Naquela
manhã, como acontecera outras vezes, não tínhamos o que comer.
Assim, para quebrar o jejum, tomamos água de coco. Súbito,
consultando um pedaço de tábua onde jazia uma série de riscos,
Marcela disse:
--
Já não tenho certeza de quanto tempo estamos aqui. Será que não
esquecemos de marcar algum dia?
--
Não sei – respondi. -- Você é que faz isso todos os dias.
--
23 dias. Mas parece que estamos uma eternidade aqui – lamentou,
deixando escapar uma voz triste. -- Será que já desistiram da
gente?
--
Acho que as autoridades já. O Corpo de Bombeiros com certeza já
encerrou as buscas – asseverou Luciana.
--
Mas nós tamos vivos. Eles num podem parar de procurar a gente –
exclamou Ana Paula.
--
Por que não? Não vão procurar a gente a vida inteira. Como não
acharam a gente, para todos efeitos já estamos mortos – afirmou
Luciana.
--
Será que nossos pais também desistiram? -- perguntei.
--
Não, acho que não. Eles ainda tem esperança de encontrar a gente –
disse Marcela. -- Talvez pensem que a gente esteja perdido numa ilha
qualquer.
--
Como realmente a gente tá – acrescentou minha prima.
--
Só não entendo porque nunca vieram procurar a gente aqui – falei.
--
Talvez porque tenham encontrado os destroços do barco muito longe
daqui. Eles não vão procurar o oceano inteiro. Procuram até um
certo ponto. E se não vieram procurar a gente aqui quer dizer que
viemos parar muito, mas muito longe de onde o barco afundou –
explicou Marcela. -- a gente ficou boiando por quase dois dias.
--
Também acho – concordei. -- Mas acredito que dia menos dia vai
aparecer alguém aqui. Ai será nossa chance de voltar para casa.
--
Quanto a isso, tenho de concordar com vocês. Só acho que não será
tão cedo. Não encontramos marcas recentes da passagem de alguém
por aqui. E por quê? Porque esta ilha é muito pequena e sem
importância. Claro que algum curioso vai vir aqui qualquer dia. Mas
pode ser que demore ainda alguns meses – disse Luciana.
--
Mas será? -- indaguei.
--
Eu estava até pensando sobre isso uma noite dessas, enquanto tomava
conta da fogueira. A gente tinha viajado em direção ao norte. Isso
quer dizer que talvez a gente nem esteja longe do litoral, mas longe
o bastante da rota de navegação. Por isso nunca vimos sinal de
barcos ou navios – continuou Luciana com um certo ar de
superioridade, como se aquela suposição fosse fruto de uma
inteligência excepcional embora, é preciso admitir, ela fosse
dotada de uma esperteza invejável. Prova disso era a facilidade com
que me manipulava. -- Também não adianta a gente ficar lamentando.
-- Levantou-se, limpou a areia das nádegas e acrescentou: -- Estou
com fome e não temos nada para comer. Não é melhor a gente tratar
de pegar uns peixes logo?
--
Tem razão – falei, levantando-me. -- Vou pegar uns enquanto vocês
vão procurar alguma coisa para a gente comer.
--
E você vai me ensinar a pescar e a usar a flecha como prometeu ontem
– lembrou-me Luciana. -- E vocês duas, que gostam tanto de andar
no mato, vão fazer a parte de vocês. Precisamos matar algumas
dessas aves. Tantas por ai e nós aqui passando fome.
Ana
Paula e Marcela levantaram-se. Apanharam a lâmina de ferro e
partiram desejando-nos sorte na pescaria.
--
Já que você quer tanto aprender a pescar, então vamos. Só quero
ver no que vai dar isso – felei instantes depois, apanhando a lança
que jazia recostada a um dos cantos da casa. -- Pensa que é fácil?
Levei tempo para aprender.
--
Tá pensando que não sou capaz de aprender? Você vai se surpreender
– disse ela, pegando-me na mão, prostrando-se bem a minha frente e
acrescentando: -- Mas antes quero um beijo bem gostoso. Quero sentir
o gosto da tua boca. Estou com saudades. Se não fosse aquelas duas
ia ficar te beijando o tempo inteiro.
--
Agora não. Elas podem voltar – falei, procurando evitar que aquele
beijo pudesse ser o primeiro passo de outros que acabariam me levando
a deitar-se com ela.
--
Não. Elas não vão voltar. E você também não vai querer que eu
fique brava, né? Você sabe que quando não me obedecesse eu fico
muito brava e perco a cabeça, não sabe?
Nisso,
senti suas mãos agarraram-me por entre as pernas a dor embora leve
chegou-me ao cérebro.
--
Sei sim -- respondi, vencido.
--
Ótimo. Então seja um bom menino.
A
dor desapareceu e então senti sua mão escorregar um pouco para cima
e agarrar-se outra parte do meu corpo; mas ao invés de apertá-la,
apenas a acariciou. Nisso, meus lábios haviam encontrado os delas e
sua língua procurava desesperadamente enroscar-se a minha.
Eu
apenas e segurava pelos quadris enquanto ela usava um dos braços
para me prender pelo pescoço. Súbito porém, ela o tirou e pegou
num dos meus punhos e levou e o ergueu até que minha mão foi
parar-lhe no seio. Como se eu fosse um idiota ou não soubesse o que
fazer, ela pegou-me a mão a fez apertar-lhe o seio. Talvez por não
conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo, a outra mão, a qual
parara de mexer como meu falo, voltou a deslizar sobre ele para
frente e para trás. Isso me levou a espremer os quadris contra os
dela a fim de evitar que ele continuasse, pois assim não haveria
espaço para os movimentos de sua mão. Ela porém interpretou meu
gesto de outra forma. Pensou que eu tencionava penetrá-la. Assim,
afastou as pernas e seus ágeis dedos conseguiram empurrar-me o falo
para o meio delas.
Até
então eu procurava conter a excitação. Mas diante de certas
circunstâncias, não tive como evitá-la. Embora tenhamos por hábito
julgar aquele que não foi capaz de conter seus instintos, na
realidade deveríamos ser bem mais condescendentes com essas pessoas,
uma vez que em se tratando do instinto praticamente nada pode ser
feito para contê-lo. Assim, meu falo reagiu instantaneamente.
--
Isso. Deixa ele ficar do jeito que eu gosto. Tô com saudades dele –
disse-me ela, quando seus lábios finalmente deixaram os meus.
--
Mas a gente tem que pescar. Não temos nada para comer –
argumentei.
--
Daqui a pouco a gente vai. Os peixes não vão fugir. Elas também
não voltar tão cedo – disse ela. -- Vem cá – deu um passo para
trás e sentou numa das camas, a qual estava forrada com folhas de
bananeira. -- Estou pegando fogo.
Não
compreendi aquele pegando
fogo
embora cheguei a deduzir que se tratava de algo relacionado com a sua
vontade em se deitar comigo. Aliás, não de importância a isso.
Principalmente após vê-la deitar-se e abrir as pernas para me
receber.
Tudo
foi muito rápido, mais do que das outras vezes, talvez porque
enquanto a fodia, imaginava Marcela e não Luciana entre mim e aquela
cama. Ela porém manteve-me preso entre seus braços. Meu rosto jazia
apoiado entre os seios dela. Os lábios jaziam entreabertos ao lado
de um dos mamilos dela, o qual, momentos antes, por mais de uma
sofrera a pressão de meus dentes.
--
Alguma coisa está acontecendo comigo – disse ela, dando fim aquele
silêncio que se formara após o gozo.
-- Meus peitos estão sensíveis e até doeram quando você ficou
chupando eles. Isso antes não acontecia.
Levantei
a cabeça, fitei-os e só então a indaguei:
--
Como assim?
--
Não sei. Sinto que tem algo estranho. E ainda não menstruei. Talvez
seja por isso. Já vai fazer um mês que fiquei da última vez.
--
Menstruar
é
ficar naqueles dias? -- perguntei, lembrando do que Ana Paula me
dissera no dia anterior.
