quinta-feira, 18 de abril de 2013

O NOSSO TALIBÃ

Muitos se indignaram (inclusive eu) com o fato de um pastor evangélico e declaradamente racista e contra os homossexuais ter assumido uma comissão que trata exatamente das questões dos direitos dessas minorias. Embora este tenha sido o caso de maior repercussão na mídia é bom lembrar que se trata tão somente da ponta de um iceberg. A questão é muito mais profunda e séria. É bom lembrar que o Brasil sempre esteve na vanguarda da tolerância racial e no respeito aos direitos dos homossexuais, inclusive durante o Regime Militar, onde o alvo não era essas minorias, mas os chamados “subversivos” ou aqueles de orientação marxista, os quais combatiam o regime. No entanto, com a redemocratização e com os partidos de centro-esquerda no poder, o alvo dos movimentos “religiosos” e de direita passaram a ser essas minorias. E para combatê-las, nada melhor do que o poder legislativo, onde as leis são feitas de fato. E foi aí que as igrejas, principalmente as evangélicas, se uniram não só para proteger seus interesses como para combater o homossexualismo, o aborto e a “imoralidade que se abateu sobre a sociedade brasileira”. Um prova de que essa estratégia vem dando resultado é o fato de o Brasil ter ficado para trás nessas questões, sendo ultrapassado inclusive por Argentina e Uruguai onde o união civil de pessoas do mesmo sexo tornou-se lei. E para mostrar o quanto o Brasil caminha para trás, a bancada evangélica (sempre ela) quer proibir que solteiros entre em motéis. O projeto é de autoria do deputado Josias Macieira (DEM-TO) que estabelece a obrigatoriedade da apresentação da certidão de casamento nas recepções de motéis. Não, isso não é piada! Pelo jeito querem transformar o Brasil numa Arábia Saudita, num Irã ou num Afeganistão. Aliás, se o Afeganistão tem o seu Talibã, pelo jeito o Brasil também tem o seu: os fundamentalistas evangélicos. E do jeito que eles vem atuando nos bastidores e usando as igrejas para enganar o povo, em poucos anos voltaremos à Idade Média, a mesma que muitos países do Oriente Médio vivem mergulhados.

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