Vivemos
uma época de incertezas, onde as pessoas perderam completamente o
controle de tudo a sua volta. Tem-se a impressão de que o homem se
alienou de tal forma que nem mesmo o velho Marx foi capaz de
imaginar. Se durante o século IXX, a alienação passou do processo
de fabricação da mercadoria para outros ramos de atividade
econômica, no século XX, chegou à cultura e à religião. E agora
no século XXI chegou ao ponto em que a alienação nos levou a
perder a crença em tudo e todos. O velho deus morreu, os velhos
ideais viraram pó e o futuro virou um ponto de interrogação. Nem
mesmo as leis e a justiça escaparam da nossa indiferença e se
tornaram hoje motivo de descrença. A ciência avançou muito nas
últimas décadas, mas em vez de respostas, ela só derrubou as
velhas convicções, nas quais a humanidade procurava se sustentar, e
em seu lugar, em vez de plantar novas certezas, plantou apenas
incertezas. Assim, o homem tornou-se desconfiado, tão mais talvez
que nossos primeiros ancestrais, e hoje desconfiamos de tudo e de
todos. Cada um de nós passou a desconfiar de si próprio, pois
descobrimos que em nós habitam muitos "eus" os quais estão
constantemente em conflito. A tecnologia nos tornou tão dependentes
dela que a máquina está se tornando mais importante que o homem. Os
novos lançamentos de aparelhos eletrônicos provocam euforia e
corrida às lojas como jamais se viu, dando a impressão de tratar-se
de um novo deus, de um novo salvador. É meus amigos, vivemos uma
época ímpar embora prevista por homens tão distintos quanto Marx e
Nietzsche. Talvez tenhamos ultrapassado a Era conhecida até então
como Contemporânea e entrado numa nova chamada de Era da Incerteza.
Talvez estejamos caminhando para um abismo, um abismo construído por
nós mesmos, os homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário