sexta-feira, 1 de agosto de 2014

ADEUS À INOCÊNCIA - CAP 44

Retornei à cabana numa carreira só, pois o sol começava a se esconder e pelo jeito em pouco mais de uma hora estaria tudo escuro. Quando entrei encontrei as três sentadas, em silêncio, como se algo tivesse acontecido. Olhei para uma, depois para a outra e finalmente para Luciana. Esta me encarou com os olhos faiscantes como se dominava por uma intensa raiva. Por um momento cheguei a pensar: “O que aconteceu? Será que as duas fizeram alguma coisa com ela pra ela ficar desse jeito? Será que Ana Pala discutiu com ela de novo? É capaz. As duas se odeiam. Mas por quê? Ou será que foi a Marcela? A Luciana num gosta dela, mas a Marcela num é de fazer confusão. A parte do biquíni. É isso! Luciana está com raiva, morrendo de ciúmes. Aposto...”
-- O que foi? Aconteceu alguma coisa? -- indaguei.
Ana Paula e Marcela entreolharam-se. Então Ana Paula olhou para Luciana, a qual permanecia em silêncio, como se houvesse feito algo de errado.
-- A Luciana disse que ela fez de propósito – respondeu minha prima.
-- De propósito... O quê? -- repeti.
-- Que eu perdi a calcinha do biquíni – explicou Marcela, que até então mantinha-se em silêncio, aliás como na maioria das vezes em que estávamos todos reunidos. De fato ela falava pouco e parecia se soltar mais quando estava as sós com Ana Paula.
-- E foi mesmo! -- insistiu Luciana com seriedade, como se houvesse sido agredida.
-- E por que ela ia fazer isso? -- perguntei, fitando rapidamente os seios desnudos de Marcela, os quais, numa rápida comparação, me pareceram os mais bonitos de todos.
-- Para ficar se exibindo por aí para você – apressou Luciana em dizer, após fazer um grande esforço para se sentar.
-- Você está ficando louca – volveu Marcela, contrafeita. -- Eu não sou uma puta que nem você, que não pode ver um homem que já vai se deitando com ele – defendeu-se de uma forma que me surpreendeu. Aliás, ao ouvir tais palavras não sabia onde enfiar a cara. Até parecia que aquelas acusações eram dirigidas a mim e não à Luciana. -- Pensa que não sei?
-- Puta é tua mãe, cadela enrustida – retrucou Luciana.
E antes que alguma delas dissesse alguma coisa e provocasse uma discórdia ainda maior, intervi, dizendo:
-- Vamos parar com isso agora! Será que vocês num percebem que desse jeito num vamos chegar a lugar nenhum? Já tamos nessa merda de ilha há sete dias e vocês já brigam desse jeito? Imagine se a gente passar um ou dois meses aqui! Já pensaram que isso pode acontecer? -- De fato estávamos completando uma semana naquela ilha. E algo me dizia que ficaríamos ainda muito mais. Se nesse período não fomos encontrados, as buscas provavelmente haviam cessado e todos nós dados como mortos.
Nenhuma delas respondeu. Luciana, em tom desafiador, fitou as outras duas que, talvez para não criar mais problemas, não a fitaram. Por alguns instantes, ouvia-se tão somente o som do mar, das ondas arrebentando na praia. Talvez ninguém dizia nada por medo de soltar alguma coisa que pudesse reacender a chama da discórdia. Aliás, Ana Paula e Marcela entreolhavam-se de vez ou outra mas de forma tímida, como se temessem até mesmo um movimento mais brusco.
Eu, no entanto, não tinha o que temer. Nem mesmo Luciana, fitando-me com insistência embora também nada dissesse, intimidava-me naquele momento. Dir-se-ia que ao pôr um ponto final naquela briga eu adquirira uma coragem que até então não demonstrara. Olhei para Luciana mais uma vez e por um breve instante passou-me uma vontade de me levantar ir até ela do outro lado da cabana e dar-lhe uma bofetada na cara. Só não o fiz devido ao seu estado, embora não me tenha sido fácil conter-me. Seria vergonhoso demais bater numa mulher impossibilitada de se defender. Isso contudo não me impediu de pensar: “Marcela tá certa! Ela é uma puta mesmo! É só ficar sozinha comigo que já quer agarrar meu pinto e fazer aquelas coisas com ele. Nem tem vergonha de mandar eu enfiar ele nela que nem naquelas revistas de mulher pelada. Agora eu sei bem o que é uma puta. É essas mulheres que metem que nem bico. Não tem vergonha. Mas todas fazem. Senão como a gente ia nascer. Mas não assim em qualquer lugar. Será que todas quando crescem gostam de fazer essas coisas? Assim sem mais nem menos? É gostoso. Sinto umas coisas estranhas. E eu gosto também. Elas também devem gostar. Queria fazer com a Marcela. Deve ser mais gostoso ainda. Aqueles peitos. Lindos. Olha como eles são! Queria tanto fazer com ela. Mas ela não é uma puta. Por isso ela não deixar. Manda eu parar. Se fosse a Luciana, ia se deitar e abrir as pernas. Como uma puta...”. E só não continuei com tais pensamentos porque os mesmos começaram a me afetar de tal forma que se tornariam visíveis em pouco tempo. E prevendo isso, tratei de me levantar de dizer:
-- Precisamos pegar algumas frutas para comer, antes que escureça. Só que é melhor não deixar vocês três aqui sozinhas depois do que aconteceu. Então vá vocês duas buscar que eu fico com a Luciana.
Marcela e Ana Paula se levantaram sem dizer palavras e deixaram a cabana. Antes de se afastarem porém, sugeri:
-- Levem a faca. Vai que é preciso cortar alguma coisa.
Ana Paula retornou e a pegou. A faca estava fincando num dos troncos de sustentação da cabana. Imediatamente saiu correndo a fim de apanhar a amiga que não a esperou.
-- Ela pensa que me engana – disse Luciana pouco depois. – Pensa que eu não sei que ela fez aquilo só para ficar por ai, exibindo a bocetinha para você. Ela ficou com inveja de mim, aí quis ficar igual.
-- Não é nada disso! – retruquei.
-- Pensa que não vejo que ela está doida para se deitar contigo. Aquela vadia não me engana. Me chamou de puta, mas é mais puta do que eu. Uma puta enrustida, isso sim. Aposto que na primeira oportunidade abre as pernas para você.
Aquelas palavras afetaram-me. Será que Luciana estava certa? Será que, apesar de todas as recusas e esquivas, no fundo Marcela se interessava tanto assim por mim? E se realmente ela me desejasse e quisesse fazer aquelas coisas comigo? Bem... Nesse caso eu não recusaria por nada desse mundo. E apesar de não saber direito como fazer, embora tenha aprendido nos últimos dias mais do que aprendera a vida toda, acabaria descobrindo. Marcela provavelmente não sabia fazer também. Era mais nova que Luciana e as mulheres sempre aprendem essas coisas mais tarde que os homens. Isso me dava a certeza de nunca tê-lo feito. Luciana era uma exceção, embora eu não soubesse disso. Como ela mesmo confessou mais tarde, aprendera com um primo, quando passou uma semana na casa dele. “Meu primo uma vez me contou que foi dormir na casa da Viviane, minha prima de 13 anos, e ficaram os dois brincando no quarto dela. E depois que os pais dela foi dormir, eles deitaram na mesma cama e ficaram brincando de marido e mulher. Aí, foram fazer o que os adultos fazem. Disse que a Viviane tirou a roupa e disse pra ele tirar a dele. Aí, os dois se deitaram debaixo das colchas, se abraçaram, começaram a se beijar como marido e mulher. Então a prima dele abriu as pernas, pegou o pinto dele e pois naquele lugar e mandou ele enfiar. Ele disse que ficou com medo de machucar ela, mas enfiou assim mesmo. Ele disse que começaram a se mexer e que aquilo foi ficando cada vez melhor até que ficou sem forças”, pensei naquela história que meu primo me contara há quase dois anos. Fabrício não chega a ser um ano mais velho do que eu. Lembro-me de perguntá-lo: “Como assim?”, pois eu nunca tinha gozado. “Ora, eu gozei na boceta dela!”, ele me disse com naturalidade. Foi então que fiquei sabendo alguma coisa sobre sexo. Ninguém nunca até então me falara nada. Uma vez eu fui perguntar a minha mãe e ela disse que isso era pecado e que eu não tinha idade para ficar falando dessas coisas. O pouco que aprende foi com ele, quem, uns dois meses depois me fez passar por uma experiência que me afetou para sempre.
