domingo, 28 de junho de 2015

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 59

Naquela manhã, como acontecera outras vezes, não tínhamos o que comer. Assim, para quebrar o jejum, tomamos água de coco. Súbito, consultando um pedaço de tábua onde jazia uma série de riscos, Marcela disse:
-- Já não tenho certeza de quanto tempo estamos aqui. Será que não esquecemos de marcar algum dia?
-- Não sei – respondi. -- Você é que faz isso todos os dias.
-- 23 dias. Mas parece que estamos uma eternidade aqui – lamentou, deixando escapar uma voz triste. -- Será que já desistiram da gente?
-- Acho que as autoridades já. O Corpo de Bombeiros com certeza já encerrou as buscas – asseverou Luciana.
-- Mas nós tamos vivos. Eles num podem parar de procurar a gente – exclamou Ana Paula.
-- Por que não? Não vão procurar a gente a vida inteira. Como não acharam a gente, para todos efeitos já estamos mortos – afirmou Luciana.
-- Será que nossos pais também desistiram? -- perguntei.
-- Não, acho que não. Eles ainda tem esperança de encontrar a gente – disse Marcela. -- Talvez pensem que a gente esteja perdido numa ilha qualquer.
-- Como realmente a gente tá – acrescentou minha prima.
-- Só não entendo porque nunca vieram procurar a gente aqui – falei.
-- Talvez porque tenham encontrado os destroços do barco muito longe daqui. Eles não vão procurar o oceano inteiro. Procuram até um certo ponto. E se não vieram procurar a gente aqui quer dizer que viemos parar muito, mas muito longe de onde o barco afundou – explicou Marcela. -- a gente ficou boiando por quase dois dias.
-- Também acho – concordei. -- Mas acredito que dia menos dia vai aparecer alguém aqui. Ai será nossa chance de voltar para casa.
-- Quanto a isso, tenho de concordar com vocês. Só acho que não será tão cedo. Não encontramos marcas recentes da passagem de alguém por aqui. E por quê? Porque esta ilha é muito pequena e sem importância. Claro que algum curioso vai vir aqui qualquer dia. Mas pode ser que demore ainda alguns meses – disse Luciana.
-- Mas será? -- indaguei.
-- Eu estava até pensando sobre isso uma noite dessas, enquanto tomava conta da fogueira. A gente tinha viajado em direção ao norte. Isso quer dizer que talvez a gente nem esteja longe do litoral, mas longe o bastante da rota de navegação. Por isso nunca vimos sinal de barcos ou navios – continuou Luciana com um certo ar de superioridade, como se aquela suposição fosse fruto de uma inteligência excepcional embora, é preciso admitir, ela fosse dotada de uma esperteza invejável. Prova disso era a facilidade com que me manipulava. -- Também não adianta a gente ficar lamentando. -- Levantou-se, limpou a areia das nádegas e acrescentou: -- Estou com fome e não temos nada para comer. Não é melhor a gente tratar de pegar uns peixes logo?
-- Tem razão – falei, levantando-me. -- Vou pegar uns enquanto vocês vão procurar alguma coisa para a gente comer.
-- E você vai me ensinar a pescar e a usar a flecha como prometeu ontem – lembrou-me Luciana. -- E vocês duas, que gostam tanto de andar no mato, vão fazer a parte de vocês. Precisamos matar algumas dessas aves. Tantas por ai e nós aqui passando fome.
Ana Paula e Marcela levantaram-se. Apanharam a lâmina de ferro e partiram desejando-nos sorte na pescaria.
-- Já que você quer tanto aprender a pescar, então vamos. Só quero ver no que vai dar isso – felei instantes depois, apanhando a lança que jazia recostada a um dos cantos da casa. -- Pensa que é fácil? Levei tempo para aprender.
