quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 38

Enquanto descíamos pela mesma trilha que subimos antes, eu não pensava em outra coisa a não ser numa forma de tapear Luciana para que não me seduzisse. Como o leitor já está cansado de saber, eu me sentia acuado e impotente em suas mãos, dir-se-ia um objeto de prazer. E por mais que eu tentasse lutar contra seu poder, não encontrava forças. Era como se ela conseguisse através de meus olhos enxergar nas profundezas de meu íntimo os pontos fracos e usá-los para me manter sob seu domínio. Talvez esse poder que ela exercia sobre mim, obrigando-me a fazer coisas contra a vontade, me impedia inclusive de desejá-la como certamente um garoto da minha idade teria feito se a visse nua como estava, cujos movimentos ao descer a trilha faziam suas nádegas se mexerem de uma forma que levaria qualquer rapaz a perder o pouco juízo que adquiria nesses poucos anos de vida. Mas eu olhava aquele traseiro, aquelas coxas viçosas e só pensava em escapar delas, em não deixá-las sugar-me a seiva, a qual desejava guardar para Marcela somente. Sabia que possivelmente não escaparia e teria de cumprir a minha função de saciá-la – a única forma capaz de acalmá-la, de evitar que tomada pela fúria fizesse mal a mim, a Marcela ou minha prima com a qual já se estranhara e mostrara do que era capaz.
-- Pronto, medroso! Não precisa mais ficar se borrando todo por causa de um barulho que só você ouviu. Acho que no fundo foi o seu medo que te fez ouvir coisas. Se tivesse algo por aí já teria aparecido ou a gente teria encontrado algum sinal dele -- asseverou Luciana olhando para a mata.
-- Eu juro que ouvi! Não estou mentindo! -- exclamei, quase chorando e dando um passo em direção à cabana.
-- Onde você pensa que vai? Pensa que vai fugir de mim? Ah, mas não vai mesmo! Pode dar meia volta. Vamos mais para lá – ordenou Luciana apontando para a direção contrária onde ficava a cabana – que não quero ser surpreendida por aquelas duas. Do jeito que são estraga prazeres, são capazes de aparecer por aqui. Lá do outro lado não vão incomodar a gente. -- Enquanto falava eu a seguia de cabeça baixa, quase não prestando atenção as suas palavras, embora conformado com a minha condição, feito a vítima de um agressor que na impossibilidade de escapar-lhe só lhe resta torcer para que tudo termine o mais rápido possível. -- Aí a gente vai poder brincar bastante – acrescentou num tom sarcástico, como se soubesse que a gente referia-se tão somente a si própria.
Eu não disse palavra; apenas a segui.
Andamos por uns cinco minutos. Pensei que pararíamos antes da fonte de água potável, mas Luciana atravessou-a e mandou-me segui-la acrescentando que seria melhor pararmos mais à frente.
Quando chegamos entendi. O local ficava bem do outro lado, numa pequena enseada. Não me recordava de tê-la visto quando passamos por ali no primeiro dia, mas Luciana deva tê-la observado na mesma ocasião ou quando subimos até o topo da montanha, de onde avistava toda a ilha.
-- Duvido que elas achem a gente aqui – fez questão de frisar, como se quisesse deixar bem claro que nada a impediria de alcançar seus objetivos.
A seguir mandou-me despir-se. E vendo-me o falo no mesmo jeito, aproximou-se, pegou-o entre os dedos e empurrou o prepúcio a fim de que a glande saísse. E sobre o manto da curiosidade, empurrou-o para frente e para trás três ou quatro vezes.
-- Como ele pode crescer tanto? Tão pequenininho e tão mole e ficar grande e duro daquele jeito. Tão feio assim. Parece uma coisa morta. Ainda mais com isso pendurado. -- Largou-me o falo e apertou-me os testículos. -- Para que duas bolas dependuradas? Elas não poderia ficar por dentro como os ovários? -- perguntou-me empurrando-me os testículos para cima.
