domingo, 25 de julho de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo V - Parte 2

 Como eu já previa anteriormente, teríamos uma série de dificuldades em nos encontrar, devido não só ao problema de horários – Ana Carla passava a manhã no colégio e eu o dia no trabalho, mas principalmente em função das limitações em seu direito de ir e vir, imposto pela dependência dos pais, pais esses que até onde eu sabia não eram do tipo liberal. Ainda era uma menina e devia-lhes obediência. E mesmo que pudesse inventar uma mentira ou outra – Ana Carla era esperta o suficiente para fazer isso com maestria, aliás como muitos jovens que, nessa fase da vida, se tornam especialistas em mentir, muitas vezes pelo simples prazer de mentir, cujas mentiras dos mais variados tipos nem sempre são necessárias – estas deveriam ser evitadas para não pôr em risco o nosso relacionamento, pois quanto mais se mente maiores as probabilidades de que estas venham à tona.
Essa dificuldade em estar com ela porém não me desanimava. Meu interesse não era ficar me encontrando com Ana Carla toda hora, feito um casalzinho apaixonado. O fundamental era a qualidade desses encontros, o quanto de prazer me seria capaz de proporcionar, o quanto me seria possível brincar com suas emoções e seus sentimentos, pois, muitas vezes, o prazer está justamente nessas pequenas maldades. Quando conseguisse o que queria, não haveria o porquê de continuar a desperdiçar meu tempo. Aliás, como acontecera com todas as outras, embora em dois ou três casos, foi-me difícil resistir à tentação de não procurá-las, uma vez que me seria por demais gratificante passar algumas horas dedicando tão somente ao prazer da carne; mas ao tomar ciência das implicações inevitáveis em tais circunstâncias, acabava pensando os prós e os contras e então desistia. “Por que não encontrar outra? Mulher é o que não falta. Muitas atrás de alguém para satisfazê-las de verdade. Por que me privar desse prazer?”, pensava de tempos em tempos. Com Ana Carla talvez até viesse a acontecer o mesmo, mas se acontecesse manter-me-ia forte, impávido, diante do desejo de re-encontrá-la após nosso rompimento. Rompimento esse que, apesar de ainda não tê-lo planejado, começava a ganhar vida, a ir aos poucos me cutucando para planejá-lo à medida que o momento de deflorara se aproximava.
Mas antes de pensar no pós-rompimento era preciso ser paciente e encontrá-la para dar-lhe a impressão de um namoro, de um relacionamento estável e seguro. E não só por isso. Eu precisava estar com ela para ir aos poucos aprofundando a intimidade, até que ela estivesse preparada para me entregar seu corpo virgem, pois a intimidade é como a confiança, só se adquire aos poucos, em pequenas doses. Buscá-la de forma violenta é cometer um estrupo.
Foi por isso que, após Ana Carla me fazer uma completa e comovente declaração de amor, a qual seguiu-se um longo beijo, eu lhe escorreguei a mão por dentro da camiseta do colégio e toquei em seus seios. Primeiro por cima do sutiã, mas depois, percebendo que ela não se movera e não pararia de beijar-me para me repreender, escorreguei-a minunciosamente até a extremidade inferior da peça íntima e a empurrei para cima, para que assim me fosse possível acariciar-lhe diretamente o seio.
Era preciso acostumá-la com isso. Só então depois eu poderia ir além, até atingir meus objetivos. É assim que se consegue as coisas, aos poucos, dando um passo de cada vez. Claro que de quando em quando podemos dar um passo mais curto ou mais longo. No meu caso, havia chegado o momento de dar passos mais largos e caminhar com rapidez em direção aos meus objetivos pois no que dizia respeito a lhe fazer carícias íntimas, parecia não haver mais obstáculos.
Ana Carla estava receptiva. E isso me ajudava em muito. Ela só não fez qualquer objeção como me pareceu experimentar um deleite ímpar, algo ainda não experimentado quando, tomado pela euforia e pelo deleite que também eu experimentava, escorreguei a mão de um seio para outro e o apertei, o que fez meus dedos deslizarem-lhe até o mamilo. Seu corpo tremeu de cima a baixo e aquele frenesi me excitou tanto, ao ponto de me sentir meio que zonzo, tomado por uma repentina perda da realidade, feito uma pessoa sob efeito do álcool. Talvez por isso não tenha parado ali, uma vez que estávamos em local público e continuar seria um risco. Assim, meus dedos se afrouxaram e tornei-lhe a apertar todo o seio. Nova sensação trespassou-lhe o jovem corpo, findando num longo e deleitoso suspiro. Então eu quis que ela sentisse aquilo mais vezes e experimentasse aquela mesma sensação incontáveis vezes. Porque, ao vê-la consumir-se nas chamas da volúpia, sabia que a desejaria de novo, de novo e de novo, como sempre acontecia. Quem experimenta o prazer com tamanha intensidade uma vez, fará até mesmo o impossível para experimentá-lo uma infinidade de vezes. E com Ana Carla não seria diferente. Certamente não mediria esforços para sentir aquelas mesmas sensações novamente, novamente e novamente...
E eu só parei porque fomos interrompidos pelo aproximar de um jovem casal. Embora eu os tenha notado quando já estavam bem próximos, não havia nada em seus olhares a indicar um flagrante; aliás, fizeram pouco caso da nossa presença, uma vez que enquanto permanecemos recostados à uma centenária árvore não os vi a fitar-nos. Eu, ao contrário, não perdia a oportunidade de observá-los à direita num dos bancos de concreto, entregarem-se aos beijos e às carícias com uma paixão que, numa rápida comparação, fariam as minhas soarem falsas como uma bijuteria barata.
Ah, mas foi bom aquele casal vir-se prostrar ao nosso lado. Porque não sei onde haveríamos de parar. Eu já estava para ultrapassar a barreia da inconsciência, aquela barreira que separa o animal do homem, ou seja, o instinto da razão. Talvez, no afã de ir mais longe e com a capacidade de ponderar prejudicada, acabasse por cometer um grave erro. De forma que me senti mais agradecido por ter sido atrapalhado do que tomado por algum tipo de irritação. 

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