quarta-feira, 20 de julho de 2011

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 7 - parte 2

Ficamos de nos encontrar por volta das quatorze e trinta, próximo a minha casa. Havia uma pracinha ali perto e fiquei de aguardá-la naquele local. Poderia ter escolhido outro lugar ou mesmo ido buscá-la, contudo Ana Carla não quis. Disse preferir sair de casa sozinha e tomar um ônibus, pois assim corríamos menos riscos. Embora não me fosse trabalhoso apanhá-la, confesso que gostei da proposta; pois sobrava-me mais tempo para preparar a armadilha, uma vez que meus pais só subiriam para São Paulo por volta de onze horas. E eu não poderia, como já fizera antes, levantar suspeitas. Minha mãe era uma mulher observadora, e quando notava qualquer atitude minha fora do comum, logo vinha com indagações, querendo saber o que estava aprontando. Aliás, essa mania observadora de minha mãe teve um papel fundamental de seduzir uma jovem. Por um lado aprende com ela a observar cada nuance no comportamento das pessoas e usar isso a meu favo; por outro aprendi a ocultar possíveis mudanças no meu, embora isso às vezes não lhe escapava a uma observação mais atenta. Desta feita, enquanto não partissem, não poderia preparar o quarto, a sala, o banheiro e principalmente me produzir, fazendo a barba, escolhendo a melhor roupa para a ocasião. Enfim, seguindo o mesmo ritual de tantas outras oportunidades.
Talvez o leitor pergunte: “Mas o que preparar?” Talvez preparar não fosse bem a palavra, mas como não me vem à cabeça outra que o sirva, vai essa mesmo. Na verdade, era preciso colocar certos objetos nos seus devidos lugares, como por exemplo: arrumar as duas almofadas no sofá grande para que Ana Carla pudesse apoiar-se quando eu a deitasse, manter as cortinas fechadas para lhe dar mais segurança, etc, etc.... Haviam também detalhes que poderiam parecer insignificantes, mas que me era de extrema importância: trocar o lençol florido da minha cama por um branco, para que a mancha vermelha de sangue não fosse confundida com as cores do lençol; ou ainda, retirar da gaveta do criado mudo as quatro revistas pornográficas – embora não fosse aficionado por esse tipo revista, mantinha-as há algum tempo esquecidas na última gaveta – que surrupiei do meu pai meses atrás, revistas estas que se descobertas por Ana Carla – pois a maioria das mulheres que levei para minha casa tinha o costume de mexer nas minhas coisas – poderiam causar algum tipo de constrangimento e pôr meus planos por terra; no banheiro: deixá-lo bem arrumado, retirar uma ou outra peça íntima que meu pai e minha mãe costumavam esquecer dependuradas no box embora minha mãe fosse mais cuidadosa nesse ponto.
Mas houve tempo para arrumar tudo, sem pressa, inclusive para guardar o almoço que mamãe deixara sobre o fogão e lavar os pratos, uma vez que a d. Lurdes não trabalhava aos domingos. Não ficava bem deixar a cozinha toda desarrumada, pois certamente, depois de fazermos amor, sentiríamos fome e a cozinha seria um dos nossos destinos. E quando consultei o relógio e os ponteiros indicavam duas e dezenove, apanhei a chave sobre a mesinha da sala e fui esperá-la e vê-la descer do linha 1, o ônibus que teria de tomar para chegar ali. No entanto, isso não aconteceu, pois ao chegar à praça Ana Carla me aguardava. Numa das raras vezes, não se atrasou.
Suspeitando que algum vizinho pudesse nos ver entrando em casa e gerasse comentários nos dias subsequentes, como aconteceu com Maria Paula, cujo vizinho da segunda casa teve o prazer de fazer chegar aos ouvidos dos meus pais que eu num sábado, após estes terem ido à Santos, aproveitei que não estavam e introduzi dentro de casa uma jovem e permaneci lá por mais de duas horas, sugeri que entrássemos o mais rápido possível. Aliás, esse episódio ocorrido há mais ou menos um ano e meio causou um certo mal estar nas relações entre mim e minha mãe. A princípio, neguei as acusações, mas diante das evidências, pois uma vizinha muito sua amiga confirmou-as, embora tenho certeza de que não tenha visto nada.