-- Tá pensando que não sou capaz de aprender? Você vai se surpreender – disse ela, pegando-me na mão, prostrando-se bem a minha frente e acrescentando: -- Mas antes quero um beijo bem gostoso. Quero sentir o gosto da tua boca. Estou com saudades. Se não fosse aquelas duas ia ficar te beijando o tempo inteiro.
-- Agora não. Elas podem voltar – falei, procurando evitar que aquele beijo pudesse ser o primeiro passo de outros que acabariam me levando a deitar-se com ela.
-- Não. Elas não vão voltar. E você também não vai querer que eu fique brava, né? Você sabe que quando não me obedecesse eu fico muito brava e perco a cabeça, não sabe?
Nisso, senti suas mãos agarraram-me por entre as pernas a dor embora leve chegou-me ao cérebro.
-- Sei sim -- respondi, vencido.
-- Ótimo. Então seja um bom menino.
A dor desapareceu e então senti sua mão escorregar um pouco para cima e agarrar-se outra parte do meu corpo; mas ao invés de apertá-la, apenas a acariciou. Nisso, meus lábios haviam encontrado os delas e sua língua procurava desesperadamente enroscar-se a minha.
Eu apenas e segurava pelos quadris enquanto ela usava um dos braços para me prender pelo pescoço. Súbito porém, ela o tirou e pegou num dos meus punhos e levou e o ergueu até que minha mão foi parar-lhe no seio. Como se eu fosse um idiota ou não soubesse o que fazer, ela pegou-me a mão a fez apertar-lhe o seio. Talvez por não conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo, a outra mão, a qual parara de mexer como meu falo, voltou a deslizar sobre ele para frente e para trás. Isso me levou a espremer os quadris contra os dela a fim de evitar que ele continuasse, pois assim não haveria espaço para os movimentos de sua mão. Ela porém interpretou meu gesto de outra forma. Pensou que eu tencionava penetrá-la. Assim, afastou as pernas e seus ágeis dedos conseguiram empurrar-me o falo para o meio delas.
Até então eu procurava conter a excitação. Mas diante de certas circunstâncias, não tive como evitá-la. Embora tenhamos por hábito julgar aquele que não foi capaz de conter seus instintos, na realidade deveríamos ser bem mais condescendentes com essas pessoas, uma vez que em se tratando do instinto praticamente nada pode ser feito para contê-lo. Assim, meu falo reagiu instantaneamente.
-- Isso. Deixa ele ficar do jeito que eu gosto. Tô com saudades dele – disse-me ela, quando seus lábios finalmente deixaram os meus.
-- Mas a gente tem que pescar. Não temos nada para comer – argumentei.
-- Daqui a pouco a gente vai. Os peixes não vão fugir. Elas também não voltar tão cedo – disse ela. -- Vem cá – deu um passo para trás e sentou numa das camas, a qual estava forrada com folhas de bananeira. -- Estou pegando fogo.
Não compreendi aquele pegando fogo embora cheguei a deduzir que se tratava de algo relacionado com a sua vontade em se deitar comigo. Aliás, não de importância a isso. Principalmente após vê-la deitar-se e abrir as pernas para me receber.
Tudo foi muito rápido, mais do que das outras vezes, talvez porque enquanto a fodia, imaginava Marcela e não Luciana entre mim e aquela cama. Ela porém manteve-me preso entre seus braços. Meu rosto jazia apoiado entre os seios dela. Os lábios jaziam entreabertos ao lado de um dos mamilos dela, o qual, momentos antes, por mais de uma sofrera a pressão de meus dentes.
-- Alguma coisa está acontecendo comigo – disse ela, dando fim aquele silêncio que se formara após o gozo. -- Meus peitos estão sensíveis e até doeram quando você ficou chupando eles. Isso antes não acontecia.
Levantei a cabeça, fitei-os e só então a indaguei:
-- Como assim?
-- Não sei. Sinto que tem algo estranho. E ainda não menstruei. Talvez seja por isso. Já vai fazer um mês que fiquei da última vez.
-- Menstruar é ficar naqueles dias? -- perguntei, lembrando do que Ana Paula me dissera no dia anterior.