--
É.
--
E o que acontece se você não ficar?
--
Se eu não ficar quer dizer que possa estar grávida.
--
Gravida?
-- dei um sobressalto e sai de cima dela.
--
É. Não sei ainda. Mas pode ser que a gente vai ter um bebê.
--
Eu num quero ter um bebê contigo – falei com ar de revolta e
sentindo-me usado, como se o mundo estivesse por desmoronar-me na
cabeça. E ao imaginar-lhe um recém-nascido nos braços e ela me
oferecendo aquele bebê, dizendo-me que era nosso filho, subitamente
fui tomando pelo desejo de pegá-lo a atirá-lo longe como teria
feito uma criança mimada ao ganhar um brinquedo que não lhe
agradasse. E ao me ver fazendo isso, não fui tomado pelo
arrependimento, nem mesmo de ter aqueles pensamentos. Aliás, ao
supor que este filho de fato viesse ao mundo, senti apenas ódio,
tanto dela quanto da criança. “Se ela quer tanto ter um bebê,
então que fique com ele. Eu num quero, não quero o bebê dela. Eu
amo a Marcela e é só ela que eu quero...”, lembrou-me de pensar.
--
Por que não? Vai ser incrível.
--
Não. Não vai ser incrível coisa nenhuma. Eu num quero! – falei,
demonstrando ainda mais irritação. -- E nem tenho idade pra isso.
--
Mas se eu estiver, você não pode fazer nada. E aposto que fosse com
a Marcela você ia querer. Não é verdade?
Não,
eu não queria ter um filho com ela também. Pelo menos não desejava
isso. Talvez, quando fosse mais velho e estivesse preparado para ser
pai, mudasse de opinião. Mas naquela ilha não queria engravidar nem
uma nem a outra.
--
Claro que não.
--
Duvido. Mas aposto como você vai mudar de ideia quando ver minha
barriga crescer. E meus peitos vão crescer também. Sabia?
--
Não, não vou mudar. Já disse que num quero ter um filho teu.
--
Bobinho. Se eu não tiver, vou ficar mais cedo ou mais tarde. E você
não vai poder fazer nada.
De
fato ela estava certa. Não estava em minhas mãos decidir se ela
teria ou não um filho meu. Ela me dominava e fazia de mim o seu
brinquedo. Enquanto eu continuasse a despejar quase que diariamente
todo o meu sêmen dentro dela, seria apenas questão de tempo para
que fosse fecundada, embora eu não soubesse direito como engravidar
uma mulher, uma vez que sabia que o fato de ter se deitado com ela
não era o suficiente.
Luciana
sentou na cama e olhou para o meio das pernas. Em seguida levou a mão
lá e a retirou toda lambuzada.
--
Nossa! Quanta porra! Melhor a gente ir se lavar. Isso aqui vai me
escorrer pelas pernas abaixo – disse levantando-se.
Ela
se aproximou e tentou me abraçar, mas eu me afastei, empurrando-lhe
a mão para longe de mim.
--
Não fica assim. Eu ainda não sei se estou grávida. E se tiver
também, você ficar com raiva de mim não vai adiantar de nada. Vem
cá, seu bobinho. Não se preocupa com isso agora. Vamos pegar
aqueles peixes. Estou faminta.
Permaneci
em silêncio. Apanhei a vara e sai. Luciana me seguiu de perto,
puxando assunto a fim de fazer com que eu falasse consigo. No
entanto, não me deixei dobrar. Mantive-me calado. Aliás, aproveitei
aquele silêncio para pensar em Marcela e no que lhe diria caso
viesse a ser pai.
--
Como é que eu devo segurar a lança? -- perguntou ela, quando
chegamos. -- Assim? -- Levantou-a, segurando na altura do ombro, como
eu fizera da última vez em que a levei para me ver pescar.
--
É – respondi, abrindo a boca pela primeira vez desde que deixamos
a cabana. -- Fala baixo, senão eles assustam – sussurrei.
--
E agora? O que eu faço? -- perguntou ela num tom de voz tão baixo
que quase não consegui ouvir.