Ana Carla correu os olhos pela mobília da sala, como eu imaginava. E talvez por pertencer a mundos diferentes, a maioria das jovens que eu levei para minha casa fizeram o mesmo. No entanto, parecia um pouco sem jeito, como se não soubesse onde olhar e o que olhar. E vendo-a inibida, como que perdida, sem saber o que fazer, convide-a sentar e assistirmos um pouco de TV. De todos os métodos usados até então, este se mostrara o mais eficaz. Talvez porque a TV tenha o poder de nos prender a atenção e ao mesmo tempo nos fazer esquecer de que estamos em terreno estranho; ou ainda devido ao fato de que a TV nos faça sentir como na própria casa. Bem, amigo leitor, os motivos não vem ao caso. O importante era fazê-la sentir-se melhor. Não estava com pressa e o tempo era meu melhor aliado.
Entabulamos alguma conversa da qual me recordo somente algumas frases desconexas. Na realidade, isso foi só uma forma descontraí-la, de fazer com que se sentisse o mais a vontade possível.
E funcionou.
Uns dez minutos depois, comportava-se como se estivesse em seu próprio lar. Lar foi um eufemismo; pois, o fato de estar em minha casa e não lhe causar desassossegos me parecia bastante claro. E afirmo isso com uma certeza inabalável, uma vez que ela se comportava como se estivéssemos no Anexo Secreto ou em um dos lugares onde costumamos nos encontrar. Aliás, o fato de estarmos ali, sem com o que nos preocupar deu-nos mais liberdades. E nossos beijos, que muitas vezes eram contidos em público, tornaram-se mais ardentes, desmedidos e também dir-se-ia escandalosos, beijos que nem no escurinho do cinema tivemos coragem de dar.
Em dado momento, já não contendo o ímpeto, fui me inclinando por cima dela. Ela, então, devido ao meu peso, foi deitando mansamente no sofá. Eram movimentos sutis, bem leves e pausados, mas calculados quase milimetricamente. E sem que Ana Carla percebesse -- ou se percebeu, também não se importou --, eu lhe estava por cima, com seu corpo preso ao o meu, como se houvesse caído numa armadilha. E então os braços dela me abraçaram vigorosamente, premendo meu corpo ao dela.
Ah, querido leitor! Precisava ver aquela cena. Dir-se-ia de um espectador numa exibição cinematográfica. Certamente ficaria profundamente afetado como muitas vezes ficamos ao assistir uma produção onde o roteirista, o câmera, os atores e a sonoplastia estavam todos ao mesmo tempo no melhor momento. E o fato de Ana Carla ter alguns centímetros a menos do que eu deu um toque especial à cena, pois, como no cinema, quando o homem é mais alto forma-se um todo mais perfeito. Mas os nossos corpos não eram tão desproporcionais assim como o leitor quiça possa pensar, pois era ela mais alta que a média para sua idade enquanto eu ficava na média para a minha. De forma que nossas diferenças de estatura não nos criavam problema.
Eu nem sei dizer ao certo quanto tempo me foi preciso para que minhas desesperadas mãos soerguessem-lhe a blusinha branca, num puxar um tanto descuidado, demonstrando afetação e impaciência. Ana Carla apenas me encarou com olhos desconsertados, quiçá imaginando até onde aquele gesto poderia nos levar.
Talvez ela estivesse um pouco envergonhada, confusa com o que poderia acontecer; ou ainda, prevendo os acontecimentos, sentisse medo e insegurança. O que é muito natural nessas horas, pois se imaginava a união de nossos corpos, sabia o tamanho do passo que estava dando, o quanto aquele gesto mudar-lhe-ia o destino. Embora, para mim, aqueles momentos representassem tão somente um capricho que perderia todo o sentido depois. Contudo, isso é tão somente divagações da minha cabeça. Não posso afirmar com absoluta certeza o que aqueles olhos deixavam escapar e queriam dizer. Primeiro, porque não me preocupei em saber; e segundo, porque a visão daqueles seios, embora não fosse a primeira vez, provocou-me uma intensa afetação, mais do que provocara ao tocá-los pela primeira vez ou quando, no cinema, empurrei a alça e os vi surgir; aliás, o fato de estarmos no cinema onde a pouca iluminação e estar atento para ver se ninguém nos observava foram decisivos para conter o êxtase.
