezembro, após uma oração, eles saem cedo de casa. Seu Roberto, como é conhecido no bairro, é um homem prudente que respeita a sinalização e os limites de velocidade. Por isso sabe que gastará mais tempo do que a maioria dos motoristas para fazer o mesmo trajeto. Mas ele não se importa com isso. “Não se deve ter pressa. O importante é chegar em segurança”. É o seu lema, o qual costuma dizer aos amigos quando estes pegam a estrada.
Apesar do trânsito, a viagem até o litoral corre da melhor forma possível.
E durante aqueles 12 dias, a família se diverte como nunca. Vão à praia quase todos os dias e passeiam pela cidade quase todos os começos de noite. E tudo aquilo que a cidade oferece aos turistas, aquela família procura desfrutar. Mas não esquecem de seus deveres para com Deus e assim vão à missa de domingo.
E como todo passeio, aquele também chegou ao fim. Mas isso não foi motivo de tristeza. No dia 2, acordaram todos antes da aurora e pegaram a estrada de volta.
Mas não chegaram em casa.
Numa curva de um trecho sem acostamento, uma carreta, vindo em sentindo contrário, fez uma ultrapassagem proibida e atingiu de frente o carro onde jazia a família do Sr. Roberto. Tanto ele quanto a esposa morreu na hora. A menina de 4 anos ainda chegou a ser levada com vida ao hospital, mas morreu horas depois. O garoto de 7 anos, sobreviveu. Mas uma fratura na coluna, na região do pescoço, deixou-o tetraplégico. O motorista do caminhão, apesar da gravidade do acidente, sofreu ferimentos leves, tendo de mais grave uma perna quebrada, a qual se recuperou completamente semanas depois.
No seu depoimento, ele justificou a ultrapassagem da seguinte forma:
-- Não sei o que me deu na cabeça pra fazer aquilo. Talvez eu estivesse um pouco cansado, já que tava dirigindo há mais de seis horas sem parar. Parece que alguma coisa me levou a cometer essa loucura... Talvez tenha sido a vontade de Deus...
Durante o enterro daqueles inocentes, não faltou um ombro amigo que de uma forma ou de outra tentava confortar os pais e avós daquelas três vítimas da irresponsabilidade de um motorista. Ainda mais que eram pessoas muito queridas na cidade, cuja morte chegou a causar uma comoção.
E foram muitas as palavras de consolo. Mas o mais que se ouviu foi:

 “Foi a vontade de Deus”.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

CHAGA DOLOROSA

Não sei o que fazer
Com esse sentimento
Aqui no peito a roer.
Dói a todo momento

É uma dor insana
Sem fim, sem uma pausa
Que até a alma desengana
Sem entender a causa

Mas é no te querer
Sem te ter entretanto
A razão do sofrer
Sem apaziguamento

Mas sei que a vida engana
Como espinho de rosa
Amar não é bacana
É chaga dolorosa

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A SEDUTORA

Não venha com esses olhos inebriantes
Seduzir-me assim. Sou fraco e até me deixo
Levar facilmente pelas deleitantes
Pulsões do prazer. Ah, e como me deixo!

Árdua luta travo contra essa vontade
De me perder em ti, de me deixar
Sucumbir à tua pura sensualidade
Cujo deleite é o mais intenso que há

Tuas carícias tão ternas e tão excitantes
Tem grande poder. E nesse meu desleixo
Onde se permite atos inconsequentes
Ajo como louco, como fora do eixo

Mas essa loucura não é insanidade
É minha paixão que me faz renunciar
À razão, ao bom senso e à realidade
Para no teu gozo o meu se misturar

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O ZIKA VÍRUS E O FIM DA HUMANIDADE

Após uma série de casos de microcefalia em recém-nascidos, parece não haver mais dúvida quanto à causa dessa deficiência genética, que provoca cegueira, surdez, retardamento mental, dificuldade motora entre outras, tornando a vítima num incapaz para o resto da vida, já que parece que o Zika vírus provoca os casos mais graves da doença E não há dúvida de que haverá milhares de casos de microcefalia não só na América Latina como em todo o mundo. Aliás, é imprevisível o que poderá ocorrer quando essa doença chegar à África e aos países mais pobres e populosos do planeta como a Índia e a China por exemplo. Será uma tragédia humanitária sem precedentes. O Zika vírus produzirá uma geração de incapazes, afetando profundamente as gerações futuras devido ao custo humano e financeiro para ligar com as vítimas desse nefasto vírus. E há ainda um outro problema: o baixo índice de nascimentos, provocados pelo aumento de abortos e o adiamento da gravidez com o temor da microcefalia, pois muitos casais adiarão seus planos de ter filhos. As taxas de natalidade nos países afetados deve cair consideravelmente nos próximos anos, levando inclusive a um crescimento populacional negativo. Veremos algo parecido com o que ocorreu com a Peste Negra na Idade Média. É bem possível que nas próximas décadas veremos um decréscimo da população de muitos países como já vem ocorrendo na Europa, embora por outros motivos. Então eu me pergunto: será o começo do fim da humanidade? Poderá o Zika vírus, aliado às mudanças climáticas, as quais já vem afetando o crescimento populacional do planeta, causar a extinção do homem? Não creio. Esses dois fatores por si só não são suficientes, mas certamente provocarão profundas mudanças sociais e econômicas nas próximas décadas, mudanças para as quais a maioria das nações não estão preparadas.