Às
vezes, o desespero invade-me a alma de tal forma que a sinto
dilacerar. O ceticismo, a crença no nada e na insignificância da
vida entram em choque com um sentimento e o qual representa
exatamente o contrário de tudo isso: o amor. E ao me aperceber que
amar é dizer um sim à vida e a tudo de intenso e mágico que o amor
possa nos proporcionar, sinto que talvez estivera enganado ao longo
de todos esses anos. Talvez a vida me tenha deixado nesse vazio por
tanto tempo justamente para, quando te conhecesse e assim viesse a
experimentar o outro lado, ficar tão inebriado que não desejasse
mais, nem por um segundo, aquela vida anterior.
Não
posso negar o que passado não existiu e menos ainda negá-lo
completamente, mas que proveito tirar daqueles anos onde naveguei à
deriva nos mares da incerteza por tanto tempo? Tudo agora me parece
coisa de outro mundo. É como se eu tivesse sido teletransportado e
caído num outro planeta; num planeta igual ao nosso, onde as pessoas
fossem as mesmas mas ao mesmo tempo fossem diferente, como se tudo
tivesse uma nova perspectiva. Talvez eu até não esteja sabendo me
expressar. Mas como expressar o que sinto se nem mesmo eu sei
direito o que é? Sei que de repente o meu mundo, o qual não passava
de um caos, encontrou uma estrela – a mais poderosa do universo –
e pôs ordem em toda aquela confusão. Agora você é o centro de
tudo, assim como o sol no nosso sistema solar. E tudo que eu faça,
por mais insignificante que pareça ser, tem como centro você. Não
que tudo que eu tenha feito até hoje fosse de fato tão importante
assim, mas até aquelas coisas para as quais eu me importava de fato,
dum momento para outro se tornaram tão sem sentido.
De
um momento para outro, um sorriso teu, um olhar, um toque e até
aquelas frases sem muito sentido tornaram-me importantes e cheias de
símbolos. Uma roupa que você põe, a forma de pentear o cabelo e
inclusive o teu silêncio entre uma frase e outra me passaram não só
a serem notadas como amiúde preenchem meus pensamentos. Aquelas
palavras tão apaixonadas, as tuas carícias, as quais me fazem
experimentar um deleite inexplicável, e os teus beijos, todos eles
me tornaram tão relevantes que se fixam na minha memória para
sempre. Os dias, as semanas e os meses não são suficientes para
apagá-los.
Quando
estou só e então não consigo pensar noutra coisa que não seja em
você, tua imagem me remetem a essas lembranças e então, com um
prazer intenso, revivo cada um desses momentos. E como essas
recordações me afetam, meu amor! Muitas vezes, sou tentado a sair
correndo ao teu encontro, mesmo sabendo que por um motivo ou outro
isso não é possível. Mas como explicar para minha alma, que não
entende o porquê de você não estar sempre ao meu lado, que naquele
momento isso não é possível? Que o meu “querer” vez ou outra
esbarra no teu “poder”?
Enfim,
meu amor... Eu nasci pela segunda vez quando te conheci. E posso te
afirmar sem medo de estar enganado que tudo que eu poderia desejar na
vida é tão ínfimo comparado com o teu amor. Amar, como os poetas
gostam de declamar, talvez seja realmente isso: cair sempre no
exagero. Mas existe algo melhor que do isso? Só se for te amar duas
vezes. Isso porém é impossível. Meu amor por ti é tão imenso que
multiplicá-lo por dois ultrapassa até mesmo a concepção do
infinito. E isso vai além da incompreensão humana...
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