Tivemos
talvez a melhor refeição naquele dia. Comemos um peixe cada. E
depois, por causa do calo infernal daquele começo de tarde, corremos
para o mar a fim de refrescar um pouco. Ao ser atingido por uma onda,
o que ainda restava de minha sunga rasgou-se e desprendeu-se,
deixando-me inteiramente nu. Corri para apanhá-la, mas esta foi
levada até a faixa de areia.
Envergonhado,
com a água até o umbigo, gritei para que minha prima fosse
apanhá-la. Olhei para Marcela e Luciana e ambas me fitavam, cada uma
com uma expressão diferente no rosto. Marcela parecia estampar um
sorriso tímido e ao mesmo tempo curioso, como se disse: “Agora
você está igual à gente.” ou: “agora vou poder ver ele quantas
vezes quiser”; Luciana por outro lado, demonstrava espanto e um ar
de indignação, talvez achando que eu fosse o culpado por aquele
pedaço de pano ter apodrecido e agora estar se desfazendo. Embora
soubéssemos que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, ela
parecia não aceitar.
Ana
Paula correu até a faixa de areia e a apanhou. Em seguida,
levantou-a e, segurando-a com as duas mãos, espichou-a. O pano muito
fraco não resistiu e partiu ao meio. Ela ficou com um pedaço em
cada mão.
Tenho
cá comigo que ela fiz isso de propósito, tanto que cheguei a
pensar: “ela fez isso para se vingar”. Talvez quisesse dar o
troco por eu ter corrido atrás dela e, ao não ser capaz de conter
os instintos, tê-la violentado. Ela sabia da minha timidez. E sabia
também que, diferente das meninas, ficar nu na frente delas me seria
constrangedor. Assim aproveitou para rasgar a minha sunga.
--
Lamento, primo! Mas essa já era. Agora você vai ter que ficar
pelado também – disse rindo, um sorrisinho malicioso. -- Vai ter
que ficar com o seu troço sem nada tampando ele.
--
Pelado? -- perguntei.
--
O que tem? A Marcela e a Luciana não estão. E quer saber duma
coisa. Vô ficar também. Já num aguento mais essa coisa colada em
mim. Tenho que ficar tirando ela com o maior cuidado para num acabar
de rasgar. -- Ana Paula simplesmente puxou a tanga do biquíni e esta
se rompeu. Além de mim, era a única que ainda mantinha alguma coisa
cobrindo as partes pudicas, embora sua tanga também estivesse
rasgada em vários pontos.
--
Mas eu não posso ficar pelado – retruquei.
--
Por que não? -- indagou Marcela, aproximando-se de mim.
Olhei
mais uma vez para Luciana e sua cara estava fechada. Temi que ela não
fosse capaz de se controlar e fosse fazer uma besteira.
--
Porque eu sou homem – foi o que respondi.
--
É que ele tem vergonha de andar com o troço dele de fora – disse
Ana Paula rindo.
--
Ou da gente ver que ele é pequenininho? -- falou Marcela.
--
Num é nada disso! -- respondi, olhando mais uma vez para Luciana. O
sangue parecia subir-lhe pela face.
--
E você, Luciana? – Marcela virou-se na direção dela -- Por que
você acha que o Sílvio não quer ficar pelado que nem a gente?
Houve
um breve silêncio. Luciana parecia pensar em uma resposta.
--
As duas coisas: ele é um idiota todo envergonhado e o pintinho dele
já deve ter uma dona, por isso que não quer exibir ele por ai.
De fato, comparado com a esperteza e a
experiência de Luciana, eu era idiota e ingenuo demais, uma vez que
era resultado da edução que meus pais me dera, uma educação
restrita e inadequada para os dias atuas não só devido às
limitações de meus pais, pois eles tinham pouco estudo, mas também
fruto da rígida moral religiosa que imperava em nosso lar. E se não
bastasse isso, a minha timidez tornava-me ainda mais limitado, pois
os tímidos não se interagem com os outros e consequentemente não
aprende na rua, com os amigos, aquilo que os pais não ensinam.
Talvez
para provocar Luciana, já que as duas não morriam de amores uma
pela outra, Ana Paula acrescentou, dando uma risadinha:
--
Quem será? Uma de nós ou alguém que eu não conheço.
--
Querem parar vocês! Ficam falando besteiras, inventando coisas. Não
é nada disso! -- falei, dando uma pausa. Tinha de tomar uma decisão
e por fim àquilo. Lembrei da última vez em que minha sunga foi
parar nas mãos de Ana Paula e temi que ela tecesse algum comentário
sobre aquele episódio e provocasse a ira de Luciana, uma vez que
tanto eu quanto minha prima negara ter havido entre nós alguma coisa
naquele episódio. -- É sério! E agora? Como vou fazer? --
perguntei com um certo desespero. Não só por temer que Ana Paula
falasse demais, embora duvidasse que fizesse algum comentário sobre
como perdera a inocência, mas também pelo temor de que Luciana
viesse a arrumar briga caso pegasse Marcela ou até mesmo minha prima
observando-o, o que inevitavelmente aconteceria.
