Não posso lutar contra a humanidade
E nem enfrentar as convenções vigentes
Sou apenas um grão de areia na infinitude
Do universo. Sou um ponto insignificante
Meu querer é o querer da minoria
E das almas impuras e desgraçadas
Para as quais o pecado é uma alegoria
Para aterrorizar almas atormentadas
Tenho de renunciar as minhas vontades
E a esse querer peculiar e diferente
E aceitar que as minhas necessidades
São frutos de uma era distante
Mas se não me fosse tão caro, lutaria
Por aquela alma fresca e imaculada
E a tornaria impura, como o Diabo faria
Em busca da perdição mais bem orquestrada
Apaixonado por literatura desde pequeno, começou a escrever as primeiras histórias aos 11 anos e desde então não parou mais. Parte desse material escrito nos últimos 30 anos você poderá encontrar aqui, inclusive trechos de obras que estão sendo preparadas para a publicação.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
quarta-feira, 30 de julho de 2014
MINHAS ASPIRAÇÕES DIVAGAM APENAS
Eu não sei como desembaraçar
Os nós desse emaranhado de sensações
Que feito um mar fazem-me enfrentar
As mais adversas emoções
Eu as transformo em pensamentos
E os pensamentos em fonemas
E os quais em profundo contentamento
Deixo escapar em confissões amenas
A surpresa, que não procuras ocultar
Intensifica mais e mais minhas emoções
Não, não tendo mais como segurar
E confesso a fonte de minhas paixões
È você, dona dos mais fortes encantos,
Que fez das minhas noites, outrora serenas,
Momentos de intensos desalentos
Já que minhas aspirações divagam apenas
domingo, 20 de julho de 2014
ADEUS Á INOCÊNCIA - CAP. 43
Voltei
com
dois
peixes
atravessados
pela
vara,
frutos
de
muita
paciência
e
perseverança.
Não
tinha
certeza
quanto
tempo
levara
para
pescá-los.
Poderia
ter
se
passado
meia,
uma,
duas
horas ou
até
mais
que
isso.
Aliás,
o
tempo
não
era importante desde
que
chegamos
àquela
ilha.
Éramos
apenas
guiados
pelo
movimento
do
sol
e
da
lua.
Sabíamos
quando
era
dia,
noite,
quando
era
cedo,
por
volta
do
meio
dia
e
final
de
tarde,
nada
mais
além.
Marcela
e
Ana
Paula
também
haviam
retornado
e
estavam
preocupadas
com
o
meu
sumiço.
Ana
Paula
chegou
inclusive
a
dizer
que
se
eu
demorasse
mais
um
pouco
iriam
ela
e
Marcela
atrás
de
mim.
--
Fui
atrás
de
alguma
coisa
pra
gente
comer
--
falei,
entregando
os
peixes
para
Marcela.
--
Agora
é
a
vez
de
vocês
limpar.
Marcela
pegou
a
vara
com
os
peixes
e
disse
para
Ana
Paula:
--
Vamos
preparar
eles
para
o
almoço.
Pelo
menos
não
vamos
comer
algo
diferente
hoje.
--
É.
As
coisas
tão
melhorando
por
aqui
--
disse
minha
prima
rindo.
--
Num
aguentava
mais
comer
frutas
o
tempo
todo.
Saíram.
Por
alguns
minutos
fiquei
às
sós
com
Luciana.
E
para
quebrar
o
silêncio,
perguntei:
--
E
o
pé?
Como
tá?
--
Pelo
menos
parou
de
doer
um
pouco.
--
É
só
não
forçar
que
em
três
ou
quatro
dias
ele
já
vai
tá bem
melhor.
--
Você
acha
que
até
lá
estarei
andando?
--
quis
saber,
com
certo
entusiasmo,
como
se
minhas
previsões
fossem
infalíveis.
--
Talvez
--
procurando
manter
vivas
suas
esperanças.
Não
queria
desapontá-la
e
deixá-la
de
mau
humor,
pois
se
o
fizesse
a
coisa
acabaria
refletindo
em
nós
mesmos.
Até
lá
ela
estaria
mais
conformada
e
viria
que
sua
recuperação
poderia
levar
semanas.
--
Não
quero
você
andando
com
aquelazinha
por
aí.
--
Num
precisa
se
preocupar.
Num
vou
fazer
nada
com
ela.
Já
disse!
--
respondi
com
irritação,
deixando
bem
claro
o
quanto
essa
conversa
me
desagradava.
De
fato,
toda
vez
em
que
ela
falava
da
Marcela
daquele
jeito
eu
me
irritava.
Ela
não
podia
compreender,
mas
eu
amava
outra
e
não
ela.
Se
era
condescendente
com
Luciana
e
a
deixava
praticar
certos
atos
comigo
era
por
medo
e
fraqueza.
Se
tivesse forças e pudesse
escolher,
não
faria
com
ela
aquelas
coisas
de
jeito
nenhum,
mas
a
minha
covardia
não
deixava.
Por
isso,
na
medida
do
possível
procurava
fugir
dela,
mas
nem
sempre
isso
era
possível.
--
É
bom
mesmo!
Nisso,
Marcela
e
Ana
Paula
retornaram
com
os
peixes
limpos.
Marcela,
por
ter
mais
experiência,
colocou-os
para
assarem
na
fogueira
enquanto
minha
prima
se
encarregava
de
manter
o
fogo
a
todo
vapor,
alimentando-o
com
pequenos
gravetos.
E
não
demorou
a ficarem
prontos,
embora
talvez
se
os
houvéssemos
deixado
mais
teriam
ficado
mais
saborosos.
No
entanto
não
reclamamos
da
falta
de
tempero
e
sal.
Melhor
assim
do
que
comermos
frutas
o
tempo
todo.
--
Um pouco de sal e eles iam ficar mais saborosos – disse Luciana.
--
Mas a gente num tem sal – falei.
--
Por que a gente não tira do mar? -- inquiriu Marcela.
--
Mas num tem sal aqui. Só água salgada – interveio Ana Paula
--
É só a gente por a água do mar dentro de algum recipiente e deixar
ela evaporar. O sal não evapora e vai ficar no fundo do recipiente –
explicou.
Aquela
sugestão rendeu uma acalorada discussão. Se por um lado havia a
possibilidade de obter sal para temperar os peixes, por outro havia a
dificuldade em obtê-lo. Não havia um recipiente grande o suficiente
onde pudéssemos armazenar uma grande quantidade de água. E essa
dificuldade acabou adiando a tentativa de obtê-lo até que houvesse
como. Por fim, concluímos que isso não era tão importante e
necessário assim.
Súbito,
fez um breve silêncio.
--
Estava saboroso, mas não
deu
para
matar
direito
a
fome
--
disse
Luciana.
--
Quer
que
eu
vá
pegar
alguma
fruta?
--
perguntei.
--
Não.
Precisa
não.
Mas
se
você
quiser
trazer
um
pouco
de
água
eu
aceito.
Apanhei
a
casca
de
coco,
a
qual
usávamos
para
transportar
e beber água
--
embora
quando
tínhamos
sede
íamos
na
fonte,
pois
a
mesma
ficava
a
menos
de
um
quilômetro
da
cabana
--,
e
fui
buscar
água.
Aliás,
a
sede
não
nos
preocupava
tanto
quanto
a
fome.
Talvez
porque
sabíamos
que
água
não
nos
faltaria.
Quando
algum
de
nós
sentia
sede,
simplesmente
ia
até
a
fonte,
onde
encontramos
a
faca,
bebia
e
retornava
sem
dar
santificação
aos
demais.
Era
como
fazer
uma
necessidade:
todos
nós
fazíamos
naturalmente,
sem
alarde.
No
entanto,
para
Luciana,
devido
à impossibilidade
de
se
locomover,
isso
deixou
de
ser
uma
coisa
simples
e
natural.
Pois
dependia
de nós para
tudo, embora quase sempre esse
“nós” se resumia a mim.
Ao
retornar,
passei
pelas
meninas.
Estavam
tomando
banho
de
mar.
E
embora
não
tenha
prestado
atenção,
pude
perceber
que
diziam
alguma
coisa
engraçada
uma
para
a
outra,
pois
ambas
riam
alto.
"Só
espero
que
num
estejam
falando
de
mim",
lembro-me
de
pensar.
De
vez
em
quando
via-as
cochichando
e,
embora
não
soubesse
do
que
se
tratava,
achava
que
falavam
de
mim.
Talvez
por
andar
fazendo
coisas
erradas
com
Luciana, vivia receoso e
desconfiado. Aliás,
tinha
quase
certeza
de
que
sabiam
de
alguma
coisa.
Por
mais
que
Luciana
não
contara
nada,
não
era possível,
devido
ao
comportamento
meu
e
principalmente
ao dela,
que
Marcela
não
tenha
notado nada.
Quanto a Ana
Paula
abrir a
boca e comentar alguma coisa eu
não temia e sabia que não falaria nada,
ainda
mais
depois
das
ameaças
que
lhe
fiz.