-- É.
-- E o que acontece se você não ficar?
-- Se eu não ficar quer dizer que possa estar grávida.
-- Gravida? -- dei um sobressalto e sai de cima dela.
-- É. Não sei ainda. Mas pode ser que a gente vai ter um bebê.
-- Eu num quero ter um bebê contigo – falei com ar de revolta e sentindo-me usado, como se o mundo estivesse por desmoronar-me na cabeça. E ao imaginar-lhe um recém-nascido nos braços e ela me oferecendo aquele bebê, dizendo-me que era nosso filho, subitamente fui tomando pelo desejo de pegá-lo a atirá-lo longe como teria feito uma criança mimada ao ganhar um brinquedo que não lhe agradasse. E ao me ver fazendo isso, não fui tomado pelo arrependimento, nem mesmo de ter aqueles pensamentos. Aliás, ao supor que este filho de fato viesse ao mundo, senti apenas ódio, tanto dela quanto da criança. “Se ela quer tanto ter um bebê, então que fique com ele. Eu num quero, não quero o bebê dela. Eu amo a Marcela e é só ela que eu quero...”, lembrou-me de pensar.
-- Por que não? Vai ser incrível.
-- Não. Não vai ser incrível coisa nenhuma. Eu num quero! – falei, demonstrando ainda mais irritação. -- E nem tenho idade pra isso.
-- Mas se eu estiver, você não pode fazer nada. E aposto que fosse com a Marcela você ia querer. Não é verdade?
Não, eu não queria ter um filho com ela também. Pelo menos não desejava isso. Talvez, quando fosse mais velho e estivesse preparado para ser pai, mudasse de opinião. Mas naquela ilha não queria engravidar nem uma nem a outra.
-- Claro que não.
-- Duvido. Mas aposto como você vai mudar de ideia quando ver minha barriga crescer. E meus peitos vão crescer também. Sabia?
-- Não, não vou mudar. Já disse que num quero ter um filho teu.
-- Bobinho. Se eu não tiver, vou ficar mais cedo ou mais tarde. E você não vai poder fazer nada.
De fato ela estava certa. Não estava em minhas mãos decidir se ela teria ou não um filho meu. Ela me dominava e fazia de mim o seu brinquedo. Enquanto eu continuasse a despejar quase que diariamente todo o meu sêmen dentro dela, seria apenas questão de tempo para que fosse fecundada, embora eu não soubesse direito como engravidar uma mulher, uma vez que sabia que o fato de ter se deitado com ela não era o suficiente.
Luciana sentou na cama e olhou para o meio das pernas. Em seguida levou a mão lá e a retirou toda lambuzada.
-- Nossa! Quanta porra! Melhor a gente ir se lavar. Isso aqui vai me escorrer pelas pernas abaixo – disse levantando-se.
Ela se aproximou e tentou me abraçar, mas eu me afastei, empurrando-lhe a mão para longe de mim.
-- Não fica assim. Eu ainda não sei se estou grávida. E se tiver também, você ficar com raiva de mim não vai adiantar de nada. Vem cá, seu bobinho. Não se preocupa com isso agora. Vamos pegar aqueles peixes. Estou faminta.
Permaneci em silêncio. Apanhei a vara e sai. Luciana me seguiu de perto, puxando assunto a fim de fazer com que eu falasse consigo. No entanto, não me deixei dobrar. Mantive-me calado. Aliás, aproveitei aquele silêncio para pensar em Marcela e no que lhe diria caso viesse a ser pai.
-- Como é que eu devo segurar a lança? -- perguntou ela, quando chegamos. -- Assim? -- Levantou-a, segurando na altura do ombro, como eu fizera da última vez em que a levei para me ver pescar.
-- É – respondi, abrindo a boca pela primeira vez desde que deixamos a cabana. -- Fala baixo, senão eles assustam – sussurrei.