--
Você mira ele. E quando tiver certeza de que vai acertar ele, atira
ela com força – expliquei.
Luciana
ficou imóvel por alguns instantes, com os olhos fixos num peixe que
parecia não se importar com a nossa presença, talvez porque não
tinha nos notado ali. Súbito, ela lançou a vara, mas esta enterrou
a ponta na areia a cerca de meio metro do peixe. Este, com o som
produzido, desapareceu da nossa vista.
--
Merda! Errei! -- esbravejou. -- E agora?
--
Pega a lança e vamos esperar um pouco que aparece outro. Às vezes,
até mais de um – expliquei. -- Ai você tenta de novo. Mas tente
mirar mais certo dessa vez.
Alguns
minutos depois, outro peixe apareceu.
--
Você não vai me escapar – balbuciou ela.
Deixei
que ela mirasse e tentasse acertá-lo. Mas ela não teve a paciência
necessária para esperar o melhor momento. Ela simplesmente atirou a
lança e esta foi parar ainda mais longe.
--
Quer saber duma coisa? Não quero mais aprender a pescar. Isso é
muito difícil. É coisa para homem – disse ela, dando alguns
passos sobre as pedras e apanhando a lança. -- Toma! Vou ficar em
cima daquela pedra olhando. Se eu ficar aqui tentando, não vamos ter
o que comer hoje – acrescentou por fim, enquanto se afastava. Deu
alguns passos e sentou numa grande pedra, cerca duns dois metros de
onde eu estava.
Fez
silêncio por alguns instantes. Então ela principiou a dizer alguma
coisa. Mas antes que ela terminasse a palavra, fiz-lhe sinal de
silêncio. Ela calou-se até que me viu atirar a lança e apanhá-la
em seguida com um peixe pequeno se debatendo, embora devesse pesar
umas 300 gramas.
--
Nossa! Que rapidez! -- exclamou ela, com empolgação. -- Pelo menos
nisso você é eficiente – acrescentou em seguida com um tom de
sarcasmo.
Depois
de tirar o peixe da lança e espetá-lo na vareta que eu costumava
usar para transportá-los, fiquei na espreita a fim de fisgar o
próximo. Às vezes, eles retornavam rápido, mas vez ou outra tinha
de ter paciência e esperar uns bons minutos.
O
próximo não demorou muito. Aliás, vieram três de uma vez. Assim,
pude escolher o maior. Lancei a vara e por pouco não o errei. A
ponta atravessou-o próximo do rabo. Se eu não tivesse sido rápido
em puxá-la para fora e dar-lhe uma pedrada na cabeça provavelmente
teria escapado mesmo assim. Após parar de se mexer, espetei-o na
vareta junto com o outro e dei-os para Lucina segurar.
--
Nossa! Esse é bem grande hein – disse ela. -- Hoje vamos passar
bem.
--
Tamos com sorte – respondi.
Voltei
a ficar na espreita. Levou algum tempo até que consegui avistar
outro um pouco mais adiante de onde fisgara o último. Mirei-o e
então atirei a lança. Dessa vez porém não tive sorte. Errei-o por
alguns centímetros.
--
Merda! -- exclamei. -- Escapou. E o pior que agora eles vão ficar
com medo e vão demorar a aparecer. -- De fato, normalmente era isso
que ocorria. Eles pareciam pressentir o perigo e só retornavam
depois de algum tempo. Vez o outra eu tinha de esperar um tempão até
que conseguisse avistar outro.
Esperamos
por uns cinco ou dez minutos. Talvez até mais, já que não tínhamos
como marcar o tempo, uma vez que o meu relógio de pulso fora
danificado pela água e deixara de funcionar desdes a nossa chegada
àquela ilha.
Luciana
manteve-se em silêncio a maior parte do tempo. Súbito, quando eu
circulava entre as pedras a fim de ver se avistava mais algum peixe,
ouvi-a perguntar:
--
Você acha a minha bunda bonita?
Desviei
os olhos em sua direção e a vi curvada sobre a pedra, mostrando-me
o traseiro. Olhei para suas nádegas com uma certa indiferença.