Meu corpo tremeu de uma extremidade à outra, num fluxo rápido, quando meus olhos observaram toda a beleza dos pequenos seios dela. Se não bastasse a delicadeza e a beleza estonteante daqueles contornos, ainda havia as marcas de biquíni, esculpidas pelo sol, formando um triângulo quase branco, em contraste com o tom escuro do resto do corpo, o qual produzia uma imagem belíssima, impossível de descrevê-la. Já vira muitos seios desnudos, alguns tão ou mais belos que uma obra de arte, mas nada comparável àquele par. Isto é, talvez tomado pelo fascínio, eu tenha sido surpreendido e esquecido que Ana Carla estava ali para ser seduzida apenas. Talvez nesse exato momento eu tenha cometido o primeiro e o maior erro de todos.
Tomado pela emoção, por uma sensação de impotência, não sabia o que fazer. Ao mesmo tempo em que queria tocá-los delicadamente e sentir a maciez daquela pele jovem, como se fosse pegar um bebezinho que acabara de nascer, queria também mordê-los, apertá-los e acariciá-los com a língua, como se tais gestos fossem capazes de dar cabo das chamas a consumir-me. Eu não sabia escolher porque não conseguia pensar, discernir qual das duas possibilidades me daria mais prazer; eis a mais pura verdade. Aliás, quem consegue pensar nessas horas? A razão é suprimida, jogada para escanteio. E só o instinto primitivo e animalesco é quem toma as rédeas de nosso corpo, tornando-nos semelhantes a todos os outros animais, os quais agem inteiramente por instinto. Será que ainda sabemos o que é? Temos tanto medo dele, vergonha quando nos deixamos levar. Talvez por isso o prazer sexual tenha sido tão condenado em todos os tempos, principalmente pelos pregadores da moral pelo fato da luxúria mais nos afastar da ideia de que somos imagem e semelhança de Deus.
Imagino que uma sensação de deleite parecida com a minha deva ter-lhe acometido, ainda mais que o coração dela pulsava de impaciência. Sei disso porque, quando meus lábios tocaram-lhe o mamilo, um calafrio ou coisa parecida trespassou-lhe o corpo. Ela então aspirou um gemido, a mais pura expressão de prazer a escapar-lhe. Foi uma sensação nova, desconhecida, nunca experimentada – pelo menos com tamanha intensidade –; uma sensação tão forte e avassaladora como se ali houvesse uma chama prisioneira, ansiosa por fugir, a qual lhe quebrou qualquer resistência que ainda pudesse existir. E se ainda lhe houvesse um pingo de razão, de força para dizer “Não! Pare!” eu me teria dado conta disso; mas não havia. Aliás, eu não sentia outra coisa que não fosse o desejo de seguir em frente, de ir até as últimas consequências.
Após sentir, experimentar e sorver o suprassumo daquelas primeiras sensações, lembrei-me de acabar de retirar-lhe a blusinha. Para que deixá-la ali? Já não servia mais para cobrir-lhe os seios. Não passava de um estorvo, nada mais. Assim, peguei-a pelas bordas e a puxei para cima. Ana Carla estendeu os braços e então a peça de roupa foi parar em algum canto da sala.
Agora, vendo-a semidesnuda, senti necessidade de ter aqueles quentes e rijos seios em meus peitos; por isso retesei o tronco e arranquei de forma desesperada a camiseta. Esta também voou pela sala, como se alguém brincasse de atirar coisas a ermo. Ah!, caro leitor, não se pode imaginar a sensação deleitosa que experimentei ao tê-la tão submissa em meus braços! Por mais que o amigo tenha o dom da divagação, ainda sim estará aquém de compreender-me. Pois nem mesmo eu pude acreditar que experimentava algo tão intenso assim. Tudo me parecia novo, como se fizesse aquilo pela primeira vez.
O fogo continuava a consumir-me as entranhas, mas eu não queria ser apressado demais. Que me incinerasse e me consumisse por completo, até a alma, onde não restasse mais nenhum vestígio. Ainda sim não teria pressa. Queria saborear aquele momento como se fosse o único, o que não deixava de ser verdadeiro. Era como experimentar uma iguaria ciente de que talvez jamais se vá experimentá-lo novamente; então se vai querer degustá-lo aos poucos, pedacinho por pedacinho, para sentir-lhe o mais saboroso néctar -- aliás, com fizera com Ana Paula, embora naquela oportunidade tenha deixado o controle da situação escapar-me entre os dedos. Agora porém isso não haveria de acontecer pois no fundo sabia desde o momento em que vi Ana Carla que se a tivesse não teria outra igual. Não queria fazer tudo correndo, como se a estuprasse, como fiz com Rosemeire cujo desejo era tão somente em arrancar-lhe a roupa e manchar sua pureza no menor tempo possível, pois tratava-se de um ser tão desprezível que estuprá-la era prestar-lhe um favor.
Mas não vá pensar que estava eu sendo de todo egoísta. Preocupava sim, em primeiro lugar, com o meu próprio prazer, em levá-lo às últimas consequências. Todavia, eu também queria que, de alguma forma, aquele momento fosse mágico, magnífico, prazeroso e inesquecível para Ana Carla. Não desejava fazer-lhe o mesmo que fizera com Silmara, a filha mais jovem da faxineira, onde propositalmente não lhe dei prazer algum. E apesar de estar prestes a possuir uma jovem de 14 anos – coisa inédito até então e o que poderia ser um incentivo a mais para não me preocupar com ela, pois certamente não a veria outra vez – e querer-lhe tão somente a jovialidade e a pureza do sexo havia o cuidado em não lhe frustrar, em não lhe passar a percepção de que sexo é tão somente o prazer masculino, como ainda o é em muitos povos, onde meninas são até mutiladas com a extirpação do clitóris para evitar que sintam prazer. No íntimo, embora não soubesse os motivos, queria compartilhar com ela aquelas sensações, com se o fato de ser tão jovem aumentava a minha responsabilidade. Seriam sensações diferentes na verdade; mas sensações mágicas. E estava disposto a fazer de tudo para que ela pudesse pelo menos sentir parte do deleite que estava sentindo.
Sim, querido leitor! Isso pode lhe parecer estranho, mas era a pura verdade. No começo, quando a conheci, eu pensava apenas em mim, em satisfazer exclusivamente meus caprichos, como se Ana Carla fosse uma ponte para um prazer ainda maior, como se ela não possuísse sentimentos e desejos. Isso porém, à medida que fui me envolvendo, foi mudando; aliás, só me dei conta disso naquele domingo, quando o desejo e as sensações confundiram-se com os sentimentos. Eu ainda pensava mais em satisfazer meus desejos, meus impulsos sexuais, do que nos males que poderia causar-lhe; contudo, pelo menos naquele momento ímpar, eu queria dividir com ela as sensações oriundas de nossa longa (e inédita para ela) viagem ao universo do prazer.
Levantei por uns instantes para contemplá-la à distância, feito o artista que, ao terminar uma obra, afasta-se a fim de vê-la como um todo e assim poder apreciar-lhe toda a beleza, beleza que só a uma certa distância pode ser vista. Queria olhar e ver aquele corpo seminu, coberto somente com aquela minissaia tão curta que parecia ter se encolhido ao lavar. Meus atentos olhos não só admiraram aquelas coxas como também foram descaindo lentamente até a sandália preta em seus pequeninos pés. Sandálias essas que por um motivo inexplicável chamou-me deveras a atenção.
-- Você está com medo? – arrisquei a perguntar.
-- Um pouco – respondeu Ana Carla com os olhos fixos no meus.
-- Não precisa ficar. Na primeira vez é assim mesmo. Eu também já passei por isso, por isso sei como é – quis confortá-la, dizer-lhe algo capaz de diminuir-lhe a tensão. – Você vai ver! Depois vai até achar engraçado de ter ficado com tanto receio em fazer uma coisa tão gostosa e que todo mundo faz.
Ela consentiu com um sorriso. Percebi que foi um sorriso forçado, mas não dei importância. Era uma flor que fora levada a desabrochar e não tinha mais como recuar. Precisava seguir adiante, ir até o fim, sem demonstrar medo, pois qualquer sinal de insegurança poderia fazê-la recuar.
-- Você também está com muita vontade de fazer isso, não está?
-- Hum, hum.. – balbuciou ela, meneando a cabeça afirmativamente.
Talvez ela tenha concordado apenas para me agradar, para ser gentil. Contudo se esta foi sua intenção é preciso concordar que conseguiu. Não só me agradou como me deu a certeza de que o momento tão esperado havia finalmente chegado. Podia levá-la para a cama, despi-la e possuí-la que não imploraria para parar, como fez a Silmara, Daniela e tantas outras, cuja recusa só me deu mais forças para seguir em frente.
-- Então não tenha medo – falei. – Vai ser muito gostoso. – Levantei e peguei em sua mão. – Então venha cá.
Ela levantou e fomos para o meu quarto.

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