-- E agora? O que eu faço? -- perguntou ela num tom de voz tão baixo que quase não consegui ouvir.
-- Você mira ele. E quando tiver certeza de que vai acertar ele, atira ela com força – expliquei.
Luciana ficou imóvel por alguns instantes, com os olhos fixos num peixe que parecia não se importar com a nossa presença, talvez porque não tinha nos notado ali. Súbito, ela lançou a vara, mas esta enterrou a ponta na areia a cerca de meio metro do peixe. Este, com o som produzido, desapareceu da nossa vista.
-- Merda! Errei! -- esbravejou. -- E agora?
-- Pega a lança e vamos esperar um pouco que aparece outro. Às vezes, até mais de um – expliquei. -- Ai você tenta de novo. Mas tente mirar mais certo dessa vez.
Alguns minutos depois, outro peixe apareceu.
-- Você não vai me escapar – balbuciou ela.
Deixei que ela mirasse e tentasse acertá-lo. Mas ela não teve a paciência necessária para esperar o melhor momento. Ela simplesmente atirou a lança e esta foi parar ainda mais longe.
-- Quer saber duma coisa? Não quero mais aprender a pescar. Isso é muito difícil. É coisa para homem – disse ela, dando alguns passos sobre as pedras e apanhando a lança. -- Toma! Vou ficar em cima daquela pedra olhando. Se eu ficar aqui tentando, não vamos ter o que comer hoje – acrescentou por fim, enquanto se afastava. Deu alguns passos e sentou numa grande pedra, cerca duns dois metros de onde eu estava.
Fez silêncio por alguns instantes. Então ela principiou a dizer alguma coisa. Mas antes que ela terminasse a palavra, fiz-lhe sinal de silêncio. Ela calou-se até que me viu atirar a lança e apanhá-la em seguida com um peixe pequeno se debatendo, embora devesse pesar umas 300 gramas.
-- Nossa! Que rapidez! -- exclamou ela, com empolgação. -- Pelo menos nisso você é eficiente – acrescentou em seguida com um tom de sarcasmo.
Depois de tirar o peixe da lança e espetá-lo na vareta que eu costumava usar para transportá-los, fiquei na espreita a fim de fisgar o próximo. Às vezes, eles retornavam rápido, mas vez ou outra tinha de ter paciência e esperar uns bons minutos.
O próximo não demorou muito. Aliás, vieram três de uma vez. Assim, pude escolher o maior. Lancei a vara e por pouco não o errei. A ponta atravessou-o próximo do rabo. Se eu não tivesse sido rápido em puxá-la para fora e dar-lhe uma pedrada na cabeça provavelmente teria escapado mesmo assim. Após parar de se mexer, espetei-o na vareta junto com o outro e dei-os para Lucina segurar.
-- Nossa! Esse é bem grande hein – disse ela. -- Hoje vamos passar bem.
-- Tamos com sorte – respondi.
Voltei a ficar na espreita. Levou algum tempo até que consegui avistar outro um pouco mais adiante de onde fisgara o último. Mirei-o e então atirei a lança. Dessa vez porém não tive sorte. Errei-o por alguns centímetros.
-- Merda! -- exclamei. -- Escapou. E o pior que agora eles vão ficar com medo e vão demorar a aparecer. -- De fato, normalmente era isso que ocorria. Eles pareciam pressentir o perigo e só retornavam depois de algum tempo. Vez o outra eu tinha de esperar um tempão até que conseguisse avistar outro.
Esperamos por uns cinco ou dez minutos. Talvez até mais, já que não tínhamos como marcar o tempo, uma vez que o meu relógio de pulso fora danificado pela água e deixara de funcionar desdes a nossa chegada àquela ilha.
Luciana manteve-se em silêncio a maior parte do tempo. Súbito, quando eu circulava entre as pedras a fim de ver se avistava mais algum peixe, ouvi-a perguntar:
-- Você acha a minha bunda bonita?
