terça-feira, 24 de agosto de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo V - Parte 5

Se até então eu contava os dias para aquele tão grandioso momento, embora pudesse inclusive levar semanas ou meses, como aconteceu com Ana Paula (foi um dos casos em que eu já o considerava perdido, pois todas as tentativas resultavam em fracasso, numa resistência inabalável por parte dela. Mas dois dias antes de completar dois meses, fomos à uma festa e lá com a insistência de meus primos, acabou tomando umas doses de caipirinha. Vendo-a alegre, achando graça de tudo, desinibida além da conta, soltando uma voz mole deduzi que o álcool a afetara. Aproveitei que meus pais também estavam nessa festa e certamente ainda demorariam uma ou duas horas, arrastei-a até minha casa, e sem encontrar resistência, deflorei-a. Ah, que corpo! Foram as curvas mais bem desenhadas a passar-me pelas mãos. Quase me apaixonei por ela), agora eu contava as horas. E já começava a sentir aquela sensação esquisita tão comum quando o momento de fazermos algo grandioso, capaz de mudar nossas vidas vai se aproximando, causando-nos uma angústia terrível, impedindo-nos de relaxar, embora essa angústia muitas vezes é provocada pela incerteza de que nem tudo possa dar certo, uma vez que não temos controle de tudo que a envolve. E até os instantes finais – aliás, são os momentos mais terríveis – há sempre a possibilidade de que nossas expectativas sejam frustradas, de que na hora H algo aconteça e o trabalho de dias, semanas e até meses se perca. O ser humano, não sei por qual motivo, tem uma tendência nessas horas a pensar mais numa possibilidade de erro que de acerto. E eu não escapava à regra, pois, se até o momento, não existiam motivos para pensar que algo pudesse dar errado, já que as coisas haviam caminhado da melhor forma possível, o medo do fracasso me parecia tanto quanto o prazer de levá-la à minha casa. De mais a mais, só os fracos são pessimistas.
Por que temer? Por quê então ficar fazendo suposições? Por que ficar pensando na possibilidade de acontecer algo e meus pais mudarem de ideia? Por que pensar na possibilidade dos pais de Ana Carla não a deixarem sair naquele domingo? Eram as perguntas que eu me fazia toda vez que a angústia tomava proporções alarmantes. Então eu acrescentava: “Isso não vai acontecer. Meus pais não vão deixar de visitar a tia Luzia. Coitada! morrer dessa forma! Deve ser terrível uma morte assim. E se Ana Carla tiver dificuldades em sair de casa, vai encontrar um jeito. Ela disse que eles não se importam que vá à casa da amiga”. E esses pensamentos terminavam por me confortar, embora o efeito durasse algumas horas, feito um analgésico que tomamos para aliviar a enxaqueca, trazendo em seguida as mesmas dúvidas.
Ah, querido leitor, realmente não havia com o que me preocupar! Ainda mais quando, reticente, com um certo temor (aliás, ensaiei várias vezes antes de finalmente tomar a resolução), dei-lhe a notícia e ela a recebeu com uma empolgação fora do comum, como se fosse ela e não eu quem mais desejava aquele momento. Ah, você não imagina o brilho em seus olhos, a forma como ela disse: “que ótimo, meu amor” e sua reação, ao pular nos meus braços e me beijar apaixonadamente, como se acabasse de presenteá-la com algo que sonhara por toda a vida. Ah, nunca tive tanta certeza de que da parte dela não haveria surpresas, pois moveria montanhas e oceanos para não faltar àquele encontro. E não foi só essa certeza, outra maior dissipou boa parte dos meus temores: estava tão cegamente apaixonada que, mesmo que não quisesse não teria forças para dizer não.
Aliás, se havia algo que ela não seria mais capaz de dizer, era não as minhas vontades. Eu poderia lhe pedir qualquer coisa, por maior que fosse o sacrifício, por mais que contrariasse sua moral, sua religião, ainda sim diria sim; talvez de forma tímida, ruborizada, quase no limite entre o SIM e o NÂO.