-- Você não sabe o que está falando. Tá é morrendo de ciúmes. Ela não esse tipo de garota.
-- E por acaso você sabe? Ou já andou tentando? Já te falei: se eu pegar vocês dois com gracinhas, eu acabo com os dois – ameaçou-me mais uma vez.
Um filete de ar frio percorreu-me a espinha, o que me provocou arrepios e deixou-me os pelos enrijecidos. Foi como se a tivesse visualizado decepando-me o pênis.
-- Já disse que num vou fazer – tornei a repetir.
-- E vê se aprende a falar. Já te falei: “num” não existe. É “não”. Entendeu?
Respondi como meneios de cabeça.
Fez um breve silêncio.
– Vem cá! Me ajuda a ir lá fora que preciso fazer xixi.
Aproximei e segurando-a pelo braço e depois pelos quadris ajudei-a a se levantar. Lentamente, deixamos a cabana e na beira d'água e com minha ajuda, ela conseguiu se abaixar para fazer suas necessidades.
-- Preciso ficar boa logo! Isso é tão ultrajante – deixou ela escapar. – Depender assim dos outros para fazer essas coisas.
– Não se preocupe. Você vai melhorar logo – falei, sem pronunciar o “não” de forma incorreta.
– Queria tanto correr com você por ai, embrenhar nessa mata e me deitar contigo – disse ela com naturalidade, como se isso fosse a coisa mas natural do mundo.
-- Entrar nessa mata ai? A essas horas? Nem morto! – respondi a me lembrar dos sons que andara ouvido. Aliás, por mais que tentasse me convencer, eu não deixaria de acreditar que havia algo ou alguém nos observando.
-- Você é um idiota medroso mesmo! Se não fosse por causa dessa coisa funcionar, eu ia pensar que você era um bichinha.
-- Já disse que num sou.
-- Eu sei, seu bobo! Bichas não gostam de mulher. E eu sei muito bem que você gosta daquela vadia. Pena que não vai ter ela. Você é meu. E o que é meu, eu não divido com ninguém.
Calei-me. Não tive coragem de desmenti-la.
Luciana pediu-me para ajudá-la a se levantar. Em seguida disse que precisava se lavar, pois se ficasse assim acabaria com assaduras. Guiei-a até o mar. Quando à água ultrapassou-nos os joelhos, disse-lhe que estava bom. Ela insistiu em ir um pouco mais para o fundo. Eu insisti que poderia ser perigoso, pois se uma onda nos atingisse poderíamos perder o equilíbrio e cair. Com o daquele jeito ela não conseguiria se levantar sozinha.
-- Consigo sim. Dentro d'água nem sinto o meu doer. Vem! Vamos mais um pouco, até à água chegar na nossa cintura. Quero dar um mergulho e me lavar direitoordenou. Aliás, na maioria das vezes ela não me pedia as coisas: dava uma ordem como se eu fosse um subalterno.Também, se algo acontecer com ela, o problema é dela, pensei.
Quando a água atingiu-nos o umbigo, disse-lhe que chegava, que estava fundo demais. Numa das raras oportunidades, concordou comigo. Eu continuava com um dos braços envolvendo-a pelos quadris. Ela por sua vez mantinha o direito enlaçado ao meu pescoço
-- Me ajuda a se abaixar. Quero lavar o rosto.