Desviei os olhos em sua direção e a vi curvada sobre a pedra, mostrando-me o traseiro. Olhei para suas nádegas com uma certa indiferença. Ainda não havia reparado atentamente em seu traseiro. Nos seios sim. Achava-os bonitos. Talvez porque eram grandes. Mas aquele traseiro não me despertara a mesma atenção. Reparando-o porém naquela posição não havia como negar os seus atrativos.
-- Ah, sei lá! Nunca reparei – respondi.
-- Então repara, seu idiota!
Ela mexeu os quadris e balançou o traseiro como que o oferecesse a mim. Aliás, fez questão de se curvar mais a fim de que eles se destacassem.
-- E aí? O que você acha?
-- É bonita sim – respondi, como quem cumpre apenas a obrigação de dar uma resposta.
-- Você gostaria de me pegar assim? Por trás? -- Ela afastou um pouco as pernas e tornou a mexer os quadris.
Aquela pergunta me desconsertou de tal forma que por pouco não perdi o equilíbrio e caí sobre as pedras. O que me afetou não foi a pergunta dela, mas a lembrança que dos quinze dias passados na casa dos pais de Fabrício, fazendo-lhe companhia enquanto seus pais viajavam para São Paulo. Súbito, veio-me a imagem de meu primo excitado embaixo do chuveiro (eu também estava) brincando de passar o seu pênis nas minhas nádegas. De repente ele me abraçou por trás e o introduziu no meio de minhas pernas, movimentando os quadris para frente e para trás enquanto acariciava o meu pênis. Não sei por que razão, ele, resolveu me chamar para “meter”. Eu não sabia ao certo o que ele estava querendo dizer, por isso disse que não. Mas ele insistiu e foi persuasivo. Pressionado e sem ter como escapar ou a quem recorrer, já que só a empregada da família estava em casa, acabei aceitando. Só não imaginava que ele fosse me penetrar e, apesar de meus protestos, continuar até chegar ao orgasmo.
-- Eu? Por quê?
-- Porque eu li outro dia numa Playboy do meu pai que a maioria dos homens adoram possuir a mulher por trás, como os animais fazem. Agora eu me lembrei disso assim do nada. Ai pensei: será que ele também gosta? Você não gostaria de trepar em mim assim? -- Luciana continuava a mexer os quadris como se procurasse me excitar.
Talvez se eu fosse um rapaz mais velho e não tivesse o trauma de ter vítima desse tipo de experiência, tivesse ficado excitado na hora, mas eu era apenas um menino de 13 anos, totalmente averso ao sexo anal. E mesmo que não fosse esse trauma, ainda sim seria bem possível que me exibir o traseiro não me excitasse como ela provavelmente estava imaginando. A chama da volúpia ainda não tinha aquela força e virilidade tão comum nos rapazes que trilham o misterioso caminho da puberdade. De mais a mais, tínhamos transado pouco antes. Assim, procurando ocultar minha afetação e mostrado ar de indiferença, tornei a responder:
-- Ah, não sei! Talvez.
-- Como não sabe?
-- Não sabendo. Eu nunca fiz! -- menti.
Fabrício, para tentar me convencer a deixar que ele me penetrasse novamente na noite do dia seguinte, quando já estávamos na cama, disse que me deixaria “meter” nele também. Mais uma vez persuadido, acabei aceitando. Mas, após o gozo, ele rolou para o lado e disse que não estava mais com vontade e que no outro dia deixaria. Envergonhado como estava, não tive coragem de insistir. No outro dia, ele realmente cumpriu a promessa quando tomávamos banho. Deitou no chão do banheiro e disse para eu “trepar” nele, mas deixou bem claro que não era para “enfiar”. Aliás, fiquei em cima dele por cerca um minuto. Talvez percebendo que aquilo não daria em nada, pois até então eu nunca tivera um orgasmo, disse: “agora é a minha vez”. Trocamos de posição e assim que trepou em mim, penetrou-me. Dessa vez porém não cheguei a protestar. Apenas aguardei.