Entreguei
o
pote com
água
para
Luciana
e
ela
bebeu.
--
Quer
mais?
--
perguntei.
--
Não.
Obrigada
--
foi
a
resposta
que
me
deu,
entregando-me
a
casca
de
coco
vazia.
E
depois
de
um
breve
silêncio
perguntou
um
tanto
mal
humorada:
--
Por
que
aquelas
duas
vadias
tanto
ri?
Apesar
de
não
ser
uma
pessoa
mal
humorada,
o
estado
de
espírito
de
Luciana
contrastava
com
o
daquelas
duas.
E
pela
maneira
como
se
referiu
à
Ana
Paula
e
Marcela,
pude
perceber
o
quanto
a
descontração
delas
irritava
a
outra.
--
Num
faço
a
menor
ideia
--
respondi.
--
Mas
vou
lá
dar
uma
olhada.
--
Não.
Não
precisa!
Não
quero
que
você
vá.
Fique
aqui
comigo,
meu
hominho.
Disse-lhe
que
não
demoraria.
Ela
insistiu
para
que
ficasse
com
ela,
alegando
que
se
sentia
muito
sozinha
presa
naquela
cabana.
Respondi-lhe
que
uns
minutinhos
sem
mim
não
fariam
diferença.
E
também
precisava
dar
uma
mijada.
Aliás
usei
isso
como
desculpa.
Aproximei.
Não
me
viram
chegar
porque
pareciam
procurar
alguma
coisa.
Aliás,
pude
ver
no
rosto
de
Ana
Paula,
antes
que
ela
mergulhasse,
um
certo
ar
de
desespero.
Achei
estranho
aquilo,
porque
momentos
antes
podia-se
ouvir
da
cabana
as
duas
brincando.
E
quando
aproximei
e
notaram
a
minha
presença
foi
como
se
vissem
um
fantasma.
Não
notei
nada
de
diferente
porque
estavam
com
água
até
o
pescoço.
--
O
que
foi?
--
indaguei,
deduzindo
que
havia
algo
de
errada.
Ambas
entreolharam-se.
Só
então
Ana
Paula
resolveu
falar:
--
Marcela
perdeu
a
parte
de
baixo
do
biquíni.
Instintivamente
olhei
para
ela
e,
apesar
de
coberta
pela
água
do
mar,
a
imagem
de
seu
corpo
seminu
condensou-me
no
cérebro.
Obviamente
ocorreu
uma
transposição
de
imagens.
Na
verdade
aquela
parte
do
corpo
dela
que
se
manteve
até
então
coberta
pelo
biquíni
e
que
se
formou
nos
meus
pensamentos
não
eram
dela,
mas
de
Luciana.
Eu
completara
a
parte
oculta
com
o
que
estava
acostumado
a
ver
na
outra.
--
Como
isso
aconteceu?
--
perguntei
surpreso.
--
Ela
tirou
para
lavar
e
de
brincadeira
tomei
da
mão
dela.
Ela
começou
a
correr
atrás
de
mim
e
joguei
por
ali
– apontou
Ana
Paula
para
um
ponto
cerca
de
meio
metro
de
onde
estavam,
em
direção
ao
mar.
--
Só
que
ele
afundou
e
num
achamos
mais.
--
Já
procuramos,
mas
nenhum
sinal
--
volveu
Marcela.
--
Vô
dá
um
mergulho
pra
ver
se
acho.
Mergulhei.
Mas
ao
invés
de
me
atentar
em
achar
a
peça
do
biquíni,
procurei
antes
de
mais
nada,
manter
os
olhos
bem
atentos
para
ver
se
conseguia
observar
o meio das pernas de Marcela.
Talvez
se
perdesse
aquela
oportunidade
não
teria
outra.
E
de
mais
a
mais,
fui
tomado
pela
curiosidade
em
saber
se
a dela era
igual
a da Luciana.
Embora
soubesse
que
as
duas
tinham
a
mesma
coisa,
desejava
saber
o que
havia de diferente.
Talvez
por
estar
apaixonado
por
Marcela,
estava
certo
de
que
não
só
naquela
parte
do
corpo,
mas
em
tudo
que
se
referia
a
ela,
era
mais
bonito
e
mais
perfeito.
Era
muito
jovem
e
inocente
para
saber
que
o
amor
é
cego
e
transforma
a
feiura
em
beleza,
porém
só
fazia
confirmar
o
velho
ditado.
E
se
não
estivesse
cerca
de
meio
metro
dela,
teria
visto
tudo
com
clareza,
mas
a
água
distorcia
as
imagens.
Por
isso,
naquela
primeira
investida,
não
pude
ver
muita
coisa.
Embora
conseguisse
prender
a
respiração
por
bastante
tempo,
não
quis
que
ela
desconfiasse
das
minhas
intenções.
Então
voltei
à
tona
e
disse-lhe
que
não
estava
conseguindo
ver
muita
coisa.
--
Mas
vô
tentar
de
novo
– falei.
Prendi
a
respiração
e
dei
outro
mergulho.
Fui
ao
fundo
e
me
segurei
na
areia
para
que
dessa
forma
ficasse
difícil
para
saberem
onde
eu
estava.
E
com
muito
cuidado
para
não
voltar
a
superfície,
aproximei
de
Marcela,
numa
distância
onde
a
água
não
distorcesse
minha
visão.
E
o
que
vi
quase
me
fez
perder
o
controle
e
emergir
diante
dela.
Ainda
hoje
tenho
essa
imagem
impressa
no
cérebro
como
se
essa
visão
houvesse
ocorrido
a
poucos
instantes.
Acredito
inclusive
que
mesmo
quando
a
vida
estiver
me
escapando
e
a
morte
me
estendendo
a
mão
e
a
vida
me
passar
como
um
flash,
essa
imagem
passará
diante
dos
meus
olhos
com
todos
os
detalhes.
Embora
ela
estivesse
com
as
pernas
juntas
e
não
me
fosse
possível
ver
muita
coisa,
só
a
visão
daqueles
pelos
negros,
apesar
de
mais
curtos
e
espaçados
que
os
de
Luciana,
foi-me
suficiente.
Dava
por
satisfeito
por
ter
retido
aquela
imagem.
Mas
havia
mais.
Um
detalhe
me
chamou
ainda
mais
a
atenção.
Uma
parte
dela
parecia
sair
para
fora.
Era
algo
pequeno,
mas
que
eu
não
tinha
visto
em
Luciana.
E
esse
algo,
que
eu
não
fazia
a
menor
ideia
do
que
se
tratava,
intrigou-me
de
uma
forma
que,
se
não
fosse
a
falta
de
ar,
eu
teria
o
observado
por
mais
tempo
até
ter
uma
noção
melhor
do
que
se
tratava.
Mas
o
instinto
de
sobrevivência
falou
mais
alto
e
então
dei
um
impulso
para
trás
e
voltei
à
tona.
Se
tivesse
outra
oportunidade,
observaria
com
mais
atenção
e
tentaria
descobrir.
--
E
aí?
Achou?
– Foi
a
pergunta
que
Marcela
me
fez.
--
Não.
Nada.
A
Correnteza
deve
ter
levado
ela
– respondi.
--
E
agora
o
que
faço?
Ana
Paula
olhou
para
minha
cara
a
procura
de
uma
resposta.
Pensei
em
dizer-lhe
para
ficar
assim
mesmo.
Mas
obviamente
isso
lhe
seria
constrangedor,
embora
se
demorássemos
mais
tempo
naquela
ilha,
mais
cedo
ou
mais
tarde
nossas
roupas
acabariam
se
despedaçando.
Então
ocorreu-me
de
sugerir-lhe:
--
Tira
a
parte
de
cima
e
amarra
em baixo.
Titubeante,
acabou
dizendo:
--
Mas
eu
vou
ficar
com
os
peitos
de
fora?
--
E
qual
o
problema?
Eu
e
a
Luciana
num
já
estamos?
--
acudiu
Ana
Paula,
com
um
certo
sorriso.
--
Melhor
isso
que
sua
coisa
de
fora
– falei,
dando
de
ombros,
como
se
não
lhe
houvesse
outra
saída.
--
Então
sai
daqui,
que
a
gente
vai
tentar
dar
um
jeito
– Pediu
ela,
virando-se
de
frente
para
a
imensidão
do
oceano.
Constrangido,
acabei
por
me
afastar
em
direção
à
areia.
Aliás,
era
o
melhor
que
eu
tinha
a
fazer.
Se
saísse
com
elas,
vir-me-iam
excitado.
Era
preciso
esconder
isso
não
só
delas
como
de
Luciana.
Assim,
fui
em
direção
ao
bananal
e,
longe
das
vistas
daquelas
duas,
bati
uma
rápida
punheta,
já
que
aquela
imagem
tão
fresca
em
minha
mente
tratou
de
apressá-la
a
ponto
de
me
provocar
uma
ejaculação
quase
instantânea.
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