Obedeci.
Com
água até o pescoço, ela mergulhou a mão esquerda e depois esfregou-a no rosto.
-- Merda! Fazer as coisas com a mão esquerda fica difícil. Parece que ela não quer obedecer a gente.
-- É verdadeconcordei.
Nisso uma onda fraca (a maré estava calma naquele começo de noite) nos atingiu e passou por cima de nossas cabeças. Foi como se tivéssemos dado um mergulho.
-- Ótimo! Não poderia ter sido melhor. Pelo menos estou toda molhada.Luciana, de forma desajeitada, arrumou o cabelo, esticando um lado e depois o outro. Então disse:Sabe de uma coisa? delicioso ficar aqui. Estou me sentindo bem melhor. Nem sinto meu doer.
De fato parecia mais disposta e animada. Até seu tom de voz, que antes parecia com o de uma pessoa amargurada e inconformada com a vida, estava mais terno e de uma suavidade que ela acostumava a usar somente quando queria me seduzir.
-- Vamos emborafalei.As meninas devem estar de volta.
-- Calma! Nem me lavei direito ainda. Vai! Faz alguma coisa! Lava a minha xana. Não vou conseguir lavar direito.
-- Mas eu não sei como lavafalei.
-- Ora! É passar a mão nela com os dedos assimmostrou com a mãopara frente e para trás.
Envergonhado,
como se fosse participar de um ato vergonhoso, levei-lhe a mão no meio das pernas e toquei-lhe a vulva. E como se estivesse com medo de tocar naquela parte do corpo dela, movia-a lentamente como muito cuidado. Nisso, Luciana agarrou-me o braço e pressionou-o contra seu corpo.
Assim, seu medrosomostrou.Agora enfia o dedo do meio nela e esfrega.
Relutei por algum instante, mas acabei obedecendo. Movi a mão algumas vezes para frente e para trás. Não me recordo quantas. Lembro-me de sentir quão macia era aquela parte do corpo dela. No entanto, não sentia prazer algum em fazer aquilo; talvez porque me masturbara cerca de uma hora antes. Ela por sua vez parecia se deliciar com aquilo. Ainda mais quando disse:
-- Mais para cima um pouco.
Quando eu tirei a mão, instantes depois ela mandou-me continuar. Então virou seu rosto em minha direção e ofereceu-me os lábios. Deduzi de imediato que minha mão não exercia mais a função higiênica. Mandara eu continuar por outra finalidade.
Poderia ter me negado a beijá-la, mas não tive coragem, como sempre. Beijei-a. Então ela virou de frente para mim, aninhou-se e, apesar da dificuldade, arrancou-me o pequenino falo, o qual jazia ainda mais encolhido por estar submerso, para fora.
Pensei que ele ia estar grande e está desse tamanho? Pode fazer ele ficar grande. Quero ele agoramandou, como se desse uma ordem, a qual eu deveria cumprir sem contestação.
-- Num possorespondi.
-- Não pode por quê?
-- Por que num com vontaderespondi, puxando a sunga de volta e tirando a mão do meio de suas pernas.
-- Seu filho da puta!Nisso uma bofetada atingiu-me a face. Foi tão forte que quase tombei para o lado.Você andou batendo uma punheta não foi? E sei muito bem o porquê. Você ficou olhando aquela vadia sem roupa. Fez pensando nela, seu desgraçado?
Fiquei sem palavras. Por um instante pensei em deixá-la e sair correndo. Ela que desse um jeito de retornar para a cabana. Entretanto, acabei dizendo:
-- Não, num foi!
-- Se não foi nela, em mim é que não foi. Pensa que eu sou idiota como você? Vai. Vamos voltar, seu merda! E da próxima vez que você falar “num” de novo, vou te dar uma bofetada.
Caminhamos de volta à cabana em silêncio, como normalmente ocorre a um casal após uma briga.

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