Não respondi. Aliás, nem sabia o que eram esses tais de ovários. Apenas aguardei como fizera da outra vez. Então ela os soltou e, como se fosse engraçado, tornou a empurrá-los para cima e soltá-los novamente. Na quarta vez, empurrou-os com força, dando um tapinha de baixo para cima, provocando-me dor. Numa reação instintiva dei um passo para trás e reclamei, afirmando-lhe que assim me machucava.
-- Esqueci que vocês homens sentem muita dor aí. Mas foi bom saber disso. Se você me desobedecer, vai ver o que vou faze com elas. Aí você vai ver o que é doer – fez-me mais ameaças como se as que já me fizera antes não bastassem.
Após se levantar, abraçou-me e me beijou. Beijou-me como naqueles beijos de filmes e novelas, beijos longos e demorados, beijos apaixonados, embora de minha parte não houvesse sentimento algum. Súbito parou e sentou na areia e, tombando para trás, mandou-me deitar-lhe por cima. Obedeci. E sobre ela, fiquei sem saber o que fazer.
-- Vai, chupa meus peitos, abestalhado!
Mais uma vez, fiz o que ela mandou. Só então, chupando-os, comecei a sentir algum desejo e o sangue que então corria em todas as direções como que sem rumo passou a seguir o mesmo destino. O meu excitamento não lhe passou despercebido, pois entre um suspiro e outro Luciana abriu as pernas e deixou meus quadris escorregar-lhes no meio.
A penetração, um tanto atrapalhada -- pois pois a falta de experiência tornou a coisa ainda mais difícil --, ocorreu. No entanto não durou por muito tempo, ou pelo menos tempo suficiente para que eu chegasse ao orgasmo. Talvez, sabendo o que poderia acontecer, Luciana, com toda a sua esperteza, empurrou-me para o lado e, como fizera antes, rolou para cima de mim. Penetrei-a. Ou melhor: fez-se penetrar.
Com total controle da situação, foi até o fim, alcançando o que tanto queria buscar. E o fato de saber que ela havia atingido seus objetivos, impulsionaram-me a não parar, embora até instantes atrás, desejaria nem ter começado. Mas num gesto de perversidade -- não encontro outra palavra melhor para descrever o que Luciana fez em seguida --, vendo-me num completo estado de compenetração e busca daquilo que ela acabara de alcançar, rolou para o lado declarando:
-- Pensa que eu vou deixar você gozar? Bobinho! Não vou não. Enquanto você não fizer direito comigo, não sentir de verdade vontade de fazer comigo eu não deixo você ir até o fim. Quer terminar? Então termina com a sua mãozinha.
Frustrado e furioso, pois até mesmo para um garoto da minha idade, um coito interrompido dessa forma é capaz de um acesso de fúria, perdi o medo e proferi alto, como se naquela maneira de proferi-las estivesse bem claro tudo que estava sentindo:
-- Sua puta!
Foi a primeira vez em que chamei uma mulher de puta. Embora fosse um garoto de bons modos, sabia muito bem o quanto de pejorativo havia palavra. Se Luciana sentiria ou não ofendida com isso, pouco me importava. Aliás, minha intenção era justamente ofendê-la. O que eu precisava mesmo era descontar toda a minha raiva nela, e na falta de coragem para agredi-la fisicamente, a verbalmente já compensaria alguma coisa. Ela por sua vez, apenas riu na minha cara.
O riso foi a gota d'água. Incapaz de fazer o que mais desejava -- parti-lhe para cima e esmurrá-la até a raiva passar --, perdi o controle e, antes que as lágrimas enchessem-me os olhos, parti em disparada em direção ao mar. Atirando-me na água, deixei as lágrimas misturarem-se às águas do Atlântico. E soluçando, prometi criar coragem e me vingar na primeira oportunidade, pois sabia que mais cedo ou mais tarde esta não deixaria de vir e então Luciana haveria de sentir na pele algo muito pior do que me fizera até então.

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