Ainda não havia reparado atentamente em seu traseiro. Nos seios sim.
Achava-os bonitos. Talvez porque eram grandes. Mas aquele traseiro
não me despertara a mesma atenção. Reparando-o porém naquela
posição não havia como negar os seus atrativos.
--
Ah, sei lá! Nunca reparei – respondi.
--
Então repara, seu idiota!
Ela
mexeu os quadris e balançou o traseiro como que o oferecesse a mim.
Aliás, fez questão de se curvar mais a fim de que eles se
destacassem.
--
E aí? O que você acha?
--
É bonita sim – respondi, como quem cumpre apenas a obrigação de
dar uma resposta.
--
Você gostaria de me pegar assim? Por trás? -- Ela afastou um pouco
as pernas e tornou a mexer os quadris.
Aquela
pergunta me desconsertou de tal forma que por pouco não perdi o
equilíbrio e caí sobre as pedras. O que me afetou não foi a
pergunta dela, mas a lembrança que dos quinze dias passados na casa
dos pais de Fabrício, fazendo-lhe companhia enquanto seus pais
viajavam para São Paulo. Súbito, veio-me a imagem de meu primo
excitado embaixo do chuveiro (eu também estava) brincando de passar
o seu pênis nas minhas nádegas. De repente ele me abraçou por trás
e o introduziu no meio de minhas pernas, movimentando os quadris para
frente e para trás enquanto acariciava o meu pênis. Não sei por
que razão, ele, resolveu me chamar para “meter”. Eu não sabia
ao certo o que ele estava querendo dizer, por isso disse que não.
Mas ele insistiu e foi persuasivo. Pressionado e sem ter como escapar
ou a quem recorrer, já que só a empregada da família estava em
casa, acabei aceitando. Só não imaginava que ele fosse me penetrar
e, apesar de meus protestos, continuar até chegar ao orgasmo.
--
Eu? Por quê?
--
Porque eu li outro dia numa Playboy
do meu pai que a maioria dos homens adoram possuir a mulher por trás,
como os animais fazem. Agora eu me lembrei disso assim do nada. Ai
pensei: será que ele também gosta? Você não gostaria de trepar em
mim assim? -- Luciana continuava a mexer os quadris como se
procurasse me excitar.
Talvez
se eu fosse um rapaz mais velho e não tivesse o trauma de ter vítima
desse tipo de experiência, tivesse ficado excitado na hora, mas eu
era apenas um menino de 13 anos, totalmente averso ao sexo anal. E
mesmo que não fosse esse trauma, ainda sim seria bem possível que
me exibir o traseiro não me excitasse como ela provavelmente estava
imaginando. A chama da volúpia ainda não tinha aquela força e
virilidade tão comum nos rapazes que trilham o misterioso caminho da
puberdade. De mais a mais, tínhamos transado pouco antes. Assim,
procurando ocultar minha afetação e mostrado ar de indiferença,
tornei a responder:
--
Ah, não sei! Talvez.
--
Como não sabe?
--
Não sabendo. Eu nunca fiz! -- menti.
Fabrício, para tentar me convencer a
deixar que ele me penetrasse novamente na noite do dia seguinte,
quando já estávamos na cama, disse que me deixaria “meter” nele
também. Mais uma vez persuadido, acabei aceitando. Mas, após o
gozo, ele rolou para o lado e disse que não estava mais com vontade
e que no outro dia deixaria. Envergonhado como estava, não tive
coragem de insistir. No outro dia, ele realmente cumpriu a promessa
quando tomávamos banho. Deitou no chão do banheiro e disse para eu
“trepar” nele, mas deixou bem claro que não era para “enfiar”.
Aliás, fiquei em cima dele por cerca um minuto. Talvez percebendo
que aquilo não daria em nada, pois até então eu nunca tivera um
orgasmo, disse: “agora é a minha vez”. Trocamos de posição e
assim que trepou em mim, penetrou-me. Dessa vez porém não cheguei a
protestar. Apenas aguardei.