E
havia outro motivo. Nos primeiros dias, quando ficava excitado, a
sunga escondia, senão de todo, pelo menos parte desse excitamento. E
agora? Não havia nada que o prendesse junto ao corpo. Se me
excitasse, chamaria tanta a atenção que não teria como qualquer
uma delas não ver. E isso com toda a certeza seria fonte de
curiosidades e perguntas, as quais me provocariam grandes
constrangimentos, embora para Luciana e minha prima isso não fosse
mais um mistério.
--
Já disse! Vai ter que ficar assim.
--
Não, eu não vou sair da água com vocês ai, olhando. Só vou sair
quando vocês não estiverem mais ai – falei.
--
E se a gente ficar aqui até você sair? -- quis ela saber
--
Eu num saio – tornei a afirmar.
--
Então vamos passar a noite aqui, né meninas? -- Minha prima parecia
ter encontrado o meu ponto fraco e decidira me espezinhar.
Fui
salvo por Luciana que até então procura não se meter. Talvez
porque não soubesse o que fazer.
--
Não, nós não vamos ficar aqui. Se ele está com vergonha de ficar
pelado na frente da gente, porque é tímido, a gente tem que
respeitar isso. Mas não tem outro jeito. A não ser que você
amarrasse uma folha de bananeira ai na frente. Mas isso ia ficar tão
ridículo e não ia dar certo. Ela ia acabar caindo. Portanto não
tem jeito. Você vai ter que ficar. Se não for agora, será mais
tarde. -- disse, muito certamente com alguma coisa em mente. Súbito,
acrescentou: -- Vai vocês duas pra cabana que vou conversar com ele.
--
E por quê você? -- quis saber Marcela.
--
Porque sou mais velha e sei lidar melhor com essa situação. Tenho
certeza que vou acabar com essa vergonha rapidinho -- disse ela. --
Vão, saiam as duas.
Contrariadas
e com um ar de desconfiança, elas nos deixaram.
Quando
as duas desapareceram instantes depois, Luciana aproximou-se, parou
na minha frente e, enfiando a mão embaixo d'água, agarrou-me os
testículos como fazia todas as vezes que era possuída pelo ciúme e
queria fazer mais ameaças.
--
Ai, tá doendo! -- falei.
--
É para doer mesmo! E vai doer muito mais se eu ver ele crescendo na
frente delas. Já te disse que ele é meu e o que é meu não divido
com ninguém, principalmente isso. Dele, elas não vão sentir o
gostinho. Porque se sentir, você fica sem ele.
--
Mas eu não posso controlar. Às vezes, ele começa a crescer sozinho
– asseverei.
Ela refletiu por alguns instantes.
--
Pensa que eu sou idiota? -- apertou-me ainda mais os testículos. --
Crescer sozinho! Ele só cresce quando você pensa em sacanagem. Sei
muito bem disso! Aqueles idiotas do colégio me disseram isso. E eles
eram muito mais esperto e experiente do que você possa imaginar. E o
mais idiota deles achava que era o mais esperto, ainda teve a cara de
pau de confessar que toda vez que pensava em mim o pinto dele crescia
e que já tinha até batido punheta pensando em mim. Um dia, levei
ele para trás da biblioteca e perguntei se o pinto dele estava duro.
Ele disse que não. -- Empolgada pelas lembranças, Luciana afrouxou
a mão e soltou-me os testículos. -- Ai eu disse para ele me
mostrar. Ele disse que só me mostrava se eu mostrasse a minha
xoxota. Acho que ele achou que eu não fosse capaz. Levantei a saia e
abaixei a calcinha. Ele esbugalhou os olhos e ficou de boca aberta.
Não dei tempo a ele. Disse que se ele me mostrasse ali, naquele
momento, eu deixava ele por a mão na minha xana. Ele abriu o zíper
e tirou o pinto. Ele estava mole, mas foi crescendo bem ali na minha
frente. Ah, que delícia ver aquilo. Peguei a mão dele e enfiei ela
no meio das minhas pernas. Ele parecia paralisado, sem saber o que
fazer. Tive que falar para ele enfiar o dedo ali no meio. Quando ele
tirou o dedo, o pinto dele estava mais duro que tudo. Uns quinze dias
depois, deixei ele por ele no meio das minhas pernas, mas não deixei
ele enfiar. Teve que gozar nas minhas coxas. Portanto, seu idiota,
não sou uma idiota que nem você – afirmou, tornando a apertar-me
os testículos. -- E sabe o que vou fazer para não correr o perigo
de ver ele crescer na frente delas? Vou fazer você ficar sem
vontade. E vou começar agora. Vem, vamos lá pra trás.