-- Então por que não vem descobrir?
-- Não. Num tô com vontade. Tenho que tentar pegar mais uns peixes -- esquivei.
Apesar da minha recusa, ela continuava a mexer os quadris. Agora, entretanto, mexia-os para cima e para baixo. Fitei-a por alguns instantes. Temendo porém que aquilo acabasse me afetando e me levasse a aceitar o seu convite, virei para o outro lado e fingi procurar peixes na água.
-- E se eu te desse o cu?
Confesso não saber onde enfiar a cara. No entanto, não podia deixar que ela percebesse. Lembro perfeitamente de minha preocupação um tanto exagerada com isso, talvez para ocultar o meu passado. De forma que me fiz de desentendido.
-- Como assim?
-- Você não sabe o que é dar o cu? -- perguntou ela com um ar de incredulidade, como se eu tivesse a obrigação de saber tudo.
-- Não. Quer dizer, sei mais ou menos – menti.
-- Cada vez eu tenho mais certeza que você é um idiota. Dar o cu é deixar você enfiar o teu pinto no meu cu, ao invés de enfiar na minha boceta. Entendeu agora? -- Luciana parecia irritada, pois seu tom de voz havia mudado. E isso ficou ainda mais claro quando ela se ergueu e virou de frente para mim.
-- E para que eu ia querer enfiar meu pinto na sua bunda? -- Proferi a palavra bunda porque não tive coragem de falar cu. Fabrício, nas primeiras vezes também disse bunda, mas depois, demonstrando intimidade, simplesmente me agarrava por trás e dizia: “vem cá, deixa eu comer seu cu”, o que eu consentia.
-- Porque eu li na mesma revista que muitos homens adoram fazer isso. Eles dizem que sentem mais prazer. E algumas mulheres diziam que também sentem muito prazer. Não vejo qual a graça disso, mas se você quiser experimentar eu também deixo. Você quer? -- perguntou ela, vindo em minha direção.
Embora eu estivesse de costas, mergulhado em velhas lembranças, pude perceber seu aproximar. Ouvia seus passos sobre as pedras.
Tentando demovê-la de qualquer tentativa em me seduzir ali, disse-lhe de forma categórica um “não”.
-- Ah, mas eu vou querer experimentar. Nem que seja só para saber como é. – Pude ouvir sua voz cada vez mais próxima. -- Você vai enfiar para a gente experimentar, não vai? -- As últimas palavras soaram tão próximas que pude sentir sua respiração na minha nunca. Então ela me abraçou e escorregou a mão direita até meu falo e o acariciou. -- Que tal se a gente experimentasse agora? Tô morrendo de curiosidade.
-- Não. Agora não – respondi, tirando-lhe a mão e me desvincilhando dela.
-- Por que não?
-- Porque não estou com vontade – tornei a responder. -- E eu preciso pegar pelo menos mais um peixe. Esses dois não vai dar para matar nossa fome o dia todo – acrescentei.
Contrariada, Luciana acabou dizendo:
-- Tá bom então, seu frouxo! Mas mais tarde, você vai fazer.
Ela voltou a sentar na mesma pedra e tornou a ficar em silêncio me observando. Não sei o que se passava naquela cabeça, mas nas poucas vezes em que virei os olhos em sua direção ela parecia compenetrada, como se estivesse perdida em pensamentos. Talvez divagasse acerca de seus pais ou até mesmo com alguma coisa não relacionada a mim, mas hoje tenho quase a certeza de que simplesmente fantasiava comigo. E só saiu daquele estado de absorção e correu em minha direção quando gritei que pegara mais um peixe.
-- E esse também é grande – falei, ao espetá-lo junto com os outros.
Pouco depois peguei o quarto peixe e dei aquela pescaria por encerrada, temendo que ela viesse a insistir em fazer aquelas coisas, uma vez que aqueles quatro peixes nos eram suficientes para aquele dia, apressei em chamá-la para retornarmos.

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