--
Então por que não vem descobrir?
--
Não. Num tô com vontade. Tenho que tentar pegar mais uns peixes --
esquivei.
Apesar
da minha recusa, ela continuava a mexer os quadris. Agora,
entretanto, mexia-os para cima e para baixo. Fitei-a por alguns
instantes. Temendo porém que aquilo acabasse me afetando e me
levasse a aceitar o seu convite, virei para o outro lado e fingi
procurar peixes na água.
--
E se eu te desse o cu?
Confesso
não saber onde enfiar a cara. No entanto, não podia deixar que ela
percebesse. Lembro perfeitamente de minha preocupação um tanto
exagerada com isso, talvez para ocultar o meu passado. De forma que
me fiz de desentendido.
-- Como assim?
--
Você não sabe o que é dar
o cu?
-- perguntou ela com um ar de incredulidade, como se eu tivesse a
obrigação de saber tudo.
--
Não. Quer dizer, sei mais ou menos – menti.
--
Cada vez eu tenho mais certeza que você é um idiota. Dar
o cu
é deixar você enfiar o teu pinto no meu cu, ao invés de enfiar na
minha boceta. Entendeu agora? -- Luciana parecia irritada, pois seu
tom de voz havia mudado. E isso ficou ainda mais claro quando ela se
ergueu e virou de frente para mim.
--
E para que eu ia querer enfiar meu pinto na sua bunda? -- Proferi a
palavra bunda
porque não tive coragem de falar cu.
Fabrício,
nas primeiras vezes também disse bunda,
mas depois, demonstrando intimidade, simplesmente me agarrava por
trás e dizia: “vem cá, deixa eu comer seu cu”,
o que eu consentia.
--
Porque eu li na mesma revista que muitos homens adoram fazer isso.
Eles dizem que sentem mais prazer. E algumas mulheres diziam que
também sentem muito prazer. Não vejo qual a graça disso, mas se
você quiser experimentar eu também deixo. Você quer? -- perguntou
ela, vindo em minha direção.
Embora
eu estivesse de costas, mergulhado em velhas lembranças, pude
perceber seu aproximar. Ouvia seus passos sobre as pedras.
Tentando
demovê-la de qualquer tentativa em me seduzir ali, disse-lhe de
forma categórica um “não”.
--
Ah, mas eu vou querer experimentar. Nem que seja só para saber como
é. – Pude ouvir sua voz cada vez mais próxima. -- Você vai
enfiar para a gente experimentar, não vai? -- As últimas palavras
soaram tão próximas que pude sentir sua respiração na minha
nunca. Então ela me abraçou e escorregou a mão direita até meu
falo e o acariciou. -- Que tal se a gente experimentasse agora? Tô
morrendo de curiosidade.
--
Não. Agora não – respondi, tirando-lhe a mão e me desvincilhando
dela.
--
Por que não?
--
Porque não estou com vontade – tornei a responder. -- E eu preciso
pegar pelo menos mais um peixe. Esses dois não vai dar para matar
nossa fome o dia todo – acrescentei.
Contrariada,
Luciana acabou dizendo:
--
Tá bom então, seu frouxo! Mas mais tarde, você vai fazer.
Ela
voltou a sentar na mesma pedra e tornou a ficar em silêncio me
observando. Não sei o que se passava naquela cabeça, mas nas poucas
vezes em que virei os olhos em sua direção ela parecia
compenetrada, como se estivesse perdida em pensamentos. Talvez
divagasse acerca de seus pais ou até mesmo com alguma coisa não
relacionada a mim, mas hoje tenho quase a certeza de que simplesmente
fantasiava comigo. E só saiu daquele estado de absorção e correu
em minha direção quando gritei que pegara mais um peixe.
--
E esse também é grande – falei, ao espetá-lo junto com os
outros.
Pouco depois peguei o quarto peixe e
dei aquela pescaria por encerrada, temendo que ela viesse a insistir
em fazer aquelas coisas, uma vez que aqueles quatro peixes nos eram
suficientes para aquele dia, apressei em chamá-la para retornarmos.
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