Quando, no escurinho do cinema, minha mão procurou-lhe as coxas e escorregou-lhe por baixo da saia, Ana Carla, num gesto rápido feito uma reação instintiva, puxou-a de volta acrescentado baixinho, de forma repreensiva, para parar com aquela brincadeira. Naquele instante não compreendi tal recusa. “Será que aconteceu alguma coisa? Será que fui longe demais e agora ela está com medo?”, foram algumas das perguntas a passar-me pela cabeça enquanto tentava achar uma explicação para aquele gesto inesperado. Pouco depois porém, inconformado, com o coração descompassado ocorreu-me uma luz: “Por que não perguntá-la? Ela tem que me dizer o que eu fiz, o que aconteceu. Tenho direito de saber.” E diante da minha insistência, acabou confessando com um certo ar de vergonha, como se confessasse algo degradante, estar menstruada. Cheguei a pensar que por causa disso ela não me deixaria possui-la. Pensei inclusive que ela nem mesmo me deixaria despi-la.
Mas eu não poderia desistir. “Porra! Tinha de me acontecer isso logo agora! Eu sabia que algo poderia dar errado! Tava sentindo! E agora? O que faço? Como contornar a situação?” Foi com tais inquirições que meus pensamentos se ocuparam por alguns minutos, levando-me a perder a concentração no filme, a olhar para a tela como se estivesse em branco, como se as luzes ainda estivessem acesas e o filme não houvesse começado. Foi então que me veio uma luz e clareou-me os pensamentos, como se o filme acabara e todas as luzes da sala acendessem ao mesmo tempo. “Por que não insistir em tocá-la assim mesmo, só para mostrar a ela que isso não nos impede de nada? Se eu convencê-la a me deixar acariciar a xoxotinha, não vai me impedir de mais nada.” E foi o que tentei.
-- E o que tem isso!? Não me importo se isso te der prazer – sussurrei ao seu ouvido.
-- Nossa! Que coisa nojenta! – exclamou ela.
-- Quem disse que é nojenta? Claro que não, minha florzinha!
-- Você não ficaria com nojo? – Ana Carla, talvez por descuido, sussurrou um pouco alto demais, o que levou um senhor na cadeira da frente (era quem estava mais próximo de nós) a virar para trás e vexado encarar-nos.
Fez-se um rápido silêncio. Logo em seguida, aproveitando uma cena onde uma chuva cai e relâmpagos cortam o céu, sussurrei-lhe:
-- De forma alguma. Provavelmente você ainda não sabe disso, mas quando a mulher está naqueles dias sente mais prazer ainda – expliquei com os lábios colados aos seus ouvidos, o que me levou em seguida a mordiscar-lhe levemente a orelha. Não tenho certeza de que isso tenha algum fundamento científico, embora nesses meus anos de experiência pude perceber uma pitada a mais de prazer durante o período menstrual. O importante era o efeito dessas palavras sobre Ana Carla. Convencendo-a disso não só lhe quebraria a resistência como inclusive poderia ser uma forma de despertar-lhe a vontade de experimentar, uma vez que experimentar é algo que faz parte do dia-a-dia de um jovem que, ávido em conhecer o mundo e firmar-se nele, faz da experimentação o seu laboratório.
Ana Carla ficou pensativa por alguns instantes. Parecia prestar atenção ao filme, mas eu sabia que era só aparência, que na verdade estava lutando consigo mesma, contra seus preceitos morais a fim de decidir se me deixava ou não acariciá-la naquele estado.
Eu poderia tê-la esperado, dado-lhe um tempo maior para tomar uma decisão. As vezes porém podemos dar um empurrãozinho, induzir a pessoa a pender mais para um lado que para outro, aliás como fazem habilmente os grandes líderes, capazes de arrastar multidões atrás de si, muitas vezes por algo completamente absurdo. Por isso não a esperei, não lhe dei o tempo necessário para chegar a um veredito. Achei que aquele era o momento adequado para tentar novamente. Além do mais, por que esperar-lhe decisão, se eu poderia tomá-la por ela? Não é nessas horas, quando o outro está indeciso, que se torna mais vulnerável? Não é nessas horas que seus flancos estão abertos? Então? Por que esperar?
Sem dizer palavra escorreguei calmamente a mão pelo meio de suas pernas. Toquei-a e senti algo diferente, volumoso, como se houvesse um protetor. Era o absorvente. Parecia muito fino, mas não havia como ignorar sua presença. Com rapidez, meus dedos correram para o lado à procura da extremidade daquela peça íntima. Ana Carla não era a primeira em quem fazia isso. Eu havia acariciado outras mulheres que usavam absorvente, portanto sabia como proceder, como levar meus dedos a encontrar uma brecha. E quando a encontrei, não titubeei. Introduzi-lhe o dedo na fissura dos grandes lábios e o fiz cumprir sua tarefa.
Nesse ínterim, para evitar que algum curioso visse o que eu estava fazendo, pedi à Ana Carla que segurasse o grande saco de pipocas no colo. Imediatamente ela o tomou de minhas mãos e fez o que lhe havia pedido.
Minhas suspeitas se confirmaram. Vi em seus olhos, nos suspiros de seus lábios, no contorcer de seu corpo um oceano de prazer. Ela não sabia, como não poderia saber, que a minha intenção não era levá-la ao ápice e ao deleite final. “Não!?”, deve estar a indagar-se o amigo leitor; e talvez se perguntando ainda: “Mas para que tudo isso então?”. Calma, amigo! A explicação vem a seguir. Não o deixarei a consumir-se pela curiosidade sem necessidade, pois se a falta de curiosidade é um mal, o excesso é um mal ainda maior. E acredito que o fardo da curiosidade já deva estar lhe pesando sobre as costas; aliás este deve ser o motivo pelo qual o amigo ainda continua a ler minhas memórias.
Quanto aos motivos (uso o plural porque no singular só caberia um, quando na realidade são dois), o primeiro diz respeito à minha intenção em mostrar-lhe que seu fluxo menstrual não a impedia de buscar o prazer, estive onde estivesse; o segundo era mais complexo e exige uma explicação mais longa. Não a deixando chegar ao orgasmo, seu desejo só cresceria. E o que mais eu precisava no dia seguinte era de que ela estivesse loucamente desesperada de desejos, consumindo-se na mais das devastadoras fogueiras, pois quanto mais desejo, quanto mais deleite minhas carícias lhe provocassem, menos força para dizer não.
Vi a frustração em seu rosto quando retirei o dedo sem explicação. Talvez se não estivéssemos numa sala de cinema, num lugar onde qualquer som mais alto chamasse a atenção, possivelmente ter-me-ia feito continuar. Faço essa afirmação com base em seu diário. Nas anotações daquele sábado à noite, essa impressão fica bem clara, principalmente quando diz: “Ah, mas eu queria que ele continuasse!”. Embora esteja apenas expressando um desejo, conhecendo Ana Carla como eu conhecia, não há dúvidas de que se estivéssemos em outro local, esse desejo teria sido uma ordem. Mas mesmo que daqueles lábios inquietos partissem um pedido ou mesmo uma ordem, ainda sim teriam sido em vão, pois nada nesse mundo me faria continuar. Bem, nada é um exagero, porque se me oferecesse sua pureza em troca daquelas carícias, não exitaria um único segundo em aceitar. Ela porém não me ofereceu e o deleite ficou perdido, pois mesmo que a acariciasse no outro dia, no mesmo lugar e da mesma forma o deleite seria outro, talvez mais intenso ou com menos intensidade, sei lá.
Deixemos as especulações de lado. Especulações não levam a nada, só a mais perguntas sem respostas. E não é justo encher a cabeça do amigo leitor com tantas dúvidas. Vá que o leitor é daqueles seres sensíveis, cujas dúvidas causam-lhe descontroles emocionais. Assim, quiça não seria melhor acalmá-lo com a letra macia, arredondada e assaz caprichosa (aliás, o capricho de sua letra nesse dia, contrastando com os traços apressados de outros dias, levam-me à certeza de que não havia pressa em fazer seus apontamentos) de Ana Carla? Parece-me o melhor a fazer. De forma que encerro mais este capítulo, o qual tornou-se um tanto longo, com mais uma página de seu diário.

Sábado, 4 de dezembro.
Até que enfim as coisas deram certas hoje. Já estava ficando louca e furiosa. Se eu não ficasse com ele hoje, eu não sei do que seria capaz. Acho que sairia de casa e ia atrás dele, estivesse onde estivesse. Mas ainda bem que não foi preciso.
Ah, meu diário! Andam acontecendo tantas coisas. Eu queria te contar tudo, mas hoje estou tão feliz que eu quero dormir com essa felicidade só para mim. Na verdade, nem sei se vou consegui dormir. Você não pode imaginar o tamanho da minha felicidade.
Como já é muito tarde, só vou te contar algumas coisas. Amanhã de manhã eu te conto mais. Também se eu fosse escrever tudo, ia ficar a noite inteira escrevendo.
Quando estávamos indo ao cinema, ele me disse que tinha uma surpresa. Depois ele me contou que seus pais não vão estar em casa amanhã e que vai me levar até a casa dele. Disse que vamos poder passar o tempo que eu quiser com ele. Ainda disse que vamos poder ficar a vontade, pois não vamos precisar ficar com medo de que alguém nos veja juntos. Nossa! Não vejo a hora de chegar amanhã.
Depois ficamos no cinema mais namorando do que assistindo ao filme. Ele começou a me agarrar e a me fazer carícias. Fiquei muito sem graça, mas tive que contar para ele que ainda estava menstruada. Já não estava vindo quase nada, mas ainda sim estava usando absorvente. Sabe o que ele disse, aquele safado? Disse: “não me importo de sair com ele vermelho...”. Ele não tem jeito mesmo! Desse jeito não vou resistir aos encantos dele e vou acabar sendo seduzida. Seduzida! Não, isso ainda não. Está muito cedo. A gente precisa se conhecer melhor, esperar mais um pouco antes de se entregar um ao outro.
Nossa! Ele pede as coisas de um jeito que não há como dizer não. A gente fica tão encantada com a delicadeza dele que acaba dando o que ele pede. Se ele soubesse disso...
E não é que o safado começou a enfiar a mão por dentro da minha calcinha! Ele ficou sentado como se estivesse prestando atenção ao filme, depois soltou a mão em cima de mim e foi escorregando bem devagar por entre minhas pernas. Depois ele me deu o saco de pipoca para eu ficar segurando para que ninguém visse onde estava a mão dele. Aí ele foi subindo bem de leve a mão por baixo da minha saia. Quando os dedos dele encontraram a borda da calcinha, ele foi empurrando bem lentamente até tocar na minha xana.
Não acreditei. Ele teve coragem de fazer aquilo. Cheguei a pensar: Ele não vai ter coragem! Mas ele teve. E quando ele me tocou lá bem no meio, quase tive um troço. Senti uma coisa que me deixou até mole. Eu estava com um pouco de medo, mas ele disse que só queria me tocar e acariciar. Disse que eu não precisava ter medo, pois ele não ia fazer nada de mais. Mas só foi ele começar a me acariciar e pronto. Eu fui às nuvens. Pena que ele parou.
Ah, mas eu queria que ele continuasse. Pois se ele tivesse continuado, acho que ia sentir aquilo que a Marcela disse que sente quanto fica se acariciando. Ela disse que depois dá uma moleza. Acho que se ele tivesse continuado, eu teria sentido isso. Não vejo a hora de sentir essa coisa, de descobrir.
Estou tão excitada que vou tentar daqui a pouco. Quem sabe consigo! Se me der moleza não tem problema, já estou na minha cama mesmo!
Vou fazer isso mesmo. Se der certo, amanhã eu te conto, meu diário. Ta bom?

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