Cabisbaixo,
feito um garoto aprisionado que vai ser violentado, segui-a.
Um
golpe do destino, no entanto, frustrou-lhe os planos. Ana Paula
surgiu, correndo em nossa direção, no exato momento em que Luciana
havia me atirado ao chão.
--
Por que vocês vieram pra cá? -- perguntou, ao se aproximar.
Eu
levei um grande susto, mas Luciana denotou grande frustração. Seu
rosto adquiriu um tom avermelhado e seus olhos faiscaram.
--
Porque esse idiota saiu correndo e eu vim atrás dele – disse ela
contrafeita. -- E você o que está fazendo aqui? Veio ver o pintinho
do priminho?
--
Não. Vim avisar que a fogueira apagou.
--
Apagou? -- Levantei num sobressalto, esquecendo que estava
completamente nu. Aliás, não tinha motivos para me envergonhar. Não
era a primeira vez que ela me via naquele estado.
--
Apagou. A gente até tentou evitar que ela se apagasse totalmente,
mas não conseguimos. Ainda tinha um toquinho de brasa, mas ele
também se apagou. A Marcela soprou, soprou, mexeu nos gravetos, mas
nada. Você vai ter que tentar acender ela de novo, como você fez
daquela vez.
--
Só me faltava essa agora! -- exclamou Luciana, gesticulando os
braços. -- Perdemos o nosso bem mais precioso.
--
Como isso foi acontecer? -- indaguei. -- Ninguém se lembrou de por
lenha nela quando a gente foi tomar banho. Acho que ficamos
empolgados com aqueles peixes e nem vimos que a fogueira estava se
apagando.
Uma sombra de irritação envolveu-me,
talvez porque eu sabia quão trabalhoso seria acendê-la novamente.
-- E agora o que a gente vai fazer? --
indagou Ana Paula, fitando-me com discrição a minha nudez.
-- Ora! Deixa ela apagada – exclamou
Luciana.
-- Mas a gente precisa dela – falei.
-- No começo, era só para alguém achar a gente, mas agora isso já
não faz tanta diferença. Só que a gente precisa de fogo para assar
os peixes e, se você conseguir matar algumas daquelas aves, elas
também.
-- Isso é verdade! -- concordou minha
prima.
-- Ora! Se você acendeu uma vez, pode
acender de novo – asseverou Luciana, que alternava os olhares entre
eu e Ana paula como se nos vigiasse. Aliás, isso não me passou
despercebido, tanto que cheguei a pensar: “Se ela está de olho em
nós que somos primos, imagina como não vai ficar de olho em mim e
na Marcela! Vou ter que tomar muito cuidado! Se sentir que meu pinto
vai crescer, tenho de sair de perto delas”.
-- É o jeito! -- respondi.
-- E é melhor a gente voltar. Temos
que pensar em arrumar comida. Não temos nada para comer o resto do
dia e eu não vou dormir com fome.
Ambos concordamos. Até porque o plano
era tentar fazer um arco e flecha para matar algumas daquelas aves
que viviam na ilha. E embora o incidente da sunga tenha me feito
esquecer desse compromisso, no caminho de volta para a “casa”,
Luciana fez questão de relembrá-lo.
-- Vou sim. Quem sabe a gente consegue
matar uma dessas grandes. Ai a gente vai poder comer uma carne de
verdade.
-- Mas pra isso você vai ter que
acender a fogueira de novo – lembrou Ana Paula.
-- Uma coisa de cada vez – falei.
-- Mas não vamos contar com isso.
Quando chegarmos na cabana – Embora a cabana tivesse melhorado
muito e tivesse uma aparência de “casa”, por costume
continuávamos a chamá-la de “cabana” --, sua priminha e a
amiguinha dela vão tentar achar alguma coisa pra gente comer –
disse Luciana, com um certo ar de provocação.
-- E por que você num vai? -- volveu
Ana Paula.
-- Porque meu pé não melhorou
totalmente. Não quero me machucar de novo – retrucou a mais velha.
Foi uma má desculpa, uma vez que ela chegara inclusive a subir na
mata depois de torcer o pé, mas Ana Paula, por inocência e
ingenuidade, não se lembrou desse detalhe.
-- Só quero ver até quando você vai
ficá usando essa desculpa – falou Ana Paula, cutucando a outra.
Vendo que os ânimos começavam a se
exaltar, decidi por um basta naquilo. Se não o fizesse, as
provocações continuariam e certamente levariam as ofensas e depois
a agressão física.
-- Vamos parar as duas! Lá na cabana a
gente vê o que faz.
Não se ouviu mais nenhuma palavra até
chegarmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário