terça-feira, 2 de março de 2010

A MENINA DO ÔNIBUS - Capítulo 3 - parte 3

 Se você, leitor, acabou de ler as anotações que Ana Carla fez em seu diário na quarta-feira à noite, já está ciente dos fatos, uma vez que ela não se absteve de resumir os pontos mais importantes. Desta feita talvez não fosse o caso de repetir aqui o que o leitor já sabe. Todavia, este encontro foi de extrema importância para que decididamente eu tomasse a resolução de levá-la para cama, o que por si só já seria motivo para narrar todos os pormenores já que ela não o fez. Mas ainda haviam outros tantos para fazê-lo: as impressões causadas por esses fatos, impressões essas que obviamente ela não poderia ter escrito em seu diário. De forma que, mesmo me tornando um tanto repetitivo, vou narrá-los. Agora se você é um leitor apressado, do tipo que prefere uma narrativa curta, sem muito blá-blá, aconselho pular esse capítulo e ir diretamente ao próximo. Ou melhor: leia apenas os trechos do diário, pois além de mais curto é mais objetivo. Mas se você é daqueles que acredita que um pequeno detalhe pode fazer muita diferença este capítulo lhe será bastante agradável.
Bem, deixemos os esclarecimentos de lado e vamos aos fatos.
Encontrei-a à tarde, assim que saí do trabalho. Marcamos nosso encontro no Anexo Secreto, como já havíamos feito outras vezes, pois eu acreditava que dessa forma ela se sentiria mais à vontade. Um lugar diferente e estranho poder-lhe-ia causar algum tipo de inibição.
Ao vê-la, a primeira impressão foi de estar extremamente atraente. Confesso ter ficado por demais afetado com sua beleza, beleza esta que parecia cada vez mais intensa, feito uma obra de arte que quanto mais se admira, mais nos fascina. Não sei se devido à roupa ou apenas tratava-se duma impressão, a verdade porém era que ela parecia mais jovem que realmente era. Talvez, se alguém indagasse sua idade, não lhe desse mais do que treze anos.
Como eu poderia me esquecer da roupa que usava? Não era nada além do que as jovens de sua idade gostam de vestir. Lembro-me que ela usava um shortinho curto, desses bem apertados e ajustados ao corpo, e vestia uma blusinha dessas decotadas e com alças, que deixam os seios mais salientes e volumosos. Talvez devido ao tipo de blusa, ela simplesmente não usava sutiã.
Ah, como ela estava deliciosa! Recordo perfeitamente que, ao vê-la assim, com aquele sorriso quase infantil, com aquele corpo viçoso irradiando jovialidade, senti um deleite o qual não sei como explicar. Procuro, mas não encontro palavras para descrevê-lo. Posso afirmar entretanto tratar-se de uma sensação incrível, um júbilo na alma, algo que me recordo de ter experimentado uma única vez, quando conheci Luciana. E agora essa sensação de novo. Eu me sentia como o homem mais sortudo do mundo. E ao tomá-la nos braços e beijar-lhe os lábios avermelhados, e ao sentir seu corpo colado ao meu, o coração sofreu um sobressalto. Todavia, contive aquele sentimento. “Não, não é isso que procuro! Só quero seu corpo, sua pureza, nada mais”, lembro-me de exclamar.
Depois de conversarmos por algum tempo, depois de nos beijarmos bastante, senti uma vontade persistente e quase insana de ir além, pois em minhas veias corriam o doce veneno da volúpia. Mas eu não queria ser-lhe indelicado e nem demonstrar que estava interessado somente em seu corpo. Por isso perguntei-lhe:
-- Posso te pedir uma coisa?
Ela me fitou com um olhar surpreso e ao mesmo tempo despreocupado, como se soubesse que meu pedido não lhe seria nada impossível, nada que não pudesse concordar.
-- Pode, meu amor – foi o que ela respondeu, num tom meigo e submisso. Era a primeira vez a chamar-me de “meu amor”.
Meu coração disparou naquele instante. Não pelo “meu amor”, o qual não dei importância, mas sim pelo “pode”. Pois esta palavra de quatro letras abria uma brecha, uma infinidade de possibilidades, abrindo espaço para que eu desse um grande passo em direção ao êxito. Ah, se ela soubesse as consequências daquela afirmativa, talvez jamais a teria asseverado; mas ela não fazia ideia, aliás como a maioria de nós, que muitas vezes damos uma resposta sem pensar no perigo que uma simples palavra representa. Contudo, não pensei nisso naquele momento, aliás nem houve tempo; hesitei apenas por um segundo ou dois, como quem para um instante antes de dar um passo, e então lhe fiz o pedido:
-- Você me deixa pegar neles? – apontei para seus seios.
Ana Carla desconsertou-se. A face afogueou-se e seus olhos esbugalharam-se como quem leva um susto. Sei que foi uma reação natural à minha pergunta, uma vez que tal pergunta era por demais indiscreta e mexia com os pilares de sua moral, ainda mais se levando em conta o fato de estarmos num local público, o qual tornava-se um motivo a mais para recusa. Tudo bem que no momento não havia ninguém nas proximidades, mas isso não diminuía a sensação de estarmos sendo observados. Claro que eu tomaria as devidas precauções para evitar que, se alguém se aproximasse, não nos visse.
-- Mas se você não quiser não tem problema – adiantei-me para tirá-la daquela situação embaraçosa. Na verdade, estava usando esse expediente como uma forma de não lhe passar a percepção de estar a dar demasiada importância ao pedido e ao mesmo tempo como forma de deixá-la numa encruzilhada; uma vez que se aquilo não era tão importante não havia porque negar.
Antes de responder, fez-me outra pergunta:
-- O que eles têm de tão interessante assim?
Aí eu percebi que havia conseguido. Ela não me faria esse tipo de pergunta se não estivesse disposta a dizer sim. Isso só não me dava a certeza de que ela havia concordado como também não lhe seria nenhum sacrifício conceder tal coisa.
-- Só por curiosidade – respondi, tentando ocultar o quanto estava louco para fazê-lo. – Só para ver se eles são durinhos mesmo – completei.
-- Ta bom, meu amor. Eu deixo – disse Ana Carla. – Mas só um pouquinho.
Ah! Não sei nem como descrever o estado em que fiquei. Tentei conter a exultação estampada em minha face, mas era em vão. Por sorte, Ana Carla era uma menina ainda incapaz de enxergar-me no rosto sinais de interesses maliciosos. Possivelmente ela não sabia nada ou talvez muito pouco acerca do desejo masculino, de como os homens põem o sexo acima dos demais sentimentos. Uma jovem feito ela não podia, num pedido como aquele, enxergar algo muito além. Era quase certo que ela visse somente aquilo que as palavras estavam dizendo, nada mais.
Então levei as mãos quase trêmulas por cima da blusinha dela e apertei levemente os dois seios. Ah, que deleite! Que sensação de prazer a tomar-me conta do espírito! Por um momento achei que choraria, sofrer uma vertigem ou coisa parecida.
Escorreguei a ponta dos dedos até a parte mais saliente e senti-lhe a rigidez dos mamilos. Ao apertar os dedos, percebi que aquilo causou algum tipo de reação nela. Sua pele arrepiou-se e pude notar um movimento sutil daqueles mamilos.
Em mim também houve uma reação. Foi com se, ao pressionar aqueles mamilos com as pontas dos dedos, a energia liberada pelas sensações de Ana Carla ultrapassassem os limites do corpo dela e me invadissem e me atingissem, provocando-me senão a mesma reação algo ainda mais intenso, algo que me fez vibrar por baixo da roupa.
Se eu não fosse um homem comedido, se não estivesse agindo de forma lúcida e calculada, talvez houvesse feito coisas que poderiam ter posto tudo a perder. Mas eu não era desse tipo de pessoa, aliás como o leitor já está cansado de saber. De forma que parei alguns instantes para respirar.
Eu tive vontade de deslizar uma das mãos para cima e dobrar os dedos através da borda da blusinha para dentro e tocar diretamente na pele lisa daquele seio saliente. Mas eu tive medo de parecer abusado e ousado demais. A ousadia é marcante em muitos homens, no entanto somente os homens superiores sabem usá-la com maestria na medida certa e no devido tempo. Confesso ter ficado um tanto inseguro e com receio de assustá-la. Por isso quis apertá-los só um pouco mais, por sobre a blusa. Ela porém disse com convicção:
-- Chega. Para.
Assim retirei as mãos.
Ah, querido leitor! Como foi difícil removê-las! Eu desejava loucamente que elas continuassem ali, que escorregassem por baixo daquela roupa e os sentissem. Todavia, eu sabia que não podia ser apressado. Ainda não chegara o momento. Não faltava muito, mas eu precisava ser paciente. Muitas vezes as pessoas põem tudo a perder exatamente por não saber o momento certo de parar. Aliás, não era o meu caso; pois eu sabia que dali não poderia passar, que havia atingido um obstáculo perigoso e seguir adiante seria não só sinal de fraqueza como também falta de inteligência. Este seria quebrada evidentemente, mas não naquele momento. Era preciso esperar um pouco mais. E foi o que fiz.
Aquilo para mim já tinha valido por toda semana. Tanto que, ao me despedir, retornei para casa com um sorriso estampado nos lábios ao som de Mistake number Three do grupo inglês Culture Club. Sim. Eu sabia que o momento aproximara-se mais rápido do que pensava. De forma que já era hora de dar o passo seguinte. E isso seria feito no outro dia.

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